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Categoria: Catolicismo

23 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Tentativa de reabilitar um cúmplice de Hitler

Planos da Santa Sé à data da 2ª Guerra Mundial, caso Hitler cumprisse a ameaça de raptar Pio XI.

A notícia foi avançada pelo jornal britânico Daily Telegraph, que cita documentos dos Arquivos Secretos do Vaticano. Com base num serviço do correspondente em Roma, refere que Pio XII disse à Cúria que a sua captura pelos nazis implicaria a sua resignação imediata, abrindo caminho à eleição de um sucessor.

22 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Uma chuva de milagres

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Comentário: Com tantos milagres escolheram o pior. O erro de ortografia era escusado.

22 de Abril, 2009 Carlos Esperança

ICAR – Paradoxos

Imagine-se um muçulmano a publicar um livro de receitas com pratos à base de carne de porco e com uma adenda sobre os vinhos recomendados para cada prato e o digestivo adequado a finalizar a refeição;

Imagine-se um invisual  a dar instrução aos candidatos a condutores de automóveis;

Imagine-se um surdo profundo a dirigir a orquestra da Gulbenkian ou um mudo a fazer o discurso de abertura de um comício;

Imagine-se um coxo a correr a maratona ou um analfabeto a dar aulas de português.

Podíamos passar horas a imaginar absurdos e a formular paradoxos. Poderá dizer-se que o Vaticano fez de monsenhor Escrivá santo e do cardeal Ratzinger  Papa, mas não é a mesma coisa. O direito canónico não impede a santidade de um fascista nem recusa a tiara a um inquisidor.

O que surpreende é que um clérigo a quem o múnus impede a interrupção do celibato se torne num adversário do divórcio, um indivíduo condenado à castidade se torne num orientador da sexualidade e um sujeito do sexo masculino, celibatário e casto, se assuma como perito das doenças sexualmente transmissíveis e se queira substituir aos peritos da medicina reprodutiva.

É este papel pouco convincente e algo ridículo que os padres insistem em representar.

21 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A ICAR e o preservativo

Por

E – Pá

USE DUREX®, s.f.f.

A ICAR sabe pouco de prevenção em Saúde.
Dedica-se a prevenção epistolar das tentações e, mesmo neste campo, falha amiudadamente.

Mas, mesmo sendo possuidora de uma olímpica ignorância, arremessa “sentenças” como as de Bento 16, na última peregrinação por África.

Infelizmente, a prevenção tem, sempre, as suas limitações.
Infalível só a morte, mesmo para os papas…

Todavia, se acaso, a Ciência – que Ratzinger cada vez mais hostiliza – descobrisse uma vacina contra a SIDA, é certo e garantido que o Vaticano, dentro dos seus princípios cabotinos, continuaria a defender a abstinência sexual como panaceia para todos os males do Mundo. Está-lhe no sangue.
O prazer é, para a Cúria pontifícia, uma aberração.

Todavia, o impressionante são as incríveis e despudoradas piruetas que a ICAR, sistematicamente, constrói para justificar as suas, cada vez mais frequentes, “barracadas”.

Pouco me importa a imposição do regime celibatário aos religiosos. É, no fundo, uma escolha – forçada, que mesmo o próprio clero trabalha para alterar.

Agora este tipo de dogmatismos são, profundamente, anti-sociais.
Qual seria o futuro da família, ou mesmo da Humanidade, se os cristãos adoptassem como modo de vida ou, in limine só para exibição exterior, um regime pretensamente celibatário?

Qual a dimensão do problema demográfico que levantariam, em certas regiões do Mundo?

Ao senhor cardeal patriarca e ao papa, aconselharia preservativos com controlo de qualidade.
Isso, bastaria para “desmontar” a recente argumentação, que para além de ridícula é absolutamente espúria…

20 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Desonestidade teísta. Opinião de um leitor

Por

Adão Cruz

Li o artigo do Sr. Bispo Carlos Azevedo no Correio da Manhã. intitulado “Desonestidade ateísta”. Como subscrevo aquilo que foi dito pela AAP sobre o beato Nuno, resolvi responder ao Sr. Bispo, não para contestar o candidato a santo, nem as razões da igreja, a qual pode criar os santos que quiser. Penso que o que revolta a AAP não é a canonização mas a afronta feita aos cidadãos política e intelectualmente honestos, que não admitem que se comprometa, desta forma servil e com laivos de escândalo num Estado de Direito, a laicidade desse mesmo Estado, sobretudo através do seu mais alto representante. O Sr. Presidente da República e os outros membros da comitiva, não têm o direito de praticar actos do foro das suas crenças religiosas, a expensas do Estado e dos cidadãos portugueses. Nada mais Sr. Bispo. O resto que o Sr. Bispo refere é especulação e desonestidade teísta.
Gostaria de contestar, isso sim, algumas das considerações do Sr. Bispo. Em primeiro lugar, o Sr. Bispo chama à AAP um pequeno grupo quase residual na sociedade portuguesa. É uma consideração duplamente redutora. Na verdade é um pequeno grupo de ateus, até agora pequeno mas é o que é em pleno direito. Um pequeno grupo que pretende ter voz dentro do ateísmo, e isso não é demérito, antes pelo contrário. Se o Sr. Bispo não sofre de desonestidade teísta, tem de concordar que mais de metade da humanidade é ateia. Dentro desses muitos milhões de ateus, haverá muita gente de grande honestidade intelectual, de grandes capacidades e conhecimentos, gente muito humana e solidária, cumpridora de todos aqueles preceitos a que chamam cristãos, sem que para isso tenham necessidade de deuses.

Diz o Sr. Bispo que respeita e considera como sério o ateísmo. Não acredito que seja verdade, porque ao dizê-lo, parece-me haver alguma desonestidade teísta. Como é possível o Sr. Bispo dizer tal coisa, quando a vossa igreja, através de um dos seus doutos sacerdotes, clama bem alto que o ateísmo é o maior drama da humanidade? Será sensato dizer que se respeita e se tem consideração pela fome, pela injustiça, pela guerra e pelo obscurantismo, esses sim, os verdadeiros dramas da humanidade?

Classifica o Sr. Bispo as considerações da AAP de posições extravagantes, fazendo parte de uma campanha anticatólica. Se não houver desonestidade teísta da parte do Sr. Bispo, concordará certamente, porque disso tem muitas provas, que os ateus e a AAP sempre fizeram questão de afirmar que respeitam a fé e as crenças das pessoas no que quer que seja. Sobre isto não pode haver a mais pequena dúvida. Contudo, isto não impede que um ateu como qualquer outra pessoa, religiosa ou não religiosa, como cidadão e ser pensante, tenha a sua forma de entender as coisas e os fenómenos, e o manifeste da maneira que melhor entender. Por exemplo, e temos todo o direito de o dizer, nós consideramos com grande convicção que a ciência e o conhecimento são, de uma maneira geral, antagonistas da fé e das crenças, e a ignorância o seu principal agonista. Contestável este pensamento? Permitam que façamos os debates necessários, onde quer que seja.

Quanto à campanha anticatólica, também não me parece que haja aqui, da parte do Sr. Bispo, grande honestidade teísta, pois o Sr. Bispo sabe bem que a AAP e os ateus em geral, nunca por nunca mostraram nem estão interessados em combater as posições e as opções de cada um em termos religiosos, políticos ou outros. Seria absurdo. O mesmo não significa, que o ateu ou não ateu, um qualquer cidadão, deixe de tomar posição e de ter consciência do papel que a igreja católica terrena, como fenómeno social, tem tido através dos tempos. E aqui é que a porca torce o rabo. Aqui é que a igreja, sofismaticamente, pretende confundir a justa crítica ao seu comportamento, com anticatolicismos e coisas do género. Aqui sim, há da parte da igreja grande desonestidade teísta. As considerações que se seguem, são pessoais, reflectem a minha visão das coisas e não posso colá-las a quem quer que seja.

Há hoje em dia, na literatura, uma profusão de livros, de testemunhos, e um conhecimento profundo sobre o que é e foi a igreja católica e o seu alto comando, o Vaticano. Longe de mim pretender ensinar alguma coisa ao Sr. Bispo. Não vou recomendar-lhe Richard Dawkins, deve estar farto de o ler. Nem penso que seja útil, porque a maioria do clero tem os seus padrões neurais tão blindados por dogmas e preconceitos, que não permitem a abertura suficiente para a entrada de argumentos deste teor. Mas há muitos mais livros, documentos e testemunhos, que só por desonestidade teísta se podem considerar mentirosos ou pouco sérios. Aliás, se o fossem, já a igreja, com todo o seu poderio económico e todo o seu poder de influência, tinha posto os autores atrás das grades. Lembro apenas um, de leitura muito fácil, bem compreensível e transparente, que vendeu cerca de seis milhões de exemplares: “EM NOME DE DEUS” de David Yallop. Seria insensato acreditar que o Sr. Bispo, ou quem quer que seja, pusesse em causa o que lá vem, aliás relatado, por outras formas e estilos, em muitos outros livros, nomeadamente do FBI. E o que lá vem é absolutamente vergonhoso, escandaloso, tenebroso e devastador para a igreja católica. De facto, o que ali é relatado, não deixa qualquer dúvida de que à igreja católica pouco interessa a salvação das almas. A igreja está tão interessada na salvação das almas como eu estou interessado em ser papa. A fé não passa do rótulo da garrafa, o conteúdo é bem diferente. Ali se demonstra que a igreja apenas está interessada na desenfreada especulação económico-financeira, na brutal criação de riqueza terrena e na conquista do poder, esteja ele onde estiver, ainda que para tal haja necessidade de crimes e assassinatos como o que vitimou o Papa João Paulo I. Percebe-se que a história é fértil e está repleta de exemplos escandalosos. Por isso o Vaticano vem sempre acusado de ter profundas ligações ao submundo da máfia, do crime organizado, da CIA e da altíssima corrupção a nível económico e político. Relatam os livros que alguns dos maiores crimes e algumas das maiores fraudes económicas e financeiras de todos os tempos, italianas e não só, tiveram o Vaticano pelo meio. Só é cego quem quer. É por estas e por outras que aqueles que procuram ter os olhos abertos, concordam perfeitamente que a igreja é a maior fábrica de ateus.

Sr. Bispo Carlos Azevedo, pare um pouco para pensar. Não lance para o ar, de ânimo leve, este tipo de questões. Acredite que há muita gente honesta, séria, e cheia de dignidade, que não pensa como o Sr. Bispo. Respeite essa gente a que chama de extravagante e intelectualmente desonesta. Que a igreja tenha a honestidade de não confundir a crítica ao seu criminoso passado e ao seu mais que duvidoso presente, com ateísmos, radicalismos, anticatolicismos e anticlericalismos. Que tenha a humildade de reconhecer que traiu da forma mais vil e grotesca a doutrina de Cristo, que procure inverter o seu perverso e malfadado percurso e retome o caminho da pobreza e da justiça, os seus alicerces naturais. Muito provavelmente, até os ateus, sem dela precisarem, a respeitarão.

Adão Cruz

19 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A ICAR e a canonização de D. Nuno

Por

E – Pá

AS ESPECIOSAS E HONORÍFICAS SANTIFICAÇÕES…

A Europa, foge-lhes, debaixo dos pés…
Gradativamente, as nações, foram criando países laicos e relegando para segundo plano as honrarias e as submissões divinas…

A ICAR e outras Igrejas perdem influência na manobra política, por processos eminentemente civilizacionais.

Mesmo em casos, como o anglicanismo que, historicamente, é uma religião de Estado, a sua existência é simbólica, protocolar e é mais um pergaminho evocado pelos descendentes de Henrique VIII, baseado em questões pessoais e políticas de antanho, do que uma actual intromissão da religião no poder político inglês.

A ICAR foi morrendo aos poucos, exactamente, como na Reforma. Por uma total perda de identidade.
No séc. XVI entrou em conflito com o pensamento renascentista. Nos tempos actuais com a modernidade.

De facto, quando a ICAR giza, como resposta, a contra Reforma corporizada pelo concílio de Trento, onde é guiada pelo medo de perder a predominância política que já estava em causa, ou definitivamente perdida, nos países protestantes, do Centro e Norte da Europa. As ideias renascentistas tinham sido captadas e adoptadas pela burguesia emergente e as instituições bancárias. Isto é, pelo novo poder político, social e cultural, emergente.

O concílio de Trento é uma resposta pouco digna e rudimentar. É o estertor repressivo: insistir na catequização dos nativos que surgiam nos Descobrimentos (fundamentalmente portugueses e espanhóis), intensificar a Inquisição e promover a criação do Index Librorium Proibitorium (Índice de Livros Proibidos) para evitar a propagação de ideias contrárias à Igreja Católica.

É, em Trento, que a ICAR perde definitivamente a Europa.
Com a sua lentidão tradicional só o irá sentir séculos mais tarde.

Nos tempos actuais os chefes do catolicismo peregrinam fora da Europa.

A cultura europeia tornou-se refractária para aceitar o seu efectivo – mas sempre negado – divórcio entre a Religião e a Ciência, para tolerar intromissões moralistas na vertente social e livre da vida europeia comunitária, confundindo-as com posições éticas e, com isso, interferindo nas questões sociais do aborto, do direitos cívicos dos homossexuais e na aceitação das minorias e da diferença, alimentaram um clima de conflitos e de crispação, quando não homofóbico.

Esta a segunda morte, o combate contra a evolução do pensamento humano, quer social, político e filosófico, leva a ICAR a não conseguir, na sua necessária dimensão, um aggiormanento, com a realização do Concílio Vaticano II.

A ICAR volta-se, na época pós-conciliar, para as peregrinações pelo Terceiro Mundo, fora dos conflitos culturais, éticos e sociais de uma Europa que emancipando-se politicamente, separando a religião do Estado e recusando a dogmatização da vida e do pensamento, deixou de ser o seu suporte teológico e um terreno dinamizador para as doutrinas canónicas e teocráticas.

Com Bento XVI, estiolam-se os poucos e raros ganhos deste Concílio.

Hoje, a ICAR tenta penetrar nos meios europeus pelo caminho dos santos, incidindo nos limites periféricos dessa Europa onde, apesar de tudo, prevalecem algumas superstições, existe uma maior tolerância ao sobrenatural e mais complacência pelo místico.

Foi em Espanha, com a santificação-relâmpago de Escrivá, canonizações e santificações avultadas e avulsas de ex-falangistas que, querendo reconquistar os crentes, não pacificaram o ambiente cristão espanhol…

Por cá, depois do processo dos pastorinhos, agora o do (ainda) beato Nuno.
Em Portugal perde-se a noção dos limites do credível.
Ninguém ouve a Igreja – como o patriarca Policarpo – que, apesar de continuar a ser religioso, representa a sua vertente culta, humana e responsável.

E, na actual miséria franciscana, surge o bispo Carlos Azevedo de braço dado com a D. Guilhermina, num quadro de ridículo espantoso e de menosprezo pela inteligência dos portugueses a filosofar contra o ateísmo.

Resta aos que – como bispo Azevedo – dizem aceitar o ateísmo no plano da retórica filosófica, toleram mal os que se assumem e associam como ateus e que no fundo pretendem que acreditemos no Pai Natal ou na cura inacreditável de D. Guilhermina…não nos lacem o labéu de anti-patriotas por não apoiarmos, na Europa, um santo português e criticarmos uma especiosa representação do Estado nas cerimónias de santificação ou de glorificação de Nuno Alvares Pereira, de sua graça.

O dignitários portugueses vão pôr-se de joelhos no Vaticano, porque, como dizia o meu avô:
o respeitinho é muito lindo!