14 de Outubro, 2010 Fernandes
Fátima Desmascarada
Tenho o livro de João Ilharco, “Fátima Desmascarada”, onde o autor arrasa todo o embuste de Fátima. Por casualidade adquiri hoje, no mesmo alfarrabista, o libelo do mesmo autor, “Fátima Desmascarada (polémica)”. Passo a transcrever um breve trecho:
1º – Lúcia asseverou que a Virgem lhe afirmara em 13 de Outubro de 1917 que a “Grande Guerra” (1914-1918) havia acabado nesse dia. Como a guerra acabou treze meses mais tarde, quem mentiu: Lúcia ou a Virgem?
2º – Segundo declarações de Lúcia, a Virgem tinha-se designado a si própria pelos nomes de “Nossa Senhora” ou de “Senhora do Rosário”.
– Pode acreditar-se em tal contra-senso?
– Nós, portugueses, quando nos referimos ao Chefe de Estado, dizemos o “nosso Presidente da República”. Ele é que nunca pronunciaria o seguinte dislate:
– Eu sou o “nosso Presidente da República”.
3º – Alguém poderá crer que a Virgem falasse sem mexer os lábios, sem modificar a expressão do rosto, sem fazer o mínimo gesto, como os videntes declararam?
4º Seria possível que a Virgem medisse de altura 1 metro e dez centímetros?
A altura da Virgem foi calculada pelo Padre Ferreira de Lacerda, tomando por base o que Lúcia lhe disse a esse respeito.
5º – Lúcia põe na boca da Virgem a seguinte frase:
– «O meu lugar é o do céu».
Uma pessoa consciente poderá acreditar que a Virgem pronunciasse tal idiotice?
6º – É credível que a Virgem se tenha exibido na Cova da Iria com argolas de oiro nas orelhas, conforme Lúcia asseverou?
7º – Quando se deve acreditar em Lúcia? Quando afirmou para o cónego Nunes Formigão que não via vir a Senhora de nenhuma parte; ou quando disse para o Padre Ferreira Lacerda que a Virgem aparecia vindo do lado Nascente?
8º – Em 13 de Julho de 1917 a Virgem ordenou a Lúcia que comparecesse na Cova da Iria no dia 13 do mês imediato. Lúcia e os primos não puderam cumprir a ordem recebida, em virtude do administrador do concelho de Vila Nova de Ourém os ter levado para aquela vila. Qual a explicação para o caso?
Teria o administrador do concelho mais poder que a Virgem pois impediu que os três videntes cumprissem uma ordem expressamente dada por ela?
Para quem leu “Fátima Desmascarada”, a explicação é fácil de encontrar; quem mandara comparecer os videntes no dia 13 de Agosto na Cova da Iria, não tinha sido a Virgem, mas sim o Padre Faustino José Ferreira, que exercia sobre Lúcia e os primos poderes ilimitados. O que não podia ter previsto, com um mês de antecedência, era que o administrador do concelho impediria que os três pastores fossem à Cova da Iria no dia 13 de Agosto.
9º – Podia Lúcia, que sempre demonstrou possuir péssima memória (veja-se Fátima Desmascarada) e que, já em 1917, se mostrava incapaz de reproduzir as chãs e curtas frases por ela atribuídas à Virgem, podia Lúcia, repito, reproduzir, quando mulher, longas falas do anjo e da Virgem, que continham numerosas palavras cujo significado ela ignorava completamente?
10º Quando em 1938 chegou ao lugarejo natal dos videntes, Aljustrel, o eco da inverosímil história dos “sacrifícios” e das “mortificações” a que os pequenos se teriam submetido logo após as primeiras aparições, os familiares, os vizinhos e os pais de Jacinta e Francisco (os de Lúcia já haviam falecido) abriram a boca de espanto e declaravam unanimemente:
– «Nunca soubemos nada de nada! Eram exactamente como os demais».
Quem atirou essa inverosímil história para o caixote do lixo foi Lúcia, quando declarou para o Padre H. Jongen:
«Nos continuávamos a brincar como dantes. Certas mulherzinhas devotas diziam-nos: Vocês viram a Nossa Senhora. Por isso já não deviam brincar». Mas que podíamos fazer senão brincar?» (Revista “Stella”. 9-Nov-1946).
11º Quando nas Doroteias, em Pontevedra, em cujo convento Antero de Figueiredo entrevistou Lúcia, esta atestou que tudo o que esse escritor registou como tendo-lhe sido dito por Lúcia era absolutamente exacto.
Pois bem;, Lúcia negou para Antero de Figueiredo que, antes das aparições de 1917, tivesse estado em contacto com o sobrenatural. – «Antes das aparições – disse ela -, criança e pastora, nunca pensei nestas coisas». («Fátima». pág. 149).
12º – Lúcia asseverava que nunca poderia revelar o segredo que ela dizia ter-lhe sido revelado pela Virgem em 1917. Afirma-o também o bispo de Leiria numa Carta Pastoral datada de 13-10-1930 e reafirmou-o Lúcia, por forma categórica, em 1936, para Antero Figueiredo.
«Em 1946, porém, Lúcia declarou para o Padre Jongen, que já em 1927 tinha revelado dois dos segredos ao bispo de Leiria e ao cónego Galamba de Oliveira».
A declaração de Lúcia não era verdadeira; mas o Bispo de Leiria e o cónego Galamba de Oliveira, que se contavam entre os mais categorizados dirigentes de Fátima, em vez de desmentirem a afirmação de Lúcia, perfilharam-na, atitude que se me afigura estranha e muito grave.
13º – Lúcia afirmou para o cónego Nunes Formigão que o segredo (na Velha História havia apenas um segredo; na Nova, passou a haver três) somente diziam respeito a ela e aos primos.
Poderá aceitar-se como verdadeiro o texto desses dois segredos, conforme se lêem em «Jacinta»?
Acerca de Lúcia, o sr. Oliveira Santos, (filho de Artur de Oliveira Santos, administrador do concelho que, em Agosto de 1917, interrogou Lúcia, Jacinto e Francisco) contou que assim falava António Santos, o “Abóbora”, pai da vidente, referindo-se à filha:
– «O sr. administrador não acredite na minha filha, que ela é uma intrujona!».