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Categoria: Laicidade

10 de Abril, 2018 Carlos Esperança

França – O ataque à laicidade está em curso

Macron é, depois de 1905 o primeiro traidor à separação da Igreja e do Estado.

Pode julgar que salva a alma (seja isso o que for), mas compromete a laicidade que é um paradigma da democracia e de que a lei francesa é o mais eloquente exemplo.

Vale a pena ver como se trai a República.

29 de Janeiro, 2018 Carlos Esperança

Federação Internacional do Livre Pensamento

A Federação Nacional de Livre Pensamento da França organizou um simpósio sobre o tema: “Laicidade na Europa ou Europa vaticana – Concordatas ou separação?” – (Metz, França, 16 de dezembro de 2017).

Não tendo podido deslocar-me, enviei, como me foi solicitado, a seguinte mensagem:

«Laicidade e Europa – Mensagem

Caros Amigos:

Na impossibilidade de me deslocar a Metz para participar na conferência “Laïcité et Europe”, saúdo todos os participantes e todos os livres-pensadores que, não estando presentes, partilham os nossos valores humanistas, laicos e democráticos.

A Europa, herdeira do Iluminismo e da Revolução Francesa, tem na laicidade a sua bandeira e o instrumento, único e decisivo, para exigir a separação entre os Estados e as Igrejas. Quando a laicidade esmorece, avança o proselitismo religioso dos dois monoteísmos que pretendem dominar a Europa: o cristianismo, que não se conforma com a laicidade, e o islamismo, que a não tolera e a combate à bomba.

Todos os livres-pensadores, céticos, ateus, agnósticos e racionalistas, sabemos que só a defesa intransigente da laicidade permite conter o proselitismo religioso e defender a democracia, o livre-pensamento e a própria liberdade religiosa.

A laicidade é a vacina contra o totalitarismo ideológico de natureza religiosa. É um dever cívico lutar para que os Estados não se limitem a consagrá-la nas leis, mas que a defendam na prática quotidiana dos seus comportamentos.

Em Portugal, a separação das Igrejas e do Estado está consagrada na Constituição da República e tem como limites materiais à sua revisão, no que aqui e agora interessa, o impedimento de alterar:

– O estatuto laico do Estado
e
– A forma republicana de Governo.

No entanto, um conjunto de leis avulsas e o poder discricionário de vários agentes do Estado, vêm permitindo a frequente traição à laicidade.

O crucifixo está exposto em numerosas escolas públicas, apesar de proibido; os hospitais do Estado ostentam crucifixos e imagens da senhora de Fátima, nos corredores das enfermarias; as procissões católicas integram militares fardados; as Forças Armadas e policiais, as prisões e os hospitais dispõem de capelães (até agora, apenas católicos); nas escolas públicas o ensino religioso é de oferta obrigatória para os alunos que o desejem, com professores pagos pelo Estado, nomeados e exonerados livremente pelos bispos das dioceses; nas cerimónias do Estado é frequente a presença de clérigos convidados, com lugar destacado.

Como se vê, a laicidade é constantemente vítima de afronta de autoridades que não respeitam o espírito da Constituição da República e fazem proselitismo religioso à custa dos lugares para que foram eleitos num país republicano, laico e democrático.

A Senhora de Fátima, o maior embuste português do século XX, nasceu clonada da de Lourdes, em 1917 e deu origem a mensagens, nascidas, revistas e aumentadas no seio do clero católico português contra a República, implantada em 1910. Durante os 48 anos da ditadura fascista, foram usadas contra o comunismo e, depois da implosão da URSS, contra o ateísmo.

Neste ano de 2017, a Igreja católica celebrou o centenário das alegadas aparições de Fátima iniciadas no dia 13 de maio e terminadas em apoteose em 13 de outubro de 1917, o dia do milagre em que “o Sol bailou ao meio dia” no local onde a Senhora de Fátima aparecia a três crianças analfabetas que guardavam cabras.

Quando se julgava que o assunto era um negócio particular da Igreja católica, o Presidente da República participou nas comemorações e entre outras intoleráveis manifestações públicas da sua crença, de que faz parte beijar o anel ao Papa e aos bispos, produziu um insólito discurso de que transcrevo este parágrafo que envergonhou a República Portuguesa:

“É em nome de Portugal, de todo o Portugal e de todos os portugueses, dos crentes e não crentes, católicos, cristãos, não cristãos, de todos eles, que aqui está o Presidente da República, cumprindo uma missão nacional”.

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), escreveu ao PR, com conhecimento à comunicação social, a manifestar a sua indignação e referindo que não lhe reconhecia sequer o direito de representar os crentes e, muito menos, de se atribuir a representação dos não crentes nos negócios da fé. A AAP recebeu apenas uma protocolar resposta a acusar a receção da carta.

A laicidade está ameaçada em Portugal e é um dever cívico defendê-la. A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) considera a sua defesa uma obrigação cívica a que jamais renunciará.

Caros amigos,

A vossa força é a nossa força. A vossa luta é a nossa luta. A vitória será comum ou a democracia sairá derrotada.

Hoje, dia 16 de dezembro de 2017, estou convosco, em Metz, e sempre, em qualquer lugar da Europa e do Mundo, na defesa da Laicidade que conduz à Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

De Portugal, envio-vos a minha solidariedade e um abraço fraternal.»

Carlos Esperança – Portugal
(Membro do Conselho Internacional da A. I. L. P.)

27 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

Associação República e Laicidade

Associação quer fim da mensagem de natal do Cardeal Patriarca de Lisboa na TV

Associação República e Laicidade defendeu esta terça-feira o fim da transmissão televisiva da mensagem de natal do Cardeal Patriarca de Lisboa, referindo que já existe um espaço específico na televisão pública para as várias comunidades religiosas. “A Associação República e Laicidade …

Correio da Manhã – ler Aqui

Diário de uns Ateus – Parabéns à AReL.

25 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança

O PR francês e a laicidade

Le Figaro.fr e a AFP informaram que o PR francês, Sr. Macron, recebeu no Palácio do Eliseu, representantes das ‘seis principais religiões’ (i.e., as de maior poder financeiro e peso eleitoral).

Na sequência da audiência concedida, no dia 21 deste mês de dezembro, aos dignitários das Igrejas católica, protestante, ortodoxa, muçulmana, judia e budista, afirmou-lhes que estaria “vigilante” quanto ao risco de uma “radicalização da laicidade”.

Não se admitindo que o PR francês desconheça a matriz centenária da Constituição, que o obriga a defender a laicidade, só a demagogia explica a prometida vigilância, como se a maior virtude e exigência das democracias fosse crime.

Quanto à “radicalização da laicidade”, paradoxo que só pode nascer na cabeça obtusa de um clérigo ou na subserviência torpe de um político sem coluna vertebral, urge explicar-lhe que a radicalização da neutralidade, seja no que for, é uma impossibilidade conceptual.

«A França tornou-se oficial e expressamente um Estado laico a partir da promulgação de sua Constituição de 1958, tendo os limites do conceito de laicidade sido positivados desde 1905, na “Lei de Separação”, onde consta:
Art. 1º: A República assegura a liberdade de consciência. Ela garante o livre exercício das religiões.
Art. 2º: A república não reconhece, não assalaria e não subsidia nenhuma religião.»

Macron esquece os deveres a que está obrigado para salvaguardar o seu futuro político, mas hipoteca a vigilância do proselitismo que dilacera a sociedade, na luta religiosa pela quota ou hegemonia do mercado da fé.
Não há democracia nem liberdade religiosa sem a laicidade, isto é, sem a neutralidade religiosa do Estado, a quem cabe defender todas as crenças, descrenças e anti crenças.

Parece ignorar as guerras religiosas que dilaceraram a Europa, até à paz de Vestefália, e que continuam a ensanguentar o mundo!

17 de Agosto, 2016 Carlos Esperança

Laicidade – O que esconde o Burkini?

Em França, os autarcas estão a proibir progressivamente o ‘burkini’ em praias e piscinas públicas, em nome da segurança, depois de conflitos violentos entre islamitas e não islamitas.

A religião tem um potencial de detonação de violência e ódio que não pode surpreender-nos, e adiar decisões que minimizem os conflitos não é a melhor solução.

O burkini, feito do mesmo tecido do biquíni, não pode ser proibido em nome da higiene, e o respeito pelas liberdades individuais devia admiti-lo pois, ao contrário da burka e do capacete das motos, não ocultam a identificação que as razões de segurança impõem.

A questão reside no confronto que o Islão procura e a extrema-direita europeia aplaude, uma exibição da pertença religiosa que faz parte do proselitismo e que o comunitarismo estimula para fazer prova de força e provocar o martírio que atrai indecisos para a jihad.

A Europa, que amoleceu a defesa da laicidade, encontra-se sem armas e sem razão para proibir no espaço público, que deixou confiscar por outras religiões, adornos que visam o confronto, e é obrigada, em nome da democracia, a defender os provocadores.

Todas as religiões têm uma agenda política, e os monoteísmos prosélitos não descuram o seu cumprimento. O cristianismo não deixa de impor nomes de santos a cidades, vilas, aldeias, bairros, ruas e aeroportos, e tenta colocar a parafernália pia, crucifixos, imagens de santos e da Senhora de Fátima, nos corredores das enfermarias dos hospitais públicos e nas paredes dos edifícios do Estado e das autarquias, em Portugal.

Quando tal acontece com o cristianismo, cuja repressão sobre o clero, levou à aceitação da laicidade, sabe-se o que acontece com o mais implacável dos monoteísmos, na fase atual, em obediência ao guerreiro a quem atribuem a cópia grosseira do judaísmo e do cristianismo, sem Renascimento, Reforma, Iluminismo e Revolução Francesa!
Não é por mera devoção que, aos fins de semana, hordas de muçulmanos de várias localidades invadem Paris e fecham ruas ao trânsito para rezarem virados para Meca.

As religiões são associações de crentes, que devem ser respeitadas e submetidas a todas as obrigações legais de qualquer outro tipo de associação. Sem imposição do laicismo, sem efetiva separação das Igrejas e do Estado, as medidas avulsas estão condenadas ao fracasso.

O burkini não esconde o corpo da mulher (direito que lhe assiste), exibe a submissão à religião e ao homem e indica a vontade de provocação a uma sociedade secularizada e cosmopolita que o Islão está apostado em destruir.

burkini_Islamo

11 de Agosto, 2016 Carlos Esperança

Atropelo à laicidade_2

Silly season – A Casa da Moeda e o fervor religioso

Os responsáveis pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda, atentos aos anseios do País, tinham programado lançar uma moeda de dois euros com a efígie do Papa Francisco. A ideia de cunhar tal moeda devia merecer a severa condenação dos poderes públicos ou uma valente gargalhada, o que não aconteceu, por falta de ética republicana, no primeiro caso, ou de sentido de humor, no segundo.

A tentativa de cunhar uma moeda de 2 euros com a efígie do papa Francisco não nasceu na sacristia, surgiu num organismo do Estado onde o proselitismo religioso é descabido e a laicidade uma exigência legal. Valeu-nos a recusa do Vaticano e a condenação da deputada Isabel Moreira, para salvar o País da vergonha.

É de crer que, depois de uma moeda de 2 euros com o Papa, surgisse uma de 1 euro com o patriarca de Lisboa, outra de 50 cêntimos com o rabino de Lisboa e moedas de 20 e 10 cêntimos, para os trocos, respetivamente com o sheik Munir e um pastor da IURD.

Finalmente, a Casa da Moeda havia de querer cunhar uma moeda de ouro de 500 € com a imagem da Sr.ª de Fátima e, talvez de 1000, com o próprio Deus. Foi preciso travar a Administração.

A falta de pudor republicano e a iliteracia cívica produzem estas parvoíces.

https://www.noticiasaominuto.com/politica/634909/era-o-que-faltava-o-pais-andar-com-uma-moeda-com-a-cara-do-papa

17 de Junho, 2016 Carlos Esperança

O PR e as peregrinações

Depois do beija-mão ao Papa, um ato de subserviência pia que transforma um País num protetorado do Vaticano, o PR volta a esquecer a função e participa em maratonas pias.

O cidadão Marcelo pode defumar-se em incenso, viajar genufletido à vota do oratório de casa e empanturrar-se de hóstias, o que não pode é submeter a República à benzedura de um bispo, participar como Comandante Supremo das FA em peregrinações, novenas, missas de ação de graças ou penitências pelos pecados próprios e alheios.

Um jurista eminente, não pode esquecer a Constituição, no êxtase da transubstanciação da hóstia, no consolo do borrifo da água benta ou na persignação ao ritmo do comando de um clérigo.

A ética republicana é incompatível com exibições públicas de fé, propaganda religiosa e devaneios beatos.
Uma lufada de ar fresco do novo PR ressarciu o País da horrenda herança do antecessor e não pode transformar o ar que tornou mais respirável num gás poluído pela sacristia.

Assim, não! A laicidade é um valor que não pode estar à mercê das crenças do PR.

17 de Junho, 2016 Carlos Esperança

Uma vergonha nacional e um atentado à laicidade

Ordinariato Castrense: Militares e polícias peregrinam ao Santuário de Fátima em encontro nacional

Presidente da República participa na peregrinação jubilar esta sexta-feira

Lisboa, 16 jun 2016 (Ecclesia) – A Peregrinação Militar Nacional a Fátima começa hoje e o bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Manuel Linda, revelou à Agência ECCLESIA que o presidente da República Portuguesa vai participar na Eucaristia de encerramento esta sexta-feira.

4 de Junho, 2016 Carlos Esperança

A frase

«Ninguém sabe quanto dinheiro público é anualmente desviado para cultos, entre subvenções diretas e indiretas, impostos perdoados, ‘ajudas’ disto e daquilo».

(Fernanda Câncio, ontem, no DN, pág. 7)

in A mesquita e o nosso nariz.