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Categoria: Fátima

14 de Maio, 2012 Carlos Esperança

FÁTIMA, FUTEBOL E FADO


Amália Rodrigues é o rosto do fado recuperado.

Por

Onofre Varela

A trilogia “Fátima, Futebol e Fado” que marcava a sociedade portuguesa no Estado Novo de António Oliveira Salazar, continua actual e o povo acata-a com fervor religioso.

Dos três efes, o Fado consegue saldo positivo. Reconhecido como Património Imaterial da Humanidade, tem nas vozes de Mariza, Carminho, e do meu amigo Filomeno, as mais belas interpretações da arte de Amália e do sentimento do povo português.

Os outros dois efes continuam na senda da miserável conspurcação da mente da maioria de nós. O Futebol (dito profissional) é cada vez mais um coio de interesses que pouco têm a ver com o Desporto; e Fátima já não tem salvação possível. A única parte em que se lhe pode encontrar algo de “benéfico” para os religiosos, é a anestesia da fé que, como placebo que é, permite esquecer as amarguras da vida e alimenta a esperança de que ocorra um milagre. Milagre que, definitivamente, não acontecerá se o crente se mantiver passivo e nada fizer, social e politicamente, para construir essa mudança.

Apenas rezas e meditações… não fazem caminho. Os dois, e cada um por si, arrebanham mais gente do que a que foi possível juntar nas praças das cidades portuguesas nos últimos 25 de Abril e Primeiro de Maio em luta por melhores salários e políticas sociais. A maioria dos portugueses espera mais dos dirigentes desportivos e dos milagres marianos, do que dos políticos que nos fazem cada vez mais miseráveis e que pretendem convencer-nos de que o desemprego e a fome são óptimas oportunidades de vida (!?!).

Relativamente a Fátima, deixo aqui as palavras de Lúcia em testemunho das aparições de 1917, que colhi de um livro insuspeito, escrito por António Augusto Borelli Machado, editado pelo Centro Cultural Reconquista, uma organização católica, com “Nihil Obstate” do P. Fernando Leite e “Imprimatur” do Con. Dr. Eduardo de Melo Peixoto, Vigário-Geral. Teve a primeira tiragem em 1967 e já alcançou mais de 120 edições, em dez línguas.

Nesse livro, a “sexta e última aparição”, registada a 13 de Outubro de 1917, é descrita assim, com base nos depoimentos de Lúcia:
“Chovera durante toda a aparição. Ao encerrar-se o colóquio de Nossa Senhora com Lúcia, no momento em que a Santíssima Virgem se eleva e que Lúcia grita: Olhem Para o Sol; as nuvens entreabriam-se, deixando ver o sol como um imenso disco de prata. Brilhava com intensidade jamais vista, mas não cegava. Isto durou apenas um instante. A imensa bola começou a bailar. Qual gigantesca roda de fogo, o sol girava rapidamente. Parou por certo tempo, para recomeçar, em seguida, a girar sobre si mesmo, vertiginosamente. Depois os seus bordos tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas vermelhas de fogo. Essa luz reflectia-se no solo, nas árvores, nos arbustos, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores. Animado três vezes por um movimento louco, o globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a multidão aterrorizada. Durou tudo uns dez minutos. Finalmente, o sol voltou em ziguezague para o ponto de onde se tinha precipitado e ficou novamente tranquilo e brilhante, com o mesmo fulgor de todos os dias”.

Como facilmente se compreende, aquilo que Lúcia viu (se acaso viu) foi tudo menos o sol… porque o sol não se movimenta assim, em estilo yó-yó! Se, em vez de no ano de 1917, este fenómeno tivesse sido testemunhado 60 anos depois, na década de 70, era arquivado numa pasta com a etiqueta “Observação de OVNI no lugar da Cova de Iria”. Os três pastorinhos eram esquecidos, os cépticos riam-se muito, e a Igreja não lhes atribuía qualquer  importância. Em consequência, hoje não havia basílica, e a Igreja Católica não possuía a choruda fonte de receitas em que Fátima se transformou!

Onofre Varela
Jornalista
(Carteira profissional nº 1971)

 

13 de Maio, 2012 Carlos Esperança

Crónica de um 13 de maio_1

Maria

Se a alva e meiga Senhora que há noventa e cinco anos poisou numa azinheira, vestida com um manto de luz, para gáudio de três inocentes pastorinhos, por erro de navegação celeste houvesse poisado numa azinheira errada e encontrado um só pastor, mancebo de vinte e tantos anos; se a falta de energia lhe tivesse apagado o manto, sendo a beleza tanta quanto dela disseram as criancinhas, e entre o manto e o corpo nada houvesse, como é de crer, por ser a luz que resplandecia o único vestido que a cobria, poderia o dito pastor chamar-se José, como o humilde e humilhado carpinteiro de Nazaré, e a história seria outra.

 Se o dito pastor, mancebo de vinte e tantos anos, na flor da idade e do desejo, impelido pelos sentidos, fosse tão rápido e eficaz a tomar a dita Senhora como o era a conduzir o rebanho, não seria o papa, muitos anos depois, a entrar em êxtase; seria ele, pastor, ali e então.

E, em vez de serem criancinhas a ouvir “eu sou a Nossa Senhora”, pitoresca apresentação que só ouvi a um sargento, apresentando-se aos soldados, “eu sou o nosso primeiro Vieira”, em vez dessa apresentação que os exegetas atribuem à Virgem Maria, teria ouvido o pastor, mancebo de vinte e tantos anos, mais afeito ao rebanho que ao corpo feminino, à guisa de apresentação e despedida, com voz lânguida e conformada, “eu sou Maria”.

Tudo leva a crer que a referida Senhora, de tão rara beleza, teria esquecido a conversão da Rússia, poupado o dito pastor à oração e, em vez de duas ou três aparições, poderia tentar outras, sabendo embora que não era a azinheira certa aquela em que poisava, mas adivinhando à sua sombra o pastor, mancebo de vinte e tantos anos.

Dizem-me que o País deveria duplicar o número de azinheiras para igualmente duplicar as probabilidades de novas aparições. Tenho a esse respeito opinião diferente, tese igualmente respeitável, embora nestas questões pouco valha a dialética, impossível que é formular a antítese, pois a ciência certa nunca a teremos. Penso que o caminho, o caminho correto, está em duplicar o número de crianças que prefiram à escola a oração e se dediquem à pastorícia, de preferência longe dali, que os milagres raramente se repetem perto, e se acontecem, como há sobejas provas na Ladeira e noutros sítios, nunca são reconhecidos, por se desconfiar da abundância e se temer a concorrência.

E se no futuro apenas houver pastores crianças, com joelhos no chão e olhos no Céu, nunca mais haverá qualquer pastor na flor da idade e do desejo, mancebo de vinte e tantos anos, a ofender a virtude e a mudar o sítio às azinheiras, a perturbar a circulação celeste e os milagres.

16 de Fevereiro, 2012 Carlos Esperança

Fátima comercializa novos produtos

O Santuário de Fátima está a preparar a comercialização de azeite com marca e embalagem próprias, oriundo de um olival situado na zona do Monte dos Valinhos e Aljustrel, junto à Cova de Iria, anunciou a instituição.

“O nosso primeiro objetivo é sempre a preservação do olival (…), mas visto termos uma grande produção de azeite, estamos a tentar que, no futuro, a médio prazo, o possamos comercializar com marca e embalagens próprias”, explicou o padre Cristiano Saraiva, administrador do santuário.

10 de Novembro, 2011 Carlos Esperança

Negócios no supermercado da fé

O Santuário de Fátima explicou hoje que avançou para a acção de despejo de uma idosa por ser incompatível a presença de Laurinda Oliveira com o acolhimento de crianças carenciadas.

13 de Setembro, 2011 Raul Pereira

Ensinar a magia da realidade

O novo livro para crianças de Richard Dawkins, The Magic of Reality: How We Know What’s Really True, fala sobre os Pastorinhos de Fátima.
Faço um apelo à Casa das Letras para que o disponibilize rapidamente na nossa língua, pois vou querer oferecê-lo a todos os infantes que me são próximos.

(se tiver problemas em ver o vídeo, carregue aqui.)
13 de Agosto, 2011 Carlos Esperança

Fátima – A peregrinação dos emigrantes

Enquanto Madrid espera o Papa e a vasta clientela que dará animação aos restaurantes, albergues e casas de diversão, a ICAR recebe hoje, em Fátima, emigrantes, em número mais reduzido e com esmolas mais contidas.

Fátima tem a maior área coberta da religião, em Portugal. Foi um centro de propaganda da ditadura depois de ter sido um instrumento de luta contra a República. A guerra fria deu-lhe uma enorme importância e converteu o local num centro de recolha de esmolas onde o dinheiro e o ouro abundaram. Hoje, a crise da fé e da economia tornam o sítio menos rentável, apesar das campanhas papais de marketing.

Também é verdade que os pastorinhos nunca conseguiram fazer um milagre de jeito. São mais os peregrinos que morrem na estrada do que os estropiados que se curam. Os joelhos dos devotos sangram nas maratonas beatas à volta da capelinha das «aparições» e as orações aliviam os crentes mas não produzem efeitos.

Não sei como os laboratórios farmacêuticos não usam a ave-maria como placebo nos ensaios duplo-cegos com que testam os medicamentos.

O paganismo é hoje um detonador da fé que se cultiva na Cova da Iria. Ninguém quer saber de deus, apenas a virgem é a mascote que recebe oferendas, obriga a sacrifícios e a quem se pagam promessas.

Ainda se vêem velhos combatentes com a farda da guerra colonial a agradecer o retorno à Pátria. Se foi a virgem Maria que os protegeu deve haver 13 mil defuntos a sofrer em silêncio a desatenção da dita senhora que aparece em locais improváveis para alimentar a superstição e manter o negócio da fé.

18 de Fevereiro, 2011 Carlos Esperança

A crise atinge as grandes superfícies da fé

Menos 240.342 pessoas participaram no ano passado nas missas celebradas no Santuário de Fátima, confirmando a tendência de diminuição de fiéis nas celebrações no templo desde 2007, ano do 90.º aniversário dos acontecimentos na Cova da Iria.

Nota: «Os acontecimentos da Cova da Iria» referem-se aos embustes do Sol às cambalhotas, da Virgem a saltar de azinheira em azinheira e da aterragem de um anjo no anjódromo de Fátima.