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21 de Julho, 2005 jvasco

Religião: medo de ser livre

«Liberdade – A coragem de ser genuíno» é o nome de um livro onde se alega que as religiões actuais existem principalmente para corresponder ao medo do ser humano de ser livre.

O comentário feito ao livro neste artigo do jornal de notícias fez aumentar a minha curiosidade em lê-lo, se bem que o antepenúltimo parágrafo me faça reagir com algum cepticismo.

Trocar as religiões tradicionais por delírios pseudo-místicos (espero que não seja o caso) não traz grandes vantagens.

19 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Os talibãs de J. Cristo

À medida que o terror islâmico e a demência suicida dos fiéis de Maomé avançam, esperar-se-ia uma resposta laicista a conter as alucinações de trogloditas fanatizados por mullahs com versículos do Alcorão.

Cada vez que os talibãs se deleitam a decepar membros, lapidar mulheres e degolar infiéis, os países civilizados deviam remeter as manifestações religiosas para o espaço lúgubre dos templos e vigiar os ímpetos assassinos dos crentes exaltados e de quem os acirra.

Sempre que os dignitários instigam ao crime por motivos religiosos deviam cair sob a alçada do Tribunal Penal Internacional que os julgaria por crimes contra a humanidade.

Paradoxalmente, bandos de beatos de um deus concorrente (JC) vão assaltando os aparelhos de Estados dos países laicos, infiltrando a lepra religiosa, confiscando escolas e espalhando vírus pios por hospitais, lares e outros centros de assistência.

O cristianismo, quer na versão autoritária e agressiva – o catolicismo -, quer na histeria evangélica do presidente Bush e dos seus sequazes, amigos do peito e da eucaristia, infiltra as universidades transformando-as em sacristias do mais néscio proselitismo.

Nos EUA são cada vez mais as universidades onde jovens se organizam sob a orientação de clérigos para as transformarem em madraças para divulgação da filosofia e teologia cristãs mais conservadoras.

Católicos, evangélicos, baptistas, mormons e outros fanáticos cristãos, competem num ardor beato, a lembrar suicidas islâmicos, para corroerem o pluralismo, a laicidade e as amplas liberdades que os regimes democráticos asseguram.

Os evangélicos e os movimentos católicos são os mais desvairados neste proselitismo que se acentuou no dealbar do novo milénio.

A influência perniciosa do Papa JP2 e do seu avatar e sucessor B16 criou ou estimulou numerosos bandos católicos, agressivos e beatos, como Neocatecumenais, Comunhão e Libertação, Focolares, Carismáticos, Regnum Cristi e Opus Dei, todos ansiosos por converter as escolas em covis de uma educação «teocêntrica» e os alunos em soldados de Cristo, prontos para novas cruzadas e o regresso à intolerância medieval de que o jacobinismo, o espírito republicano e as aspirações laicistas haviam curado a Europa.

Ao fundamentalismo islâmico, visto com benevolência nas alfurjas do Vaticano e nos antros das Conferências Episcopais, respondem os coriféus do cristianismo com um fanatismo simétrico. Buscam o Paraíso combatendo a liberdade, o ateísmo, a laicidade e o agnosticismo.

19 de Julho, 2005 Mariana de Oliveira

Terrorismo na enfermidade

O Papa Ratzinger exortou os médicos a ensinarem aos doentes «o sentido transcendente da dor e da enfermidade». Nessa carta, B16 incita «os médicos católicos a exercerem sua profissão acompanhando os enfermos com uma atitude de caridade, ensinando-os a aceitar os próprios limites humanos e a enfermidade e animando-os a oferecer ao Senhor seus sofrimentos, unindo assim ao sacrifício redentor de Cristo».

Olhando para o nosso pequeno país à beira-mar plantado, o pedido de Ratzinger, antes de acontecer, já tinha visto acolhimento nos nossos hospitais: temos capelanias hospitalares, assistência espiritual e religiosa, objecções de consciência por parte de médicos que se recusam a praticar o aborto permitido ou cópias da Bíblia. Como se isto não bastasse, e para além da doença, corremos o sério risco de encontrarmos um médico que nos quer fazer ver o «sentido transcendente da dor e da enfermidade».

19 de Julho, 2005 jvasco

Simulador Divino

E se vocês fossem Deus?
Teriam feito o mundo tal como ele é?
Agora pensem um pouco sobre o que fariam nessa situação e explorem o fantástico Simulador Divino que, de uma maneira simples e divertida, coloca a nu as fraquezas da mitologia cristã.

E, já que estão com a mão na massa, divirtam-se também com este gerador de religiões.

18 de Julho, 2005 Mariana de Oliveira

Separação dinamarquesa

De acordo com um jornal religioso «Kristeligt Dagblad», 46 por cento dos deputados do parlamento dinamarquês afirmam o desejo de uma maior separação entre o Estado e a Igreja Luterana. Dentro desta percentagem, 29 por cento querem uma separação completa, sendo que os 17 por cento restantes pretendem apenas um distanciamento.

Apesar de tudo, o Ministro da Educação e do Culto, Bertel Haader, duvida que «exista uma separação entre Igreja e o Estado na próxima geração, mas se um relaxamento dos laços significar, por exemplo, que o registo civil tenha de ser efectuado pela Igreja do Estado» é para aí que se caminha.

Um dado curioso é que o único país escandinavo a consagrar a laicidade é a Suécia e fê-lo no ano 2000. Apesar de tudo, creio que nos podemos congratular por não vivermos num Estado marcadamente confessional, não que a ICAR não faça por tentar conduzir as políticas governamentais por forma a perseguir determinados valores morais e por tentar manter determinados privilégios. É contra esta influência mais ou menos velada e contra certos benefícios – nomeadamente fiscais – que devemos lutar.

18 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Concorrência desleal

Ontem o padre Vítor Feytor Pinto, no fim da missa do meio-dia, avisou os paroquianos para não darem esmolas ao pé da igreja.

Um mendigo estabelecido junto à porta e com horário de trabalho coincidente com a entrada e saída dos actos piedosos não gostou deste ataque à economia liberal.

Entrou na igreja, esbofeteou o conhecido pároco, tirou-lhe os óculos e esmagou-lhos com os pés.

Para além do acto reprovável do mendigo, que o Diário Ateísta lamenta, estamos em condições de informar os nossos pios leitores de que o padre Feytor Pinto pensa apresentar queixa judicial. Isto de dar a outra face e arriscar o próximo par de óculos é uma atitude cristã do passado.

Fonte: Correio da Manhã

17 de Julho, 2005 Palmira Silva

Creatio ex nihilo

«Desde há muito dizem que o Supremo Arquitecto tentou fazer escultura. (…) Assim este velho de barbas escolheu como material o barro, o que em si mesmo já mostra o tipo de mentalidade escultórica que possuía. As coisas começaram a correr para o torto; umas esculturas eram simplesmente más, outras começaram a estalar (…). Irascível e incapaz de autocrítica, Deus disse logo que a culpa não era dele. Em primeiro lugar acusou outro génio da época, um agrónomo especialista em pomares que, ao que parece, frequentava o jardim onde Ele punha as esculturas. Depois, acusou a má qualidade do barro e, finalmente, proibiu que se fizessem mais esculturas(…).» João Cutileiro, 1972.

Todas as religiões têm os seus mitos da criação, expressões de arquétipos comuns a toda a humanidade, já que uma das funções da religião é a de explicar o mundo e a existência humana, necessitando, por isso, mitos da criação, tanto do mundo como do homem. Assim, o mundo é frequentemente criado por um deus ou deuses a partir do caos, de uma matéria primordial, pensamento ou palavra divina – como na Bíblia e no Popol Vuh – e, nalgumas, uma emanação divina, como calor ou transpiração. Para a criação do homem, que se segue normalmente à criação do mundo, estes mitos envolvem, como seria de esperar, a intervenção «divina», seja ela a partir de um ovo, descendência de um casal divino, de barro, etc.. Todos esses mitos, porém, possuem características comuns: (1) o ser supremo é omnisciente e todo-poderoso; (2) o acto de criação é consciente, deliberado, planejado e livre e (3) a criação original é um paraíso destruído por um qualquer pecado humano.

Explicadas as origens é necessário elaborar sobre o futuro, com especial ênfase naquele que é o nosso destino último: a morte. Surgem então paraísos sortidos onde aqueles que em vida seguiram os meios de salvação debitados pelas autoridades religiosas respectivas vivem em eterna felicidade na Valhala adequada à sua cultura. Os incréus e os que não obedecem escrupulosamente aos ditames dessas autoridades são agraciados com infernos de concepção variada mas que são invariavelmente castigos «divinos» horríficos. Muitas religiões apresentam ainda versões apocalípticas para completar o ciclo.

Desde os primórdios da humanidade que os mitos criacionistas se constituiram como verdade absoluta, interpretada literalmente dos textos sagrados das diversas religiões. As vozes discordantes ou críticas foram por norma radical e violentamente silenciadas uma vez que as autoridades religiosas e políticas se confundiam no exercício do poder e o respeito pelo indivíduo não faz parte do código «genético» de alguma religião. No mundo ocidental a hegemonia das autoridades religiosas começou a ser questionada há pouco mais de dois séculos, na sequência dos movimentos humanistas renascentistas e culminou na laicidade e declaração dos direitos do homem, que inclui o direito à liberdade de pensamento. Mas quer a laicidade quer os direitos mais elementares são alvo contínuo de ataques dessas autoridades religiosas, nomeadamente da Igreja Católica, vulgo ICAR. A conjuntura actual é pasto fértil para que o Vaticano tente recuperar o integrismo perdido e, de facto, a eleição recente de Ratzinger para dirigente supremo e incontestável da ICAR é apenas mais um dos muitos sinais que o indicam.

Neste contexto, a ciência, completamente incompatível com quaisquer manifestações divinas, é o primeiro «inimigo» dos prosélitos da fé. Como o comprovam todas as movimentações em relação a investigação em terrenos perigosos para a ICAR (e outras religiões do livro, as naturais aliadas da primeira nas Nações Unidas nas tentativas de proibição da investigação sacrílega) como sejam a investigação em células estaminais, a clonagem, reprodução e morte assistidas. Assim, era apenas expectável que a teoria da evolução fosse repudiada pelo Vaticano. O dogmatismo anti-científico e obscurantista é necessário à sobrevivência do cristianismo e a reposição dos mitos da criação a pedra basilar da recuperação do integrismo católico.

Perante a ameaça civilizacional que tal regressão implicaria e dado que as tentativas de ensino do criacionismo, na sua vertente IDiota, o criacionismo advogado numa primeira fase pelo ilustre prelado Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, não se restringem aos Estados Unidos e já houve delírios criacionistas na Europa, urge combater os dinossauros de Deus na sua missão totalitária. Como o temos feito no Diário Ateísta, informando os nossos leitores das manobras eclesiásticas nesse sentido, nomeadamente os repetidos assaltos à laicidade dos Estados, e dissecando os absurdos criacionistas que os exegetas do Vaticano querem impor como verdades absolutas e incontestáveis!

16 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Terror religioso

Sou particularmente sensível às desigualdades sociais e à potencial violência que geram; à injustiça de uma sociedade egoísta e insensível ao sofrimento alheio; à discriminação que a riqueza, o consumo e o ostentação geram entre os que têm acesso imoderado e os que não podem sonhar com a mais ténue partilha.

Conheço do liberalismo económico as consequência deletérias na ruptura do tecido social e na marginalizarão de largas camadas populacionais, cuja miséria se torna mais obscena na comparação com o luxo que cresce e se ostenta a seu lado.

Não ignoro os ressentimentos que o colonialismo criou, as injustiças e os crimes cometidos nos países colonizados, o saque feito pelas nações poderosas do Norte aos países atrasados do hemisfério Sul.

Tudo isto é verdade e mal vai o mundo se a justiça distributiva se não ampliar, se o progresso não puder ser partilhado por maior número de pessoas, se a liberdade não se estender aos países onde os cleptocratas se apropriaram do aparelho do Estado e imensas populações vivem na mais cruel das misérias.

Mas nada disto justifica a barbárie que o fanatismo religioso espalha pelo mundo, nem serve de alibi a universitários, pilotos de avião e outros privilegiados que escolheram a profissão de suicidas. Não se pode conceder a liberdade a clérigos que açulam os crentes contra a civilização. Urge impedir o sangue e o ódio cultivados durante anos nos antros de mesquitas, contra a liberdade, o progresso e a cultura.

Há quem pense que todo o conhecimento que não cabe nos livros execráveis, que passam a vida a decorar, são inúteis; que qualquer manifestação de liberdade que colida com a vontade divina é um pecado grave; que a liberdade é uma provocação a um ditador cruel e sanguinário a cuja vontade interpretada pelo clero se submetem até à loucura e à morte.

O direito de culto não pode ser posto em causa mas o direito à vida e a civilização têm de merecer uma vigilância que não pare à porta das mesquitas ou na sacristia das igrejas. Os criminosos islâmicos que se imolaram no Metro de Londres eram ingleses imbecilizados por mullahs, veículos de bombas feitas provavelmente por um professor universitário que acredita na grandeza de Alá e na bondade de Maomé.

A esta corja de fanáticos, que medra no esterco da fé, é preciso dizer basta. Em nome da civilização. Por amor à liberdade. Pela igualdade dos sexos. Em defesa da vida. Pela diversidade de culturas. No estrito respeito pela Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Abaixo a fé. Viva a vida.

16 de Julho, 2005 fburnay

O que a História devia ensinar

É de tempos de crise que os tiranos se servem para impôr as suas doutrinas,as soluções que os que os seguem vêem como as únicas disponíveis para pôr termo ao caos que assola a sociedade.

Em 1994 a Rússia atacou um país separatista. A Chechénia viu assim começar uma guerra que ainda não terminou.

Nos três anos que se seguiram ao cessar fogo de 1996, eis que do cadáver da decadência civilizacional se vem servir o habitual abutre: o fanatismo religioso. Apesar de contrárias à identidade chechena, começaram a alastrar a sharia, as flagelações públicas e a jihad. Da Arábia Saudita importou-se o wahhabismo para as mentes dos jovens chechenos. O separatismo sempre foi visto como uma oportunidade para os proselitistas do terrorismo, que encontraram em Shamil Basaiev um móbil para crimes como o da Ossétia do Norte.

As religiões sabem como e quando devem servir-se da miséria humana. Os fiéis, habituados a vê-las como sinónimo de paz, é que por vezes não se apercebem.

16 de Julho, 2005 Ricardo Alves

Pode a ICAR aceitar a evolução?

O arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, escreveu um artigo («Finding Design in Nature»; New York Times, 7 de Julho) negando a teoria da evolução. Nesse artigo, Schönborn afirma: «A evolução no sentido de ascendência comum pode ser verdade, mas a evolução no sentido neo-Darwiniano – um processo não guiado e não planeado de variação aleatória e selecção natural – não o é». Schönborn afirma ainda que «Qualquer sistema de pensamento que nega ou tenta ignorar a evidência esmagadora a favor do desígnio em biologia é ideologia e não ciência» e conclui que «Teorias científicas que tentam ignorar a aparência de desígnio como um resultado do “acaso e da necessidade” não são científicas de todo». O artigo é totalmente baseado em textos catequéticos, e aplica-se a demonstrar que a «evidência» de um desígnio (inteligente) na natureza é um ensinamento dogmático da ICAR.

Schönborn já confessou que o seu artigo foi despoletado por uma conversa, em Abril, com o então Cardeal Joseph Ratzinger, que o terá encorajado a pressionar no sentido de obter da ICAR um pronunciamento mais claro sobre a teoria da evolução. Na frente oposta, estes desenvolvimentos preocupam alguns cientistas católicos, que decidiram escrever uma carta a Joseph Ratzinger pedindo-lhe que clarifique se a posição da ICAR se alterou.

Deve notar-se que Schönborn está a tentar obter um recuo relativamente às declarações de Karol Wojtyla em 1988 (quando este pedia o «diálogo» entre a ciência e a religião) e 1996, em que o Papa anterior parecia disposto a aceitar que a teoria da evolução era «mais do que uma hipótese» embora «incompatível com a verdade sobre o homem» se afirmasse que «a mente evoluíra a partir da matéria viva». Karol parecia disposto a aceitar que a teoria da evolução seria válida para todos os animais à excepção do homem; Schönborn pretende colocar toda a teoria da evolução em causa.

As últimas notícias indicam portanto um recuo dos mais altos responsáveis da ICAR no estatuto que conferem à teoria da evolução. No actual papado, a ICAR parece prestes a mergulhar, agora sem cautelas, nas trevas do obscurantismo e do dogmatismo anti-científico.