A Igreja católica irlandesa ocultou os abusos sexuais a menores durante décadas.
O ministro irlandês da justiça, Dermot Ahern, apresentou hoje um relatório cujas conclusões asseguram que a conivência entre a hierarquia eclesiástica e as autoridades do estado, entre elas a polícia e o ministério público, serviu para proteger os padres pederastas e evitar escândalos.
As autoridades ajudaram quatro bispos a esconder os abusos dos padres da arquidiocese de Dublín, que teve imunidade para transgredir a lei, de acordo com o relatório que elaborou o juiz Yvonne Murphy.
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A pretexto da celebração do 50.º aniversário do monumento ao Cristo-Rei, cujo gosto não discuto, foi inaugurado no pretérito domingo um monumento ao cardeal Cerejeira. Se Almada não se regozijou especialmente com o primeiro, há boas razões para crer que não é grande o júbilo com o segundo – tributo prestado ao prelado que foi um expoente do reaccionarismo nacional e amigo do peito do ditador Salazar.
Não discuto a estética dos monumentos mas não devo deixar passar sem reparo a ética do preito ao cardeal cuja cumplicidade com a ditadura e o ditador só teve de positivo o estímulo ao abandono da religião e ao desprezo do clero.
O cardeal Gonçalves Cerejeira não teve uma palavra de solidariedade para com o bispo honrado que discordou de Salazar – António Ferreira Gomes –, bispo do Porto, exilado durante uma década. Não se lhe conhece um único lamento face às torturas policiais, prisões arbitrárias, degredo de democratas, medidas de segurança dos tribunais plenários, perseguições, censura e ausência de quaisquer liberdades. Viveu feliz com os crucifixos nas escolas, o ensino obrigatório da religião e a perseguição aos democratas.
Erigir um monumento ao cardeal Cerejeira, é reabilitar a ditadura, branquear o passado de um cúmplice e enaltecer o comportamento da Igreja durante os anos do salazarismo.
Podia ter sido um prelado arredado da política e dos crimes da ditadura, mas não foi. Informou Salazar de que Deus o tinha escolhido por para governar o País e que não era ele, Cerejeira, quem o dizia, mas a Ir. Lúcia, dada à intimidade com o divino, que lho havia segredado. Podia ter sido neutro em relação à guerra colonial, mas preferiu animar os jovens a defenderem a civilização cristã e ocidental. Não lhes faltou, aliás, durante a guerra, com um bispo castrense para repetir essa mensagem nas colónias.
Manuel Gonçalves Cerejeira foi cardeal durante mais de 41 anos. Assistiu em silêncio à guerra civil de Espanha e aos crimes de Franco, tal como em Portugal aos desmandos da ditadura e ao terrorismo policial do seu amigo Salazar.
O bispo de Setúbal que inaugurou a estátua a Cerejeira comportou-se como o autarca de Santa Comba Dão com o museu à memória de Salazar. É a reabilitação da ditadura que está em curso, o branqueamento do fascismo e a homenagem ao tempo mais negro do século XX, em Portugal. Quando julgávamos que a Igreja, por pudor, esquecia o maior cúmplice da ditadura, há um bispo que nos lembra a matriz genética do salazarismo.
Curitiba recebeu ontem urna com mão e antebraço de Dom Bosco. Relíquias, no entanto, não estão apenas em igrejas – podem até ser guardadas por devotos.
Em Juazeiro do Norte, a 520 quilómetros de Fortaleza, no Ceará, anualmente quase três milhões de fiéis chegam em massa para reverenciar um padre banido das hostes da Igreja Católica. Para toda essa gente, mesmo considerado maldito pelo Vaticano e proibido de entrar nos altares oficiais, o padre Cícero Romão Batista, ou simplesmente Padim Cícero, é um santo milagreiro. Santo e político.
Comentário: O Vaticano nunca perde uma boa oportunidade de negócio.
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Informa o Diário de Coimbra de hoje que está a realizar-se (tendo começado ontem e acabando hoje) um “Congresso Nacional dos Médicos Católicos Portugueses”, no auditório da Fundação Bissaya Barreto.
A ajuizar pela fotografia que ilustrava o texto, que mostrava uma sala com mais lugares vagos do que ocupados, os médicos católicos ou são muito poucos ou não se interessaram por tão importante evento.
Ontem a estrela do dia (ou da noite) foi o inevitável Dr. Daniel Serrão, que entre outras coisas disse que “o Serviço Nacional de Saúde é uma ilusão”, ao que parece porque “mais de dois milhões de pessoas da classe alta e média alta estarem a pagar do seu bolso cuidados de saúde que poderiam obter gratuitamente através do SNS”. Coitados dos ricos, que têm de pagar os cuidados de saúde do seu bolso para não se verem misturados com a ralé!
Outro dos temas discutidos foi “Teremos direito à saùde?”, problema que pelos vistos continua a preocupar os católicos. Os laicos representantes eleitos pelo Povo para redigir a Constituição já tomaram posição sobre ele há mais de 30 anos, proclamando no artigo 64 da nossa Lei Fundamental que “todos têm direito à protecção da saúde”.
O bispo católico tradicionalista Richard Williamson, na origem de uma polémica que envolveu o Vaticano em Janeiro, será julgado na Alemanha por “negacionismo“, anunciou esta terça-feira a justiça.
Vaticano abre processo de canonização de Madre Carminha de Tremembé
As Concordatas, em Portugal e em Espanha, causam situações destas: uma professora de Educação Moral e Religiosa (Católica) pode ser contratada pelo Estado e despedida pela autoridade eclesiástica.
Em Outubro de 2000, uma professora de uma escola pública das Canárias foi despedida. A razão: vivia em união de facto. Quem tomou a decisão não foi o empregador (que era o Estado) mas sim a autoridade eclesiástica (católica). Do ponto de vista da Concordata e do Direito Canónico, imagino que o despedimento seja válido, e até imperioso. Do ponto de vista da Constituição espanhola, foi discriminação e uma injustiça.
Foram necessários oito anos de batalhas judiciais para que Carmen Galayo conseguisse uma sentença final favorável. A diocese das Canárias foi condenada a pagar uma indemnização de 210 mil euros e a renovar contrato com a docente.
Imagina-se que o caso não fique por aqui. Mas evidencia como a criação de nichos confessionais dentro do Estado origina situações perversas. Reconhecer validade ao Direito Canónico é, como se mostra pelo caso exposto, permitir que os cidadãos percam direitos que o Estado, qualquer Estado laico, deve garantir. A laicidade é incompatível com as Concordatas.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
Esta notícia é um anúncio de publicidade escondida com o rabo da intolerância de fora. A propaganda dos êxitos escolares de um colégio do Opus Dei esconde a intolerância e a discriminação.
Os membros do Opus Dei, aquela instituição extremista da Igreja católica, fundada por um admirador de Hitler e incondicional de Franco, provavelmente santo em troca das contrapartidas ao apoio financeiro ao Vaticano, na sequência da falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, não brincam em serviço.
Os alunos são escolhidos para os seus colégios, apesar da alegada tolerância para com as convicções religiosas dos pais, depois do escrutínio da vida familiar e religiosa dos progenitores.
Para o colégio feminino só contratam professoras. Claro que há algum padre para a direcção espiritual, pois as mulheres, mesmo as do Opus Dei, não estão isentas do pecado original e, por isso, estão impedidas de ser membros do clero e de ministrar os sacramentos, salvo o baptismo in articulo mortis, mas a notícia referida é omissa.
O proselitismo subentende-se na propaganda da instituição escolar o que não admira em quem está convencida de que o céu se ganha com a promoção do único deus verdadeiro. É nesta posição que eu estou de acordo com cada uma das religiões: são falsos todos os deuses das outras religiões. Só incluo mais um.
O que entendem por moral estas santas mulheres dedicadas á oração, às flagelações e ao ensino para encherem os cofres e o poder da Obra, não é difícil de adivinhar. Basta esta frase para se perceber a intolerância que as habita:
«Por exemplo, se uma professora é recasada, dificilmente conseguirá passar a mensagem de que o casamento é indissolúvel».
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