10 de Julho, 2005 Carlos Esperança
Padres, ciência e sexo
A ciência formula hipóteses, a religião impõe certezas. A primeira observa e perscruta, a segunda esconde e deturpa.
Na ciência oficiam os que investigam, nas religiões os que recitam. Uns interrogam-se, outros conformam-se. Entre os que buscam a verdade e procuram a mudança e os que carregam a mentira e defendem a tradição, vai a distância entre um ateu e um crente.
De um lado está o progresso, do outro o hábito. Uns buscam a felicidade humana, os outros a glória de Deus.
«Quem sabe faz, quem não sabe ensina». É por isso que os clérigos reclamam o ensino da educação sexual, mas um bispo a falar de sexo é como uma prostituta a exaltar a castidade. Um fala daquilo que lhe é vedado e a outra daquilo que não pratica.
A divina hipocrisia tem destas coisas.
As vestes talares dos clérigos remetem para um desejo hermafrodita em que os castos por ofício sonham com a auto-suficiência para satisfação do cio.