5 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança
Espanha – Bispo fascista provoca a democracia
Compreende-se que a memória dos homens seja curta mas não se aceita que a dos povos se apague.
Espanha foi o laboratório da experiência fascista onde um general indigno derrubou o Governo legítimo e estabeleceu uma das mais ferozes ditaduras, exercendo o poder com a maior das brutalidades.
Nos anos de 1936 a 1939 foi grande a violência e o desprezo pela vida, dos dois lados da barricada. Depois da guerra, os sublevados persistiram na orgia de terror, com a conivência da Igreja católica, com torturas e assassinatos em massa, com requintes de crueldade.
A Alemanha nazi e o salazarismo foram os esteios dessa brutalidade que ceifou a vida a milhares de republicanos, anarquistas, comunistas e inocentes apanhados no vendaval do ódio e na crueldade do franquismo.
Foram dramáticos estes 70 anos em que numerosas crianças, com identidade falsificada, foram criadas por fascistas depois de lhes terem assassinado os pais. As valas comuns guardam cadáveres de republicanos e a memória da maior tragédia espanhola do século XX.
Em nenhum outro lugar a cumplicidade entre o fascismo e a Igreja católica atingiu tão grande identidade. Só recentemente alguns bispos pediram perdão pelo silêncio sobre os padres republicanos assassinados pelo franquismo. Os republicanos foram abatidos a tiro, aos fins de semana, como animais, nas praças de touros e o terror foi levado a todos os recantos de Espanha.
Depois deste horror vivido quotidianamente durante a longa ditadura fascista, mais de trinta anos volvidos sobre a democracia, Jose António Reig Pla, bispo de Alcalá de Henares, em Espanha, celebrou a Eucaristia de domingo diante de uma bandeira franquista.
Ficamos sem saber se é mais um provocador que não se adapta à democracia ou se é um bispo que reflecte a natureza fascista do catolicismo espanhol.