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Categoria: Catolicismo

19 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A ICAR e a canonização de D. Nuno

Por

E – Pá

AS ESPECIOSAS E HONORÍFICAS SANTIFICAÇÕES…

A Europa, foge-lhes, debaixo dos pés…
Gradativamente, as nações, foram criando países laicos e relegando para segundo plano as honrarias e as submissões divinas…

A ICAR e outras Igrejas perdem influência na manobra política, por processos eminentemente civilizacionais.

Mesmo em casos, como o anglicanismo que, historicamente, é uma religião de Estado, a sua existência é simbólica, protocolar e é mais um pergaminho evocado pelos descendentes de Henrique VIII, baseado em questões pessoais e políticas de antanho, do que uma actual intromissão da religião no poder político inglês.

A ICAR foi morrendo aos poucos, exactamente, como na Reforma. Por uma total perda de identidade.
No séc. XVI entrou em conflito com o pensamento renascentista. Nos tempos actuais com a modernidade.

De facto, quando a ICAR giza, como resposta, a contra Reforma corporizada pelo concílio de Trento, onde é guiada pelo medo de perder a predominância política que já estava em causa, ou definitivamente perdida, nos países protestantes, do Centro e Norte da Europa. As ideias renascentistas tinham sido captadas e adoptadas pela burguesia emergente e as instituições bancárias. Isto é, pelo novo poder político, social e cultural, emergente.

O concílio de Trento é uma resposta pouco digna e rudimentar. É o estertor repressivo: insistir na catequização dos nativos que surgiam nos Descobrimentos (fundamentalmente portugueses e espanhóis), intensificar a Inquisição e promover a criação do Index Librorium Proibitorium (Índice de Livros Proibidos) para evitar a propagação de ideias contrárias à Igreja Católica.

É, em Trento, que a ICAR perde definitivamente a Europa.
Com a sua lentidão tradicional só o irá sentir séculos mais tarde.

Nos tempos actuais os chefes do catolicismo peregrinam fora da Europa.

A cultura europeia tornou-se refractária para aceitar o seu efectivo – mas sempre negado – divórcio entre a Religião e a Ciência, para tolerar intromissões moralistas na vertente social e livre da vida europeia comunitária, confundindo-as com posições éticas e, com isso, interferindo nas questões sociais do aborto, do direitos cívicos dos homossexuais e na aceitação das minorias e da diferença, alimentaram um clima de conflitos e de crispação, quando não homofóbico.

Esta a segunda morte, o combate contra a evolução do pensamento humano, quer social, político e filosófico, leva a ICAR a não conseguir, na sua necessária dimensão, um aggiormanento, com a realização do Concílio Vaticano II.

A ICAR volta-se, na época pós-conciliar, para as peregrinações pelo Terceiro Mundo, fora dos conflitos culturais, éticos e sociais de uma Europa que emancipando-se politicamente, separando a religião do Estado e recusando a dogmatização da vida e do pensamento, deixou de ser o seu suporte teológico e um terreno dinamizador para as doutrinas canónicas e teocráticas.

Com Bento XVI, estiolam-se os poucos e raros ganhos deste Concílio.

Hoje, a ICAR tenta penetrar nos meios europeus pelo caminho dos santos, incidindo nos limites periféricos dessa Europa onde, apesar de tudo, prevalecem algumas superstições, existe uma maior tolerância ao sobrenatural e mais complacência pelo místico.

Foi em Espanha, com a santificação-relâmpago de Escrivá, canonizações e santificações avultadas e avulsas de ex-falangistas que, querendo reconquistar os crentes, não pacificaram o ambiente cristão espanhol…

Por cá, depois do processo dos pastorinhos, agora o do (ainda) beato Nuno.
Em Portugal perde-se a noção dos limites do credível.
Ninguém ouve a Igreja – como o patriarca Policarpo – que, apesar de continuar a ser religioso, representa a sua vertente culta, humana e responsável.

E, na actual miséria franciscana, surge o bispo Carlos Azevedo de braço dado com a D. Guilhermina, num quadro de ridículo espantoso e de menosprezo pela inteligência dos portugueses a filosofar contra o ateísmo.

Resta aos que – como bispo Azevedo – dizem aceitar o ateísmo no plano da retórica filosófica, toleram mal os que se assumem e associam como ateus e que no fundo pretendem que acreditemos no Pai Natal ou na cura inacreditável de D. Guilhermina…não nos lacem o labéu de anti-patriotas por não apoiarmos, na Europa, um santo português e criticarmos uma especiosa representação do Estado nas cerimónias de santificação ou de glorificação de Nuno Alvares Pereira, de sua graça.

O dignitários portugueses vão pôr-se de joelhos no Vaticano, porque, como dizia o meu avô:
o respeitinho é muito lindo!

16 de Abril, 2009 Carlos Esperança

EUA não se ajoelha. Por enquanto

O Vaticano não recebeu qualquer proposta de acreditação de um novo embaixador dos Estados Unidos, indicou esta quarta-feira o porta-voz do Papa Bento XVI reagindo a notícias que referiam que Caroline, filha de John F. Kennedy, teria sido recusada.

Ler notícia aqui.

15 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Sexo em palco?

Bispos querem educação sexual através de teatro

Parecer da Conferência Episcopal, conhecido ontem no Parlamento, volta a criticar proposta do PS que, diz, reduz formação da sexualidade à prevenção de gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e violência sexual.

13 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A procissão abreviada (Crónica)

Regressei às origens para um almoço com familiares e soube dos malefícios do tempo sobre as cerimónias litúrgicas.

Nesta segunda sexta-feira de Abril houve procissões, um pouco por todo o país, para chamar ao redil da fé os crentes que se espantam durante o ano e os curiosos que se aproximam nesta época.

É uma procissão temática, como todas, mas a procissão do Enterro do Senhor obedece a uma cuidada coreografia e à mobilização de recursos que fazem do evento um sinal pio de que a fé está para lavar e durar, como soe dizer-se.

Para durar, não sei, mas, para lavar, provou-o o céu a desfazer-se em água, a desabar em bátegas que dissolveram a procissão e escorraçaram os andores.  Fugiram, transidos, os anjinhos, e desembestaram os mordomos a caminho da igreja a pôr a salvo os andores. O Senhor dos Passos, com espinhos bem cravados, para não perder a coroa, com a cruz pesada a que o amarraram, viu passar os andores que deviam prestar-lhe vassalagem e ficou para trás, com mordomos ofegantes, a sofrerem o peso da charola, do Cristo e dos adereços. Foi o último a chegar, sem os padres, porque um pregador que não era de perto, nem de graça, ia falar do martírio do seu deus, a quem a borrasca encurtara o passeio, num outro sítio onde os escuteiros mostravam as fardas e a fé.

O Senhor dos Passos, a estrela da confraria, não ouviu o sermão encomendado porque,  antes de chegar ao Gólgota, recolheu à igreja paroquial sem que alguém o aliviasse da coroa de espinhos e do peso da cruz. Não ouviu a história das amêndoas da Páscoa que o pregador lhe dedicou. Não o ouviu, como poderia uma estátua de madeira ouvir, isto é a gente a falar como se as estátuas tivessem vida e os mortos ainda ouvissem. Não o ouviu, é certo, mas o pregador disse aos paroquianos que se protegiam sob os beirais das casas, que na amêndoa, naquela que se colhe da amendoeira, que se liberta da casca verde e amarga, se esconde dentro da casca grossa o fruto doce que é Jesus. Não importa que seja semente, embora chamado fruto seco, na religião contam as metáforas e é difícil haver sermões inovadores porque a liturgia e o mito vivem juntos.

Um incréu terá pensado que a amêndoa representa um deus amargo com casca grossa mas nestas coisas da fé a verdade é irrelevante e as palavras são pretexto para prolongar rituais enquanto se mantém a devoção. O padre recorreu à morfologia da amêndoa para sugerir a analogia do deus que se oculta na casca dura que o esconde e protege.
Molhados e com a alma lavada os que resistiram disseram que foi bonito o sermão, não sendo original, porque a amêndoa é mais antiga do que os rituais pagãos e judaicos que rondam o equinócio da Primavera e deram origem à Páscoa cristã, e os sermões são o ganha-pão dos pregadores que se repetem e plagiam.

E o Cristo lá ficou a fingir de morto certo de que a ressurreição faz parte do espectáculo que todos os anos se repete.

10 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Amanhã será notícia

Miles de menores fueron objeto de abusos sexuales en Irlanda durante más de 30 años, advirtió hoy el arzobispo de la diócesis de Dublín, Diarmud Martin, como anticipo de un informe “horroroso” que se dará a conocer la próxima semana.

El clérigo efectuó esas declaraciones durante la tradicional misa de los jueves celebrada en Dublín, en la que aseguró que la investigación “hará más humilde a la iglesia”, la que, según dijo, no ha reconocido aún todo el horror de años de “abusos físicos, sexuales y de torturas psicológicas”.