É mais fácil saber o nome dos presidentes dos clubes de futebol do que saber o que é o Boko Haram.
Aliás, tudo o que diz respeito a África e à negritude é habitualmente ignorado, como se ainda se discutisse se os negros têm alma ou não, o que permitiu a escravatura, com boa consciência cristã. A fome, a doença e o sofrimento são ignorados pelo ramo caucasiano que muito provavelmente descende dos negros.
Pois bem, na zona do Sahel trava-se uma batalha feroz entre o islamismo retrógrado e o protestantismo evangélico, respetivamente financiados pela Arábia Saudita e evangélicos norte-americanos.
O Boko Haram é um grupo terrorista que jurou fidelidade ao Estado Islâmico e anseia criar o califado na Nigéria. A sharia tornou-se lei no Norte, com maioria muçulmana, enquanto o Sul, com maioria cristã, a repudia. O crescimento da população muçulmana, é uma ameaça para os cristãos. Além de raptos e torturas, calcula-se em15 mil mortos e mais de 2 milhões de deslocados a tragédia provocada pelo bando sinistro que estendeu a jihad ao Níger, Camarões e Chade.
No Níger, depois de várias vitórias sobre o sinistro grupo que sequestrava meninas para começam uma vida nova como servas, está a desagregar-se com múltiplas deserções de combatentes da fé.
Considero esta notícia bem melhor e mais importante do que o resultado das eleições no Sporting.
Apesar das gordas quantias que a ICAR recebe do Estado espanhol, 25,8% dos espanhóis, declaram-se não crentes.
E nenhum Governo, de direita ou de esquerda, tem coragem para pôr termo ao abuso eclesiástico que defrauda o erário público!
O sionismo político, nascido em 1897, e a Declaração de Balfour de 2 de novembro de 1917, que referia a intenção do governo britânico de facilitar o estabelecimento do “Lar Nacional Judeu” na Palestina, concretizaram-se em novembro de 1947, com a ONU a recomendar a divisão da Palestina com o Estado judeu, ficando sob a sua administração direta a cidade de Jerusalém, eterna referência dos 3 monoteísmos.
O plano foi aceite pelos líderes sionistas e rejeitado pelos árabes, e não mais houve paz na região. Israel declarou a independência em 14 de maio de 1948, quando as memórias do antissemitismo e da crueldade nazi, que exterminara 6 milhões de judeus, eram ainda demasiado vivas.
Cabe aqui referir que a perversidade nazi foi um fenómeno puramente secular, mas não lhe foi alheio o antissemitismo do Novo Testamento, que uniu os cristãos (protestantes e católicos) no ódio aos judeus e na colaboração com nazismo, fornecendo-lhe os bispos a relação dos batismos para mais facilmente identificar os judeus.
A história está escrita, mas o que assusta é o livro em branco do futuro. Israel, que deve a sua fundação à ONU, desrespeita hoje as suas resoluções. As vítimas de ontem são os carrascos de hoje, na Palestina. Israel persiste na ilegal e provocatória intenção de criar novos colonatos no território palestiniano. Reivindica os direitos do Antigo Testamento, onde a hipotética Conservatória do Registo Predial Divino lhe confere a propriedade da Palestina.
O ‘tweet’, hoje referido no El País online, onde o PR eleito dos EUA, Donald Trump escreveu «Continua forte Israel, o 20 de janeiro aproxima-se rapidamente» (tradução minha), contraria a posição política do ainda presidente Obama e torna-se aterradora para o mundo a transferência do poder nos EUA, de um político para o empreiteiro.
Donald J. Trump ✔ @realDonaldTrump
Doing my best to disregard the many inflammatory President O statements and roadblocks.Thought it was going to be a smooth transition – NOT! (Tweet citado).
Escreve Ana Markl: “Venham impor-me o protocolo que eu vos digo o que me passou pela cabeça quando uma senhora me disse que “devia ter havido missa” no funeral do meu pai ateu”.
Marcelo é um católico fervoroso. É um direito e um dever para quem acredita e pratica uma religião. Não deixa de ser, por isso, um PR com notável sentido de Estado, nem o cidadão culto e inteligente que transmite felicidade com a simpatia que irradia.
Depois de um presidente detestável, inculto e rancoroso, mais empenhado nos interesses da família do que no interesse dos portugueses, Marcelo é uma lufada de ar fresco. Não seria a prática religiosa que me impediria de votar nele se, acaso, as opções ideológicas coincidissem.
O que o cidadão Marcelo não pode fazer, como Presidente da República, é praticar atos de subserviência perante os dignitários do clero romano. Se na intimidade da sacristia oscula partes de um clérigo, é uma manifestação pia que só ao próprio diz respeito, mas se, perante as câmaras, no espaço público e em exibição pia, vai ao beija-mão ao papa e ao cardeal, é a dignidade da República que fica ferida.
A República Portuguesa, onde ele simbolicamente é o representante máximo, não é uma sucursal do Vaticano nem o Palácio de Belém uma sacristia.
O beija-mão ao cardeal dos colégios amarelos é um ato indigno do mais alto dignitário da República e o simbolismo da espinha que se curva e do ósculo que depõe no anel do purpurado é uma humilhação para quem deve viver de pé para ser respeitado por todos, crentes e não crentes.
Na República não é o PR que vai ao Paço episcopal, em desatino místico, lamber o dedo ao cardeal, é o bispo que deve obediência ao Presidente de todos os portugueses.
E, perante o Papa, são dois iguais na chefia do Estado.
Há tradições que o decoro e a democracia não podem manter.
No dia de hoje, Venho desejar a todos os leitores um feliz «dia da família e da fraternidade universal».
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.