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Categoria: Catolicismo

27 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança

IRLANDA: Um Natal de repugnância e cólera…

Por

E – Pá

O escândalo da pedofilia no seio de instituições religiosas abala a Igreja cristã irlandesa. Ou, talvez, as suas réplicas sejam mais devastadoras e atinjam os alicerces da ICAR.

Quando olhamos para os últimos acontecimentos em Dublin o que sobressalta é uma cascata de demissões:
O bispo de Limerick (oeste de Irlanda), Donald Murray, renunciou a 17.12.09;
O bispo de Kildare e Leighlin, James Moriarty, a 24.12.09;
Os bispos auxiliares de Dublin Eamonn Walsh e Raymond Field, no passado dia 25.12.09.
E o que adiante se verá…
A arquidiocese de Dublin é acusada de encobrir os abusos sexuais cometidos por padres pedófilos. Esta vergonhosa conivência com tão graves crimes coloca a ICAR na senda de uma organização foragida à Justiça. Não se entende como o arcebispo de Dublin – Diarmuid Martin, vai recebendo estas renúncias e limita-se a comunicá-las a Bento XVI. Na verdade, o arcebispo, que é o actual primeiro responsável, dos abusos repetidamente cometidos na arquidiocese que actualmente dirige, permanece impávido e sereno no exercício das suas funções eclesiásticas.

Mas, se hoje o arcebispo de Dublin dá a cara e desdobra-se em desculpas, procurando resolver esta serial criminalidade (um padre confessou ter abusado de mais de 100 crianças!), controlando os danos à ICAR, nomeadamente, tentado evitar os julgamento dos responsáveis identificados pela Comissão de Investigação Murphy, outros há, como o resignatário cardeal Desmond Connell (retirou-se em 2004), um dos inefáveis “príncipes da Igreja”, eleitor de Bento XVI e teologicamente próximo da actual sua doutrina anti-conciliar deste Papa, que tentaram por todos os meios “esconder” da Justiça estes crimes, numa atitude repugnante. Este cardeal, um dos grandes responsáveis pelos inclassificáveis atropelos cometidos à Justiça, goza – em tempos de cólera – a tranquilidade a sua jubilação.

Entretanto, Bento XVI permanece no Vaticano, indiferente a este monumental escândalo e a estes crimes que na prática permanecem inimputáveis, teorizando sobre os princípios morais que a Igreja defende e que pretende impor a todos – não só os católicos.

A pretensa autoridade moral da Igreja que esta, dogmaticamente, utiliza, quando contempla o Mundo, foi estrondosamente abalada por este escândalo.
O Relatório Ryan que desvendou as denúncias de abusos sexuais a menores, praticados por membros do clero, em escolas católicas do país, publicado em Maio passado, teve como efeito a ICAR se comprometer ao pagamento de indemnizações no valor de 145 milhões de euros. E assim se abafa centenas de crimes. Os clérigos pedófilos gozam de inteira liberdade e, possivelmente, prosseguem as suas criminosas actividades.

Estes crimes que ocorreram em diversas dioceses irlandesas não se circunscrevem só à Igreja. Contaram com a complacência da polícia desde 1975 a Maio de 2004!

O Governo irlandês através do Ministro da Justiça, Dermot Ahern, classificou estes crimes como: “perversão calculada e sistemática do poder e da confiança infligida em crianças indefesas e inocentes”. E, verberando o criminoso conluio da Polícia, advertiu: “não haverá lugar para se esconderem”, pelo que “a justiça – mesmo quando foi protelada – não será negada”…
Ficamos, para já, a aguardar a inevitável investigação sobre o intolerável comprometimento da Polícia com estes repugnantes crimes.
Entretanto, a justiça irlandesa já condenou oito padres em Dublin e está a julgar mais três, estando em curso acções contra outros 35. A intervenção governamental foi determinante para enfrentar a atitude de “arrogância e encobrimento” da hieraraquia religiosa.

Este é o caminho certo para enfrentar estes vergonhosos e horrendos crimes. As negociações promovidas pela hierarquia religiosa com as vítimas são uma intolerável excepção e têm como finalidade última iludir a sua gravidade, deixando impunes os já referenciados prevaricadores.

Finalmente, a fuga à Justiça permite a prossecução destes crimes, escondendo a verdadeira face da ICAR.

27 de Dezembro, 2009 Ricardo Alves

Ouvimos-te, José!

O Policarpo usou o seu tempo de antena natalício no canal de todos nós para responder à Associação Ateísta Portuguesa. Registe-se: «nos últimos tempos, entre nós, falou-se muito de ateísmo; exprimiram-se ateus, pessoas e organizações, defendeu-se o direito de ser ateu e de exprimir a negação de Deus».

José Policarpo, numa prova de respeito e civilidade, não se exime portanto a argumentar a existência de «Deus» com os ateus. É bem. No entanto, sabe que o diálogo é desigual e que o canal pago com os meus impostos não convida o Munir para falar no início do Ramadão, nem dará a palavra ao Carlos Esperança ou ao Ludwig Krippahl para lhe responderem como merece. E isso fica-lhe mal. Porque é abuso de posição dominante.

Quanto aos argumentos: são fracos. Concordo que «não é o facto de os crentes acreditarem em Deus que faz com que Ele exista»; e também que «não é o facto de alguém não acreditar em Deus que faz com que Ele não exista». Não acho é que haja «mistério» algum neste assunto que não tenha explicação humana. Compreendemos cada vez melhor como «Deus» foi inventado.

Finalmente, quando Policarpo quiser dar lições de humildade, que abdique do espaço na televisão de todos. Não é muito curial aproveitar um espaço numa televisão paga por todos para difundir uma mensagem tão arrogante e divisiva como a sua, centrada na crítica aos ateus e no apelo à conversão de judeus e muçulmanos. E, como já disse um comentador do Diário Ateísta, se quer fazer prova de humildade que proteste por lhe chamarem «Dom», «Eminência Reverendíssima» e outros desvarios que tais. Ah, e use menos maiúsculas. Acima de tudo menos maiúsculas, por favor.

26 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança

A homília natalícia do Cardeal Patriarca

Por

E – Pá

A homília de Natal de D. José Policarpo trouxe a público posições rígidas e dogmáticas (para não chamar fundamentalistas) da ICAR que reflectem o modo como as autoridades religiosas olham a sociedade actual.

Disse, Sua Eminência:
“…É um dos grandes paradoxos da História, um povo oficialmente crente em Deus não reconhece Deus que o visita”…

Bem. Não existem povos oficialmente crentes em Deus fora das teocracias, quaisquer que elas sejam.
A confusão entre o Estado laico que temos e a liberdade de prática de qualquer religião, não pode levar o cardeal a reivindicar qualquer privilégio, nem qualquer estatuto de excepção. A liberdade religiosa é um princípio democrático – só existe em plenitude nos Estados laicos – e está acima dos interesses e das mordomias da ICAR, como é o incompreensível regime de excepção da Concordata…
A liberdade religiosa diz respeito a todos os crentes – católicos ou de outras religiões – , e inclusive, aos agnósticos e aos ateus.

Mais adiante afirmou:
“Outros refugiam-se na atitude agnóstica de quem não se pronuncia, de quem não sabe dizer nada sobre Deus. Respeitam os crentes, mas não se sentem interpelados por eles, esquecendo que há inquietações profundas que dificilmente se podem calar”.
Estas “inquietações” do eminente purpurado mostram-se distantes de qualquer racionalidade dialéctica.
Na verdade, os agnósticos e os ateus interrogam-se sobre múltiplas posições dos crentes que transbordam para a sociedade. A Igreja, melhor dizendo, as Igrejas, nomeadamente, as hierarquias religiosas, são as primeiras a não tolerar a existência de “não-crentes”, como se vivêssemos em tempos em que a arrenegação dos “Deuses” fosse um abominável crime.

Este foi o imaginário paradoxo histórico que o patriarca não soube resolver e “atirou-o”, numa grosseira generalização, para cima dos cidadãos, acompanhadas do público exorcismo dos agnósticos e dos ateus. De facto, antes destas natalícias congeminações, tecidas no ano da graça de 2009, “sucedeu” há mais de 200 anos a Revolução Francesa. O paradoxo está aqui!

23 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança

Quem acredita?

O papa João Paulo II foi enganado pelo ex-ditador chileno Augusto Pinochet durante uma visita a Santiago em 1987, segundo revelações feitas pelo cardeal Roberto Tucci em uma entrevista concedida ao jornal L’Osservatore Romano, do Vaticano.

Comentário: Ainda está fresca a memória dos esforços de JP2 para evitar a prisão do seu amigo Pinochet em Inglaterra.

11 de Dezembro, 2009 Ricardo Alves

Ser bispo dá direito a prémio?

O «Prémio Pessoa» de 2009 foi atribuído a Manuel Clemente, de quem o grande público não conhece obra «cultural, científica ou artística» que o coloque a par de um José Mattoso, de um José Cardoso Pires, de um Claúdio Torres, de uma Maria João Pires, de um Ramos Rosa, de um Herberto Helder, ou de um Souto Moura, já para não falar de um Gomes Canotilho, de um Sobrinho Simões ou de um António Damásio.
Fica a suspeita de que o júri do referido prémio quis premiar a ICAR. Resta especular porquê.