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Categoria: Catolicismo

15 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Conselhos mudam com a geografia

Papa alerta contra fanatismo e violência

Bento XVI pede a líderes religiosos da Terra Santa que protejam as crianças destes males, procurando um «mundo melhor»

Bento XVI deixou esta Quinta-feira um apelo contra a violência e o fanatismo, pedindo em especial que os líderes religiosos saibam “proteger as crianças”.

Comentário: Aí está um pedido que devia fazer em Malta, Timor, Irlanda, América

13 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Fátima – 13 de Maio

Nascida para lutar contra a República e transformada em arma de arremesso contra o comunismo, Fátima mantém-se como símbolo da crendice popular e caixa de esmolas que sustenta a máquina eclesiástica.

Os ateus são sensíveis ao sofrimento humano, às manifestações de aflição, ao desespero e aos dramas individuais que exoneram a razão dos comportamentos. Já não podem ter a mesma benevolência para quem convence os crentes do gozo divino com as chagas nos joelhos e as maratonas pedestres ou com a oferta de objectos de ouro que atravessaram gerações na mesma família para acabarem no cofre forte da agiotagem mística.

Os alegados milagres das cambalhotas solares, das deambulações campestres da virgem e da aterragem de um anjo não foram originais nem exclusivas da Cova da Iria. Foram tentados em outras latitudes e repetidos em versões diferentes até atingirem a velocidade de cruzeiro da devoção popular e o pico da fama que tornou rentável a exploração.

Há um ano o cardeal Saraiva Martins, um clérigo atrofiado por longos anos de Vaticano, dedicado à investigação de milagres e à pesquisa da santidade, presidiu à peregrinação… contra o ateísmo. Podia ser a favor da fé, mas o gosto do conflito levou a Igreja a deixar cair a máscara da paz e a seguir o carácter belicista que carrega no código genético.

Há militares que regressaram há mais de quarenta anos da guerra colonial e que, ainda hoje, vão a Fátima agradecer o milagre do retorno, milagre que muitos milhares não tiveram, vítimas da civilização cristã e ocidental para cuja defesa o cardeal Cerejeira os conclamava.

Perdido o Império, desmoronado o comunismo, o negócio mudou de rumo e de ramo. É o emprego que se mendiga a troco de cordões de oiro, a saúde que se implora de vela na mão, a cura suplicada com cheiro a incenso e borrifos de  água benta. Enquanto houver sofrimento o negócio floresce. Dos bolsos saem os euros dos peregrinos  e os olhos dos crentes enchem-se de lágrimas perante a imagem de barro que a coreografia pia carrega de emoção.

Para o ano, no mesmo dia, repete-se a encenação e os corações dos devotos rejubilam com fé na virgem igual à que os índios devotam às fogueiras para atraírem chuva. Com os joelhos esfolados, os pés doridos e o coração a sangrar.

12 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Calúnias

Jerusalém, 12 mai (EFE).- O papa Bento XVI nunca pertenceu à Juventude Hitleriana,

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reiterou hoje, por três vezes, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.

Lombardi disse que “nunca” o jovem Joseph Ratzinger pertenceu à Juventude Hitleriana, que era, disse, “um corpo de voluntários fanáticos”.

9 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Maratonas pias

Por

José Moreira

Confesso que não sou consumidor de “As Tardes da Júlia”. Mas hoje, talvez porque fosse a menos chata das opções televisivas, deixei-me ficar por ali. A minha mulher diz que eu tive preguiça de me levantar para mudar de canal e, se calhar, tem razão.

Bom. A Júlia defrontava um podologista a propósito das caminhadas que os peregrinos fazem até Fátima, pista de aterragem de arcanjos e virgens. Os peregrinos, dizia-se, forçam os pés, não habituados a andanças daquele tamanho e, naturalmente, sofrem. E o podologista ia dando conselhos para as pessoas tirarem melhor partido dos pés.

Errado, quanto a mim. O cumprimento de uma promessa deste tipo implica, necessariamente, sacrifícios. O peregrino tem de sofrer, para que a paga da promessa tenha valor. Deus e a virgem gostam de sacrifícios, e não foi por acaso que colocaram o joelhódromo ali à volta da capela das alegadas aparições. Não tarda nada, e as pessoas, em vez de irem a Fátima a pé vão a Fátima de pé, no autocarro. Como se não bastasse colocarem almofadas nos joelhos, para não doerem durante o circuito. Se não doer não há sacrifício, se não houver sacrifício a promessa não se considera cumprida. É a mesma coisa que pagar uma dívida com dinheiro falso. Esta é a minha opinião, e acho que a Madre Teresa de Calcutá não diria melhor.

Se não querem sacrifícios, façam como as “tias”: vão de carro, levem um bruto farnel, e façam um piquenique.