4 de Dezembro, 2017 Carlos Esperança
A apostasia
À semelhança do que tem feito a Associação Ateísta Portuguesa também em Espanha numerosos cidadãos renunciam à religião em que os batizaram, neste caso a Igreja católica.
À semelhança do que tem feito a Associação Ateísta Portuguesa também em Espanha numerosos cidadãos renunciam à religião em que os batizaram, neste caso a Igreja católica.
Portugal privilegia a religião e discrimina, através da sua exclusão, os ateístas, os humanistas e os livres-pensadores, conclui um relatório internacional que analisa os direitos dos grupos não religiosos em 198 países e foi divulgado terça-feira online.
Arábia Saudita – O príncipe herdeiro expurga príncipes concorrentes e recebe apoio do Ocidente para preparar a invasão do Irão xiita. Não há terrorismo xiita há mais de uma década, e o sunita é financiado pelos sauditas que – diz-se –, querem agora acalmar a fé.
Estado Islâmico – A expulsão do território onde estava instalado não o erradicou. O EI sobrevive no coração de sunitas fanáticos, com cumplicidades financeiras que permitem sustentar o terrorismo global e as madrassas e mesquitas que lhes prometem o Paraíso.
Egito – A violência do ataque a uma mesquita na região do Sinai-Norte fez mais de 300 mortos e de 100 feridos. É preciso muita fé para tamanho ódio, o prazer de matar quem crê no mesmo Deus, com uma liturgia não homologada (heresia) pelos assassinos.
Irão – Como país islâmico, o sexo é proibido antes do casamento, e o álcool sempre. Os jovens ricos arriscam a vida e desafiam o clero, em orgias de sexo e álcool. Era aliciante ver as hormonas e o vício a sobreporem-se à virtude e a derrotarem o desvario da fé.
Pensava que os milagres, cientificamente comprovados no laboratório do Vaticano, num mínimo de dois, eram provas académicas de acesso à santidade, alinhadas com o mundo profano, onde o primeiro milagre equivaleria ao mestrado e o segundo ao doutoramento.
Pensava ainda, que a canonização, sem numerus clausus, atribuiria o alvará para novos milagres, sendo os dois primeiros as provas de exame no apertado filtro da canonização que, com o defunto ausente, fariam da Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, a Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra, com o pseudónimo de Prefeitura.
Compreende-se que os santos precisem de provas para poderem continuar no ramo dos milagres, sendo os primeiros obrados à experiência e os seguintes já com provimento definitivo. Isso justificaria as alegadas exigências postas na comprovação científica dos prodígios pela Congregação oficial para evitar uma exclusão do Livro dos Santos, como sucedeu a S. Guinefort que, apesar de mártir, foi exonerado quando se descobriu que era um cão, e o templo, em sua honra, foi mandado arrasar pelo Papa de turno.
Um santo, depois do alvará de canonização, tem direito a biografia no Livro dos Santos, acompanhada da oração dedicada ao mesmo, de uma imagem clássica e do patronato e dia consagrado dento do culto católico. Não admira, pois, a exigência de três médicos que confirmem os milagres e a dificuldade acrescida dos defuntos em obrarem milagres de jeito, depois da evolução farmacológica e dos avanços médicos.
Exceto na oncologia, os milagres andam agora pelas varizes, furúnculos, queimaduras, moléstias da pele e, às vezes, pela fisiatria. Acontecem sempre na área da medicina e nunca na economia, física ou matemática, isto é, a santidade está confinada a medicinas alternativas.
Mas o que surpreende é a inércia dos santos reconhecidos e o frenesim dos candidatos. Nuno Álvares Pereira, depois da brilhante cura do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus, queimado com salpicos de óleo fervente de fritar peixe, e logo canonizado, nunca mais curou um simples furúnculo, hemorroides ou uma fratura do colo do fémur, o mesmo acontecendo com os milhares de canonizados dos três últimos pontificados.
A canonização, se o negócio da santidade perdurar, deixará de ser um alvará para obrar milagres e passará a mero pergaminho de jubilação, com a assinatura papal e o lacre do Vaticano, para gáudio dos devotos do país de origem.
Esta medida entrará em vigor no feriado religioso de Pentecostes, dia 20 de maio
A Igreja da Suécia quer que o clero utilize uma linguagem mais neutra para se referir a “Deus”, medida que faz parte da versão atualizada de um manual de 31 anos que dita o funcionamento dos serviços religiosos no que toca à linguagem, liturgia, hinos e outros aspetos. Utilizar a expressão “o senhor”, por exemplo, é desaconselhado.
Estado laico ou protetorado do Vaticano?
Dados do relatório da Inspeção-Geral de Finanças, divulgado em 2016, e noticiado pelo semanário Expresso, em 23-12-2016.
«No biénio 2013/2014, o Estado concedeu 63 milhões de euros de benefícios fiscais aos colégios, que se somaram aos 388 milhões de euros que receberam em apoios diretos. A denúncia é da Inspeção-Geral de Finanças que critica a falta de controlo do Estado sobre um total de 451 milhões transferidos para os colégios.
Segundo o Correio da Manhã, a auditoria da IGF detetou falhas no controlo do destino dado ao dinheiro dos contribuintes. “Os documentos de prestação de contas” dos colégios “carecem de procedimentos de controlo pela Direção-Geral da Administração Escolar”, revela o relatório.
A maioria dos colégios “não publicita os apoios públicos que recebe” afirma a IGF acrescentando que “alguns dos maiores beneficiários de contratos de associação não cumprem o dever de divulgação das mensalidades praticadas nem a autorização de funcionamento do estabelecimento.” Também nos contratos simples a auditoria verificou “insuficiência na confirmação da situação socioeconómica do agregado familiar de alunos candidatos a apoios” a quem o Estado financia a frequência no colégio.»
É (ainda) isto que escondem das massas crentes, que os alimenta e se alimentam de obscurantismo, dogma, medo e servidão!
A IGREJA DOS “PRÍNCIPES” CONTRA O PAPA FRANCISCO
– UM VÍDEO INIMAGINÁVEL E QUASE IRREAL
O vídeo que este post apresenta é, talvez, a mais condensada e simbólica representação da oposição conservadora ao Papa Francisco e seu projecto. A cena aconteceu na nova Basílica do Santuário de Fátima, em Portugal. O personagem é o ultraconservador cardeal americano Raymond Burke, líder da oposição a Francisco.
São 14min15 impressionantes, e o vídeo pode ser visto clicando no link que deixo mais abaixo, no final.
Mais da metade do tempo dedica-se a mostrar o cardeal sendo paramentado, em pleno altar com pompa medieval – o vídeo começa quando a vestição e tomada de hábito de Burke já havia sido iniciada –, o que leva a crer que a montagem completa talvez se tenha prolongado por mais de 10 minutos.
O ambiente da cena oscila entre o surreal e o macabro, algo como um filme dos anos 1970/80 sobre a realeza decadente. O “príncipe” cercado por uma corte de homens de cenho cerrado, vestido com capas negras ou púrpuras, algo como um retrato em negativo da klu klux klan, sem os capuzes.
Aos 3min25 há uma cena para a qual peço a vossa melhor atenção, difícil de acreditar que tenha acontecido, depois de todos os escândalos de pedofilia e abuso de menores da Igreja: um menino talvez entre 10 a 12 anos de idade, leva ao cardeal seu barrete cardinalício, um chapéu que é um símbolo de caráter evidentemente fálico do poder dos hierarcas da Igreja. O menino ajoelha-se diante de Burke um sem-número de vezes e é orientado a beijar uma das pontas do barrete e da capa magna — um verdadeiro fetiche dos conservadores – e não deixa de ser simbólico que um homem, adulto, fique todo o tempo conduzindo o menino no ritual de ajoelhar e beijar variadas vezes.
Este é o projecto de uma Igreja imperial e demasiado conservador que a oposição a Francisco tem a apresentar ao mundo. Chega a ser inacreditável que eles tenham ainda alguma expressão. E que gigantesca diferença com a extrema simplicidade de Francisco e sua Igreja pobre com os pobres!
Uma descrição magistral desse projecto foi resumida em apenas um parágrafo que cito mais abaixo, por um dos maiores nomes da Igreja católica contemporânea, o teólogo dominicano e cardeal francês Yves Congar, falecido em 1995 e considerado um dos maiores eclesiólogos do século XX que abriu a eclesiologia católica ao ecumenismo, e que sofreu por mais de 30 anos perseguições e punições de toda ordem pela Cúria romana e seus prepostos.
Foi escrita em 11 de outubro de 1962, em pleno Concílio Vaticano, do qual Congar foi talvez o principal protagonista, em confronto com os Burke da época, liderados pelo cardeal Ottaviani e pelo reacionaríssimo arcebispo Marcel Lefebvre – os dois, como os conservadores de hoje, repudiaram o Concílio em menor ou maior grau.
Leiam a descrição de Ives Congar que transcrevo já a seguir e constatem como ela antecipou aquela cena de Burke no Santuário de Fátima, que verão no vídeo:
“Vejo o peso daquilo a que nunca se renunciou, do período em que a Igreja se comportava como um senhor feudal, quando detinha poder temporal, quando o papa e os bispos eram lordes que tinham suas cortes, eram mecenas de artistas e pretendiam uma pompa igual à dos Césares. A isso a Igreja nunca repudiou em Roma. Deixar o período Constantino para trás nunca fez parte de seu programa”.
Vídeo : https://www.youtube.com/watch?v=bC-AqvxX6-o
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