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Categoria: Não categorizado

12 de Junho, 2005 Palmira Silva

Ameaça IDiota na Europa contra ataca

Depois de desautorizada pelos seus colegas do partido democrata cristão da ideia peregrina de realizar um debate sobre criacionismo, versão desenho inteligente (ID), versus evolucionismo, com o fim de introduzir o primeiro nos curricula escolares, a ministra holandesa da Educação, Cultura e Ciência, Maria Van der Hoeven, continua a cruzada em prol da sua visão (blasfema) de ciência. Visão que é coincidente com a dos criacionistas que escreveram a proposta para os standards de ciência no estado do Kansas. Que é simplesmente uma forma encapotada de poder transmitir aos estudantes que explicações não naturais ou sobrenaturais são parte integrante da ciência e que Deus(es), qualquer que seja, é uma hipótese em ciência. O que é obviamente um absurdo!

Depois de os seus colegas de partido e os parlamentares holandeses terem afirmado que não estão interessados na regressão científica a que tal debate corresponderia, a esforçada ministra avançou com uma manobra populista e demagógica que, segundo ela, justificaria, se não mesmo exigiria, tal debate. Manobra que, se não for desmascarada como um pretexto espúrio para o real objectivo de introduzir o criacionismo nos curricula escolares, pode enganar os mais incautos, se considerarmos o clima de tensão religiosa que se vive na Holanda desde o assassinato de Theo van Gogh.

Assim, a ministra afirma que se conseguiria uma melhor integração dos muçulmanos holandeses se os curricula escolares, nomeadamente os científicos que incluem o evolucionismo, não fossem vistos como contradizendo o Corão. Mas na realidade o debate ciência versus religião não é sequer considerado pelos religiosos islâmicos, que não encaram o evolucionismo como a ameaça à religião que constitui para os fundamentalistas cristãos. Ou seja, não é o ensino do evolucionismo que impede a integração dos muçulmanos na Holanda. O ensino do evolucionismo só é considerado um «proselitismo» ateu pelos cristãos não pelos islâmicos, mesmo os mais fundamentalistas!

11 de Junho, 2005 Palmira Silva

Dois anos blogando em português

Muitos parabéns ao Paulo Querido pelo segundo aniversário do Weblog! Toda a blogoesfera nacional deve à plataforma desenvolvida pelo Paulo boa parte da visibilidade e importância que este meio de comunicação merece à data! E a forma de aferir a «guerra de audiências»…

8 de Junho, 2005 Carlos Esperança

O ano eucarístico de Braga

Vai terminar em Balasar, por decisão do respectivo arcebispo, Sr. Jorge Ortiga, o Ano da Eucaristia da diocese de Braga.

O encerramento terá lugar em 22 de Outubro na terra da beata Alexandrina Maria da Costa. Das festividades farão parte, segundo o arcebispo Sr. Jorge Ortiga, um colóquio da parte da manhã e, à tarde, uma missa campal seguida de procissão.

A beata Alexandrina foi uma piedosa mulher que se atirou de uma janela para não ser violada. Quis Deus que vivesse 13 anos e sete meses sem comer, nem beber, em anúria, apenas alimentada por hóstias consagradas.

O Papa JP2 garantiu que estas aldrabices eram verdadeiras, pelo que a beatificou.

Há quem pense que o padre se terá esquecido de consagrar a última hóstia – razão pela qual se apagou a bem-aventurada que se habituara a sobreviver com tão parca ração.

Fonte: Agência Ecclesia

8 de Junho, 2005 Palmira Silva

Agnes de Deus

Morreu Anne Bancroft, a intratável Madre superiora no filme «Agnes de Deus», uma alegoria da disputa pela verdade entre a Ciência e a Fé, apresentada sob a forma de uma história de suspense, assassinato e paixão passada num convento isolado. Esta fabulosa adaptação do sucesso da Broadway por Norman Jewison conta ainda com as magistrais interpretações de Jane Fonda, no papel de uma psiquiatra e de Meg Tilly, uma simples (no sentido «Ratzingiano» do termo) freira. Jane Fonda, a Ciência, investiga se Meg Tilly tem condições psicológicas para ser submetida a julgamento pelo assassínio do seu filho recém-nascido. Filho que Anne Bancroft, a Fé, afirma concebido sem pecado.

Não é de estranhar que Agnes de Deus não figure na lista dos cinquenta melhores filmes católicos de sempre, eleitos pelo site norte-americano Cultura Católica. O que é francamente estranho é a presença de um filme do ateísta e homossexual assumido Pier Paolo Pasolini na lista, que dirigiu, entre outros filmes polémicos, «Saló ou Os 120 Dias de Sodoma». Ou um filme, «As vinhas da ira», que é adaptação de um livro de outro ateísta assumido, John Steinbeck. Esta escolha é especialmente estranha já que este e outros livros de Steinbeck, considerados blasfemos, foram censurados e banidos de vários liceus nos Estados Unidos.

7 de Junho, 2005 Palmira Silva

Teoria da causalidade

Para além de Portugal a seca assolou este ano outras zonas do globo. Numa vã tentativa de influenciar o que é determinado por causas naturais assistimos cá no burgo a uma sucessão de rezas e procissões.

Na Índia, Bangladesh e Nepal, países invadidos por uma onda de calor que já matou uma centena de pessoas nas últimas semanas e em que a monção tarda a sua aparição, as tentativas de intercessão junto aos deuses assumem outros contornos. Assim numa aldeia nepalesa, Darbang, a cerca de 280 quilómetros da capital, Kathmandu, cerca de 100 mulheres dançaram nuas para agradar ao deus hindu Mahadev e este enviar a tão esperada chuva.

Em Khochakandar, Índia, os habitantes da aldeia na província de Bengala realizaram uma cerimónia hindu tradicional para unir pelos sagrados laços do matrimónio… dois sapos gigantes. Porque, como explicou uma das organizadoras do evento, Konica Mandal, «Os nossos antepassados costumavam organizar casamentos de sapos para terem chuva suficiente para a agricultura. Nós esperamos que a chuva caia muito em breve».

Certamente que algumas pessoas, que discordam que a ciência deva fornecer apenas explicações naturais para o que observamos no mundo à nossa volta, pensarão que a teoria da causalidade inferida pelos aldeãos que os levou a tais manifestações, «o chamado conhecimento sintético a priori, que não é falsificável no sentido popperiano do termo» é uma teoria «científica» legítima…

7 de Junho, 2005 Carlos Esperança

Há hereges em Taveiro

Quem o diz é o padre José Matos que há mais de uma dezena de anos exerce o múnus nesta paróquia dos arredores de Coimbra e que agora anda de candeias às avessas com os aproquianos.

Na base do litígio está a crescente má vontade da população que acusa o padre de se recusar a celebrar casamentos ao domingo. Mas a gota de água que fez trasbordar o copo do anticlericalismo foi a recusa da entrega da bandeira à presidente nomeada para as próximas «Festas de Nossa Senhora da Conceição», no fim da procissão deste ano.

O padre tem dúvidas em reconhecer a presidente porque – alega – «não sei como decorreu o processo nem acompanhei as coisas». A comissão de festas acusa o padre de exigir o sorteio na Igreja, na sua presença, e Helena Rebelo, da organização das festividades, diz que «a igreja não pode virar casa da sorte para andar a fazer sorteios».

Nestas coisas de Deus há sempre um grande potencial de conflito que os leitores podem aprofundar na leitura do artigo do «Diário as Beiras».

No entanto o Diário Ateísta não pode deixar de registar a acusação de Helena Rebelo que critica a alegada exigência do pio sacerdote José Matos de que os pagamentos da festa – 275 euros – fossem feitos «em dinheiro vivo, sem recibo».

A ser verdade, é uma tentativa de fuga ao fisco, pecado que há tempos a ICAR incluiu no seu catálogo e que, após a última revisão da Concordata, ficou ao alcance do clero católico.