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Categoria: Catolicismo

25 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Itália – Crime de heresia

Um professor de história e literatura de um instituto profissional PÚBLICO italiano foi suspenso do emprego e viu igualmente suspenso o vencimento durante 30 dias por decisão do Conselho Nacional de Educação Pública.

O seu crime foi ter tirado o crucifixo da parede durante as horas de aula. O professor voltava a pôr no sítio o símbolo religioso ao acabar a aula mas o director da escola, Giuseppe Metastasio, denunciou o professor ao Conselho Nacional que foi mais duro com ele do que com os professores acusados de assédio sexual para com os alunos (suspensão de um a dez dias).

O professor Franco Coppoli defendeu-se apoiando-se na laicidade do Estado, na liberdade de ensino e na liberdade religiosa mas a suspensão foi confirmada pelo Centro regional de Educação.

A FIdA [[email protected]] convida a a enviar uma carta de protesto para a direcção do centro:

Istituto Professionale di Stato per i Servizi “Alessandro Casagrande”
Sede centrale (Indirizzo Economico Turistico e Grafico Pubblicitario)
Piazzale Bosco, 3 – 05100 TERNI
e-mail: [email protected]

Y también a Ennio Nugnes, Responsable de relaciones públicas del Ministerio de Instrucción italiano:
[email protected]

Mais informação em italiano:

http://www.repubblica.it/2009/02/sezioni/scuola_e_universita/servizi/prof-crocifisso/prof-sospeso/prof-sospeso.html

Información recibida de la Union des Familles Laïques (http://www.ufal.info/media_flash/2,article,537,,,,,_Un-professeur-italien-d-histoire-suspendu-pour-avoir-enleve-le-crucifix-pendant-ses-heures-de-cours.htm)

Visitar Red Social de la FidA en: http://federacionatea.ning.com

Visitar campanha de protesto em: http://federacionatea.ning.com/forum/topics/campana-profesor-italiano

23 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

O PR e o Santo Pereira

Beata alegria

Beata alegria

O presidente da República surpreende os portugueses mas não é infalível.

Que se congratule com a elevação aos altares de Nuno Álvares Pereira é um estado de alma que devia guardar para a confissão e as festas familiares. É uma manifestação que cai bem na família, habituada à missa e ao terço, mas pode prestar-se ao ridículo para quem não leva a sério a cura do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus. É, pois, uma justa alegria para o avô mas uma crendice que o PR não pode exibir.

O cidadão Cavaco Silva tem o direito de acreditar, tal como Paulo Portas, que a Senhora de Fátima, no seu zelo patriótico, acautelou as costas do Minho da poluição do navio Prestige, enquanto sacrificou as da Galiza, mas não pode expor Portugal ao ridículo de ter um Comandante Supremo das Forças Armadas supersticioso.

Do mesmo modo pode pensar que o condestável substitui as unidades de queimados e a oftalmologia mas não é um bom exemplo que dá a quem procura na ciência a resposta às dúvidas exibindo as certezas da fé.

Pior ainda é a sua afirmação de que [Santo Pereira] «deve inspirar os portugueses na busca de um futuro melhor». Fica a dúvida se é a matar castelhanos que devíamos sair da crise ou se é recolhendo a um convento que devemos aguardar que a crise passe.

Que a Igreja católica tenha estendido a santidade não apenas a quem matou infiéis mas também a quem despachou católicos, em várias batalhas, é um problema papal mas que o Presidente da República se reveja em tal exemplo é uma dificuldade diplomática.

Quanto ao exemplo monástico, quando a idade nos tornar castos, não, obrigado.

22 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Santo Pereira – A humilhação do herói

Santo Pereira

Santo Pereira

O prestígio do condestável não se alterou com o milagre que lhe foi adjudicado. Deus podia mais facilmente ter evitado os salpicos de óleo que atingiram o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, enquanto fritava o peixe, e a consequente «úlcera da córnea, uma coisa gravíssima», do que ter de a curar, para fazer a vontade ao Beato e permitir a sua elevação a santo.

Um vulto histórico, da dimensão de Nuno Álvares, não se engrandece com a cura de uma queimadela ocular quando há tantos amputados a quem o crescimento de uma perna facilitava a vida e era mais estimulante para o prestígio da fé.

Não pondo em dúvida a capacidade do herói de Aljubarrota para ser usado como colírio, fica a surpresa por se ter lembrado dele a D. Guilhermina e, em vez de usar a expressão habitual dos soldadores, quando um pingo de solda lhes atinge um olho, ter recorrido à intercessão do taumaturgo, sem antecedentes no ramo, para lhe salvar a visão.

Há nesta maratona pia uma sucessão de felizes coincidências. Começou pelo facto de a D. Guilhermina ter optado por fritar peixe em vez de assá-lo na brasa; depois, perante a dor que se adivinha, em vez de recorrer a uma expressão que não cura, mas aliviava, ter pedido a intercessão de quem precisava do milagre para ser promovido a santo; depois, ter disso conhecimento a Igreja católica e estar na presidência da Prefeitura da Causa dos Santos o experiente pesquisador de milagres e criador de santos, o cardeal Saraiva Martins; finalmente haver no Vaticano médicos para certificarem a cura do olho e, em Lisboa, devotos ansiosos pelo novo santo.

Só quem é capaz de distinguir a água benta da outra está em condições de rubricar um milagre que, não sendo por aí além, foi o melhor que se arranjou. O patriarca Policarpo preferia que fosse dispensado das provas públicas do milagre mas resignou-se com a exigência do Papa; o presidente da República já fez saber da sua satisfação, certamente falando em nome dos familiares, e a Pátria, angustiada com a crise, ficou indiferente.

Os espanhóis que, durante muitos anos, não toleraram a santidade do carrasco que os humilhou nos Atoleiros, em Aljubarrota e em Valverde, têm agora tantos santos que não ligam à elevação de D. Nuno aos altares.

Durante os dois últimos pontificados emergiu um tsunami de santidade que varreu os cemitérios da catolicidade e dos cadáveres fez taumaturgos.

21 de Fevereiro, 2009 Ricardo Alves

Vem aí a «desestruturação»!

Os bispos portugueses da ICAR publicaram o seu mui aguardado documento teórico sobre o casamento entre homossexuais.

Essencialmente, dizem-nos que o casamento «desestrutura» a sociedade. Ou seja, pessoas do mesmo sexo poderem casar-se, assumirem jurídicamente deveres mútuos, comprometerem-se a sustentarem-se um ao outro, a partilharem propriedades e dificuldades, seria «desestruturante». Curiosamente, sempre pensei o contrário: que a assunção de deveres e responsabilidades seria estruturante, sinal de maturidade e integridade. Os bispos discordam.

Porquê? Aparentemente, porque acham que a «base antropológica da família» seria a «complementaridade dos sexos». Bom, enganaram-se no adjectivo e num substantivo: suponho que queriam dizer que a base biológica da reprodução é a procriação sexuada. Ou seja, só há reprodução com um espermatozóide (macho) e um óvulo (fêmea). Mas os bispos não gostam de ciêncas da natureza. E por isso divagam e atribuem à antropologia o que é da biologia. Porque, antropologicamente, já houve de tudo. Desde haréns com um macho dominante, até filhos criados comunitariamente pela mãe, irmãs e avós, passando pela mulher propriedade do homem, até ao actual casal igualitário. Querem proibir mais uma variação, na era da procriação assistida e das famílias recompostas? Ridículo.

Note-se também que não explicam como é que a existência de mais um tipo de família iria «desestruturar» os outros tipos de família. Se os vizinhos gueis do 2º esquerdo se casarem, os heterossexuais do terceiro andar vão divorciar-se? Não se entende a relação.

Finalmente, os senhores bispos acham que fazer uma lei é «alterar» a «antropologia». Que exagero. As pessoas fazem o que querem. Cada vez se reconhece mais que é assim que deve ser. São as alterações no modo como as pessoas vivem que levam a alterações legais. Pretender que as leis impeçam as alterações sociais é segurar uma inundação com as mãos. E é isso que os bispos parecem querer fazer. E se deixassem as pessoas escolher?

20 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Quo vadis, Bento 16?

Para os que pensavam que a ICAR era compatível com a modernidade e a civilização, aí está Bento 16 a desmenti-los com a brutalidade das suas decisões.

Não se pense que é a crença em deus que o anima, pormenor sem importância, é o poder que o cega. Como gostaria de ter católicos capazes de se imolarem!

Com que enlevo verá este papa medieval a demência fascista do Islão com o seu cortejo de mártires, obsessão totalitária e a organização da sociedade toda baseada no livro que o arcanjo Gabriel ditou a Maomé, a voar baixinho entre Medina e Meca!?

Com que pasmo há-de observar os judeus das trancinhas a tentarem derrubar à cabeçada o Muro das Lamentações, a sobrar-lhes na fé o que lhes mingua no banho, a sonhar com o regresso à Palestina e a pensar que são o povo eleito!?

O Papa, este papa, sonha com o espírito das Cruzadas e o regresso do Santo Ofício para impor a disciplina da fé e o fausto do papado.

A reabilitação do bispo fascista inglês, Williamson, não é um erro de quem não conhece o biltre, foi a decisão do correligionário que o estima.

A Igreja católica divide-se, com vergonha do papa e pavor do seu extremismo, mas não faltam outros para tomar o seu lugar e novas seitas à espera de ocupar o espaço vago no mercado da fé. Bento 16 sabe o que faz e quer o confronto com a modernidade, certo de que os extremismos deslumbram.

Os milagres não são, como alguns pensam, o folclore da religião, são o alimento da fé e o instrumento ao serviço do obscurantismo.

A elevação a bispo do eclesiástico que atribuiu o furacão Katrina e a destruição de Nova Orleães ao castigo de deus, pelos pecados da cidade, é a prova que faltava para a certeza da agenda obscurantista do Vaticano.

Bento 16 sabe o que fez. E sabe os riscos que corre. Sabe, inclusive, como o seu deus é célere a chamar à divina presença os que lhe prejudicam os interesses terrenos. Deve ter ponderado a pressa com que João Paulo I foi chamado.

No Vaticano não são permitidas autópsias.

18 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Saraiva Martins e os «anormais». Opinião de um leitor

Por

José Moreira

Ontem à noite 2009/02/17, o cardeal Saraiva Martins declarou, na Figueira da Foz, que a homossexualidade não é normal. Não discuto esse assunto com sua excelência reverendíssima. Estou certo de que sabe, acerca disso, infinitamente mais do que eu. Tem obrigação disso, aliás. De acordo com notícias que têm vindo a lume, estará mais próximo do que eu de casos que envolvem homossexualidade e pedofilia. Mas noto um ligeiro avanço das posições da Igreja: já não disse que ser homossexual é uma opção… Apenas foi dizendo que é uma “anormalidade”. Será…
Mas o cardeal vai mais longe ao dizer que Deus criou homem e mulher e que, portanto, assim é que as coisas serão normais. Lindo. E como todos sabemos que tudo o que a a Bíblia diz está cientificamente comprovado, não há que duvidar. Aliás, de vez em quando encontram-se pessoas com aspecto de terracota, prova inequívoca da sua origem: o barro. Só que o senhor cardeal não criou Adão e Eva defeituosos, com cancro, etc. E todos sabemos de crianças que nascem defeituosas, com tumores cerebrais e com outras doenças. Serão, também, “anormais”? Deveremos discriminá-las?

O cardeal estava particularmente inspirado, ontem. Pois até «defendeu como situação “ideal” uma colaboração sincera entre a Igreja e o Estado “na formulação de certas leis”, como a do casamento entre pessoas do mesmo sexo.» “na ‘mouche’! Eu acho que esse tipo de saudosismo dum passado ainda muito recente só lhe fica bem. Ai, os bons tempos em que Salazar não legislava sem ouvir o seu particular amigo Cerejeira… Mas olhe, senhor cardeal, esses tempos já lá vão. Talvez um dia voltem, sei lá… Provavelmente essa “colaboração sincera” signifique que os diversos estados também tenham uma palavra a dizer nas decisões da Igreja. Sim, porque a Igreja também faz as suas leis, não é verdade? e os estados são chamados a colaborar? Ou a colaboração entre a Igreja e o Estado é só quando interessa à igreja?

Já agora, eu pergunto: será que a (provável) lei que aceita o casamento homossexual vai obrigar a Igreja a celebrar esses casamentos? Certamente que não! Então, a Igreja tem toda a liberdade para NÃO celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Se o Estado quiser fazê-lo, o que tem a Igreja a ver com isso?

Já agora, uma outra pergunta: será que os/as homossexuais são todos ateus? Olhe que não, senhor cardeal, olhe que não. Há muitos que são católicos.

Isso, senhor cardeal, ser homossexual católico, é que não é normal.

18 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

ICAR – Regresso ao passado

Não foi só a missa que regressou ao latim e os bispos fascistas ao seio da Igreja católica. É a agenda conservadora e obscurantista que está de volta pela mão de Bento 16 e sob o patrocínio do Opus Dei.

Os anúncios, em quadros de avisos e sites de igrejas, foram recebidos com entusiasmo por alguns e cautela por outros. Mas certo, certo, é que voltam em força, ao mercado, as velhas indulgências que escandalizaram Lutero.

Também regressa a arma medieval – a confissão –  que permitia à Igreja policiar as almas e controlar a sociedade embora nunca tenha sido abandonada. Os crentes é que se afastaram.

Bento 16 não desiste de uma certa forma de proselitismo. O apelo à confissão, feito no último Domingo, é disso a prova:  Os pecados que cometemos “distanciam-nos de Deus, e se não são confessados humildemente confiando na misericórdia divina, chegam até mesmo a produzir a morte da alma”. Cá está a ameaça do Inferno, o medo como veículo da fé, a confissão como detergente do pecado. (Ver os dois últimos posts).

A insistência nos milagres é mais uma manifestação do obscurantismo a que os dois últimos pontificados regressaram. Nuno Álvares Pereira vai ser canonizado com o ridículo da cura do olho esquerdo da D. Guilhermina, olho queimado com óleo de fritar peixe. «Urbano II fez uma excepção para quem há mais de 200 anos era prestado culto e reconhecido, pelo povo, a santidade», excepção que D. José Policarpo, bispo e cardeal-patriarca de Lisboa, tinha já confirmado aplicar-se-lhe, quando o processo foi reaberto a 13 de Julho de 2004, afastando o ridículo e a galhofa. Mas este Papa não tolerou a canonização administrativa.

Faz mais o papa pela descrença do que todas as associações ateístas.