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Categoria: Catolicismo

13 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A procissão abreviada (Crónica)

Regressei às origens para um almoço com familiares e soube dos malefícios do tempo sobre as cerimónias litúrgicas.

Nesta segunda sexta-feira de Abril houve procissões, um pouco por todo o país, para chamar ao redil da fé os crentes que se espantam durante o ano e os curiosos que se aproximam nesta época.

É uma procissão temática, como todas, mas a procissão do Enterro do Senhor obedece a uma cuidada coreografia e à mobilização de recursos que fazem do evento um sinal pio de que a fé está para lavar e durar, como soe dizer-se.

Para durar, não sei, mas, para lavar, provou-o o céu a desfazer-se em água, a desabar em bátegas que dissolveram a procissão e escorraçaram os andores.  Fugiram, transidos, os anjinhos, e desembestaram os mordomos a caminho da igreja a pôr a salvo os andores. O Senhor dos Passos, com espinhos bem cravados, para não perder a coroa, com a cruz pesada a que o amarraram, viu passar os andores que deviam prestar-lhe vassalagem e ficou para trás, com mordomos ofegantes, a sofrerem o peso da charola, do Cristo e dos adereços. Foi o último a chegar, sem os padres, porque um pregador que não era de perto, nem de graça, ia falar do martírio do seu deus, a quem a borrasca encurtara o passeio, num outro sítio onde os escuteiros mostravam as fardas e a fé.

O Senhor dos Passos, a estrela da confraria, não ouviu o sermão encomendado porque,  antes de chegar ao Gólgota, recolheu à igreja paroquial sem que alguém o aliviasse da coroa de espinhos e do peso da cruz. Não ouviu a história das amêndoas da Páscoa que o pregador lhe dedicou. Não o ouviu, como poderia uma estátua de madeira ouvir, isto é a gente a falar como se as estátuas tivessem vida e os mortos ainda ouvissem. Não o ouviu, é certo, mas o pregador disse aos paroquianos que se protegiam sob os beirais das casas, que na amêndoa, naquela que se colhe da amendoeira, que se liberta da casca verde e amarga, se esconde dentro da casca grossa o fruto doce que é Jesus. Não importa que seja semente, embora chamado fruto seco, na religião contam as metáforas e é difícil haver sermões inovadores porque a liturgia e o mito vivem juntos.

Um incréu terá pensado que a amêndoa representa um deus amargo com casca grossa mas nestas coisas da fé a verdade é irrelevante e as palavras são pretexto para prolongar rituais enquanto se mantém a devoção. O padre recorreu à morfologia da amêndoa para sugerir a analogia do deus que se oculta na casca dura que o esconde e protege.
Molhados e com a alma lavada os que resistiram disseram que foi bonito o sermão, não sendo original, porque a amêndoa é mais antiga do que os rituais pagãos e judaicos que rondam o equinócio da Primavera e deram origem à Páscoa cristã, e os sermões são o ganha-pão dos pregadores que se repetem e plagiam.

E o Cristo lá ficou a fingir de morto certo de que a ressurreição faz parte do espectáculo que todos os anos se repete.

10 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Amanhã será notícia

Miles de menores fueron objeto de abusos sexuales en Irlanda durante más de 30 años, advirtió hoy el arzobispo de la diócesis de Dublín, Diarmud Martin, como anticipo de un informe “horroroso” que se dará a conocer la próxima semana.

El clérigo efectuó esas declaraciones durante la tradicional misa de los jueves celebrada en Dublín, en la que aseguró que la investigación “hará más humilde a la iglesia”, la que, según dijo, no ha reconocido aún todo el horror de años de “abusos físicos, sexuales y de torturas psicológicas”.

8 de Abril, 2009 Ricardo Alves

Juventude polaca afasta-se do catolicismo

Ainda há esperança para a Polónia: segundo uma sondagem, apenas 3% dos jovens polacos (dos 24 aos 34 anos) querem viver a sua vida «como católicos». Apesar de esta geração ser algumas vezes referida como a «geração João Paulo», a verdade é que os ensinamentos do Papa polaco parecem menos importantes para estes jovens do que os valores secularizados da Europa ocidental.

8 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Mentira piedosa desvendada

Um documento nos arquivos do Vaticano revela que o objecto, considerado sagrado por muitos fiéis, esteve na posse dos Templários durante mais de um século.

(…)

Visto como a mortalha onde terá sido sepultado o corpo de Cristo depois de crucificado, o sudário sempre foi venerado, embora a Igreja nunca se tenha pronunciado sobre a sua veracidade.

«…embora a Igreja nunca se tenha pronunciado sobre a sua veracidade».

Comentário: Esta afirmação é mais falsa do que a cura do olho esquerdo da D. Guilhermina por Nuno Álvares Pereira.

6 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Para quê?

CIDADE DO VATICANO, Santa Sé (AFP) — O papa Bento XVI rezou pelas vítimas, em particular as crianças, que morreram no terremoto de 5,8 graus que abalou a Itália nesta segunda-feira, com um saldo provisório de 27 mortos.

5 de Abril, 2009 Ricardo Alves

O regresso (oportunista?) do Condestável

Quem conhece a História da 1ª República e do papel que desempenhou no apressar do seu final uma organização chamada «Cruzada Nacional Nuno Álvares Pereira», não pode deixar de ficar incomodado por ver na «Comissão de Honra» da «Canonização» desse cavaleiro medieval o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o ministro dos Negócios Estrangeiros e o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.

Evidentemente, não se questiona o direito individual a acreditar em intercessões de além-túmulo seja de quem for, mesmo com a finalidade comezinha de curar uma queimadela de óleo de fritar peixe. Simplesmente, quem ocupa altos cargos de um Estado democrático e laico apenas deveria participar neste género de homenagem, se a consciência a isso o obriga, como cidadão privado e discreto, sob risco de estar a comprometer-se numa manobra que poderá ter aproveitamentos políticos e religiosos perigosos e indesejáveis.

Um Estado laico não patrocina crenças nem religiões; não promove igrejas nem cultos. A «canonização» de Nuno Álvares Pereira deveria ser um mero assunto privado entre os crentes católicos e a sua igreja, que decidiu certificá-lo com poderes de curandeiro post mortem, na curiosa data de 26 de Abril. Que algumas das principais figuras do Estado endossem esta campanha clerical, a pouco mais de um ano do centenário da implantação da República, demonstra que não têm memória histórica da exploração nacionalista que o Estado Novo fez desta figura, e que não compreendem que a laicidade não é a mera separação entre Estado e igreja.

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]

3 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A indústria dos milagres não pára

CIDADE DO VATICANO, Santa Sé (AFP) — Dois novos milagres foram atribuídos nos Estados Unidos e no Vaticano ao Papa João Paulo II por ocasião do quarto aniversário de seu falecimento, segundo testemunhos divulgados nesta sexta-feira pela imprensa italiana.

Comentário: Os milagres são de qualidade mas o segundo é uma substituição do cantil de aguardente por um rosário. Os cowboys não usavam rosários e as balas poupavam-lhes a vida mas deixavam-nos sem aguardente.