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17 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

A Bíblia, esse manual de maus costumes

Vítor Julião partilhou a publicação de O Herege

Ficção fantástica e a bíblia

A maioria das pessoas, mesmo sendo cristãos convictos, não acreditam nas estórias mais incríveis da bíblia tal como a dos animais falantes, ou o sol parando no céu por um dia, porque não há evidências corroborantes de que essas coisas tivessem acontecido. Eles lêem a bíblia como ficção fantástica e não há motivo para concluir o contrário.

Aqueles que acreditam nessas estórias, são forçados a fazê-lo pela fé, eles simplesmente optam por acreditar, sejam as estórias verdadeiras ou não.

Há uma aparente estória de fantasia que não é tão conhecida, mas pode minar toda a ideia do céu.
Apocalipse 21 fala sobre a chegada do reino dos céus e explica como isso acontecerá. Apocalipse 21: 2 diz como João viu a cidade de Jerusalém descer do céu: “E eu, João, vi a cidade santa, nova Jerusalém, descendo de Deus do céu, preparada como uma noiva adornada para o marido”.

O capítulo 21 descreve a cidade. É duma forma quadrada em que cada lado teria cerca de 12 000 estádios de comprimento. Um estádio bíblico é de cerca 600 pés, então cada lado da cidade é de 7 200 000 pés. Isto dá uma área total de cerca de 4 818 025 Km quadrados.

Soa um bocado grande.
E é.
Seriam precisos cerca de 45 países do tamanho da Inglaterra para criar uma área parecida. É quase duas vezes maior que a área da Índia e mais da metade do tamanho de todo o EUA.

Agora, tu podes prosseguir e acreditar que, se quiseres, a ideia duma cidade com mais do que o tamanho da Índia que flui do céu, tem credibilidade. Eu precisaria de algo bem mais convincente para não chamar isto de ficção fantástica. Mas não há nada para confirmar essa estória, tens que adoptá-la ou deixá-la.

Bom, então é assim: se isso é ficção fantástica, então significa que toda a estória do céu também é?

Traduzido e adaptado de Bill Flavell.

A maioria das pessoas, mesmo sendo cristãos convictos, não acreditam nas estórias mais incríveis da bíblia tal como a dos animais falante…
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16 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

Nem os milagres previsíveis acontecem!

Incêndios

Quando se julgava que o desastre já não podia ser maior, ardidas as florestas, devastadas as aldeias, o fogo chegou às cidades e consumiu casas no tecido urbano, depois de deixar corpos ardidos por onde passou.

Nas estradas houve pânico e as famílias, que ficaram com o telefonema interrompido de filhos ou pais, entraram em ansiedade até à chegada, horas depois, de novo telefonema a anunciar a aproximação. Mas foi no teatro dos incêndios que o desespero atingiu o auge e onde arderam vítimas, sem serem ouvidas, com os parcos pertences que defendiam.

De nada valeram as procissões e preces a pedirem a chuva anunciada pela meteorologia, e que não chegou. Nem os milagres previsíveis acontecem!

15 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa – Carta ao PR

Excelência
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) sente-se perplexa com as afirmações que a RTP lhe atribui, alegadamente feitas em Fátima e que, a seguir, se transcrevem:
“É em nome de Portugal, de todo o Portugal e de todos os portugueses, dos crentes e não crentes, católicos, cristãos, não cristãos, de todos eles, que aqui está o Presidente da República, cumprindo uma missão nacional”.
A serem verdadeiras as insólitas afirmações, o Estado laico, condição essencial de uma democracia, fica, na opinião da AAP, irremediavelmente comprometido com a atitude do PR que, de algum modo, estabelece uma lamentável confusão entre as funções de Estado e os atos pios do foro individual.
Que Sua Excelência acredite que, há 100 anos, o Sol bailou ao meio-dia na Cova da Iria, com uma réplica privada para o Papa, nos jardins do Vaticano, é um direito que a AAP defende, mas que participe, em nome de Portugal, num ato de marketing e promova o obscurantismo religioso da Igreja católica, entristece-nos e envergonha-nos.
Que sua Excelência se tenha permitido representar os não crentes, quando, nos negócios pios, nem os crentes tem o direito constitucional de representar, é uma atitude que merece o mais vivo repúdio da AAP cujos associados o respeitam como PR, mas não lhe conferem legitimidade para os representar.
A AAP denuncia a manobra obscurantista em curso e apela ao espírito crítico dos portugueses para que não creiam em afirmações infundadas ou, pelo menos, façam a distinção entre as crenças pessoais e o abusivo reconhecimento estatal da superstição.
Magoadamente, apresentamos a Vossa Excelência, os nossos cumprimentos.
14 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

Humor

11 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

O sexo e a ICAR

O padre Maciel falhou a santidade e Óscar Turrión uma fulgurante carreira eclesiástica.

João Paulo II, que começou a obrar milagres em vida, acaba por ser o único santo cujo passado está guardado.

Os seus diletos vão sendo alvo da vergonha ou da Justiça.

Vale a pena conhecer os Legionários de Cristo.

 

10 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

João César das Neves (JCN) – O 4.º pastorinho

João César das Neves consagrou a Deus, no último sábado, a habitual homilia do DN. O tema da prédica foi “A última hipótese”.

Cansado das asneiras políticas, voltou às religiosas, onde é mais hilariante. Não se pode excluir que as dores do cilício lhe provoquem visões do Divino. É de crer que só uma alucinação pia o pudesse ter inspirado a escrever: “Toda a humanidade acha que Deus deve estar muito ofendido.”

A facilidade com que exclui os ateus, racionalistas, céticos, agnósticos, enfim, todos os livres-pensadores, revela a visão totalitária do prosélito, mas é no humor que acaba por se distinguir como porta-voz de Deus.

O Deus de JCN é muito ofendido “com promoção aberta do aborto, eutanásia, adultério, homossexualidade, perversão, clonagem e manipulação embrionária”. Segundo JCN «a pergunta razoável, a única pergunta lógica perante este panorama é: “que devo fazer acerca disso?  Esta questão é urgente e implacável.”».

O devoto plumitivo diz que o que nos vale, até à “pequena minoria que não acredita na Sua existência (…) é Aquele a quem ofendemos ser paciente e compreensivo. Essa é precisamente a convicção de mais de metade da humanidade – cristãos, muçulmanos e judeus –, que acredita no Deus de Abraão.”.

A determinado passo da homilia, o catedrático de economia na madrassa de Palma de Cima, socorre-se de bibliografia: “Na Bíblia e no Alcorão são muitas as histórias dos tempos antigos em que o povo ofendeu fortemente a Deus, foi castigado severamente, mas, mesmo assim, tratado de forma muito mais benevolente do que merecia, sendo no final perdoado por Alguém que prefere sempre a misericórdia ao sacrifício.”

O vingativo Deus de JCN é parente afastado do Deus do Papa Francisco, mas o devoto prosélito, saído do Concílio de Trento, avisa, urbi et orbi:

“Na próxima sexta-feira passa o centenário de um acontecimento que é provavelmente a última hipótese da humanidade. O milagre do Sol, que aconteceu na Cova da Iria a 13 de Outubro de 1917, chamou instantaneamente a atenção de todo o mundo para a “mensagem de Fátima” onde, “A última coisa que a Aparição disse há cem anos foi:

“Não ofendam mais a Nosso Senhor, que já está muito ofendido!” Isto é algo que, como vimos, toda a gente do planeta consegue entender. Todos, [e insiste] mesmo os que não acreditam n”Ele, sabem bem por que razão Deus deve estar ofendido.”

Em delírio, JCN transforma a efeméride em acontecimento e, num tortuoso raciocínio, descobre e prescreve a terapêutica da salvação.  “Trata-se da primeira parte da mensagem de Fátima, a solução para esses males:

rezar o terço todos os dias, fazer penitência pelos pecadores e consagrar-se ao Imaculado Coração de Maria.».

É fácil, é barato e dá milhões… de assoalhadas no Paraíso.

Bem-Aventurado o 4.º Pastorinho porque dele é o Reino do Céu!

8 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

Carta aos crentes

Há crentes que acusam os ateus de intolerância. Se consideram intolerância a denúncia da hipocrisia, a defesa dos direitos humanos, o combate ao pensamento único e a defesa da liberdade, têm razão.

Se, pelo contrário, acham que somos capazes de defender o racismo, a xenofobia, o fascismo, uma qualquer ditadura ou restrições ao direito de associação, onde cabem as religiões, não nos conhecem.

Se um regime despótico privar os crentes de qualquer religião do acesso aos seus templos, do culto das suas crenças, do direito de reunião e da livre expressão escrita e oral, contará com a oposição determinada e a luta, sem tréguas, dos ateus.

A ICAR combate o que julga serem os nossos erros, nós combatemos o que pensamos serem as suas mentiras. Onde está, da nossa parte, a intolerância? Porventura propomos a punição de quem vive da exploração da fé? Queremos queimar os quatro evangelhos que Constantino coligiu dos oitenta que foram considerados para o Novo Testamento? Alvitramos coimas para quem se atulha de hóstias, faz jejuns, reza novenas ou exulta com procissões e peregrinações?

Podemos considerar burla o negócio dos milagres, a venda por atacado de indulgências, a purificação obtida com borrifos do hissope e condenar a atmosfera terrorista que as Igrejas criam com o temor do Inferno. Desmascaramos os negócios que fazem com os transportes do Purgatório, com veículos movidos a missas e oferendas, ou com óbolos que esportulam aos crentes para adquirir um estacionamento no Paraíso, mas não aceitamos perseguições, nem pedimos que nos deixem fazer homilias ateias nos seus locais de culto.

O cristianismo plagiou crenças antigas. Cristo não foi o primeiro a nascer de uma virgem, a ressuscitar ao terceiro dia ou a dedicar-se ao lucrativo ramo dos milagres. Não vem mal ao mundo que haja quem acredite no poder dos santos, nos dons do Espírito Santo ou na omnipotência divina.

O perigo reside nas perseguições a quem desmascara a tramoia, duvida de que o corpo e o sangue do JC se encontrem na rodela de pão ázimo após a transubstanciação, nega a eficácia da água benta ou a da oração no aumento da pluviosidade.

Não somos nós, ateus, que somos intolerantes. Somos solidários com os direitos dos crentes, mas não nos peçam que renunciemos a desmascarar quem os engana, explora e fanatiza.

5 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

No 5 de Outubro de 2017

 Viva a República!

Há 107 anos os heróis da Rotunda libertaram Portugal da monarquia e da ditadura a que João Franco imprimiu a crueldade e o rei a cumplicidade. A Franco-maçonaria divulgou os ideais republicanos e a Carbonária foi o braço armado para a sua vitória.

Foi o primeiro dia de liberdade para o ateísmo.

Depois da falhada revolta do 31 de Janeiro de 1891 e da imolação dos mártires, Manuel Buiça e Alfredo Costa, no dia 5 de Outubro de 1910 os vassalos tornaram-se cidadãos.

Portugal foi pioneiro na implantação da República e, com ela, caíram os privilégios da nobreza, o domínio da Igreja católica e os títulos nobiliárquicos. O escrutínio do voto substituiu o poder hereditário e vitalício; o Registo Civil obrigatório, os registos do batismo; a vontade popular, o direito divino; o direito ao divórcio, a indissolubilidade do matrimónio; a separação da Igreja e do Estado, a conivência entre o trono e o altar.

Em 5 de Outubro de 1910, às 12H00, na Câmara Municipal de Lisboa, a proclamação da República foi aclamada pelo povo e vivida com júbilo por milhares de cidadãos. É essa data gloriosa que hoje se evoca, numa homenagem devida aos seus heróis.

A 1.ª Grande Guerra devorou os recursos que escassearam para os grandes projetos da primeira República onde a Educação tinha lugar destacado. Não podendo vencê-la os monárquicos, disso se encarregaram os clérigos, o atraso de um povo, que a monarquia deixou analfabeto, e o Integralismo Lusitano que conduziram à ditadura fascista de que os militares de Abril nos libertaram, após 48 anos, na mais bela de todas as madrugadas.

5 de Outubro, 2017 Carlos Esperança

Viva a República

Foi a República que separou o Estado das Igrejas e substituiu os registos eclesiásticos dos batismos pelo Registo Civil obrigatório.

Viva a República!

Laica e democrática.