12 de Dezembro, 2004 Carlos Esperança
Notas piedosas
Argentina – Na sequência de uma conferência em Buenos Aires, em que participava Rebecca Gomperts, fundadora da associação pró-legalização do aborto «Women on Waves», grupos de católicos anti-aborto foram convocados para rezar o rosário em frente do auditório onde se anunciava a chegada do denominado barco do aborto no próximo ano.
Convictos da inutilidade da oração, desconfiados da ajuda do seu Deus, os créus quiseram sabotar a conferência. Impedidos de entrar, envolveram-se em confronto com elementos pró-aborto. Na ausência de Deus, valeu a polícia federal para restabelecer a ordem.
EUA – Depois das dioceses de Portland e Tucson, que declararam falência em Setembro passado, foi agora a vez de Spokane, no Estado de Washington, a pedir a falência, onde apenas dois sacerdotes são responsáveis por mais de metade dos 120 pedidos de indemnização por abusos sexuais, processos que acarretam uma despesa de dezenas de milhões de dólares.
Por mais que o Papa JP2 apele à abstinência sexual e dê, ele próprio, um magnífico exemplo de castidade, há sempre padres que estragam a saúde financeira das dioceses.
EUA (2) – JP2 acredita no futuro da ICAR nos EUA onde, no último meio século, mais de 4 mil padres foram condenados por abuso sexual a crianças, números divulgados no relatório da Empresa (Conferência episcopal dos EUA), em Fevereiro. Para JP2 os escândalos devem tornar-se uma «ocasião providencial de conversão» para os católicos dos EUA. Talvez a conversão ao agnosticismo e aos bons costumes não fosse pior.
Lisboa – O patriarca Policarpo, como já foi denunciado pelo Ricardo Alves, critica o que considera «os excessos do laicismo» e manifesta a vontade de ver os crucifixos nos edifícios públicos e que os juramentos mais solenes se façam sobre a Bíblia. Não sei se o patriarca está disposto a conceder o direito de reciprocidade e os altares passam a ter exposta a Constituição da República e as Igrejas a ostentarem um busto do presidente da República. Finalmente o sacramento da Ordem só poderá ser concedido mediante a fidelidade à República e à Democracia e a renúncia à obediência a uma potência estrangeira – o Vaticano.