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Categoria: Não categorizado

4 de Abril, 2018 Luís Grave Rodrigues

Exorcismo

26 de Março, 2018 Carlos Esperança

A escola e o presépio da minha infância – Crónica

Bem crucificado e suavemente chagado, numa cruz de madeira dependurada na parede, penava um Cristo de bronze em resignada agonia, ladeado à direita por uma fotografia de um homem de bigode, fardado, conhecido por marechal Carmona, e à esquerda por um eterno seminarista, com ar de gato-pingado, que infundia terror – o Professor Salazar. Na mesma parede, em frente dos alunos, a razoável distância e muitos fungos depois, quedava-se a Senhora de Fátima, poisada numa mísula, alheada da conversão da Rússia e da salvação do mundo. Mais abaixo, à esquerda, ficava o quadro preto e o mapa do corpo humano e, à direita, rasgados, um mapa de Portugal Continental, outro das Ilhas Adjacentes e das Colónias e o mapa-múndi.

O soalho resistia aos buracos, numerosos e amplos, que a humidade e o uso se encarregavam de alargar. As carteiras alinhavam-se em rigorosa geometria com lugares destinados a cerca de quarenta garotos de ambos os sexos distribuídos pela primeira, segunda e quarta classes. Entre quinze a vinte estavam na sala oposta a frequentar a terceira, confiados à senhora Noémia, regente escolar.

Nos dias de chuva subvertia-se a ordem, na complexa gincana de carteiras, para evitar que os pingos de água que escorriam do teto acertassem nos tinteiros e salpicassem de azul a roupa das crianças e os tampos de madeira.

No intervalo, meninos e meninas, em amplas correrias e direções opostas, procuravam os quintais próximos para se aliviarem dos fluidos que os apoquentavam.

À entrada da escola o presépio anunciava todos os anos o Natal. Na armação de tábuas e pedras cobertas de musgos, um menino de barro, seminu e de perna alçada, jazia em decúbito dorsal sobre uma caminha de palha centeeira. Era o Menino Jesus. De um lado uma virgem colorida, moderadamente recatada e com pouco uso, substituía a que se partira, interessada na companhia do filho que herdara. Do outro, um S. José, a quem a corrosão deixara em pior estado do que o dogma da Imaculada Conceição, parecia um erro de casting, indiferente ao especto, perdidas as cores, diluídas as formas, conformado com os olhares e as súplicas, incapaz de operar milagres, resignado com o frio de Dezembro.

O burro e a vaca comportavam-se a preceito, facilmente se adivinhando o gosto por erva se eles e esta fossem verdadeiros.

Os reis magos, eternos almocreves com ar de ladrões de camelos, virados para uma estrela recortada em papel colorido, permaneciam imóveis na lendária caminhada, quais amoladores de tesouras, à espera de fregueses para ganharem o sustento e um presente para o Menino.

As ovelhas que placidamente decoravam a montanha eram figurantes experientes, desinteressadas da importância que acrescentavam ao quadro e do exemplo de submissão que transmitiam. Nem um só carneiro as acompanhava, talvez para lembrar que é na renúncia ao prazer que se encontra a redenção da alma. Apenas um cão e o pastor.

Reflito hoje sobre a predileção por musgos, muitos musgos, para cobrir o chão do presépio. Na religião tudo se deve cobrir ou, no mínimo, disfarçar. Talvez esteja na ocultação dos órgãos de reprodução, característica das plantas criptogâmicas, a razão da preferência, a funcionar como metáfora.

23 de Março, 2018 Luís Grave Rodrigues

Bíblia 2

23 de Março, 2018 Carlos Esperança

A fé perde-se quando é facultativa

42% dos jovens portugueses não se identificam com nenhuma religião (Continuar a ler na Visão)

«Quando se olha para percentagens quase sempre vem à cabeça a imagem do copo meio cheio e do copo meio vazio. Podíamos pegar no relatório Os Jovens Adultos e a Religião na Europa e escrever que a maioria dos jovens portugueses entre os 16 e os 29 anos identifica-se com uma religião, mas neste caso é o próprio autor principal do estudo que conclui: “A percentagem elevada de jovens adultos afirmando não ter nenhuma religião em muitos países é, sem nenhuma dúvida, o facto mais significativo deste relatório.”»

22 de Março, 2018 Carlos Esperança

Como se fabricam católicos

Nos primeiros dias de vida os pais entregam os neófitos ao padre, que lhes mergulha a fronha em água benta, limpando-os do pecado original quando ainda precisam de quem lhes mude a fralda.

Depois, crescem no temor a Deus, que rejubila se comem a sopa e entristece quando adormecem nas orações.

Aos seis anos de idade, com muitas ave-marias e padre-nossos rezados, para que o Deus cruel e apocalíptico os livre do Inferno, das perpétuas chamas e do azeite fervente, onde só há choro e ranger de dentes, as pias catequistas ensinam-lhes os dez mandamentos da Santa Madre Igreja e os do único Deus verdadeiro, à custa dos tempos livres.

Depois do exame de aptidão vem a confissão. Os pecados – ofensas feitas a Deus –, são ditos ao padre, punidos com penitência adequada e perdoados para poderem saborear o corpo de Cristo numa fina rodela de pão ázimo (sem fermento nem sal).

Com a missa semanal e a desobriga pela Páscoa da Ressurreição, como tarifa mínima, seguida de nova rodela mística, os cristãos ficam aptos para novos pecados que, de novo, serão perdoados, e assim, sucessivamente, vão mantendo viva a fé na vida eterna.

A comunhão solene é um momento alto, com a família a alambazar-se em hidratos de carbono. Por pudor, a ICAR deixou de os vestir de cruzados. A confirmação é imposta por um bispo que exibe o anelão de ametista e o faz oscular pelas crianças, indiferente aos micróbios que passa de boca em boca. O sinal da cruz é desenhado a óleo na testa do cristão pelo dedo do prelado ricamente paramentado e refastelado num cadeirão.

Nesta altura já as crianças de dez anos sabem que os judeus mataram Cristo, que a Santa ICAR está já tão cheia de santos, mártires e bem-aventurados como o metropolitano de Lisboa de passageiros, em horas de ponta.

A xenofobia e o racismo estão na Bíblia. O dever de um cristão é converter quem está errado (os outros) à verdadeira fé, a que vem de Roma através de breves, bulas e encíclicas. O proselitismo é um dever e quem não quiser salvar-se deve ser obrigado.

Os créus querem impor, como destino, o Paraíso, e os ateus opõem-se à obrigatoriedade.

11 de Março, 2018 Carlos Esperança

Ateísmo – Livro de um sócio da AAP

Tenho a honra de informar todos os associados da AAP que vou lançar um Livro de minha Autoria intitulado:

O UNIVERSO – A TERRA – O HOMEM

E O HOMEM CRIOU DEUS (ES) À SUA IMAGEM

É um livro que fala de ciência (origem do universo, da terra, do homem, das religiões, do cristianismo [da sua envolvência e inter-relação com outras religiões]. Retrata o Autor como humanista e racionalista, com o intuito de perceber como tudo se intersecta e como se relaciona.

O lançamento vai ter lugar na Biblioteca Municipal do Fundão no dia 14 de Abril de 2018, pelas 15 horas,

E nas instalações da Editora Chiado, concretamente, no Café Literário, sito na Rua de Cascais, 57, Alcântara em Lisboa, no dia 21 de Abril de 2018, pelas 14,40 horas.

 

Sendo sócio da Associação Ateísta Portuguesa (AAP), é com prazer que convido todos a estarem presentes num ou noutro lançamento, podendo trazer amigos que também serão bem-vindos.

Mas, a todos os que não puderem estar presentes e que queiram adquirir o livro, poderão fazê-lo na internet, nos Websites de FNAC; da WOOK; Nos Websites da Livraria CHIADO; da Livraria Bertrand.

Aqui pode ser adquirido por todos os leitores, a partir de qualquer parte do mundo.

A hiperligação é a seguinte:

O Universo – A Terra – O Homem.

Ou podem adquiri-lo nas Livrarias Bertrand, Almedina, na Sonae, Auchan, entre outros.

 

Obrigado antecipadamente pela aquisição e desejo que a leitura destas e daquelas minhas palavras cós sejam benéficas e sirvam para incrementar a cultura científica dos estimados leitores.