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Categoria: Política

14 de Abril, 2010 Carlos Esperança

Tolerância de ponto? Não

Como se a crise se resolvesse com idas à missa, o Governo concedeu tolerância de ponto aos seus funcionários, atitude que alguns autarcas já haviam antecipado.

É surpreendente que a sociedade civil não se revolte com este atropelo à laicidade a que o Estado é obrigado, que não haja partidos que denunciem o abuso, que faltem cidadãos que se sintam envergonhados.

Quando o Estado se põe de joelhos perante o Papa católico, arrisca-se a ficar de rastos.

Não quererá a Comunicação Social ouvir vozes indignadas com esta deriva beata?

24 de Março, 2010 Carlos Esperança

Sobre a laicidade

Os monoteísmos odeiam o hedonismo. São misóginos e  homofóbicos, suspeitam da inteligência e da razão e combatem os prazeres do corpo, os desejos e as pulsões. Criaram interditos, alimentares e sexuais. Exaltam os jejuns e a castidade. São pela renúncia ao prazer e a favor do sofrimento como veículo para uma vida de felicidade que prometem depois da morte.

O que está em causa é uma questão de poder. É mais fácil dominar pessoas escravas do medo do que cidadãos livres da superstição. Por isso é tão importante que o pecado seja considerado crime e, agora que as fogueiras se apagaram, incluir no Código Penal os pecados que progressivamente vão sendo suprimidos como crimes (adultério, aborto, eutanásia) e outros que passam a ser direitos inalienáveis (apostasia, heresia , divórcio).

A afirmação de que “os Estados podem ser laicos, mas as sociedades não o são” é um subterfúgio com laivos de totalitarismo, é a defesa do poder das maioria em imporem a sua vontade ás minorias e, em última análise, impedirem a geometria variável das ideologias.
Não é por acaso que todas as religiões reclamam a laicidade quando são minoritárias e exigem ser tratadas de forma diferenciada o que é diferente quando se julgam em maioria, afirmando que não se deve tratar de forma igual o que é diferente.

Se os países muçulmanos, apesar dos constrangimentos sociais, respeitassem a laicidade, manteriam a unanimidade no horror ao toucinho, na aversão ao álcool e nos costumes? É altura de tratar as crenças que repudiam o pluralismo, que não admitem concorrência e que pretendem impor-se pela força das armas da mesma forma que as ideologias que apelem ao ódio, ao racismo, à xenofobia e à violência.

20 de Março, 2010 Carlos Esperança

As aparições de Međugorje- a ICAR cutuca onça com vara curta

fonte: www.wikipedia.org

Por

Rui Cascão

A história de Međugorje é quase exactamente a de Fátima, Lourdes e outros embustes desse calibre. Há umas criancinhas católicas e manipuláveis do mundo rural, há umas oliveiras e uma senhora vestida de branco. Depois os clérigos tentam aproveitar-se da “aparição” para objectivos políticos- em Fátima para dinamitar a 1a República, em Međugorje para lutar politicamente contra o SKJ (Liga dos Comunistas da Jugoslávia) que estava no poder na Jugoslávia. Aliás, a coincidência entre as aparições de Međugorje (em 1981) e a morte do Marechal Tito (em 1980) e o início da desagregação da República Federativa Socialista da Jugoslávia, dificilmente se tratará de mera coincidência.

Međugorje localiza-se na Herzegovina, região de população mista croata (predominantemente católica), bosníaca (predominantemente muçulmana), e sérvia/montenegrina (predominantemente ortodoxa), a 20 km de Mostar. Foi uma das regiões em que a limpeza étnica da guerra civil bósnia foi mais acentuada e mais sangrenta (lembremo-nos da destruição da ponte de Mostar, património da humanidade).

A Bósnia e Herzegovina, apesar da paz que foi alcançada, esta paz ainda está longe de estar consolidada. Se a ICAR avançar com a homologação deste embuste naquela região tão sensível, isso terá um impacte significativo na degradação das relações entre as diversas populações da região. Gostaria de saber se este renovado interesse da ICAR por Međugorje se deve a irresponsabilidade ou se é doloso.

A Bósnia e Herzegovina não precisa deste tipo de iniciativa, nem de turismo religioso. Necessita sim de iniciativas e projectos que criem pontes e laços entre os vários grupos étnico-culturais, que contribuam para a redescoberta pelos bósnios dos aspectos culturais que os unem, em vez de valorizar aqueles que os dividem.

9 de Março, 2010 Carlos Esperança

Polónia: Vitória do livre-pensamento

Alicja Tysiac tinha processado um jornal católico, Gosc Niedzielny, e o Arcebispo de Katowice porque tinha sido insultada e comparada a uma criminosa por ter defendido o direito ao aborto. O processo, em primeira instância, tinha sido favorável a Alicja Tysiac.

Os clérigos recorreram. Perderam !

[O tribunal superior] rejeitou o recurso e confirmou a sentença da primeira instância favorável a Alicja Tysiac. A revista episcopal e o arcebispo de Katowice deverão publicar desculpas a Alicja Tysiac por a terem comparado aos criminosos nazis e por terem usado contra ela um discurso de ódio. Deverão igualmente pagar 30.000 zlotys (cerca de 8.000 euros) por danos assim como as custas judiciais.

Nota : DA agradece a informação ao leitor Eduardo C. Dias.

4 de Março, 2010 Carlos Esperança

Palco para missa pago por todos?

Por
José Moreira

Eu ainda não percebi por que carga de água, benta ou da outra, vou ter de contribuir, sem que nada me tenha sido perguntado, para a construção de um altar. Já me bastou ter contribuído para a construção de estádios de futebol agora às moscas.

Quando é que os nossos autarcas, e outras espécies de governantes, conseguem chegar à conclusão de que o dinheiro do povo não é para gastar em folclores religiosos, que só servem para apunhalar a Constituição?

Quando é que o Estado se separa, definitivamente, das confissões religiosas? E não venham, por favor, com o chavão de que se trata de um chefe de estado; os chefes de estado vão a recepções, fazem discursos, promovem acordos bilaterais, mas não celebram missas. Se eu quiser uma missa (lagarto, lagarto…) pago-a; não meto a conta ao Estado.