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25 de Maio, 2017 Luís Grave Rodrigues

Bíblia

25 de Maio, 2017 Carlos Esperança

A intolerância hindu

Ontem, 24 de maio de 2017, um dia depois do trágico atentado de Manchester, surgiu a notícia da vandalização, no último domingo, da “Capela de Nossa Senhora de Fátima”, na localidade indiana de Godamakunta.

Fanáticos hindus atacaram o edifício, inaugurado a 13 de maio, e destruíram as imagens de Jesus, da Senhora de Fátima e restante iconografia católica. A demência pia contagia todas as religiões, ainda que o hinduísmo não seja propriamente um teísmo, com as suas 330 mil divindades diferentes cultuadas, e sendo raro o culto da trindade Brama, Shiva e Vixnu.

Desta crença, onde a permanência das castas e a desonra das viúvas que voltam a casar, (deviam acompanhar o marido na pira funerária), são os aspetos mais repulsivos, temos a ideia de que o pacifismo é a sua matriz imperecível.
Uma crença com mil milhões de seguidores apresenta fatalmente nuances pioradas pelo nacionalismo hindu. Não esqueçamos que é a terceira ‘religião’ do Planeta, rivalizando com o número de não crentes, depois do cristianismo e do islamismo.

A mais antiga tradição viva, onde não há formalidades litúrgicas nem congregações de crentes, é vulnerável ao nacionalismo.

Nas últimas eleições regionais, em março, depois da vitória dos nacionalistas hindus, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, figura pouco recomendável, decidiu nomear governador do estado de Uttar Pradesh (200 milhões de habitantes), Yogi Adityanath, execrável sacerdote comunitarista hindu militante, reacionário, que incita ao conflito e à violência contra os muçulmanos (20% da população) e defende a Índia exclusivamente hindu.

No berço da ‘dinastia’ Gandhi, onde nasceu o pacifista Mahatma Gandhi, emerge agora, pela via democrática, um déspota desejado, com delírios de grandeza, a atiçar medos e a instigar a violência, acirrando ódios, e capaz de edificar um templo hindu no local onde os extremistas arrasaram uma mesquita em 1992.

A maior democracia do mundo está ameaçada através do voto, paradoxo que começa a repetir-se das Filipinas à Índia, da Europa ao Médio Oriente, num mundo que a religião corrompe e o populismo insano aproveita.

Escaqueirar a imagem da Senhora de Fátima é uma ínfima metáfora do ódio sectário de que as religiões são capazes.

23 de Maio, 2017 Carlos Esperança

O atentado de Manchester

Não podemos deixar-nos matar por quem prefere a loucura do seu Deus à sensatez dos homens. O islamismo não é apenas uma religião, é uma ideologia fascista alimentada pelos negócios do armamento e do petróleo, exacerbada no ocaso da civilização árabe.

As ruas das capitais europeias fecham-se ao trânsito até que mais uma das cinco orações diárias seja rezada. Nas mesquitas e madraças, os clérigos incitam ao ódio contra infiéis, e exigem, em nome da liberdade religiosa, o direito ao proselitismo. Quando matam em nome de um deus que não gosta de música, de carne de porco, de álcool ou da igualdade de género, dizem que são extremistas que não alcançam a mensagem de paz do Profeta.

E nunca dizem se o verdadeiro islão é o da Arábia Saudita onde se decapitam pessoas e se amputam mãos, o da Malásia onde se vai ao ponto de proibir o batom, o do Irão onde a forca é o divertimento pio dos aiatolas, o dos países onde se jura fidelidade ao ISIS, se pratica a escravatura, se faz a excisão do clitóris, e onde a mulher tem sempre um papel subalterno.

Certo, certo, é não haver um único país sob a lei islâmica que respeite a democracia, a justiça, a igualdade homem-mulher, a liberdade e os direitos humanos.

Ontem, em Manchester, foi de novo provocada a civilização pelos dementes do Profeta, numa orgia de terror e sangue. Tal como sob o estado nazi, de Hitler, ou sob o fascismo, de Mussolini, não há, na Europa, forças suficientes para combater o totalitarismo.

Sem coragem para exigir respeito pelo etos civilizacional que é a matriz da democracia, arriscamo-nos a regressar às guerras religiosas que, no passado, dilaceraram a Europa.

Basta!

23 de Maio, 2017 Carlos Esperança

Blasfémia e liberdade de expressão

A blasfémia, definida como insulto a Deus, é um ‘crime’ sem vítimas, mas um conceito perigoso para a liberdade de expressão.
 
A defesa da ofensa faz-se apenas nos Tribunais, de acordo com o Código Penal (CP), e é duvidoso que Deus se constitua como queixoso ou os crentes apresentem procuração para o representar.
 
No entanto, o anacrónico “crime” medieval, que conduzia às fogueiras, ainda subsiste, no CP de 8 países europeus, laicos e civilizados (Dinamarca, Áustria, Finlândia, Grécia, Espanha, Irlanda, Itália e Portugal) e, disfarçado de “ofensa aos crentes”, desde 1972, em ‘França’, onde foi abolido em 1791. Até no Reino Unido, que o suprimiu em 2002, já apareceu o deputado Jeremy Corbyn a evocar a possibilidade de o reintegrar.
 
A blasfémia é uma arma política para erradicar religiões minoritárias e um instrumento para condicionar a liberdade de expressão. O Islão serve-se da alegada ofensa para ver nela a apostasia (direto inalienável em países democráticos), para a condenação à morte.
 
É curioso haver um ‘crime’ que não causa dano, e que muda de trincheira consoante a religião dominante. Chamar amoral a Maomé, quando a religião ainda permite práticas pedófilas, sob o disfarce de casamento, é motivo para condenação à morte.
 
Criminalizar a blasfémia é confundir o bom ou mau gosto com um delito, e mantê-lo no Código Penal é um anacronismo de legisladores que preferem o comunitarismo à defesa dos valores individuais e sujeitar as sociedades ao risco da ‘verdade divina’.
 
A jurisprudência lusa privilegia a liberdade de expressão em detrimento do anacronismo legal, mas o mimetismo islâmico aconselha a abolição da reminiscência medieval.
 
As sociedades democráticas não acolhem bagatelas penais, aliás, injustas, mas a doença endémica das religiões – o fundamentalismo – pode irromper, sendo urgente eliminar a blasfémia do Código Penal e deixá-la no catálogo dos pecados com jurisdição exclusiva do Tribunal divino.
 
Nada impedirá a forma popular com que os espanhóis se dirigem à hóstia ou nomeiam a Virgem e, ainda menos, as blasfémias italianas, em particular as calabresas, que juntam a bela sonoridade da língua italiana para se dirigirem ao seu Deus.
 
Sendo a liberdade religiosa legitimada pela liberdade de expressão, é inconcebível que possa deslegitimar a fonte da sua própria legitimidade.
22 de Maio, 2017 Carlos Esperança

A indústria dos milagres e a continuação do embuste de Fátima

Vaticano: Dia de ação de graças por Santa Jacinta e São Francisco Marto

Iniciativa conta com a participação de uma delegação do Santuário de Fátima

Roma, 15 mai 2017 (Ecclesia) – Uma delegação do Santuário de Fátima está hoje em Roma para um dia de ação de graças pela canonização de Francisco e Jacinta Marto, dois novos santos da Igreja Católica.De acordo com o serviço informativo do santuário, o dia inclui esta manhã uma missa na Basílica de São Pedro, presidida por D. Angelo Amato, prefeito para a Causa dos Santos no Vaticano.

A partir das 16h00, o cardeal italiano profere uma conferência sobre ‘a santidade dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto’, na Universidade Gregoriana.

O programa da tarde abre com uma saudação do padre Nuno Gonçalves, reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana, prosseguindo depois com uma intervenção de Marco Daniel Duarte, diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima, dedicada à “narrativa de Fátima, fontes e interpretações”.

Depois da referida palavra de D. Angelo Amato, será a vez do bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, dirigir umas palavras aos participantes.

Francisco e Jacinta Marto, dois dos videntes de Fátima, dois jovens irmãos que faleceram ainda durante a infância, foram canonizados no dia 13 de maio no Santuário de Fátima pelo Papa Francisco,  por ocasião do Centenário das Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria.

Uma semana depois, este dia de ação de graças pela canonização dos dois pastorinhos, no Vaticano, vai incluir à noite um  concerto de Giampaolo di Rosa na Igreja de Santo António dos Portugueses.

21 de Maio, 2017 Carlos Esperança

Sessenta anos depois… Um texto atual

“A educação religiosa, visando a incutir crenças indemonstráveis e emoções particularistas em idades nas quais o senso crítico é tão impossível quanto a credibilidade é absoluta, representa antes de tudo na ordem moral um crime análogo ao que na ordem jurídica se chama abuso de confiança.

O educador não tem, nos domínios da inteligência, o direito de impor uma fé, mas apenas o de demonstrar noções susceptíveis de prova, como no terreno afectivo e moral, não tem senão o direito de evocar e dirigir sentimentos de sociabilidade, indispensáveis à vida colectiva. Impor uma crença religiosa (e inculcá-la ou sugeri-la à infância o mesmo que é impô-la) significa desviar o espírito da sua evolução natural do estado teológico para o estado científico; por outro lado, determinar emoções religiosas é criar o estado afectivo da intolerância, que sempre caracterizou as seitas místicas e politicas, contribuir, portanto, para a insociabilidade.

Ninguém tem o direito de praticar esta dupla monstruosidade, como ninguém tem o direito de anquilosar uma articulação, de atrofiar um musculo, de impedir ou desviar a função de um órgão. Os que invocam a liberdade para ministrar na escola o ensino religioso, esquecem-se de que o seu funda- mental direito não é ilimitado, antes acaba no momento em que esse uso por parte do homem implica um obstáculo ao desenvolvimento natural doutros homens.

O menor dos perigos da educação religiosa é criar nos espíritos uma série de fantasmas intelectuais e de tendência emotiva, cujo combate na juventude ou na idade madura importa um exaurimento profundo e um desequilíbrio nervoso muito longo.

Na hipótese desfavorável de uma predisposição psicopática, esse combate é ponto de partida para a alienação mental, de que temos observado alguns casos, característicos sob a forma obsessiva e melancólica”

JÚLIO DE MATOS

In “O positivismo na vida e obra de Júlio de Matos” – Anais Portugueses de Psiquiatria vol. VIII, n.º 8 Dez 1956 – pág. 62

20 de Maio, 2017 Carlos Esperança

A rainha Isabel e a cidade de Coimbra

Isabel de Aragão, beatificada por Leão X, em 1516, foi canonizada por Bento XIV, em 1742, com mais de 4 séculos de defunção.

O milagre obrado à saída do castelo do Sabugal, transformando em rosas o pão que levava aos pobres, quando o rei a surpreendeu, valeu-lhe a veneração pública e tornou-a credora da devoção coimbrã.
A santidade mereceu-a com o casamento aos 12 anos, idade em que são recomendados brinquedos e não mancebos. Nem precisava do milagre.

D. Dinis encomendou-a em fevereiro e fez a boda em junho, no Ano da Graça de 1282, fazendo com que os reis da França e da Inglaterra fossem procurar outras para os seus filhos, pois o pai da futura santa, o rei Pedro III de Aragão, preferiu entregá-la a quem já era rei, em vez de um dos dois que viriam a sê-lo, perante três pretendentes.

A Rainha Isabel era sobrinha de outra santa do mesmo nome e também rainha, nascida 6 décadas antes e que fizera o mesmo milagre, o que levou alguns céticos a pensar que se tratava de um truque de família.

Não sendo a Rainha Santa Isabel, a de Coimbra, tão santa como a tia, a quem apareceu a ‘Nossa Senhora’, cercada de anjos, e a prometer-lhe o céu dias antes de ser chamada à presença do seu divino filho, não deixou de entrar no devocionário dos autóctones.

Não sei se foi promessa ou subserviência pia o que levou o edil Carlos Encarnação, um autarca do PSD, a mandar arrasar as placas toponímicas da Ponte Europa e a substituí-las por outras com o nome de «Ponte Rainha Santa Isabel».

Não ficou mais rica a cidade, nem mais valorizado o autarca, mas ficou mais pia a ponte e mais desencardida a alma do ex-ajudante de Dias Loureiro, no consulado cavaquista.

19 de Maio, 2017 Carlos Esperança

Não sendo surpresa…

Impressionante! Até onde foi a Igreja Católica!

A simbiose entre o regime fascista de Benito Mussolini (1883-1945) e o papado foi crucial para que o ditador consolidasse seu domínio da Itália a partir dos anos 1920, afirma o historiador americano David Kertzer, da Universidade Brown.
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18 de Maio, 2017 Carlos Esperança

A laicidade é uma exigência democrática

A palavra francesa (laïcité) entrou no dicionário Littré, em 1871, no ano da Comuna de Paris, que desejava a separação da Igreja católica do Estado. A violência de então, com fuzilamento de vários membros do clero, associou injustificadamente a ‘laicidade’ ao anticlericalismo, que combatia a permanência do clero nos corredores do poder.

Talvez se encontre na autonomia do poder político face às Igrejas e destas em relação ao poder político, a animosidade dos parlamentares católicos que se opuseram à lei de 9 de dezembro de 1905 que, ainda hoje, vigora, enquanto os protestantes não a combateram. Estavam vivas as recordações da monarquia católica de direito divino que, ainda hoje, despertam a nostalgia da monarquia de crentes contra a República de cidadãos eleitores.

O reconhecimento de uma ou de várias Igrejas pelos Estados democráticos, bem como a separação de qualquer confissão, não refletem maior ou menor liberdade religiosa, dado que as democracias liberais respeitam as crenças, descrenças e anti-crenças de cada um, enquanto as religiões, só obrigadas, se conformam com crenças alheias.

A laicidade dos espaços públicos e a não discriminação são uma garantia da liberdade e da igualdade das diversas confissões religiosas. O exemplo da Igreja ortodoxa, sempre presente nas cerimónias do Estado e com vasto ascendente nas instituições políticas, ou o caso extremo do Islão, em que todos os poderes do Estado, as regras de alimentação e vestuário e a obrigatoriedade da fé estão contidas no Corão, deviam servir de vacina aos países onde predominam as práticas cristãs e serem as Igrejas a exigir o cordão sanitário que as separe da política.

A Igreja católica está, hoje, longe de ser a mais ligada ao poder político, apesar da gula com que parasita os Estados com quem assina Concordatas. Além do caso patológico do Islão, existe a Igreja ortodoxa sempre ligada ao poder político (Rússia e Grécia) e no caso da Grécia, com a Constituição ainda promulgada em nome da Santíssima Trindade.

No Brasil as Igrejas evangélicas já dominam os meios de comunicação e o aparelho de Estado e, até nos EUA conseguiu o domínio do Partido Republicano, apesar do Estado não poder subsidiar qualquer culto.

No mundo globalizado, onde a diversidade religiosa passou a ser uma constante, não há outra forma de conter a vocação totalitária das religiões maioritárias, nem o proselitismo das minoritárias, sem reforço da laicidade, posição que desconhecem os oportunistas de vários partidos, na caça ao voto, e os devotos ensandecidos pela fé.

Se o nazismo quiser gozar de imunidade e impunidade basta transformar-se em religião. Em vez de líder use nomes como mulá, bispo, mufti, aiatola, cónego ou rabino e dê aos livros com que intoxica os devotos a santidade com que as religiões sacralizam os seus, apresentando-o como palavra revelada que conduz à salvação. E os antifascistas serão acusados de racismo e nazifobia.

«O Estado também não pode ser ateu, deísta, livre-pensador; e não pode ser, pelo mesmo motivo porque não tem o direito de ser católico, protestante, budista. O Estado tem de ser cético, ou melhor dizendo indiferentista» Sampaio Bruno, in «A Questão religiosa» (1907).