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Categoria: Política

5 de Dezembro, 2011 Eduardo Patriota

“Oração não recupera drogado”, diz psicóloga

Recentemente, o Conselho Federal de Psicologia do Brasil fez um estudo sobre os cuidados oferecidos em instituições de tratamento de usuários de drogas em todo o Brasil e apontou graves irregularidades em cinco unidades de Mato Grosso.

Entre os problemas, os pacientes são obrigados a assistir a cultos religiosos, independente de sua orientação, e, em alguns casos, há castigos como suspensão da alimentação, isolamento e trabalho sem direito a descanso.

No caso do Lar Cristão Ala Feminina, que fica em Cuiabá, as internas não são obrigadas a “ser crentes”, mas devem seguir todas as regras baseadas na religião; quando essas regras são desobedecidas, as usuárias ficam sem refeição até o momento em que obedecerem.

Ana Luiza Castro, membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos e do Conselho Federal de Psicologia, acredita que usar drogas não é um crime e que as políticas públicas não devem “combater” os usuários, só os traficantes. A psicóloga disse ainda que não crê na eficácia dos tratamentos realizados pelas instituições religiosas. “Eu nunca vi nenhum caso de alguém que se recuperou só com orações e isolamento. Isso é um problema”.

21 de Novembro, 2011 Ricardo Alves

«Já não há crucifixos nas escolas públicas portuguesas»

Alguns laicistas têm propagado o rumor de que há escolas públicas portuguesas onde ainda existem crucifixos afixados. Como comprovou o Público na edição de ontem (ver a fotografia ao lado), é um rumor sem qualquer fundamento.

9 de Outubro, 2011 Carlos Esperança

Onde pára a laicidade do Estado?

Mais de 50 dos 401 jovens e adultos que estão a realizar o curso de formação para a Guarda Nacional Republicana (GNR), em Portalegre, inscreveram-se para receber os sacramentos de iniciação cristã: baptismo, confirmação e eucaristia.

Claro que onde está escrito «cristã» se deve ler «católica. Surpreende esta onda de fé que percorreu os recrutas da GNR, este chamamento divino de quem os esqueceu até esta idade, mas também conhecemos as artimanhas pias.

Se não estivessem a ser pagos pelo erário público os capelães e o bispo, com a patente de major-general, e não temesse pelos empregos quem recusasse o incenso e a água benta , a onda de fé não teria ultrapassado a meia centena de futuros guardas.

É lamentável que o comandante-geral da GNR tenha considerado a cerimónia litúrgica uma forma de «continuidade» à aprendizagem dos candidatos. Ficamos sem saber se a Sé de Portalegre se tornou numa caserna da GNR ou se o quartel da GNR se transformou numa sacristia da Sé.

A propaganda religiosa e, quiçá, a coacção psicológica sobre quem está a ser avaliado para o primeiro emprego, é um acção inaceitável que viola a ética, a independência e a dignidade de um estado laico.

Que dirá o M.A.I a esta violação grosseira da ética e da liberdade religiosa?

5 de Setembro, 2011 Ricardo Alves

Irlanda: fim do «segredo de confissão»?

O ministro da Justiça irlandês prometeu publicamente passar uma lei obrigando os sacerdotes católicos a denunciarem qualquer crime de abuso sexual de menores, mesmo que o tenham conhecido durante a «confissão» católica. Esta decisão drástica acontece no contexto do escândalo da pedofilia clerical na Irlanda, o qual já suscitou ao Primeiro Ministro do mais católico dos países da Europa ocidental um discurso tão laicista que nenhum Primeiro Ministro português depois de Afonso Costa ousaria fazê-lo. A gravidade das acusações de encobrimento nesse discurso do PM irlandês levou mesmo a Santa Sé a chamar o seu representante diplomático em Dublin. No sábado, a Santa Sé tentou aliviar a consciência rebatendo as acusações das autoridades civis irlandesas, apesar das comprovadas mentiras de pelo menos um bispo.
Historicamente, a Irlanda nunca conheceu o anticlericalismo. Do colonialismo inglês à actualidade, nunca republicanos, bolcheviques ou outros desafiaram o poder da igreja mais popular, a grande aliada da luta contra os ocupantes anglicanos. O que está a acontecer este ano poderá mudar tudo.

Recorde-se que em Portugal está em vigor uma Concordata, assinada em 2004, que garante no seu artigo 5º que «os eclesiásticos não podem ser perguntados pelos magistrados ou outras autoridades sobre factos e coisas de que tenham tido conhecimento por motivo do seu ministério». Ou seja, teoricamente, mesmo que inquiridos em Tribunal podem não denunciar crimes de que tenham tido conhecimento. Os pais que entregam os seus filhos a instituições católicas que interroguem a sua consciência.

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]