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Categoria: Catolicismo

26 de Março, 2009 Carlos Esperança

A Igreja católica abandona a Europa (2)

Por

E – Pá

A Europa é sempre um Continente muito difícil…
Tem uma carga histórica muito pesada, não perdoa hesitações identitárias, uma cultura muito detalhada e em permanente agitação, não suporta o imobilismo e economicamente procura afincadamente a estabilidade, a segurança e o desenvolvimento sustentado e detesta o espírito de El Dorado.

Por isso, muitos povos, em determinados períodos da sua história preferiram virar-lhe as costas. Depois, regressam ao seu berço civilizacional, como filhos pródigos.

Sucedeu isso a Portugal nos séc. XV/XVI, altura em que voltámos as costas à Europa e partimos para África e Oriente. É a conhecida epopeia dos Descobrimentos.
Só regressaríamos em pleno ao convívio europeu, muitos séculos depois, no início do sec. XIX, a reboque da Revolução Francesa, em plena revolta liberal.

A ICAR bateu-se na Europa durante milénios. Está exangue. Foi a Reforma, a Contra-Reforma, o Iluminismo, os movimentos liberais, a ascensão burguesa, o movimento operário, o sindicalismo, as mudanças sociais da era industrial , as lutas entre republicanos e monárquicos, etc.

Provavelmente, tem melhores oportunidades em África e no Continente sul-americano e novos terrenos para o seu múnus, isto é, dilatar a Fé. Já que o Império feneceu.

Ao virar as costas à Europa, estará a reciclar histórias da caminhada europeia, onde sempre houve apogeu e declínios. E a ICAR, na Europa, está em franco declínio.

Lançou o balão de ensaio de Lourdes, segura Fátima (mais o anterior do que este), mas não chega.
A ambição da ICAR é universal e, neste momento, nesse aspecto está, gravemente, comprometida.

Mas Bento XVI não tem “golpe de asa” para esta mudança.

Haverá, com certeza, preparativos prévios, esta é a minha premonição.

24 de Março, 2009 Carlos Esperança

Fátima e a vocação totalitária da ICAR

25 anos depois
Consagração ao Imaculado Coração de Maria renovada em Fátima
Amanhã, 25 de Março, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria será renovada no Santuário de Fátima

A consagração do mundo ao imaculado coração de Maria não deve causar piores danos do que a inscrição obrigatória num clube de bairro a qualquer pessoa que não saiba da existência do clube nem da vontade da direcção em fazê-lo sócio.

O que surpreende, neste desvario litúrgico, é o abuso de incluírem nessa cerimónia esotérica pessoas que não se revêem na religião que a promove e, sobretudo, aqueles que ignoram a  existência de Maria e o benefício da consagração ao coração em vez de ser aos rins, ao fígado, ao baço, aos intestinos ou a qualquer outra víscera não menos imaculada.

Depois fica a dúvida sobre o prazo de validade da consagração. Segundo a notícia, trata-se de uma renovação após 25 anos. Quanto ao tétano sabem-se os prazos e a razão do reforço da vacina mas quanto às consagrações canónicas não há ensaios clínicos nem comparações com o placebo.
Não virá mal ao mundo desta prepotência eclesiástica da ICAR. Entre o mau olhado de uma pobre bruxa que faz pela vida e a consagração em Fátima dos que ganham a vida há dois mil anos, não há grande diferença nem perigos acrescidos.

Recordo-me de ter sido obrigado a ir à missa de consagração do Curso da Escola do Magistério, sob pena de não me ser concedido o diploma, mas nessa altura a ditadura fascista só permitia que fosse professor quem desse garantias de prosseguir os superiores interesses do Estado. E, nesse tempo, o salazarismo e a ICAR dormiam na mesma cama, duas ditaduras inseparáveis num único sistema totalitário.

Talvez por isso ainda hoje reaja ao totalitarismo beato de quem, sem me consultar, me inclui em consagrações e outras cerimónias pias. À minha revelia.

23 de Março, 2009 Ricardo Alves

A ICAR e a sexualidade(2): contracepção=violação

O mais chocante da encíclica-mestra da ICAR sobre a sexualidade é a equiparação da contracepção à violação. Digam-me lá como se adjectiva isto:

  • «(…) um ato conjugal imposto ao próprio cônjuge, sem consideração pelas suas condições e pelos seus desejos legítimos, não é um verdadeiro ato de amor e nega, por isso mesmo, uma exigência da reta ordem moral, nas relações entre os esposos. Assim, quem refletir bem, deverá reconhecer de igual modo que um ato de amor recíproco, que prejudique a disponibilidade para transmitir a vida que Deus Criador de todas as coisas nele inseriu segundo leis particulares, está em contradição com o desígnio constitutivo do casamento e com a vontade do Autor da vida humana» (Humanae Vitae, parágrafo 13).
22 de Março, 2009 Ricardo Alves

A ICAR e a sexualidade(1): a negação da liberdade

O primeiro ponto a compreender sobre a relação católica com a sexualidade é a negação da liberdade. Como diz Paulo 6º (na célebre Humanae Vitae), «o amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e nobreza, quando se considera na sua fonte suprema, Deus que é Amor (…) O matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do Criador» (parágrafo 8). Portanto, o acasalamento de dois seres da espécie homo sapiens é parte do plano divino; o acasalamento de dois chimpanzés já não é parte desse plano. Houve um momento, algures na evolução da nossa espécie, em que o amor deixou de ser um instinto animal e passou a ser uma «instituição» do «Criador». Não nos dizem quando (o que seria a única coisa verdadeiramente interessante).

Mas Paulo 6º diz-nos mais: «Na missão de transmitir a vida, [os cônjuges] não são, portanto, livres para procederem a seu próprio bel-prazer, como se pudessem determinar, de maneira absolutamente autônoma, as vias honestas a seguir, mas devem, sim, conformar o seu agir com a intenção criadora de Deus, expressa na própria natureza do matrimônio e dos seus atos e manifestada pelo ensino constante da Igreja» (parágrafo 10). Ou seja, os católicos não têm liberdade para decidir como gerem a sua vida sexual. Devem seguir a «intenção» de «Deus» e o «ensino» da ICAR. Aliás, na Gaudium et Spes já se fora mais longe: «a vida humana e a missão de a transmitir não se limitam a este mundo, nem podem ser medidas ou compreendidas ùnicamente em função dele, mas que estão sempre relacionadas com o eterno destino do homem». Portanto, a sexualidade leva-nos para fora deste mundo. E só pode ser compreendida em relação com a «imortalidade da alma» (seja lá isso o que for).

19 de Março, 2009 Miguel Duarte

Encontro Ateísta e Humanista de Lisboa – Tema: Jesus Existiu?

O tema deste encontro (8 de Maio) serão os argumentos contra e a favor da existência de Jesus. O nosso convidado, Paulo Ramos, autor do blogue “Quem Escreveu Torto Por Linhas Direitas?” irá apresentar-nos os resultados da sua investigação sobre este tema e as razões porque considera que Jesus não existiu.

Após a apresentação do nosso convidado, o debate será aberto a todos os presentes.

Paulo Ramos é Licenciado em Informática e pós-graduado na mesma área. Sendo um apaixonado pela área da História da Religião, decidiu há alguns anos iniciar uma investigação aprofundada sobre a História do Cristianismo.

Está também marcado para o próximo dia 28 de Março (Sábado), um encontro de tema aberto no Botequim do Rei (Parque Eduardo VII).

18 de Março, 2009 Carlos Esperança

O Papa, a África e a SIDA

Cerca de 22 milhões de pessoas estão infectadas na África Subsaariana, onde morrem três quartos das vítimas de sida no mundo inteiro – lê-se num telegrama da Lusa.

Há muito que se conhece a tragédia que o desgraçado continente sofre. Conhecem-se milhões de infectados, as crianças órfãs e outras epidemias que dizimam países com fome, doenças, ditaduras e corrupção, que se encarregam de tornar infelizes os que aí nasceram.

Para Bento 16, 22 milhões de miseráveis não passam de almas que aguardam baptismo e o bilhete para o Paraíso, mas para quem não tem empedernido o coração pela fé, para quem sente alguma solidariedade com a dor, para quem desespera com o sofrimento, não pode tolerar-lhe que despreze a distribuição de preservativos como medida acertada.

Por mais frio e insensível que a sotaina o tenha tornado, por mais ódio que a castidade lhe tenha instilado, por maior cegueira a que as leituras pias o tenham conduzido, não pode dizer às pessoas condenadas para não se protegerem e aos jovens enamorados para praticarem a castidade.

A viagem de um dignitário religioso que a propaganda se encarrega de apresentar como sábio e a ignorância tribal de acreditar como bondoso, em vez de ajudar à melhoria dos níveis sanitários, contribui para aumentar a mortalidade.

Não sei em que consiste a terapêutica prescrita pelo autocrata: “um despertar espiritual e humano” e a “amizade pelos que sofrem”. Sei que a distribuição de preservativos é – contrariamente à mentira que afirma – a solução mais comprovada cientificamente e a de resultados mais sólidos na contenção da dramática epidemia.

Assassino não é apenas aquele que dispara a arma para causar a morte, é também o que usa a ignorância para impedir a vida.

17 de Março, 2009 Carlos Esperança

Velho marreta

Coerente com a pastoral do látex, uma pia obsessão deste frio inquisidor, B16 foi a África dizer que o preservativo não resolve o problema da SIDA.

No entanto é mais fiável do que a oração.

A única medida eficaz proposta pela ICAR é a castidade, uma atitude que na idade do Papa se revela prudente e fácil de seguir mas que constitui uma miserável insensibilidade perante os jovens.

Pode dizer-se que, com esta atitude, a Igreja católica é um agente propagador da SIDA. Não se trata de um mero preconceito, é um crime contra a humanidade, uma motivação baseada na crença, uma maldade nascida da repressão sexual e das leituras pias.

17 de Março, 2009 Carlos Esperança

A dansa dos aldrabões

Um arcebispo no Recife anuncia a excomunhão dos responsáveis pelo aborto de uma menina de nove anos, o Vaticano o apóia e a CNBB o desautoriza. É o tipo de novela que me apraz e qual não perco nenhum capítulo.

Quem dá explicação, já perdeu a discussão. Dado o clamor nacional e mesmo internacional suscitado pela atitude desumana da Igreja em relação à menina de Alagoinha, padres, bispos e arcebispos estão se explicando desesperadamente nas páginas dos jornais. A cada explicação, se enrolam cada vez mais.

A Cúria Metropolitana de Olinda e Recife, fortaleza de Dom José Cardoso, tomou obviamente a defesa do chefe: “Todos os esforços desta Arquidiocese foram no sentido de salvar a vida das três crianças”. Não é verdade.