11 de Março, 2008 Carlos Esperança
Rouco Varela passa a rezar para Zapatero
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A presidência da Conferência Episcopal garante a Zapatero sua oração
As orações rezadas por Mariano Rajoy vão ser endossadas ao ateu Zapatero.
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A presidência da Conferência Episcopal garante a Zapatero sua oração
As orações rezadas por Mariano Rajoy vão ser endossadas ao ateu Zapatero.
O cardeal de Madrid, Rouco Varela, amigo de B16 e do defunto JP2, eleito presidente da Conferência Episcopal de Espanha (CEP) com a bênção do Papa, era o braço armado da Senhora de Guadalupe contra o PSOE.
Desceu às ruas de Madrid, acompanhado pelo bando de sotainas da sua diocese, a rugir contra as leis que autorizaram o carácter facultativo do catecismo nas escolas públicas, que facilitaram os divórcios, aprovaram as uniões de homossexuais e permitiram que estes adoptassem filhos.
O cardeal pediu aos crentes que rezassem muito para que Deus os ajudasse a vencer um demónio civilizado e urbano, social-democrata e ateu, presidente do Governo espanhol e cumpridor das promessas feitas ao eleitorado, promessas que fazem ranger os dentes e espumar de raiva o arcebispo de Madrid.
Ora, Deus provou que não existe. Perderam tempo e as orações os ociosos que rezaram e não puderam evitar que o cardeal Rouco Varela e o Papa B16 fossem humilhados nas urnas.
O cardeal deixou achincalhar a mitra e enferrujar o báculo. No futuro, só alguma beata mais inveterada se aproximará do anelão para lho oscular. Os próprios padres, vendo a irrelevância do seu bispo, começam a perder a fé em Deus e o medo do Inferno.
E um padre sem medo e sem fé é um homem perdido, capaz de violar os sete pecados mortais, de comprar preservativos e encomendar a pílula do dia seguinte para prevenir alguma desgraça de homem feliz que se libertou de Deus.
Até há pouco, o cardeal do Opus Dei gania homilias ferozes e ameaçava com o Inferno. Agora é um primata envergonhado com a inutilidade do seu Deus e das suas homílias. Mas ainda vai rosnar apesar da vergonha e da derrota.
Contra o PP, contra o cardeal Rouco Varela, contra os franquistas e todos aqueles que se juntavam nas ruas de Madrid em persistente contestação ao cumprimento das promessas do PSOE, José Luís Rodríguez Zapatero ganhou as eleições e o direito de formar governo para um segundo mandato.
Nem a desesperada manifestação terrorista da ETA, que vitimou um vereador socialista a quem o Governo de Franco assassinara o avô, foi suficiente para inverter a tendência de voto a favor do PP, cúmplice da invasão do Iraque e companheiro das manifestações dos bispos que traziam para a rua as mitras, os báculos e os devotos e que, nas homilias, vociferavam contra a despenalização do aborto, a facilitação dos divórcios, os direitos concedidos aos homossexuais e o carácter facultativo que foi concedido ao ensino do catecismo nas escolas oficiais.
A derrota da direita começou a desenhar-se com a hegemonia de sectores mais radicais, com a crispação dos sectores mais reaccionários e terminou com a eleição do cardeal ultra-conservador Rouco Varela para presidente da Conferência Episcopal Espanhola com o apoio de Bento XVI de quem é amigo.
O eleitorado castigou a interferência do Vaticano no processo eleitoral, a ingerência aguerrida do clero e o manifesto espírito retrógrado dos sectores mais radicais, que Mariano Rajoy não conseguiu controlar. Pelo contrário, deu uma segunda oportunidade ao PSOE que desenvolveu a Espanha, impôs a laicidade do Estado e fez um país mais moderno, europeu e civilizado.
Aznar, a CEE e Rajoy, que não pôde ou quis demarcar-se de tão más companhias, são os derrotados. Zapatero e o povo espanhol mereceram a vitória. Vitória da moderação e da tolerância.
A ICAR foi humilhada. O consumo das hóstias continuará em queda e o clero católico, por muitos mártires que canonize, representará cada vez mais os mortos e cada vez menos vivos.
Amigo do Papa Bento XVI desde que foi seu aluno de doutoramento em Munique, Rouco Varela foi reeleito esta semana presidente da Conferência Episcopal Espanhola. Para alguns, esta escolha é um sinal da radicalização da Igreja.
Quatrocentos anos após condenar Galileu por heresia, o Vaticano tenta redimir-se erguendo uma estátua do cientista em plena sede da Igreja Católica. O monumento ficará exposto no jardim do Vaticano, numa região próxima ao apartamento em que Galileu viveu como prisioneiro, segundo informou o site americano Slashdot.
Comentário: Se o Vaticano erigisse estátuas a todas as suas vítimas precisaria de um país.
A eleição do ultra-reaccionário cardeal Rouco Varela para presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), com o apoio do seu amigo Ratzinger, o principal talibã da ICAR, é um acto de desespero das sotainas.
O cardeal de Madrid tem poder, dinheiro e bons investimentos em bolsa, no laboratório farmacêutico Pfizer que «para além da Viagra, que todos conhecem como o grande antídoto contra a abstinência sexual, comercializa um anticonceptivo injectável muito vendido no 3º. Mundo e nos EUA – O Depo-Provera, trimestral, usado em 30 milhões de mulheres. Um investimento da ordem dos milhões de euros / anos, que servem para organizar em Madrid – contra Zapatero – marchas de protesto pela família, pela natalidade…».
Por isso, as eleições em Espanha não são apenas entre a social-democracia do PSOE e o PP, partido conservador, como é desejável e normal na Europa democrática. As eleições do próximo domingo são entre Zapatero e Rouco Varela, entre o laicismo e a ICAR, entre a modernidade e as sotainas.
Se a ICAR perder nunca mais a Espanha se curvará perante os bispos. Os anelões ficam nos dedos à espera de ósculos que não voltam, as mitras tornam-se obsoletas e os báculos passam a ser vendidos como muletas aos doentes operados ao colo do fémur.
A inteligência e moderação do Cardeal Vicente Enrique Tarancón, arcebispo de Madrid, foram preciosas na ajuda à transição pacífica para a democracia.
Hoje, com a democracia consolidada e o país em acelerado processo de secularização, o episcopado prefere o confronto, reelegendo o ultra-reaccionário Rouco Varela para presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), o cardeal que desceu à rua para contestar a política do Governo – uma exótica posição sem precedentes na Europa – e que mandou votar PP.
Os bispos espanhóis, que se aproximam da centena, estão cada vez mais unidos no ódio à democracia e nas saudades do franquismo, quando o ensino da religião católica era obrigatório nas escolas públicas, o divórcio praticamente proibido e o catolicismo era a religião do Estado.
O braço de ferro entre os bispos liderados por Rouco Varela, um cardeal ligado ao Opus Dei, e o Governo legal, enfrenta uma sociedade em rápida mudança, cada vez mais laica e farta de missas. O desespero pôs as mitras em polvorosa e agitou os báculos e anelões.
A reeleição do cardeal de Madrid para a presidência da CEE é sinal de que a hierarquia religiosa, após o último debate Zapatero/Rajoy, já interiorizou a derrota eleitoral onde, numa atitude sem precedentes, se envolveu. Em aflição, tentou a fuga em frente.
O franquismo foi definitivamente enterrado, o poder da Igreja vai sair debilitado e a Espanha urbana sairá vencedora da outra Espanha rural, conservadora, nostálgica das missas e do franquismo.
Se Deus existisse não estaria omisso nas Finanças e isento de pagar o IRS. Seria mesmo uma imoralidade, tais os proventos que aufere. Resta saber se chegariam para pagar um seguro que era prudente fazer para pagar as patifarias que lhe atribuem.
Perante um terramoto, um ciclone, uma tempestade ou inundações, teria muito por que responder. Se tudo o que acontece é por divina vontade, imagine-se Deus no tribunal dos homens – bem mais equilibrados e justos – a prestar contas das epidemias, desastres e doenças com que a humanidade é fustigada.
Enquanto os beatos se põem de joelhos e rastejam, cheios de medo e subserviência, não restava a Deus outra saída senão pedir aos ateus que lhe servissem de testemunhas e que jurassem que o réu revel não existia e que as patifarias eram fruto da natureza e do desmazelo dos homens.
Os crentes, sempre prontos a louvar-lhe a omnipotência, jamais se atreveriam a admitir que o carrasco pudesse ser julgado ou, pior do que isso, fosse o mito que lhes inferniza a existência e os põe a caminho da igreja, tocados pelos padres, a cumprirem rituais que envergonhariam uma pessoa sensata.
Um Deus que não vota nem paga impostos é um impostor que engana muita gente há muito mas que não pode enganar todos para sempre.
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiu no dia 21 de Fevereiro, por unanimidade, que a Grécia violou o artigo 9º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem ao obrigar um advogado a revelar que era ateu quando lhe foi exigido que efectuasse um juramento sobre a bíblia (cristã ortodoxa).
O queixoso, Theodoros Alexandridis, foi admitido à prática da advocacia no tribunal de primeira instância de Atenas. Sendo ateu e não desejando portanto efectuar o habitual juramento cristão ortodoxo, teve que declarar que não era cristão ortodoxo para poder fazer uma declaração solene em substituição do juramento. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem considerou que a liberdade do cidadão de não revelar a sua convicção religiosa foi, portanto, violada.
Esperemos que esta decisão sirva de lição ao Estado grego para que este efectue as imprescindíveis mudanças que o afastem do actual regime de Igreja de estado, com juramento religioso no parlamento, leis de blasfémia e aplicação parcial da chária em dois departamentos do nordeste.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.