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Categoria: Catolicismo

20 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Escolas, catequeses, madrassas…

Por

E – Pá

O Senhor D. Tomás Nunes, não só conseguiu o privilégio que rubrica o post anterior, como, manda a verdade afirmar, perante um Governo que trata a laicidade do Estado com a maior displicência, pretende passar ao “ataque”.

Advertiu:
“…é urgente que os professores se empenhem numa mais ampla sensibilização dos pais e encarregados de educação para a importância da dimensão religiosa na educação integral dos filhos e da disciplina de EMRC”…

Isto é, tendo acabado a epopeia da “dilatação da fé e do Império”, a ICAR, pretende introduzir nas Escolas públicas uma cruzada prosélita a fim de “converter” esses jovens indígenas lusitanos, que por cá andam e se atrevem a ser uns “não-crentes” (ia a dizer infiéis).
Espero que as Direcções das Escolas públicas tomem conhecimento destas pretensões – sejam informadas pelo Ministério da Educação – e não permitam que os estabelecimentos de ensino oficiais se tornem locais de pregação.

Aliás, o Senhor D. Tomás Nunes, quando fala em discriminação dos professores EMRC em relação aos outros professores tem, finalmente, a partir de agora, sobejadas razões.

De facto, a partir deste momento, os professores de EMRC são – eles próprios – beneficiários de discriminação positiva em relação à globalidade do corpo docente das Escolas.

O acordo conseguido introduz nas Escolas um tratamento desigual dos formalmente iguais.

Só que:
1.) uma coisa é ser formalmente igual, quando na realidade em termos de formação, concursos, carreiras, etc., não o são.

2.) outra , será, p. exº., e porque está na agenda da qualidade do Ensino, quem avalia estes professores?
O bispo? o arciprestre? o decano, o vigário, a catequista?

Ou, neste especial e melindroso campo da avaliação dos docentes, para além da já citada discriminação introduzida, é intenção do Estado criar um regime de excepção para a EMRC?

3.) Finalmente, este acordo introduz a “inversão da expressão da apetência”.
Isto é, não deveriam ser os encarregados da educação dos alunos que devem “retirar” a disciplina de EMRC do programa curricular, mas ao contrário, os que a desejassem a dirigirem-se às suas instituições religiosas e solicitar que a ministrem – lá, nas ditas casas de culto.

Porque, no meu entender, um regime educativo equilibrado – que deve vigorar nas Escolas públicas – tem de respeitar a posição, sobre este e outros assuntos, dos encarregados de educação dos alunos e a única maneira de o conseguir é não abdicar de conquistar para a essas escolas a plena vigência de um espaço (de formação, de ensino e de instrução) laico. Para além de livre e aberto.

Isto é, o Estado, não pode privilegiar crentes em detrimento de “não-crentes”, nem muito menos, diferenciar os crentes entre si (como a actual situação permite). Por exemplo, a um aluno islâmico é-lhe “imposto” pela sua religião memorizar o Alcorão. Nos Países islâmicos pode fazê-lo nas madrassas (escolas islâmicas), onde, também pouco mais aprenderá do que o Alcorão… (mas isso é leva-nos a outros destinos!),em Portugal, têm de ir à mesquita.

Então, este procedimento deve – por uma questão de equidade – aplicar-se a todas as religiões. O Estado não pode tratar os seus jovens de maneira distinta – uns como filhos, outros como enteados…

Em Portugal, embora a disciplina se chame Educação Moral e Religiosa, não o consegue… porque, essa educação, é exclusivamente católica, como se fossemos um Estado confessional.

A pergunta que me sugere o “triunfalismo” do Senhor D. Tomás Nunes é se está convencido que trouxe a catequese para as Escolas?

19 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Há-de-lhes valer de muito

O Papa Bento XVI exortou neste domingo (19) os fiéis a confiarem na Providência Divina se estiverem passando por dificuldades económicas decorrentes da crise.

Durante o Ângelus dominical, rezado num pequeno povoado ao norte de Turim, no norte da Itália, o pontífice falou do problema do desemprego e incentivou as famílias a participarem da Santa Missa e a manterem sua ligação com a fé cristã, a “verdadeira força ao longo dos séculos”.

E há quem acredite no Papa.

18 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Divórcios católicos

Nulidades famosas

A anulação de um casamento católico não se chama divórcio, diz-se anulação.

É a mesma coisa mas muito mais cara, acessível apenas aos poderosos e, em regra, com o recurso à mentira.

O pretexto da não consumação, sem provas, está para a anulação dos casamentos como as curas miraculosas para as canonizações. São os expedientes do costume.

17 de Julho, 2009 Carlos Esperança

LITÍGIOS PIOS NOS TRIBUNAIS COMUNS

Por

A. H. P.

Direcção Geral da Administração da Justiça
Pautas Públicas de Distribuição

Entrada:13-07-2009
Autor: Seminário Pio XII
Réu: Pia União das Escravas do Divino Coração de Jesus
Réu: Fundação do Divino Coração de Jesus
Réu:
Réu:
Vara Competência Mista-1ª Secção
915/09.0TBCBR
Valor:30.000,01 € Acção de Processo Ordinário

COMENTÁRIO: das acima parcialmente trancritas pautas públicas de distribuição de processos nos Tribunais de Coimbra do dia 14/7 qualquer cidadão pode constatar que o Seminário Pio XII instaurou um processo, no valor de €30.000,01, contra a “Pia União das Escravas do Divino Coração de Jesus”, a “Fundação do Divino Coração de Jesus” e mais dois cidadãos.

Que litígio tão grave será esse que nem com a inspiração do Divino Espírito Santo os litigantes conseguiram resolver amigavelmente, como bons cristãos?

15 de Julho, 2009 Carlos Esperança

A ICAR e o fascismo

O pedido de desculpa dos bispos bascos, mais de sessenta anos depois, pelo silêncio da Igreja sobre a morte de 14 sacerdotes, no tempo de Franco, é, apesar de tudo, um acto de coragem e dignidade de bispos de hoje a contrastar com a cobardia e conivência dos bispos franquistas.

A delirante febre do Vaticano em canonizar as vítimas do lado franquista fica em xeque. Confirma a deriva fascista do Vaticano que beatificou e canonizou centenas de vítimas do lado sedicioso e desprezou e ocultou os clérigos que apoiaram o governo legal.

A execução de 14 padres durante a Guerra Civil Espanhola ((1939-45) pelas forças do general Francisco Franco foi um acto rotineiro de quem assassinou centenas de milhares de espanhóis como retaliação pelo apoio ou simples suspeita de simpatia pelo Governo republicano, democraticamente eleito.

Quem conhece um pouco da guerra civil espanhola e da violência que emergiu dos dois lados da barricada sabe que não houve anjos em qualquer dos lados. A crueldade foi o traço comum a republicanos e franquistas. Também por isso, o Vaticano escusava de ter retomado, pela via das canonizações, a manifestação de apoio que as ditaduras fascistas sempre lhe mereceram.

Monsenhor Esvrivà foi em vida um fervoroso apoiante de Franco, o que não o impediu de ser canonizado com três excelentes milagres que obrou cadáver. Estes 14 sacerdotes morreram do lado errado e nunca farão milagres. Não podem aspirar à santidade e hão-de contentar-se com a inútil missa que o remorso dos bispos lhes consagrou, enquanto o Papa os ignora e procura o piedoso entendimento com os sequazes do bispo Lefebvre.

É nestas alturas que nos recordamos do bairro de 44 hectares, obra de Mussolini, criado pelos acordos de Latrão. O actual Papa está à altura da tradição.

14 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Momento zen de segunda 13_07_09

João César das Neves (JCN), o almocreve das sacristias, é o mais divertido e menos lúcido dos panegiristas da Igreja católica. Este prosélito de serviço é mais papista do que o papa, sendo este papa o que é.

Na homilia de ontem, JCN à semelhança de Santa Teresa de Ávila, deu conta das suas visões mas, enquanto as da santa são explicáveis, à luz de Freud, as de JCN são difíceis de explicar, embora facilitem a beatificação a que um papa vindouro o há-de propor.

JCN, em sintonia com a Divina Providência ou, pelo menos, com o director espiritual, insurge-se contra «A moção aprovada no XVI Congresso Nacional do PS de 1 de Março que propõe “a remoção, na próxima legislatura, das barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.” (III 4 F).

Pela fúria, até parece que o casamento entre homossexuais se tornará obrigatório e não, como é o caso, facultativo, para quem tem uma orientação sexual diferente da de alguns padres, bispos e papas e, eventualmente, de JCN.

Enquanto certamente se persigna, conclui: «O que não há dúvida é que, depois de toda a campanha do aborto, das várias leis antifamília e múltiplas beliscadelas administrativas, se pode dizer que a Igreja Católica, pela primeira vez desde o 25 de Abril, enfrenta uma oposição séria e profunda do poder político», para concluir que «começa a existir uma questão religiosa em Portugal».

Depois, o ex-assessor do igualmente pio ex-primeiro-ministro Cavaco Silva, tira a conclusão lógica: «Depois do Verão a implicação será para os eleitores católicos na decisão do voto. Os bispos portugueses formularam já, em Nota Pastoral de 23 de Abril, os princípios a seguir».

Estava mesmo a ver-se aonde o levava  a nova questão religiosa. Os católicos já sabem em que partido não devem votar. Segundo JCN.

Pensou em PS e benzeu-se de novo.