6 de Fevereiro, 2018 Carlos Esperança
A mutilação genital feminina (MGF) – 6 de fevereiro de 2018
«As mães não têm poder de decisão nos casos de mutilação genital feminina porque acontece serem os pais quem obriga as meninas a submeterem-se a esta prática, segundo denuncia a presidente da Associação Humanitária contra la Ablação da Mulher Africana (AHCAMA), Aissatou Diallo.»
Oito mil crianças do sexo feminino são vítimas em cada dia que passa, mais por pressão dos pais do que das mães.
Leio no “Publico. Es” e não consigo imaginar o indizível sofrimento de quase 3 milhões de crianças a quem a religião e o tribalismo mutilam em nome da tradição. Não há uma só crueldade contra a mulher que não encontre justificação na tradição misógina das tribos patriarcais da Idade do Bronze. Grave é permitir que os costumes que chocam a civilização, matam e mutilam mulheres, encontrem na Europa oportunidade para se perpetuarem.
Este costume troglodita, de origem animista, não é apanágio do islamismo. Praticou-se entre os cristãos coptas e outras comunidades, mas hoje perdura apenas em contexto islâmico e estima-se que existam mais de 100 milhões de mutiladas.
O testemunho da presidente da AHCAMA, ela própria uma vítima que carrega, desde os 8 anos, a dor a que a condenaram, mutilada para a impedir de ser mulher e dispor do prazer que negaram à máquina reprodutiva em que decidiram transformá-la.
A sua luta é a luta de todos nós, homens e mulheres, que seremos cúmplices se nada fizermos para pôr fim à barbárie.