11 de Outubro, 2020 Carlos Esperança
A fé, a tirania e a violência
Quando o demente Abraão quis sacrificar o filho para fazer a vontade ao seu deus criou um axioma que perdura: os tiranos têm sempre quem lhes obedeça.
Que outra forma há para explicar as casmurrices papais que encontram sempre câmaras de eco que ressoam urbi et orbi?
Que justifica a existência de carrascos para darem cumprimento à sharia ?
Quem criou os frades que rezavam alegremente enquanto as bruxas e os hereges eram grelhados nas fogueiras da Santa Inquisição ?
Faltam, acaso, médicos que atestem a veracidade dos milagres obrados por um sistema de cunhas que envolve uma virgem, um defunto e a associação de embusteiros?
As religiões são as multinacionais que mais tempo se mantêm no mercado sem renovar o stock dos produtos e os métodos da cautela premiada.
Prometem o paraíso sem terem escritura válida ou o averbamento na conservatória do registo predial celeste e ameaçam com o Inferno, sem o localizarem no mapa imaginário da fé.
O clero é a classe de vendedores de ilusões que obedece cegamente à hierarquia pouco recomendável.
Do hinduísmo ao cristianismo, do judaísmo ao islamismo, da bruxaria à quiromancia, a superstição e o medo são os motivos que levam os clientes a alimentar mentiras pias e o fausto dos patrões da fé.