15 de Março, 2017 Carlos Esperança
O Tribunal Europeu de Justiça (TEJ) e a exibição de símbolos religiosos
Conciliar a liberdade e o proselitismo religioso é tarefa difícil, na Europa, onde alguns imigrantes desprezam a cultura autóctone e fazem provocações. É neste contexto que o TEJ concedeu ontem às empresas europeias o direito de proibirem aos trabalhadores o uso de símbolos religiosos visíveis nos seus locais de trabalho.
Não é o uso que se proíbe, é a exibição, e conhecemos a vocação religiosa para afrontar a laicidade, que faz parte do ethos civilizacional que urge defender, e está a ser atacada.
Esta jurisprudência tem contra ela prosélitos de várias religiões, intelectuais de vários matizes e sobretudo a cobardia do politicamente correto.
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que insiste em ornamentar as cerimónias profanas com as vestes talares dos seus dignitários e acolher os governantes sob o pálio, já contestou a decisão e avisou que pode estender-se a todos os sinais religiosos. Claro que pode (aos ostensivos) e, na minha opinião, deve. Um padre, pode ser médico, e não deve dar consultas de batina e colar romano num hospital público. Um bispo também, mas não lhe deve ser permitido levar a mitra e usar o báculo para apontar a anatomia do corpo humano. E isto é válido para um rabino, um mulá, uma devota do véu romano e frades e freiras de qualquer religião.
Paulo Mendes Pinto, fundador da Academia Europeia das Religiões, um académico que estimo, afirmou que, na véspera das legislativas na Holanda, “o timing desta decisão não podia ser pior”. Conheço este diretor da Licenciatura e do Mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, onde também dirige o Instituto Al-Muhaidib de Estudos Islâmicos. Habitualmente estamos de acordo, agora não.
A comunicação social dá relevo a todas vozes contra a decisão do TEJ sendo omissa em relação às favoráveis. Aqui fica o meu aplauso. De pé.
Quanto à proibição do véu islâmico por uma empresa, que agora viu reconhecido o seu direito, em nome da neutralidade religiosa que exige no local de trabalho, levantam-se vozes a dizer que muitas mulheres vão ser excluídas do emprego.
Lembro-me do Sr. Lopes, padeiro e alcoólico, perplexo perante o anúncio televisivo da lei que limitaou o consumo de álcool aos condutores. Ele, que não tinha carro nem carta, exclamou: «Então, a partir de agora, não se pode conduzir».
Talvez possamos compreender a posição de José Rentes de Carvalho, democrata que teve de exilar-se durante a ditadura fascista e hoje um conhecido escritor luso-holandês: “O problema é que ele (Wilders) não pode realizar o que promete, pelo que votar nele é uma forma de protesto. Por isso vou dar o meu voto a Wilders (líder da extrema direita).
Não podemos continuar a ignorar as agressões do fascismo islâmico à cultura europeia.