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Categoria: Não categorizado

23 de Fevereiro, 2005 Mariana de Oliveira

Não ao monopólio

O Supremo Tribunal de Justiça alemão considerou improcedente o pedido da diocese de Karlsruhe que reclamava a proibição do título da colecção «Pro Fide Catholica», de uma editora bávara que publica livros críticos para a Igreja. Nesta colecção publicaram-se livros como «Karol Woityla als Familienvater» («Karol Woityla como pai de família») e «Falsche und Echte Papstweissagungen» («Predições papais verdadeiras e falsas»).

Aquele tribunal superior decidiu que a Igreja apenas tem o direito de reivindicar o uso da palavra «católico», tanto em alemão como em latim, quando esta é referida à denominação de instituições e a actos eclesiásticos.

Assim, os juízes entenderam que a ICAR não tem o monopólio sobre o termo em questão. Portanto, na Alemanha, poder-se-á recorrer à designação «católico» à vontade sem correr o risco de se ser perseguido judicialmente por «violação da marca registada».

22 de Fevereiro, 2005 pfontela

O crime do padre

Um novo filme de Bollywood (a Hollywood Indiana) está sob ataque de grupos católicos. O filme aborda a relação amorosa de um padre com uma rapariga com metade da sua idade e, como não podia deixar de ser, a reacção do sector católico foi a habitual – gritos de «Heresia» e «Blasfémia».

Segundo Joseph Dias, o secretário geral do fórum secular católico (dado o carácter do Vaticano o nome do fórum só pode ser uma piada), a religião é algo de pessoal e que não pode ser usado para divertimento ou fins comerciais (já estou a ver a máquina de fazer dinheiro que é Fátima a ser desmontada…). Em resumo: a única coisa que salvou o filme foi o facto de a esmagadora maioria da população indiana não ser cristã.

É preocupante o número cada vez maior de crentes (dirigidos pelas respectivas hierarquias) que pede o regresso da figura do censor religioso. A livre expressão saiu-nos muito cara. Seria de esperar que mesmo os crentes a valorizassem mais, parece que a sua memória é cada vez mais selectiva.

21 de Fevereiro, 2005 Palmira Silva

O Papa ensandeceu!

Monty Python, «The meaning of Life»

O último livro do Papa João Paulo II, a publicar na quarta feira pela editora do costume, a Rizzoli, e que reflecte a obsessão deste Papa em acabar com a laicidade, está já a levantar celeuma e protestos um pouco por todo o mundo. E suponho acabar por revelar-se contraproducente para os objectivos de uma Igreja de Roma que não se contenta em ditar normas anacrónicas para os seus crentes e que quer estender tentáculos de poder a todos. O tiro no pé reside na comparação, ignóbil e insane, entre o Holocausto e o aborto e na condenação da democracia.

Na sua ânsia em mostrar que os ditames da Igreja devem estar subjacentes ao Direito, obviamente não laico, e em atacar acefalamente a democracia, não ratificada pelas «leis divinas», João Paulo II escreve que «It was a legally elected parliament which allowed the election of Hitler in Germany in the 30s. The same Reichstag gave Hitler the power which opened the way for the political invasion of Europe, the creation of concentration camps, the introcution of the so-called ‘final solution’ to the Jewish question which led to the extermination of millions of sons and daugthers of Israel.».

Assim, depois de afirmar que não aceitar os ditames dos Evangelhos é uma nova forma de totalitarismo e que este novo totalitarismo está «insidiously hidden behind the appearance of democracy», conclui que «We have to question the legal regulations that have been decided in the parliaments of present day democracies. The most direct association which comes to mind is the abortion laws …». Acrescentando que «Parliaments which create and promulgate such laws must be aware that they are transgressing their powers and remain in open conflict with the law of God and the law of nature.»

Claro que o piedoso Papa se esqueceu de mencionar que Hitler chegou ao poder com o precioso auxílio do Partido Católico, Zentrum, liderado pelo monsenhor Klaas, que foi íntimo colaborador de Eugenio Pacelli (depois papa Pio XII) nos anos 20 e de outros partidos cristãos tal como manifestou o pio Pacelli depois das eleições para o Reichstag em 1932 «É expectável e desejado que, como o Zentrum, e o Bavarian People’s Party, assim também os outros partidos que se sustentam nos princípios cristãos e que agora incluem também o Partido Nacional Socialista, nesta altura o partido mais forte no Reichstag, usarão todos os meios de forma a impedirem a bolchevização cultural da Alemanha, que está em marcha pelo mão do Partido Comunista.»

Para além deste branqueamento imperdoável do papel dos partidos cristãos em geral e católicos em particular na ascensão ao poder de Hitler, o Papa dos cristãos menoriza de uma forma vergonhosa o genocídio nazi, insulta, com a habitual e expectável tolerância cristã, todos os que não consideram sagrado um óvulo fertilizado ou um embrião, chamando-lhes implicitamente neo-nazis. Claro que o insulto explícito a todas as mulheres que alguma vez abortaram apenas segue a norma de uma Igreja misógina que ainda hoje considera que a mulher se deve remeter a um papel menor como expiação do pecado original de uma Eva que a ciência já provou nunca ter existido!

Quero ver o que será dito amanhã na conferência de Imprensa convocada para apresentar o livro! Não podem imputar o imperdoável dislate a delírios provocados pela doença de Alzheimer já que no mês passado o insigne Cardeal de Colónia, Joachim Meisner, fez exactamente a mesma comparação, acrescentando à lista Stalin e Herodes, por mercê da sua mítica matança de recém-nascidos (que a História desmente!

21 de Fevereiro, 2005 Ricardo Alves

O que é uma seita?

Ninguém declara espontaneamente que o seu grupo religioso é uma seita. Seitas, para qualquer crente, são sempre outras religiões (ou algumas das outras), necessariamente condenáveis. O problema é que aquilo que se condena existe muitas vezes na religião de quem condena. Ser seita ou religião depende do ponto de vista.
Se não, vejamos: a palavra «seita» é usada habitualmente, por crentes ou ateus, em duas acepções.
Numa primeira acepção, mais abrangente, uma seita é qualquer grupo que disside da religião maioritária num dado local e momento histórico, geralmente seguindo um líder carismático. Nesse sentido, quase todas as religiões são seitas, embora umas tenham tido um sucesso maior do que outras. O cristianismo, por exemplo, será uma seita que dissidiu da religião judaica seguindo JC (na versão eclesial e mítica) ou Paulo de Tarso (na versão céptica, e dado que não existem provas históricas da existência de JC). Recorde-se que o islão foi tratado de «seita maometana» pelos cristãos pelo menos até ao século 16, e que as «seitas protestantes» (que seguiam Lutero,Calvino, etc.), dado o seu sucesso, passaram rapidamente a ser referenciadas como religiões. No entanto, dada a carga pejorativa associada ao termo, o seu uso deixa de ser corrente quando o número de seguidores e a continuidade histórica de um grupo religioso lhe conferem «respeitabilidade». Todavia, embora seja pouco comum, é estritamente correcto afirmar que o catolicismo é uma seita (de sucesso) e não é impossível que a IURD ou a Igreja Maná deixem de ser referidas como «seitas» num futuro mais ou menos próximo.
Numa segunda acepção, mais restrita, uma seita é um grupo religioso que exerce um controlo apertado sobre os seus seguidores. Esta definição é mais vaga do que parece, pois quase todas as religiões exercem, de alguma forma, controlo sobre os seus membros, estando as diferenças no grau de controlo. O catolicismo tem uma vasta gama de preceitos para os seus seguidores, e através (por exemplo…) da confissão, verifica se os seguem. No entanto, sente-se actualmente a necessidade de usar um termo (e em português tem sido «seita») para grupos mais fechados, que controlam mais aspectos da vida dos indivíduos e dos quais, portanto, não se sai facilmente. Ao contrário do que se pensa, estes grupos, incluindo os que conseguem levar alguns dos seus membros ao suicídio (Templo do Sol, Porta do Céu, Al-Qaeda) não são, historicamente, uma novidade. Existe muita discussão sobre se se deve ou não controlar as actividades destes grupos. Alguns países elaboram relatórios oficiais que pretendem alertar os seus cidadãos para o «perigo» destes grupos que efectuam «lavagens cerebrais» e que exigem aos seus membros a ruptura dos laços sociais (familiares ou profissionais). E no entanto, quase todas as religiões apelam a um «renascer» que pode ser olhado como «formatação mental», e quase todas exigem alterações na vida dos seus seguidores. As diferenças são de grau ou de modo.

Uma seita pode ser, portanto, qualquer grupo religioso que induza os seus membros a fazer algo que eu não aprovo. O que dá para tudo.

21 de Fevereiro, 2005 Carlos Esperança

Paulo Portas fala com Deus

«Pedi a Deus que me fizesse ver o tempo em que devia sair».
(Declarações de Paulo Portas no rescaldo da derrota eleitoral de ontem, em que anunciou a sua demissão de presidente do CDS/PP)

Nada disse sobre quando, como e onde teve a referida conversa.

Presume-se que terá sido durante a missa privada à irmã Lúcia ou na missa em que participou entre o acto de votar e o anúncio dos resultados eleitorais.

Fica por explicar por que motivo não falou com Deus antes de ter ido para o Governo.

21 de Fevereiro, 2005 Carlos Esperança

O embuste de Fátima

Vale a pena ler o artigo do «Público», de Luís Filipe Torgal, sobre os depoimentos contraditórios da irmã Lúcia sobre as «aparições de Fátima».
A canhestra montagem dos milagres é demasiado vulnerável mas a farsa precisa de ser desmascarada. É uma obrigação cívica e o contributo necessário para a erradicação da superstição, do atraso cultural e da exploração de populações crédulas pela cupidez da Igreja católica.

20 de Fevereiro, 2005 Mariana de Oliveira

O verdadeiro problema do Islão

Hugo Macedo deixou-nos uma sugestão de leitura imperdível: a entrevista de Faouzi Skali ao «Público».
«Faouzi Skali», lê-se no artigo, «52 anos, sufi, antropólogo e professor da Universidade de Fez, em Marrocos, é o fundador e director do Festival das Músicas Sacras do Mundo, e foi eleito pela ONU, em 2001, como uma das 12 figuras mundiais que mais contribuíram para o diálogo entre culturas e civilizações. O seu actual projecto é criar em Fez um centro de diplomacia intercultural e inter-religiosa, aberto a todas as culturas do mundo. É autor de diversas obras sobre o sufismo».

Nesta entrevista, Skali explica o que é o sufismo e fala sobre os problemas do Islão, nomeadamente da promiscuidade entre a religião e a política – que, a seu ver, «hoje, o verdadeiro problema no mundo muçulmano é definir a relação entre religião e política» -, do terrorismo islâmico e da relação com o Ocidente.

Pela análise equilibrada, de um ponto de vista de um muçulmano, do que se passa no mundo é um texto que vale a pena ler.

20 de Fevereiro, 2005 Carlos Esperança

A dança da chuva no Santuário

Com eficácia superior às danças dos índios, a ICAR, atenta à calamidade da seca, já tomou a decisão de resolver o problema. Um crucifixo em bom estado de conservação, um turíbulo experimentado, velas de tamanho adequado e uma oração com provas dadas são garantia do êxito que um dia virá.
Para que os créus que nos visitam possam aumentar a eficácia das manobras em curso no Santuário de Fátima, aqui deixamos a «Oração para pedir chuva» esperando que Deus, perante tamanha devoção, não exagere a graça e prejudique ainda mais a difícil situação.

Oração para pedir a chuva – no final do Rosário no Santuário de Fátima:
«Como o nosso país está a viver um período de seca prolongada, o Santuário de Fátima decidiu passar a rezar uma oração para pedir a bênção da chuva para o país. A prece será feita no final de cada recitação do Rosário neste santuário mariano.
Será rezada a oração do Papa Paulo VI, composta em 1976, quando se abateu sobre o continente europeu um período de seca prolongada.

Oração
Deus, nosso Pai, Senhor do Céu e da terra
Tu és para nós existência, energia e vida.
Criaste o homem à Tua imagem
a fim de que com o seu trabalho ele faça frutificar
as riquezas da terra
colaborando assim na Tua criação.

Temos consciência da nossa miséria e fraqueza:
nada podemos fazer sem Ti.
Tu, Pai bondoso, que sobre todos fazes brilhar o sol
e fazes cair a chuva,
tem compaixão de todos os que sofrem duramente
pela seca que nos ameaça nestes dias.
Escuta com bondade as orações que Te são dirigidas
com confiança pela Tua Igreja,
como satisfizeste as súplicas do profeta Elias
que intercedia em favor do Teu povo.

Faz cair do céu sobre a terra árida
a chuva desejada
a fim de que renasçam os frutos
e sejam salvos homens e animais.

Que a chuva seja para nós o sinal
da Tua graça e da Tua bênção:
assim, reconfortados pela Tua misericórdia,
dar-te-emos graças por todos os dons da terra e do céu,
com os quais o Teu Espírito satisfaz a nossa sede.

Por Jesus Cristo, Teu Filho,
que nos revelou o Teu amor,
fonte de água viva, que brota para a vida eterna.
Amen».

19 de Fevereiro, 2005 Carlos Esperança

Dilúvio da modernidade

Por mais que a comunicação social se esforce por explicar cientificamente como se forma um maremoto e por mais difícil que seja, para quem tem parcos conhecimentos na matéria, compreender o fenómeno, que se revela tão devastador, não passa pela cabeça de um cidadão equilibrado que a tragédia recente, ocorrida em países do Índico, possa ser da responsabilidade de um deus facínora, vingativo e cruel.

Todavia, em Marrocos, movimentos islamistas com representação parlamentar acreditam, e obrigam a acreditar, que Deus enviou o maremoto como castigo e até conhecem as motivações divinas: o turismo sexual. Não importa que a devastação tenha chegado a lugares onde tal turismo não exista, são efeitos colaterais de um advertência divina contra os pecados humanos que Deus não abdica de castigar.

O aproveitamento da ignorância e a exploração do medo é um hábito ancestral do clero que a humanidade, na sua difícil e penosa caminhada para o espírito científico, tem sabido combater. Desde o dilúvio às pragas, dos terramotos às epidemias, da lepra à guerra, das doenças à condenação ao inferno, o castigo divino é uma arma que as religiões usam para transformar os homens num bando de beatos, tímidos e assassinos.

Nada há mais irracional do que o julgamento religioso, mais violento do que o critério divino interpretado pelos seus padres, mais sórdido do que os castigos infligidos para agradar a Deus. Ontem matavam-se judeus por causa da usura, as bruxas pelo mau olhado, os infiéis pelo falsidade da sua religião. Já em Sodoma e Gomorra, Deus não suportou a felicidade dos seus habitantes e arrasou as cidades. Hoje os seus clérigos viram as populações analfabetas e crédulas contra as prostitutas, os homossexuais e quaisquer outros onde a violência possa exercer-se para fazer catarse do sofrimento e da miséria.

A religião é uma pandemia planetária, cruel, perversa e mentirosa.

19 de Fevereiro, 2005 Mariana de Oliveira

Abominações do abominável

No dia 18 de Fevereiro, João César das Neves, insigne intelectual e académico da nossa praça, deu uma interessantíssima entrevista ao jornal «O Independente» que merece ser divulgada e estudada.

Depois de comentar a injustiça do seu processo judicial – em que é acusado de ter equiparado «actos homossexuais ao crime de pedofilia», referindo que «os recentes casos de pedofilia são todos, mesmo todos, homossexuais», de ter comparado os homossexuais a drogados e de os ter considerado doentes -, diz que a nossa sociedade encontra-se num caminho para a destruição por estar obcecada pelo prazer.

Continuando com a questão da «doença da homossexualidade», esclarecendo o despacho de pronúncia, César das Neves diz que em lado nenhum considera os homossexuais doentes ou drogados, mas afirma apenas que existem algumas semelhanças. Ora, isto é muito mais aceitável, pois claro! E que semelhanças são essas? A anormalidade do comportamento! Daqui passa logo para a magnífica conclusão de que, se há 30 ou 40 anos a homossexualidade e a pedofilia eram consideradas iguais e se , actualmente, a primeira é aceitável, daqui a uns tempos serão ambas iguais.

Se os caros leitores já estão impressionados com o que se disse até agora, tenham em conta que isto é só o começo. Logo a seguir, o grande economista afirma que a homossexualidade é um comportamento desviado… «como o diz o catecismo da Igreja Católica»! Será que o que diz a ICAR, para o académico, é lei? O que diz a ICAR é apenas a sua opinião. Daí que entenda que as relações entre pessoas do mesmo sexo sejam imorais. Mais: qualquer dia, com estes movimentos para a legalização dos casamentos homossexuais, será a vez da poligamia, do incesto e da bestialidade! A legalização da poligamia não é muito chocante desde que funcione para os dois sexos, que as relações entre os cônjuges sejam devidamente acauteladas bem como a segurança do comércio jurídico. Quanto ao incesto, este constitui um impedimento ao casamento – e nada mais do que isso – por razões de saúde. Relativamente à bestialidade, não pode ser nunca equiparada ao casamento porque os animais não têm vontade, faltando logo, à partida, um dos requisitos – vontade livre e esclarecida – para aquele contrato.

Da homossexualidade, João César das Neves passa para a obsessão pelo prazer e suas consequências: a queda da instituição familiar e, assim, a decadência da sociedade. E como se manifesta esta obsessão? Pelos livros de educação sexual que incitam à masturbação, que entendem que é algo perfeitamente normal, e à descoberta da sexualidade! Que vergonha! Que pecado! Que crime! Porquê? Porque «o sexo é uma força extraordinariamente poderosa que define a nossa vida». É um comportamento desviante que distorce a personalidade. É por isso que as sociedades «tentaram arranjar costumes, hábitos e regras para controlar esta coisa». O leitor repare que o entrevistado se refere ao sexo como «coisa», como se fosse algo de nojento que nem merece ser tratado pelo nome.

A seguir, JCN fala na única revolução sexual da História – a imposta pela Igreja – e que acabou «com o deboche absoluto, com regras muito sortidas». «Abandonar a Igreja», diz, é «voltar ao mesmo». Por isso é que diz que a pedofilia deixará de ser crime, porque na Grécia Antiga era normal. Todo este afastamento da boa doutrina da Igreja da moderação sexual e, desta forma, da família está a conduzir ao aumento do «consumo de droga, do suicídio, da desorganização das famílias, do abandono dos mais velhos».

E o preservativo? Esta questão, de acordo com o académico, não se coloca numa relação estável entre marido e mulher (como se o casamento conferisse, automaticamente, estabilidade numa relação) e que aquele pedaço de látex «é uma forma mecânica de tratar questão». Na verdade, para quem leva uma vida de deboche (o que quer que isso seja) e não conhece as regras da Igreja, isto é só um pormenor.
E se um casal heterossexual não quiser ter filhos? A solução de JCN é o fiável método do calendário!

Quanto à hipocrisia da Igreja face ao aumento da sida e à constatação de que as relações sexuais não se passam entre casais estáveis? Não há hipocrisia nenhuma! De acordo com César das Neves, a ICAR não condena o preservativo, mas sim o deboche. Se as pessoas só tiverem relações sexuais como diz a Igreja, deixa de haver sida. As campanhas de luta contra a sida deviam dizer «não ande aí no deboche» em vez de aconselharem o uso do preservativo.

Relativamente ao aborto, obviamente, João César das Neves considera que a ciência não tem dúvidas ao afirmar que existe a destruição da vida humana. Não sei a que ciência é que se refere porque se há algo onde a ciência se divide é na definição do início (e no fim) da vida humana. Assim sendo, equivalendo a interrupção voluntária da gravidez à morte de uma criança, esta devia ser proibida em todos os casos, incluindo mal-formação genética e em caso de violação.

Que conclusões podemos retirar desta esclarecedora entrevista? Como disse o Carlos Esperança:
1 – O acto sexual só é legítimo se se destinar à procriação;
2 – A masturbação e uma abominação porque dá prazer. Para fazer um espermograma
deve-se casar canonicamente, praticar o coito com vista a reprodução e fazer,
depois, uma punção no baixo ventre da mulher para recolher a amostra de sémen;
3 – A masturbação feita aos outros não foi abordada por JCN pelo que ficou sem
se saber se pecavam os dois ou só um;
4 – Deboche é qualquer prática sexual que tenha em vista o prazer. A gula é o
deboche dos hidratos de carbono;
5 – Tudo o que diz a ICAR é a verdade, a única verdade, a verdade de JCN;
6 – O Papa é o sociólogo, o psicólogo, o casto e o modelo das virtudes humanas. Se todos o seguissem acabaria a humanidade por falta de reprodução.