30 de Abril, 2009 Carlos Esperança
Beata Alexandrina de Balasar
Se a infalibilidade papal não fosse um dogma, e a de João Paulo II uma evidência, não se acreditaria que a bem-aventurada Alexandrina de Balasar tivesse vivido os últimos treze anos e sete meses de vida em jejum total e anúria. Apenas tomava a comunhão, como confirmou publicamente o referido Papa, que viveu com odor a santidade.
Pode até pensar-se que a morte pudesse ter ocorrido por falta de consagração da última hóstia, descuido que a terá privado do único alimento que a mantinha.
Apesar do tão longo e notável prodígio – viver do ar e da hóstia –, a Igreja católica, por caducarem os milagres em vida, exigiu-lhe currículo de defunta para elevação a beata. A taumaturga realizou o milagre, na área da neurologia, para uma emigrante portuguesa residente em França.
Dizem os biógrafos que a bem-aventurada Alexandrina, além dos excelentes êxtases das sextas-feiras, era acometida de ataques violentos pelo que foi diversas vezes exorcizada. Quem conhece a força do demónio e a raiva que nutre pela virtude, não lhe estranha o ódio a quem pediu ao papa que consagrasse o mundo contra o comunismo. Perante as orações da própria e os exorcismos do pároco, o Maligno rendeu-se e acabou por deixar em paz a devota e a URSS a cujo descalabro Alexandrina assistiu do Paraíso.
O 5.º aniversário da beatificação desta virtuosa mulher, ocorrido a 25 de Abril, passou despercebido no país, entretido em festarolas pela queda da curta ditadura de 48 anos, como se a eternidade se medisse em lustros ou a santidade precisasse de democracia.
Felizmente, enquanto cresce a devoção à beata, não faltam pedidos para a sua canonização. Não tardará o segundo milagre. Deus pode dormir mas os padres, não.