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Categoria: Catolicismo

30 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Privilégios da Igreja católica

É admirável como a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) se infiltra no aparelho de Estado e consegue privilégios intoleráveis num Estado de Direito e indignos de um país laico. A chantagem que exerce sobre o Governo é da sua natureza, mas a capitulação do Estado é uma indignidade. Os bispos rejubilam com o acordo a que chegaram sobre a assistência religiosa.

Durante a ditadura salazarista havia assistência religiosa nos hospitais e nas forças armadas, agora alargada às forças de segurança. Ficam excluídos os polícias municipais e os bombeiros. Os católicos fardados têm direito a um padre de piquete na sequência do acordo sobre assistência religiosa assinado com o Estado Português.

O País paga à peça. A assistência passa a ser uma espécie de prestação de serviços ao Estado, paga segundo a tabela em vigor, tendo em conta o número de pessoas assistidas. Assim, se um bispo rezar pelas Forças Armadas e de Segurança, teremos de pagar dezenas de milhares de actos pios. Resta saber se um presidiário que se confesse a prestações, 10 vezes por dia, custa 10 vezes mais do que outro que pede a remissão dos pecados a pronto. Tudo isto sem taxa moderadora.

Há uma frase que me deixa perplexo, no telegrama da Lusa, referido no DN: «Um dos aspectos que ressaltou diz respeito ao artigo 16.º. Desta forma, quando um casamento for declarado nulo perante a Igreja, o Estado terá de o reconhecer». Fica a dúvida se esse «O» é pronome pessoal ou demonstrativo. Em caso de anulação do casamento pela Igreja – embora caro e difícil – o Estado tem de «O» reconhecer (a «ele», casamento, ou a «isso», anulação)?

Como me parece uma anomalia a integração do direito canónico no ordenamento jurídico português, penso que é um pronome pessoal, mas tudo é possível de uma Igreja que pôs o PR e o presidente da AR a fazerem parte de uma comissão de honra da canonização de D. Nuno. Quando a ICAR obtém a conivência de Cavaco e de Jaime Gama para o reconhecimento da cura do olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, queimado com óleo de fritar peixe, por intercessão do espectro de D. Nuno, Portugal deixa de ser um país e torna-se uma sacristia.

É curioso que a escalada beata e os atropelos cometidos contra a laicidade surjam na proximidade das eleições e no período de férias. A partir de agora, as escolas, prisões e quartéis são um campo privilegiado para a competição prosélita e o confronto religioso.

25 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Matilde Sousa Franco – Adereço dispensável

Matilde Sousa Franco despede-se da AR com críticas à disciplina de voto e, sobretudo, com o azedume de quem é despedido com justa causa.

Matilde Sousa Franco chegou à AR graças à viuvez. Não se lhe conhece trabalho político ou relevância pública para além de ter conseguido anular um casamento católico e de ser viúva do melhor ministro das Finanças desta segunda República. É mais conhecida no Patriarcado do que no Largo do Rato.

A pia deputada foi um ornamento fúnebre do PS que votou sempre como quis, ao lado da direita mais conservadora, quando tinha de decidir entre a política e a sacristia, com Maria do Rosário Carneiro e Teresa Venda, ou ao lado de Manuel Alegre, porque sim.

Se há ausência que pode credibilizar o PS é a de deputados que explicitam publicamente as suas crenças e ocultam as convicções políticas, se acaso as têm.

A saída de Matilde Sousa Franco da AR deixa-lhe mais tempo livre para as devoções pias onde, certamente, cumprirá a disciplina de Bento 16.

22 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Remetente: Sacristias

Carta aberta

Católicos querem comparar propostas para não traírem consciência na hora de votar

Antes das legislativas de 2005, lançaram uma carta aberta aos eleitores apelando ao voto com “discernimento responsável”. A preocupação era com o aborto, os casamentos homossexuais ou a adopção por casais gays, por exemplo. Hoje, passados mais de quatro anos…