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18 de Abril, 2004 Carlos Esperança

Capelanias hospitalares

A existência de capelanias hospitalares, é uma iniquidade (o mesmo vale para as capelanias militares). Trata-se de assistência religiosa católica, comparticipada pelo Estado a 100%, enquanto às outras religiões se lhes reserva o simples consentimento de entrada no mercado da fé, sem garantia de quaisquer honorários nem a mais leve possibilidade de competição em regime de igualdade.

Mas, contrariamente aos medicamentos em que o mesmo princípio activo goza de igualdade de tratamento legal na comparticipação, no que diz respeito às religiões tal não é possível. O Estado emprega nos hospitais um capelão, mantido pelo orçamento em regime de dedicação exclusiva, garantindo assim aos enfermos a confissão, a missa e a unção, deixando-lhes apenas a penitência sem comparticipação. Quanto às outras religiões reserva-lhes uma mera autorização de acesso aos hospitais, e aos seus ministros o simples regime de chamada, o que está certo.

O argumento é a tradição, argumento desajustado à defesa do sinapismo, da prática da sangria ou da aplicação de sanguessugas, mas que resulta na defesa do monopólio religioso.

18 de Abril, 2004 Aires Marques

O Equívoco

Gostei tanto desta citação que alguém colocou como comentário num dos artigos do colega Carlos, que não resisti a dar-lhe algum destaque extra:

“Deus é o único equívoco que eu não posso perdoar à humanidade” Marquês De Sade.

Aires Marques

17 de Abril, 2004 Carlos Esperança

A igreja católica é ferozmente anti-semita

Na Polónia católica, na Hungria e Eslováquia, predominantemente católicas, o anti-semitismo, proibido pelos regimes comunistas, reapareceu recentemente no domínio público e a ICAR (igreja católica apostólica, romana) é o instrumento desse desvario, suportado no Novo Testamento, esquecida da sua cumplicidade na eliminação dos judeus pelos regimes nazi-fascistas.

É possível combater o racismo e o ódio que bolsa um livro fascista, é impossível usar os mesmos critérios para um livro que centenas de milhões de crentes atribuem a Deus. Nuns casos é crime, noutros revelação divina.

O direito que a ICAR se atribui, aliás obrigação, de evangelizar todos os homens e a convicção de que fora dela não há salvação, tem levado os seus sequazes a tentarem evangelizar o planeta. E a política imperialista do Vaticano é, ainda hoje, prosseguida pelo último ditador europeu que dispõe de um Estado – o papa –, e a aplica com recurso à intriga, suborno e chantagem sob o manto da diplomacia.

Segundo a jurisprudência de Nuremberga «a pertença voluntária a uma organização criminosa é, em si mesma, um crime», culpa jurídica que ninguém se atreve a formular contra uma religião.

Os Evangelhos foram escritos algumas décadas depois da morte de Jesus e reflectem o racismo e preconceitos que alimentavam a rivalidade com o judaísmo, no fim do séc. I, quando a separação estava consumada.

Querem os cristãos renunciar ao livro que julgam revelado por Deus ou manter-se fiéis, continuando a perseguir os judeus? Esse é o dilema de milhões de crentes para quem o anti-semitismo bíblico não é acessório, mas fundamental, e não pode ser expurgado, sob pena de deixarem Deus mal colocado.

A bíblia não perdoa aos judeus terem matado o filho de Deus mas aceita que os cristãos eliminem milhões de inimigos, com grau de parentesco provavelmente menor.

16 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Citação do Dia

A religião nasce das concepções restritas do homem.

Friedrich Engels

16 de Abril, 2004 André Esteves

HUUuuummm!!! Ganda passa, meu!!

Saiu recentemente, pela VitaminaBD, um Comic sobre a vida de jesus inspirado nas ultimas especulações sobre os poderes curativos de cristo.

– A Vida de Jesus, por Gerhard Haderer. ISBN: 972-8658-37-0

Hilariante!!! Para não falar no trabalho artístico a óleo e no humor pequeno e grande que invade todos os quadros…

É um facto que um grande número dos milagres, a que cristo está associado no novo testamento, é o da cura da cegueira…

Ora, a cannabis é um potente anti-inflamatório dos olhos. Hoje utilizamo-la para curar doenças oftalmológicas como o glaucoma. Sabendo nós, que desde o judaísmo primevo se utilizava o cannabis nos óleos e incensos rituais, podemos nos perguntar se cristo não teria descoberto outras aplicações, além das «habituais» para este material ritual…

Claro que, as referência a milagres nos evangelhos podem ter sempre um segundo sentido…

Os autores dos evangelhos não se preocupavam com a verdade histórica como hoje a entendemos.

É interessante descobrir, que já o rabi Hillel terá utilizado os sacramentos com os mesmos fins…

E que ainda hoje, a igreja copta etíope os usa… E é considerado que o rito copta é o mais próximo e antigo que hoje temos do cristianismo original. Poderá a glossolalia de grupo ser provocada por excesso de consumo de marijuana?

No Pentecostes, terão ficado cheios de Espírito Santo porque descobriram o esconderijo secreto da ganja especial de Jesus Cristo? Ou seria o Santo dos Santos no templo de Jerusalém, o local da presença de deus na terra, um lugar sagrado devido às centenas de anos de queima de incenso/haxixe?

Nunca saberemos os pormenores… Mas há um mundo histórico que podemos tentar investigar. Os vislumbres são cada vez mais interessantes. Mas uma coisa temos certeza: as drogas, os deuses e os grupos humanos andaram sempre de mãos dadas…

Vai uma passa? Que fiquemos na paz do senhor….

Referências:

Crítica a livro sobre o cannabis e cristo no «The Guardian»

A Cannabis na bíblia

A igreja do THC (o elemento activo da marijuana e do haxixe)

16 de Abril, 2004 André Esteves

Quão moral és tu?

O jornal electrónico Philosopher’s mag propõe um jogo electrónico que permite avaliar o quão morais nós somos.

Uma experiência a fazer…

Taboo!!, um jogo.

NOTA: As perguntas podem ser de natureza adulta e polêmica…

Uma visita ao site associado Borboletas e rodas., também se recomenda. Os assuntos versados são a moral, a ética e as culturas associadas numa perspectiva cognitiva, psicológica e filosófica.

Depois de ler algum material destes sites, percebi porque é que deus não proibiu a fornicação anónima de frangos congelados…

15 de Abril, 2004 Carlos Esperança

Sousa Lara – um excelente católico, candidato a beato

Em 1992 o subsecretário de Estado da Cultura, Prof. Dr. Sousa Lara, excelente católico, temente a Deus, de confesso e prática eucarística frequentes, opôs-se a que «O evangelho segundo Jesus cristo» fosse candidato a um prémio literário europeu. Considerou que o livro ia «contra a moral cristã dos portugueses».

A Pátria ficou a dever ao Prof. Dr. Sousa Lara a mais corajosa tentativa de poupar o País à acção deletéria de Saramago, escritor que até o órgão oficial da Santa Sé apelidou de inveterado comunista. Bateu-se no PSD, em conferências e na comunicação social pelos sãos princípios e bons costumes, pela defesa da ordem, a restauração da monarquia e a propagação da fé. Combateu sempre o divórcio, a despenalização do aborto e das drogas leves, os vícios e o ateísmo militante. É um homem de respeito, um português de que a Pátria se devia orgulhar, um crente que não se afasta dos santos e rectos caminhos da Providência, em suma, o filho que muitas mães gostariam de ter.

É um cidadão com elevado prestígio entre o clero, a nobreza espoliada dos títulos nobiliárquicos e as senhoras da melhor sociedade da Linha. Além disso, mandou erigir uma cruz do amor numa propriedade.

No entanto, a providência divina não evitou ao serôdio cruzado, no âmbito do processo da “Universidade Moderna”, a acusação pelos crimes de “associação criminosa, administração danosa e apropriação ilegítima” nem ao perigoso ateu a atribuição do prémio Nobel da Literatura.

Só faltava a Sousa Lara que o actual primeiro-ministro viesse pedir desculpa pelo acto censório de então e convidasse o ateu censurado para um repasto na sua residência. Aconteceu hoje.

«Deus castiga os que mais ama». 😉

P.S. Sousa Lara considerou que as «tréguas», depois do almoço desta quinta-feira com Durão Barroso, ficam mal a este Executivo. «Se tivesse escrito bem sobre Cristo, ficava-lhes bem, agora aquela obra sobre Jesus Cristo não lhes fica bem, com certeza», declarou à TSF.

15 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Citação do dia

Tantos males a religião pôde aconselhar!

Lucrécio, in “Da Natureza”

14 de Abril, 2004 jvasco

Notícias acerca da IURD

O Jornal de notícias fez um conjunto de reportagens muito engraçado que vivamente aconselho.

Está tudo aqui.

14 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Novo destino: Balazar

Na última edição do semanário Expresso, foi publicada, na Única, uma reportagem sobre a mundialmente famosa VIP de Balazar: Alexandrina.

A pequena freguesia poveira, aos fins-de-semana, cresce uns 200% e as filas (ou bichas, se quiserem ser mais tradicionalistas) de trânsito começam a mais de três quilómetros da vila. Os carros, como diz o jornal, têm um típico terço pendurado no retrovisor. Não são fornecidos dados acerca da panóplia de outros objectos comuns nas viaturas devotas: uma placa gravada com o nome e morada do proprietário adornada por uma santinha, uma Sua Senhora de Fátima fluorescente/que muda de cor de acordo com as condições atmosféricas (depois de se verificarem, claro), um CD – para evitar radares da polícia – e uma fita vermelha – para afastar o mau olhado – concorrendo com o terço no retrovisor, capas de assentos com bolinhas de madeira massajantes e duas almofadas de renda/clube de futebol e a colecção de K7’s dos maiores êxitos do Roberto Leal.

O sucesso deste novo destino religioso, ao que parece, faz sonhar a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e a Junta de Freguesia de Balazar com um santuário e novas acessibilidades. Mais uma vez, Igreja e Estado numa relação de promiscuidade.

Quem já beneficiou com este corrupio de fiéis são os donos dos cafés e a igreja onde está sepultada a venerável Alexandrina – as caixas registadoras… e as de esmolas não param de trabalhar.

Na recepção do templo, vende-se um pouco de tudo: pés, mãos, braços, fígados, pulmões, rins, ovelhas, vacas e cabritos, mas tudo feito de cera. Parece que é uma forma paga (duvido que com a aplicação da respectiva taxa de IVA) de agradecer à Santa. Para além disso, há também um serviço de aluguer de terços a que se pode recorrer no caso de esquecimento do dito no retrovisor do carro.

A casa de Alexandrina também faz parte do itinerário. O seu quarto, intacto desde a sua morte, com excepção para uma capa de plástico por cima da colcha da cama (que as pessoas beijam com esperança de serem abençoadas, apesar de não saberem se foi comunicada à cobertura alguma santidade) e uma fotografia em vez da santa, é palco para as mais variadas manifestações de devoção sendo a mais comum a saída com lágrimas nos olhos.

No fim da visita, à porta, está uma caixa de esmolas. Os santos não se auto-sustentam.