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9 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Ao Luís Almeida Henriques

Faz hoje 2 anos que foi a enterrar o médico ilustre, cidadão exemplar, democrata e homem solidário. No funeral, civil, à guisa de oração fúnebre, antes de baixar à cova, foi lido o texto que lhe dediquei. Aqui o publico para recordar o amigo e homenagear de novo Luís Almeida Henriques. E para dar a conhecer o homem, bom como poucos, e um cidadão como devia haver muitos: republicano, socialista, ateu.

Eis o texto:

Só as lágrimas amaciam esta revolta que sentimos. A tua ausência é chumbo derretido na ferida da saudade que abriste com o gume do teu enorme afecto.

A tua partida, Amigo, obriga-nos a uma dolorosa viagem à memória. E como pode ser tão sofrida essa viagem onde tropeçamos na esperança que transmitias, na alegria contagiante, na ternura com que nos envolvias!

Tu eras o rio impetuoso que não suportava as margens. Eras a voz irreverente de quem não se conforma com as injustiças, de quem acredita no homem e na sua capacidade de transformar o mundo. Foste voz de Abril antes da liberdade conquistada, para seres a consciência crítica dos que tão depressa se acomodaram. Sonhaste cravos antes de florirem. Não deixaste de os regar quando lhes quiseram roubar o viço ou desejaram vê-los murchar.

E nunca, mas nunca, foste neutral. Marginal, muitas vezes. Rebelde, sempre. Havia em ti um gosto irreprimível pela liberdade, tão intenso como o prazer da transgressão. E é nesse exemplo cuja memória guardamos que havemos de rever-nos nos dias que ainda tivermos, no tempo que ainda formos, nos tempos que nos desafiam a lutar pelos ideais que sempre foram teus e que serão sempre nossos.

Se há um paradigma de livre-pensador conseguiste-o. Empenhado em todos os movimentos cívicos em que te reviste, apoiante de todas as causas que julgaste justas, foste dos homens mais solidários e nobres que conhecemos. E dos mais fraternos. Foste excessivo a dar, sem nada querer de volta.

Amaste a Pátria por cuja liberdade arriscavas a tua. Amaste a família, os amigos, Viseu. À tua volta nascia uma tertúlia em cada mesa de café, em cada banco de jardim, em cada esquina onde paravas rodeado de afectos, em cada ágape que eras o primeiro a promover.

Há talvez uma década, num jantar de anos do Dr. Fernando Vale, maravilhado pela frescura do seu discurso, disseste que, enquanto vivesses, não lhe faltarias com o teu abraço em cada aniversário. E cumpriste. Não o farás pela primeira vez no próximo dia 30 de Julho, quando completar 102 anos.

Luís, tu não tinhas ainda que partir. Nem esperaste pelo solstício que se avizinha.

Não podias ter esperado um pouco mais? Não podias, ao menos, transferir a força do teu entusiasmo, a coragem e determinação que eram teu apanágio, para nos ajudares a defender as causas e os princípios que nos irmanaram?

Não. Claro que não. Tu já não vês sequer as lágrimas que as flores que te cobrem escondem nos nossos rostos. Dizem que é feio chorar. O raio que os parta, Luís. Feio seria não chorar um homem como tu, não sofrer a partida de um irmão destes, não sentir a perda de um amigo assim.

Fica em paz amigo, companheiro, camarada, irmão. Nós ficamos desolados.

Cemitério de Nelas, 10 de Junho de 2002

9 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Sobre a Concordata

Foi hoje publicada no Diário de Notícias, na secção Tribuna Livre, o texto do Diário de uns Ateus, com os cortes assinalados em itálico:

A cerimónia de despedida do núncio apostólico em Lisboa, em 2002 deixou as piores apreensões sobre os bastidores das negociações da Concordata.

O então MNE, Martins da Cruz, prometeu o que não podia, nem devia, prometer ? o reforço da influência da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) no domínio «do ensino, da assistência social, da cultura, nos múltiplos domínios em que nos habituámos a ver uma Igreja activa e empenhada em contribuir para a solução de problemas nacionais». É sempre através da rede de assistência social (lares, hospitais, escolas, creches, templos) que a Igreja se infiltra para controlar o quotidiano dos cidadãos. A tragédia dos países árabes onde o islamismo tem hoje a mesma influência que a ICAR tinha na Europa, na Idade Média, devia fazer reflectir os cidadãos, os crentes e os não crentes.

E, com total impunidade, afirmou ainda: «Como católico considero um privilégio ocupar a pasta dos Negócios Estrangeiros no momento desta importante negociação».

O país livrou-se do ministro mas não se escapou à Concordata.
A experiência de 1940 devia ter-nos vacinado contra a reincidência. A própria ICAR, refém da ditadura fascista e associada à repressão de meio século, devia evitar a tentação dos privilégios, embora ninguém, com privilégios, admita que os tem.

Acontece que esta Concordata foi negociada à sorrelfa e não foi fácil aceder-lhe, mesmo alguns dias depois de assinada. É importante discutir o texto que, depois de ratificado, se torna direito interno português, directamente aplicável.

A religião não se impõe por tratados nem a propagação da fé se confia aos Estados. O mundo islâmico é o exemplo trágico. A Concordata, não pode ser um tratado de Tordesilhas que submeta à órbita do Vaticano um país a que a Cúria trace o meridiano. A subserviência à tiara não augura um futuro de tolerância e esta revisão ficou à mercê do promíscuo contubérnio entre ministros de Deus e de Durão Barroso. O resultado está aí.

Não consta que a ICAR tenha sentido qualquer limitação ao exercício do seu múnus nestes anos de democracia. Que pretendia mais, ou o que pretende proibir?

A concordata fere princípios de universalidade e de igualdade de direitos e de obrigações, que a lei geral estabelece e acautela; opõe-se à lei geral na medida em que a ICAR exige tratamento especial naquilo que lhe diz respeito; e enuncia deveres religiosos como se o princípio da separação não impusesse ao Estado o total alheamento quanto a tais «deveres».

Por ser bizarro, cite-se o n.º 2 do Art. 15: «A Santa Sé, reafirmando a doutrina da Igreja Católica sobre a indissolubilidade do vinculo matrimonial, recorda aos cônjuges que contraírem o matrimónio canónico o grave dever que lhes incumbe de se não valerem da faculdade civil de requerer o divórcio».

Imagine-se que, por dever de reciprocidade, havia um n.º 3 com esta redacção: «A República Portuguesa, reafirmando a doutrina do Estado sobre o casamento civil, recorda aos cônjuges que contraírem o matrimónio civil o grave dever que lhes incumbe de se não valerem da faculdade canónica de requerer o matrimónio religioso».


Esta concordata não serve e outra não é precisa. Não foi objecto de negociadores, foi um arranjo de negociantes.

Talvez só o facto de ter sido assinada apenas entre Durão Barroso e o cardeal Angelo Sodano nos tenha poupado à primeira frase da de 1940: «Em nome da Santíssima Trindade».

8 de Junho, 2004 André Esteves

O estudo nunca parece avançar



O cartaz que podem ver em cima, estava hoje espalhado pela Universidade de Aveiro.

Aproveitando o período de exames, o CUFC ( uma instituição prosélita católica no meio estudantil), veio oferecer à comunidade mais uma oportunidade para ganhar paz de espírito por não ter estudado durante o ano inteiro. É de louvar!

Tenho assistido ao longo dos anos, à evolução da pastoral universitária e é com satisfação que constato que cada vez mais se parecem com os esforços evangélicos e protestantes ao apelar às massas universitárias. Há progresso! Apesar das afirmações do responsável da pastoral universitária, o senhor padre António Bacelar, «o nosso foco são os professores, os alunos entram e saem, os professores ficam.»

Receio no entanto, que toda esta gente tenha perdido o problema de vista. O nível de interesse e dedicação dos alunos diminui. O cansaço mental instala-se e a autoconfiança dos alunos arrasta-se pelas ruas da amargura, e chega ao ponto de, como alguns fidelíssimos professores afirmam entre si, o nível médio da inteligência dos alunos parecer ter diminuído. Já não é o mesmo de quando eram estudantes!

Segundo esta notícia o problema parece ter uma solução simples.

Sugeria, então, que o CUFC e tantas outras instituições do mesmo género, pegassem o touro do problema pelos cornos!

Aproveitando as amplas e confortáveis instalações de que dispõem poderiam disponibilizar espaços privados com respectivas instalações sanitárias, onde os estudantes poderiam, regularmente, resolver o seu problema, num ambiente sadio e fraterno como só estas instituições conseguem fornecer.

8 de Junho, 2004 Carlos Esperança

Consternação mundial – 1 morto

O falecimento de Ronald Reagan levou a comunicação social a enaltecer o papel do antigo presidente dos EUA. Houve uma quase unanimidade na exaltação das qualidades que exornaram o antigo presidente. O papa JP2, pese a pouca credibilidade que merece, acusou-o de ter «uma alma nobre» e ter «difundido a liberdade».

A generalidade dos órgãos de comunicação social teceu-lhe os maiores encómios. Foi assim que me dei conta do estado lastimoso da minha memória. Tinha uma ideia completamente contrária do indivíduo.

Só fiquei um pouco mais tranquilo quando li que o papa assegurou à viúva que «rezava pelo eterno descanso do seu esposo». Afinal não sou o único a sentir que ele precisa de muitas orações para se redimir do que fez em vida, ainda que a companhia não me agrade.

Mas já não é a primeira vez que me encontro do mesmo lado de pessoa tão pouco recomendável, João Paulo II. Aconteceu na ocupação do Iraque.

8 de Junho, 2004 Carlos Esperança

O menino Eleutério – 4.º conto piedoso (último)

Atanásio Barroso e Maria de Jesus já tinham passado os trinta anos de idade e, em conjunto, os trinta hectares de terra de semeadura e outros tantos de olival, vinhedo e pinhais, quando os amigos os empurraram para o matrimónio.

Nunca antes por ele outra se interessara nem ela a outro desejara, isto que se soubesse, que a mulher séria era vedado manifestar desejos de qualquer natureza. Daí que toda a aldeia os vissem virtuosos e talhados um para o outro. E assim foi.

Casados, e abendiçoados por um padre que a idade tornara casto e suspeito de santidade, dois anos se passaram com esforços inglórios e impertinentes perguntas dos vizinhos, sem que D. Maria de Jesus lograsse emprenhar.

Já julgava ela ser maninha, por ficar sempre forra, responsabilidade que tinha obrigação de assumir ainda que, e não era o caso, faltasse o marido ao cumprimento das obrigações matrimoniais. Moléstias de varão é que não são de admitir.

Bem sabia D. Maria de Jesus que ao marido cabiam apenas os êxitos, não devendo mulher séria pôr-lhe em dúvida os méritos ou queixar-se do desempenho como se tivesse direito, à guisa de mulher mundana, ter doutros desempenhos conhecimento que lhe permitisse comparação.

Começou a evitar o banho e a seguir melhor os conselhos de amigas que sorriam sem dentes por entre numerosa prole. Debalde. Fez então uma promessa à Senhora de Fátima. Com a reza diária do terço, em caso de sucesso, faria a pé as trinta léguas que a separavam da Cova da Iria. Assim a Virgem a ouvisse.

Eram votos formulados em Português, idioma que a Virgem mostrara dominar em confidências à Irmã Lúcia, numas deslocações que fizera a uma azinheira da Cova da Iria, e em que lhe deu conta dum atentado que um papa por nascer havia de sofrer, bem como doutras coisas excepcionais com que facilmente convenceu três crianças das virtudes terapêuticas do terço e da penitência.

Quem cedo adivinhou o mal que a Rússia espalharia pelo mundo, quem, suspendendo os hábitos dos astros na Cova da Iria, fez girar o Sol sobre si mesmo e o fez descer três vezes até à altura do horizonte, maravilhando 50.000 devotos, fácil lhe seria estimular a fertilidade duma devota.

Quem teve o poder de mostrar o Inferno e os seus horrores, destinados aos que se arredam das orações ou se baldam à penitência, não abandonaria quem cumpria as obrigações matrimoniais sem ter em vista outro fim que não fosse o da prossecução da espécie, sem laivos de lubricidade, sem sombra de pecado.

Ainda não tinha passado um mês sobre o piedoso voto e já, dia após dia, a ausência das regras prenunciava o êxito da fé. Esperou tempo suficiente antes de avisar o marido, não fosse a natureza pregar-lhe uma partida.

Depois foi esperar o que é hábito, chamar a entendida na altura própria para cortar o cordão umbilical, observar a criança e pronunciar o veredicto sobre o sexo.

Naquele Natal de 1940 aqueles pais nem se davam conta da guerra que grassava na Europa. Ouviam vagamente falar de Hitler com aquela admiração e respeito que merecem os Homens que amam a sua Pátria e se dispõem a combater judeus, ciganos, maçons e comunistas. E, graças a Deus, o Eleutério estava livre de tudo isso pelo nascimento e pelo baptismo que o Sr. Padre havia de celebrar no 30.º dia do nascimento com pompa, circunstância, muitos convidados e enorme quantidade de vitualhas.

O nome de Santo fora-lhe dado pelo Padrinho que desconhecia haver três, homónimos, sendo um Bispo, outro Papa e um terceiro, não menos virtuoso, companheiro de S. Dinis com quem partilhara o martírio.

Eleutério ficou aos cuidados da irmã da mãe, mais velha que ela dois anos, mulher austera e substancial, celibatária convicta, habituada às lides do campo, à prática religiosa e ao ensino da catequese.

A tia sabia da promessa. Isso bastou para cuidar do sobrinho enquanto a irmã e o cunhado se aventuravam nos caminhos de Fátima com bandos de peregrinos que engrossavam a cada momento. Suportaram a dureza da caminhada, resistiram sem um queixume, sem vacilação na fé, sem folga nas rezas.

Viveram intensamente a chegada à Cova da Iria e comoveram-se na procissão do Adeus. No dia seguinte, após as cerimónias a que presidiu um cardeal, partiram de regresso, agora de camioneta, cheios de cansaço e santidade.

Nesses dias Eleutério esquecera completamente a teta materna pela qual, em boa verdade, nunca mostrara a avidez dos filhos dos pobres. Ficou vedado.

Eleutério era nome rebarbativo que os pais acharam adequado à sua condição, e o Padrinho ao seu futuro, mas tão pouco eufónico e propenso a diminutivo que cedo passou a ser tratado por Barrosinho.

Cresceu a ouvir rezar pelo fim da guerra e, acabada esta, com dúvidas sobre quem seriam os melhores, continuou a ouvir rezar pela conversão da Rússia, pela paz, pelo Santo Padre, pelos governantes e por intenções avulsas que variavam em cada missa de acordo com as necessidades mais prementes. Frequentou a catequese com a tia, mudou os dentes e sobreviveu ao sarampo, às bexigas, ao crisma e ao exame do 2º. Grau.

No ano seguinte, feito o exame de admissão à primeira tentativa, entrou no Liceu onde, ao fim de 10 anos, completou o 7.º ano, a tempo de ir para Mafra frequentar o curso de Oficiais Milicianos e vestir uma farda ainda mais bonita que a da Mocidade.

Em 1966, depois de ter defendido a Pátria e a civilização cristã e ocidental em Angola, passou à disponibilidade com a patente de Tenente.

A mãe, senhora muito virtuosa, falecia alguns meses depois do regresso do filho. Diabetes ? dizia o médico ? estiveram na origem de muito sofrimento e da morte prematura. Logo a seguir finava-se o pai, de desamor pela vida e cirrose hepática.

Barrosinho, agora Sr. Barroso, ficou só no mundo. Por incapacidade dos pais, falta de promessas ou desacerto com as fases da Lua, vá-se lá saber, não tivera irmãos.

Deixou a tia, catequista e intratável, as propriedades e a aldeia. Rumou a Lisboa.

Respondeu a anúncios e, em breve, encontrou emprego numa empresa de produtos químicos onde passou a ser tratado por Sr. Barroso. E casou.

Quando veio o 25 de Abril tinha sete anos de trabalho, sempre na mesma empresa. Chegara a chefe de secção, insensível às calúnias dos colegas invejosos que atribuíam o seu sucesso aos queijos de ovelha e garrafões de azeite que recebia do caseiro e com que obsequiava regularmente o Gerente suíço por mera cortesia e amizade.

Quiseram saneá-lo os outros trabalhadores. O Sr. Barroso insinuou que lutara pela democracia na clandestinidade, até era simpatizante do Partido Socialista. Foi mais feliz que o Gerente, regressado à Pátria na sequência duma greve tumultuosa.

Hoje, 30 anos depois, é Chefe de Serviços. Não se sabe o que faz. O actual gerente diz que ele é importante. Envelhece e envilece. Passa o tempo a dizer que pouco falta para os comunistas estarem todos no Governo, que os militares traíram a Pátria, que a Pátria é uma porcaria, que se fosse mais novo emigrava.

Recebe subsídios para arrancar árvores nas propriedades da sua aldeia e, com novos subsídios, de novo as plantar. E não se cansa de dizer que os Governos venderam Portugal à Europa do mesmo modo que entregaram o Ultramar ao comunismo.

Temente a Deus, quatro filhos perfeitos, todos com emprego do Estado e ordenado certo ao fim do mês, o Sr. Barroso começou a humanizar-se. Aos 60 anos, em véspera de Natal, só teme ter cada vez menos a companhia dos netos e cada vez mais a da amantíssima Esposa que suporta resignado há mais de três décadas.

Mas começa a ser um homem feliz e agradavelmente maldizente.

Uma destas noites sonhou que era Natal e ocupava um lugar no Presépio. Viu-se a rodear o Menino com S. José, a Virgem, a vaquinha e os reis magos. Acordou feliz. Nem se deu conta do animal que lhe coube ser. Milagre da fé.

8 de Junho, 2004 Ricardo Alves

Refutando Tomás de Aquino (1)

O primeiro argumento de Tomás de Aquino a favor da existência de um «Deus» é o do movimento. Aquino nota, a partir das evidências do mundo sensível, que algumas coisas estão em movimento. Correcto.

Afirma, em seguida, que o movimento de X pode passar de «potencial» a «efectivo» através do movimento efectivo de Y (sendo X e Y objectos distintos). Ora, esta afirmação é contrariada pela ciência do século XX. Efectivamente, determinados objectos passam a um estado de movimento sem interferência de outros objectos. Sabe-se que os núcleos radioactivos decaem «espontaneamente» (n->p+(e-), por exemplo). Além disso, as partículas quânticas estão em movimento perpétuo, seja direcionado ou aleatório. (Só podemos imobilizar todas as partículas quânticas de um dado sistema à temperatura do zero absoluto.) O argumento de Aquino só convenceria portanto quem tivesse um conhecimento da natureza limitado aos objectos macroscópicos.

Concluindo, Aquino argumenta que teria que existir uma causa primeira do movimento. Como vimos, tal não é necessário. E aliás, a conclusão de Aquino enferma de uma incoerência lógica: a «causa primeira» teria que ter uma causa anterior.

Finalmente, Aquino afirma que «a esta causa primeira toda a gente chama Deus», o que se aproxima de um argumento de maioria sociológica. Tomar a opinião da maioria como sendo a verdade é, evidentemente, inválido quando se pretende justificar um argumento pretensamente lógico como o de Aquino.

8 de Junho, 2004 jvasco

Trânsito de Vénus

Não esquecer! É hoje mesmo!

Para conhecer o fenómeno e a sua importância poderão consultar a página da Associação Portuguesa para o ensino da Astronomia.

Não precisamos de cair em superstições e obscurantismos para dar resposta ao nosso sentimento de pertença a algo maior. Somos filhos das estrelas, e admirar o Universo que nos rodeia é uma resposta saudável que não envolve crendices de qualquer tipo.

8 de Junho, 2004 jvasco

O Céu é mais quente que o Inferno

É a própria Bíblia que o diz!

Atentem na seguinte passagem:

Mas aqueles que não crêem[…] as suas almas serão consumidas no fogo do Inferno contido num poço de enxofre borbulhante

Revelações 21:8

A temperatura de ebulição do enxofre é de 444,6º C. A temperatura do Inferno será igual ou inferior a esta. Mas o que é que nos diz a Bíblia sobre o Céu?

No Paraíso a Luz será tão intensa como sete vezes o brilho do Sol durante sete dias

Isaías 30:26

Agora que sabemos a relação entre a intensidade da radiação do Céu e a da Terra, podemos utilizar a Lei de Stephan (relativa à radiação do corpo negro) para saber a temperatura do Céu a partir da temperatura da terra.

Reduzindo tudo a um cálculo simples (49*Tterra^4=Tceu^4) ficamos a saber que a temperatura do Céu é de 525ºC.

Não aparenta ser um sítio agradável…