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Categoria: Política

8 de Maio, 2018 Carlos Esperança

A vitória sobre o nazi/fascismo – 73.º aniversário

A 8 de maio de 1945 a Alemanha capitulou perante os aliados ocidentais, após uma tentativa gorada do Alto Comando alemão para negociar a paz com os ocidentais. Foi o dia em que os nazis, antecipando em 1 dia a rendição à URSS, se renderam em Berlim, e 1 milhão de pessoas festejou em Londres o fim da II Guerra Mundial, com a paz a voltar à Europa, destroçada, ferida e ensanguentada, ainda a preceder a rendição do Japão.

Na euforia da vitória e na cumplicidade de vários países vencedores, puderam continuar vivos e impunes os dois regimes fascistas da Península Ibérica, Espanha e Portugal.

Há 73 anos findou o mais cruel e demente plano genocida da História. Hoje, esquecidos a data, o pesadelo, o racismo, a xenofobia e os milhões de vítimas, parecem ressurgir os demónios que causaram a maior tragédia do século XX. Já se pressente, na deriva neoliberal, na sedução da extrema-direita, até em episódios antissemitas, a trágica repetição das circunstâncias que conduziram à devastadora guerra.

Com grupos económicos e financeiros a dirigirem a política e a recriarem as monstruosidades passadas, o ano de 2017 viu a extrema-direita avançar nos EUA e na Europa, atingindo níveis preocupantes na França, Alemanha, Áustria, Holanda, e a consolidar-se no poder na Hungria e Polónia, ainda que formalmente de forma democrática, já com desprezo dos direitos humanos.

Celebrar o dia 8 de Maio é condenar a violência de Estado, repudiar o antissemitismo e honrar as vítimas, todas as vítimas, de várias origens e de diferentes algozes, que ao longo dos séculos foram perseguidas por preconceitos religiosos, étnicos e culturais.

24 de Abril, 2018 Carlos Esperança

25 de Abril, Sempre!

Amanhã é dia de comemorar o dia maior da liberdade num país de quase nove séculos de História.

Daqui a uma dúzia de horas começa a noite da primeira madrugada em que a liberdade veio na ponta das espingardas embrulhada em cravos vermelhos, com balas por disparar e sonhos para cumprir. Há 44 anos.

Nunca tantos devemos tanto a um exército que deixou de ser o instrumento da repressão da ditadura, para se transformar no veículo da liberdade conduzido, por jovens capitães.

Foi a mais bela página da nossa História e o dia mais feliz da minha vida. Abriram-se, por magia, as prisões, neutralizou-se a polícia política, acabou a censura e não mais se ouviram os gritos dos torturados nas masmorras da Pide.

Há 44 anos, daqui a poucas horas, ainda os coronéis e os padres censores empunhavam o lápis azul da censura já sem efeito nas palavras e imagens cortadas. O dia 25 de Abril nasceria límpido e promissor com a guerra para acabar e a promiscuidade entre o Estado e a Igreja a ser interrompida.
Os exilados e os degredados viriam juntar-se aos que saíam das prisões. O fascismo era já um cadáver que sobrevivia com a mais dura das repressões. A Pátria não era o país de um povo, era o lúgubre reduto de onde os fascistas oprimiam o próprio povo e as pátrias de outros.

Amanhã é dia de ouvir canções, de sair à rua e de gritar, «fascismo nunca mais!»

O Povo Unido Jamais Será Vencido! Viva o MFA! Viva o 25 de Abril, que aí vem na idade madura dos seus 44 anos.

Para os heróis desse dia, de todos os dias e de sempre, para os que ainda vivem, não há cravos que cheguem para agradecer a vida que cumpriram num só dia.

Obrigado, capitães de Abril! Amanhã, como então, as lágrimas são de alegria incontida, e é forte e comovido o abraço que aqui deixo a todos os que amanhã lembrarei.

A Igreja já anda aí de novo. É preciso lembrar que a separação da Igreja e do Estado é desígnio do 25 de Abril que não podemos deixar trair. Por enquanto, ainda podemos ser ateus, sem risco de prisão.


11 de Abril, 2018 Carlos Esperança

Macron traiu a laicidade

União das Famílias Laicas (que publicou estes desenhos), o Grande Oriente Francês (GOF) e a Associação Internacional do Livre Pensamento (AILP), de cujo Conselho Internacional tenho a honra de ser membro, repudiaram a participação do PR francês na reunião da Conferência Episcopal Francesa e a sua insólita declaração de querer, ao arrepio da Constituição, estabelecer ligações com as Igrejas.

Quando se trai a laicidade, abre-se a porta à sacristia e quebra-se a neutralidade do Estado.

«L’État chez lui, l’Église chez elle»

(Victor Hugo, 14 de janeiro der 1850, no Parlamento)

10 de Abril, 2018 Carlos Esperança

França – O ataque à laicidade está em curso

Macron é, depois de 1905 o primeiro traidor à separação da Igreja e do Estado.

Pode julgar que salva a alma (seja isso o que for), mas compromete a laicidade que é um paradigma da democracia e de que a lei francesa é o mais eloquente exemplo.

Vale a pena ver como se trai a República.

29 de Janeiro, 2018 Carlos Esperança

Federação Internacional do Livre Pensamento

A Federação Nacional de Livre Pensamento da França organizou um simpósio sobre o tema: “Laicidade na Europa ou Europa vaticana – Concordatas ou separação?” – (Metz, França, 16 de dezembro de 2017).

Não tendo podido deslocar-me, enviei, como me foi solicitado, a seguinte mensagem:

«Laicidade e Europa – Mensagem

Caros Amigos:

Na impossibilidade de me deslocar a Metz para participar na conferência “Laïcité et Europe”, saúdo todos os participantes e todos os livres-pensadores que, não estando presentes, partilham os nossos valores humanistas, laicos e democráticos.

A Europa, herdeira do Iluminismo e da Revolução Francesa, tem na laicidade a sua bandeira e o instrumento, único e decisivo, para exigir a separação entre os Estados e as Igrejas. Quando a laicidade esmorece, avança o proselitismo religioso dos dois monoteísmos que pretendem dominar a Europa: o cristianismo, que não se conforma com a laicidade, e o islamismo, que a não tolera e a combate à bomba.

Todos os livres-pensadores, céticos, ateus, agnósticos e racionalistas, sabemos que só a defesa intransigente da laicidade permite conter o proselitismo religioso e defender a democracia, o livre-pensamento e a própria liberdade religiosa.

A laicidade é a vacina contra o totalitarismo ideológico de natureza religiosa. É um dever cívico lutar para que os Estados não se limitem a consagrá-la nas leis, mas que a defendam na prática quotidiana dos seus comportamentos.

Em Portugal, a separação das Igrejas e do Estado está consagrada na Constituição da República e tem como limites materiais à sua revisão, no que aqui e agora interessa, o impedimento de alterar:

– O estatuto laico do Estado
e
– A forma republicana de Governo.

No entanto, um conjunto de leis avulsas e o poder discricionário de vários agentes do Estado, vêm permitindo a frequente traição à laicidade.

O crucifixo está exposto em numerosas escolas públicas, apesar de proibido; os hospitais do Estado ostentam crucifixos e imagens da senhora de Fátima, nos corredores das enfermarias; as procissões católicas integram militares fardados; as Forças Armadas e policiais, as prisões e os hospitais dispõem de capelães (até agora, apenas católicos); nas escolas públicas o ensino religioso é de oferta obrigatória para os alunos que o desejem, com professores pagos pelo Estado, nomeados e exonerados livremente pelos bispos das dioceses; nas cerimónias do Estado é frequente a presença de clérigos convidados, com lugar destacado.

Como se vê, a laicidade é constantemente vítima de afronta de autoridades que não respeitam o espírito da Constituição da República e fazem proselitismo religioso à custa dos lugares para que foram eleitos num país republicano, laico e democrático.

A Senhora de Fátima, o maior embuste português do século XX, nasceu clonada da de Lourdes, em 1917 e deu origem a mensagens, nascidas, revistas e aumentadas no seio do clero católico português contra a República, implantada em 1910. Durante os 48 anos da ditadura fascista, foram usadas contra o comunismo e, depois da implosão da URSS, contra o ateísmo.

Neste ano de 2017, a Igreja católica celebrou o centenário das alegadas aparições de Fátima iniciadas no dia 13 de maio e terminadas em apoteose em 13 de outubro de 1917, o dia do milagre em que “o Sol bailou ao meio dia” no local onde a Senhora de Fátima aparecia a três crianças analfabetas que guardavam cabras.

Quando se julgava que o assunto era um negócio particular da Igreja católica, o Presidente da República participou nas comemorações e entre outras intoleráveis manifestações públicas da sua crença, de que faz parte beijar o anel ao Papa e aos bispos, produziu um insólito discurso de que transcrevo este parágrafo que envergonhou a República Portuguesa:

“É em nome de Portugal, de todo o Portugal e de todos os portugueses, dos crentes e não crentes, católicos, cristãos, não cristãos, de todos eles, que aqui está o Presidente da República, cumprindo uma missão nacional”.

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), escreveu ao PR, com conhecimento à comunicação social, a manifestar a sua indignação e referindo que não lhe reconhecia sequer o direito de representar os crentes e, muito menos, de se atribuir a representação dos não crentes nos negócios da fé. A AAP recebeu apenas uma protocolar resposta a acusar a receção da carta.

A laicidade está ameaçada em Portugal e é um dever cívico defendê-la. A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) considera a sua defesa uma obrigação cívica a que jamais renunciará.

Caros amigos,

A vossa força é a nossa força. A vossa luta é a nossa luta. A vitória será comum ou a democracia sairá derrotada.

Hoje, dia 16 de dezembro de 2017, estou convosco, em Metz, e sempre, em qualquer lugar da Europa e do Mundo, na defesa da Laicidade que conduz à Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

De Portugal, envio-vos a minha solidariedade e um abraço fraternal.»

Carlos Esperança – Portugal
(Membro do Conselho Internacional da A. I. L. P.)

27 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Associação República e Laicidade

Associação quer fim da mensagem de natal do Cardeal Patriarca de Lisboa na TV

Associação República e Laicidade defendeu esta terça-feira o fim da transmissão televisiva da mensagem de natal do Cardeal Patriarca de Lisboa, referindo que já existe um espaço específico na televisão pública para as várias comunidades religiosas. “A Associação República e Laicidade …

Correio da Manhã – ler Aqui

Diário de uns Ateus – Parabéns à AReL.

25 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

O PR francês e a laicidade

Le Figaro.fr e a AFP informaram que o PR francês, Sr. Macron, recebeu no Palácio do Eliseu, representantes das ‘seis principais religiões’ (i.e., as de maior poder financeiro e peso eleitoral).

Na sequência da audiência concedida, no dia 21 deste mês de dezembro, aos dignitários das Igrejas católica, protestante, ortodoxa, muçulmana, judia e budista, afirmou-lhes que estaria “vigilante” quanto ao risco de uma “radicalização da laicidade”.

Não se admitindo que o PR francês desconheça a matriz centenária da Constituição, que o obriga a defender a laicidade, só a demagogia explica a prometida vigilância, como se a maior virtude e exigência das democracias fosse crime.

Quanto à “radicalização da laicidade”, paradoxo que só pode nascer na cabeça obtusa de um clérigo ou na subserviência torpe de um político sem coluna vertebral, urge explicar-lhe que a radicalização da neutralidade, seja no que for, é uma impossibilidade conceptual.

«A França tornou-se oficial e expressamente um Estado laico a partir da promulgação de sua Constituição de 1958, tendo os limites do conceito de laicidade sido positivados desde 1905, na “Lei de Separação”, onde consta:
Art. 1º: A República assegura a liberdade de consciência. Ela garante o livre exercício das religiões.
Art. 2º: A república não reconhece, não assalaria e não subsidia nenhuma religião.»

Macron esquece os deveres a que está obrigado para salvaguardar o seu futuro político, mas hipoteca a vigilância do proselitismo que dilacera a sociedade, na luta religiosa pela quota ou hegemonia do mercado da fé.
Não há democracia nem liberdade religiosa sem a laicidade, isto é, sem a neutralidade religiosa do Estado, a quem cabe defender todas as crenças, descrenças e anti crenças.

Parece ignorar as guerras religiosas que dilaceraram a Europa, até à paz de Vestefália, e que continuam a ensanguentar o mundo!

17 de Agosto, 2016 Carlos Esperança

Laicidade – O que esconde o Burkini?

Em França, os autarcas estão a proibir progressivamente o ‘burkini’ em praias e piscinas públicas, em nome da segurança, depois de conflitos violentos entre islamitas e não islamitas.

A religião tem um potencial de detonação de violência e ódio que não pode surpreender-nos, e adiar decisões que minimizem os conflitos não é a melhor solução.

O burkini, feito do mesmo tecido do biquíni, não pode ser proibido em nome da higiene, e o respeito pelas liberdades individuais devia admiti-lo pois, ao contrário da burka e do capacete das motos, não ocultam a identificação que as razões de segurança impõem.

A questão reside no confronto que o Islão procura e a extrema-direita europeia aplaude, uma exibição da pertença religiosa que faz parte do proselitismo e que o comunitarismo estimula para fazer prova de força e provocar o martírio que atrai indecisos para a jihad.

A Europa, que amoleceu a defesa da laicidade, encontra-se sem armas e sem razão para proibir no espaço público, que deixou confiscar por outras religiões, adornos que visam o confronto, e é obrigada, em nome da democracia, a defender os provocadores.

Todas as religiões têm uma agenda política, e os monoteísmos prosélitos não descuram o seu cumprimento. O cristianismo não deixa de impor nomes de santos a cidades, vilas, aldeias, bairros, ruas e aeroportos, e tenta colocar a parafernália pia, crucifixos, imagens de santos e da Senhora de Fátima, nos corredores das enfermarias dos hospitais públicos e nas paredes dos edifícios do Estado e das autarquias, em Portugal.

Quando tal acontece com o cristianismo, cuja repressão sobre o clero, levou à aceitação da laicidade, sabe-se o que acontece com o mais implacável dos monoteísmos, na fase atual, em obediência ao guerreiro a quem atribuem a cópia grosseira do judaísmo e do cristianismo, sem Renascimento, Reforma, Iluminismo e Revolução Francesa!
Não é por mera devoção que, aos fins de semana, hordas de muçulmanos de várias localidades invadem Paris e fecham ruas ao trânsito para rezarem virados para Meca.

As religiões são associações de crentes, que devem ser respeitadas e submetidas a todas as obrigações legais de qualquer outro tipo de associação. Sem imposição do laicismo, sem efetiva separação das Igrejas e do Estado, as medidas avulsas estão condenadas ao fracasso.

O burkini não esconde o corpo da mulher (direito que lhe assiste), exibe a submissão à religião e ao homem e indica a vontade de provocação a uma sociedade secularizada e cosmopolita que o Islão está apostado em destruir.

burkini_Islamo

14 de Agosto, 2016 Carlos Esperança

Há 80 anos – A Guerra Civil espanhola e o massacre de Badajoz (14-08-1936)

É dos horrores mais sinistros cometidos pelos homicidas de Franco no início da sublevação que derrubou a República espanhola.

O governo legal tinha contra si o fascismo, que se expandia na Europa, e a feroz hostilidade da Igreja católica. A sublevação, além de apoiada por Hitler e Salazar, foi abençoada pelo Vaticano que concedeu o carácter de Cruzada às forças rebeldes e jamais quebrou o silêncio perante as atrocidades dos seus.

Em Badajoz, após violentos combates, iniciados no dia 12, os resistentes renderam-se a 14. E foram prontamente fuzilados pelas tropas sublevadas, comandadas pelo general Juan Yagüe, que, após a guerra civil, viria a ser ministro da Força Aérea, de Franco. Ficou conhecido como ‘o carniceiro de Badajoz’.

Os historiadores admitem que possam ter chegado a 4.000 (10% da população da cidade) as vítimas do massacre, sumariamente fuziladas e cuja investigação foi [e é] impedida.

Como nota de nojo pelo regime salazarista, deve acrescentar-se que a GNR prendeu as vítimas que se refugiaram do lado de cá da fronteira e entregou-as para serem fuziladas, enquanto os sediciosos foram protegidos em solo português antes da rendição.

Faz hoje 80 anos e a Espanha ainda sangra.