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26 de Setembro, 2004 Carlos Esperança

A ICAR e os acidentes de trabalho

O padre católico de Alkemade (pequena aldeia a 30 km. de Haia) foi condenado em 1997 a um ano e meio de prisão por abuso sexual continuado de uma rapariga de 12 anos. A indemnização de 56.800 euros, reclamada pelos pais da vítima, que certamente recusaram o pagamento em indulgências, foi prontamente paga pela ICAR, para evitar um caso em tribunal e confiante de que a Companhia de Seguros Aegon, a ressarcisse da preciosa quantia, necessária à propagação da fé.

A Seguradora alega nunca ter sido sua intenção pagar indemnizações por semelhantes acidentes, mas tem contra si o facto de em 2001 ter redefinido as condições da apólice e excluído explicitamente o abuso sexual. Por sua vez a ICAR alega – e bem – que o contacto sexual indesejado ocorreu antes de 2001 e deve ser encarado como um «acidente de trabalho», pois teve lugar «durante o horário de trabalho» e «no local de trabalho».

Apostila 1 – A sentença sobre a responsabilidade da Companhia de Seguros no acidente de trabalho está prevista para Outubro.

Apostila 2 – O padre acidentado foi despedido pelo bispo de Roterdão e, após cumprir a pena, regressou discretamente ao ramo, sob os auspícios da fundação Hulp en Recht («Socorro e Justiça»), uma organização ligada à ICAR e que dá apoio às vítimas de abuso sexual cometido pelo clero católico.

Apostila 3 – Os antigos paroquianos ficaram estupefactos ao vê-lo na televisão, um ano após a saída da prisão, como acompanhante de coros religiosos do centro da Holanda.

Apostila 4 – Na sequência dos protestos, o padre foi proibido… de ir à televisão.

Fonte: Revista Única – Expresso n.º 1665 de 25-09-2004 pg. 18.

25 de Setembro, 2004 Mariana de Oliveira

BBC de joelhos

A BBC cedeu a pressões da ICAR e decidiu não emitir uma série de desenhos animados que caricaturava o Papa João Paulo II.

O programa intitulado «Popetown» (Cidade do Papa) tinha sido adoptado pela BBC3, apesar da grande oposição dos bispos católicos.

«Decidimos não transmitir o programa depois de muitas considerações e consultas e de comparar o rasgo criativo com a possibilidade de ofender parte da audiência», afirmou o responsável pelo canal, Stuart Murphy.

O arcebispo de Westminster, cardeal Cormack Murphy-O’Connor, confirmou que tratou do assunto com a BBC e manifestou a sua satisfação pela retirada dos desenhos animados, dizendo estar muito contente que «tenham prestado atenção à inquietude dos católicos» e aos seus desejos sobre o projecto.

É sempre um bom sinal de tolerância e de abertura de espírito ver séries que satirizam determinadas instituições, mormente a Igreja Católica, retiradas do ar por uma cadeia de televisão que se orgulha de ser imparcial e de não ceder a pressões.

24 de Setembro, 2004 Carlos Esperança

Igreja Ortodoxa



Um clérigo a olear a fé para iluminar os caminhos do seu Senhor.

23 de Setembro, 2004 jvasco

Resposta ao Bispo

O texto que segue é uma resposta ao artigo de opinião que o Bispo António Marcelino publicou n’O primeiro de Janeiro. O texto é da minha autoria, mas devo dizer que tive a generosa colaboração do Carlos Esperança.

Não quero parecer ingrato. Na verdade eu deveria estar muito agradecido ao Bispo de Aveiro, D. António Marcelino, pela atenção que nos dispensou ao escrever um artigo sobre a nossa associação (a que, equivocado, chamou ARL, mas não foi culpa dele), e pela visibilidade que consequentemente nos trouxe. Depois disto, até parece de mau tom criticar o texto dele. Mas a desonestidade intelectual é tanta, que não posso deixar de o fazer.

O texto começa por referir a intenção de criar a associação de ateus, passando de seguida a congratular, e bem, a liberdade religiosa em que vivemos. Depois aborda rapidamente as origens históricas do ateísmo e a reacção do concílio Vaticano II.

O que se segue terei de citar: «Assim se justifica socialmente a associação dos ateus, as diversas associações dos homossexuais, os grupos de luta pró-aborto, a militância organizada pelos direitos dos que vivem em união de facto e tantos outros acontecimentos, uns mais recentes que outros. É curioso, porém, verificar que estes grupos e outra gente que navega em águas vizinhas, à medida que defende para si direitos de plena cidadania, os nega a outros portugueses».

Eu poderia ficar perplexo com a ausência de relação entre as associações referidas pelo Bispo, mas a relação existe: são associações que a Igreja Católica preferia que não existissem. Será que se justifica fazer uma acusação falsa e injustificada, a de que estas associações procuram roubar direitos aos outros portugueses? É que, se as associações de homossexuais (por exemplo) procuram roubar direitos aos demais portugueses, eu, como cidadão, quero saber. Será que a militância organizada pelos direitos dos que vivem em união de facto nos quer impor esse estilo de vida? Será que nos querem silenciar? O que é que o Bispo sabe que eu não sei?

Mas mais caricata do que esta acusação infundada, gratuita, desonesta e injusta a associações que existem, é fazer esta acusação grave, num órgão de comunicação social, a uma associação que nem sequer existe!

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ainda não existe, e a reunião a que se referiu o Bispo era para lançar as bases para que fosse criada. É sintomático: para o Bispo basta que uma associação ateísta exista (se bem que nem sequer era o caso) para que ele a acuse de tentar roubar direitos aos portugueses.

A desonestidade intelectual (um eufemismo para acusações levianas, injustas e mentirosas, que é o que o Bispo faz) não acaba aqui. Impõe-se uma nova citação: «A nova associação anuncia, logo ao nascer, militância aberta em relação aos crentes, porque os ateus, eles sim, é que “valorizam a humanidade e a vida na Terra, como um bem natural”». O leitor deve notar que a expressão “eles sim, é que” subverte completamente o significado do texto que se segue. O sentido do mesmo era «eles também [valorizam …]», mas o Bispo preferiu ser «criativo» na forma como nos citou. Se era para distorcer tão descaradamente o que foi dito, bem poderia ter optado por um «não», em vez do «eles sim, é que».

Depois o Bispo fala no perigo da «tentação dos dogmatismos». Neste ponto devo dizer que ele tem todo o direito de nos chamar à atenção sobre essa matéria, e nós devemos prestar toda a atenção. Afinal ele é um destacado representante da ICAR, que tem o historial que todos lhe reconhecemos, e muita experiência na matéria.

O Bispo também diz que os fundamentalismos são «a cegueira de um raciocínio unidimensional, que já nada tem de humano e, por isso, não tem por que respeitar nem a vida própria, nem a dos outros», afirmação com a qual concordamos. Assumindo-se os membros da futura AAP como adversários do fundamentalismo, até poderíamos pensar que estas eram palavras de encorajamento por parte do Bispo.

Mas o texto que se segue é esclarecedor a esse respeito: «Sei bem que o ateísmo pode ser humanista e que assim é em muitos que se dizem ateus. Porém, quando se corre o tejadilho que impede olhar para o alto, deixa de se procurar e de contemplar o transcendente. O homem que só olha para si, vale menos e dá menos valor aos outros homens.». O Bispo acusa os ateus de valerem menos do que os outros homens. Eis uma acusação que eu nunca desejarei nem permitirei que a AAP faça a respeito dos crentes.

É caso para perguntar: onde está o fundamentalismo?



Vou enviar este texto para o jornal onde o artigo de opinião do Bispo foi publicado.

23 de Setembro, 2004 Mariana de Oliveira

Detergente

Encontrei esta mensagem sms pré-fabricada na página da myTMN como sendo uma frase escrita por um aluno numa prova global: «Baptismo é uma espécie de detergente do pecado original».

22 de Setembro, 2004 Carlos Esperança

O crucifixo mata

A partir do séc. III, em que os peixes começaram a ser substituídos como símbolo do cristianismo, o crucifixo passou a ser mais do que um simples instrumento de tortura onde supostamente Cristo morreu, para se tornar uma ameaça a quem recusasse a conversão.

Crucifixos há-os de todos os tamanhos e feitios. Estão no cimo dos montes e nas torres dos campanários para lembrarem o poder da ICAR. Povoam os cemitérios e os sítios onde ocorreram óbitos para lugubremente aterrorizarem os vivos. Servem para espantar o demo e são o instrumento de trabalho para o laborioso clero cristão que se dedica à evangelização. Aparece em brincos como adorno ou dependurado ao pescoço a seguir as delícias de um decote. Os padres dizem que o crucifixo salva. A história mostra que oprime. A notícia que divulgo prova que mata.

Mulher morre ao ser atingida por crucifixo no sul da Itália

«Um mulher morreu nesta quarta-feira depois de ser atingida na cabeça por um crucifixo de dois metros, que caiu de um monumento que estava sendo restaurado. Maddalena Camillo, 72, caminhava no principal quarteirão do vilarejo de Sant’Onofrio, região da Calábria, a cerca de 600 km da capital Roma, quando o crucifixo se soltou e caiu sobre sua cabeça, matando-a na hora».

22 de Setembro, 2004 Mariana de Oliveira

Hermanos republicanos pela escola laica

A plataforma «Ciudadanos por la República del Campo de Gibraltar» vai empreender uma campanha por uma escola pública laica e pela abolição do ensino da religião. Esta é uma das decisões tomada pela associação de plataformas republicanas de toda a Espanha, tomada a 12 de Setembro em Madrid.

«A reivindicação da escola laica é estratégica num período em que se renegociará a inconstitucional concordata com a Santa Sé, que interfere gravemente em decisões políticas e continua canonizando mártires fascistas, enquanto ainda esperamos uma autocrítica pelo alinhamento com o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial e com a ditadura de Franco», diz o documento aprovado naquela assembleia.

Também nós, deste lado da fronteira, precisamos de nos unir e pugnar por uma República em que a laicidade não seja uma mera declaração de princípio contida na Constituição. Por isso é que a Associação República e Laicidade e uma associação de ateus são importantes, porque só num Estado que não se vergue perante uma religião é que se encontra a justiça social.

22 de Setembro, 2004 Carlos Esperança

Açores – Eleições Regionais.

O bispo dos Açores apelou ao voto nas eleições regionais através de uma Nota Pastoral – uma espécie de edital que os bispos elaboram para ser lido nas paróquias e distribuído à clientela -, que reflecte o pensamento do prelado.

Da prelecção de D. António Sousa Braga destaco duas afirmações:

1 – «votar é uma obrigação tão séria, como ir à Missa ao Domingo»

RE: Devia ter mais respeito pelas eleições.

2 – «uma consciência cristã bem formada não pode favorecer, com o seu voto, a realização de um programa político, em que os conteúdos fundamentais da fé e da moral sejam subvertidos».

RE: Aqui está o veneno, servido sub-repticiamente, para encaminhar o voto para os partidos que se identifiquem com o carácter retrógrado da ICAR.