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26 de Julho, 2005 Palmira Silva

Despedimentos com justa causa

Num passado não tão distante o Sabbath cristão que tornava o Domingo o dia do «Senhor» era imposto pelos governos sobre os respectivos cidadãos: todas as lojas estavam fechadas, qualquer tipo de comércio era proíbido e esperava-se que os cidadãos consagrassem o domingo a actividades religiosas, nomeadamente a indispensável ida à missa. A separação Igreja-Estado permitiu que tal interferência estatal terminasse nos países ocidentais. Mas algumas pessoas pretendem recuperar os «bons velhos tempos» em que o cristianismo era imposto pelos respectivos governos. E nem todos são americanos: em Inglaterra o movimento liderado por Michael Schluter «Keep Sunday Special», apoiado por 500 igrejas, é extremamente activo na defesa da família que, segundo Michael Schluter, a manutenção da inviolabilidade do «Dia do Senhor» implica.

Aparentemente os tribunais britânicos não partilham a devoção ao Senhor deste movimento e infligiram uma derrota pesada para o seu piedoso intuito. Um devoto cristão, Stephen Copsey, que foi despedido por se recusar a trabalhar ao domingo, perdeu ontem no Tribunal de Apelo a última hipótese de receber a pretendida indemnização de 65 000 libras (cerca de 100 000 euros), merecida compensação pelos danos que tão injusto e herege despedimento provocaram.

Também em Inglaterra um estagiário do prestigiado diário The Guardian foi despedido por motivos religiosos, mas que neste caso não têm a ver com o respeito pelo Sabbath no dia do Sol (ainda a influência do mitraista Constantino). De facto, Dilpazier Aslam, 27 anos, foi despedido na sexta-feira depois de recusar afastar-se da organização radical islâmica Hizb ut-Tahrir, banida na maior parte dos países da Europa. Aslam considera levar o Guardian a tribunal por tão inusitada acção, mas, tal como Stephen Copsey, diria que vai ter uma certa dificuldade em convencer os tribunais da sua pretensão e obter a condenação do seu ex-empregador!

25 de Julho, 2005 jvasco

A prova que ainda nos falta apresentarem

De entre as várias «provas» que os crentes nos vão apresentando, de entre as várias «provas» que os grandes teólogos foram escrevendo ao longo da história às quais temos tido acesso, não há uma que não seja um conjunto de falácias gritantes, um mero jogo de palavras, ou, na melhor das hipóteses, nenhuma destas, mas ainda assim refutável (por se assentar numa falácia subtil e não em várias grosseiras, por exemplo).

No entanto, ainda nunca me tinha sido apresentada esta brilhante «prova» da existência de Deus, portanto aqui fica ela:

Hipótese: Deus existe

Prova:
1- Se a prova existe, a hipótese é verdadeira.
2- A prova existe: é a que está a ser lida.

De 1 e 2 se conclui que Deus existe.
QED

Devo dizer que esta «prova» é mais sólida do que muitas das outras que me têm sido apresentadas.

PS- A ideia não é minha

25 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Guerra à civilização

«O cristianismo e o islão não estão em guerra» – lembra o Papa Ratzinger, e tem razão. A guerra é entre a fé e a civilização, entre o Corão e a liberdade, entre a louca devoção a Alá e o ódio intenso à democracia.

O cristianismo compreende o islão, são faces da mesma moeda. O sonho do Vaticano é transformar a Europa e, se possível, o mundo num imenso califado submetido ao Papa, a regressar aos jejuns, a encher as igrejas, a frequentar os sacramentos e a transformar o direito canónico em fonte do direito civil.

O Papa, este inquisidor autoritário, considera ditaduras as formas de Governo que ignorem a lei de Deus, um código vago e violento, de cuja chave se considera detentor, e que procura impor através de uma multidão de clérigos prontos para a jihad católica, à semelhança, aliás, do que pensa e pratica o fundamentalismo metodista.

Só os Estados secularizados açaimaram os exércitos de padres, freiras, monsenhores, cónegos, bispos e cardeais, receosos de arriscar o bem-estar em batalhas de resultado incerto.

Na Europa, América e África pululam agremiações de duvidosa virtude e reconhecida raiva à laicidade. Legionários de Cristo, Focolares, Comunhão e Libertação, Carismáticos, Regnum Cristi, Neocatecumenais, Opus Dei e outras matilhas de Deus, ávidas de proselitismo, famélicas do Paraíso.

A América do Sul, para onde o Vaticano exportou e refugiou próceres do nazismo, tem sido o campo de treino dos mais agressivos movimentos católicos que apoiaram e sustentaram execráveis ditaduras e combatem as tímidas tentativas democráticas de libertação das sotainas.

A separação da Igreja e do Estado é nos países sul-americanos uma tarefa urgente e difícil que tem no Opus Dei o principal adversário e nos seus padres e membros uma corja vigilante a impedir a modernização, o progresso e o laicismo.

A superstição e a ignorância são aliados naturais do poder clerical. Os poderosos encontram na ICAR o instrumento de dominação dos pobres e os cúmplices na manutenção das desigualdades.

25 de Julho, 2005 Carlos Esperança

O momento Zen da Segunda-feira

João César das Neves (JCN) raramente poupa os leitores à homilia do Diário de Notícias. Hoje usou como título as palavras habituais do charlatão que criou a religião de que é prosélito: «em verdade, em verdade vos digo».

Desta vez,o pretexto foi mais um filme bíblico, neste caso baseado no «Evangelho segundo S. João». É uma das quatro histórias que deram origem à cisão do judaísmo, impregnada de fulgor anti-semita que a concorrência recente levou ao exagero e à demência.

JCN aproveita para debitar aquelas frases estúpidas que os crentes atribuem a Deus e que julgam ter um conteúdo profundo. Eis um exemplo deplorável de indigência mental: «Eu vim a este mundo para proceder a um juízo: de modo que os que não vêem vejam, e os que vêem fiquem cegos» (Jo 9, 39). JCN acha que isto é profundo e se trata de uma mensagem divina.

JCN exulta e exalta-se com a subserviência da realização às patranhas bíblicas. «A produção segue fiel e simplesmente o texto do Evangelho» – afirma. Acresce que acredita no que diz, beato desvairado que não se contenta em buscar o Paraíso para si, mas pretende servi-lo, ao domicílio, aos incréus.

Diz JCN: «Cristo não tem um discurso contemporizador e tolerante, mas intenso e decisivo. Ele exorta, divide, condena, arremete». Isto é uma acusação de um devoto, que poderia dizer de tais dislates um inveterado ateu?

Depois cita de novo o vendedor das ilusões: «Se não crerdes que Eu sou, morrereis nos vossos pecados” (Jo 8, 24). “A obra de Deus é esta: crer naquele que Ele enviou” (Jo 6, 29). Livra! Ameaçador, chantagista e assustador – um vendedor da banha da cobra a impor-se pela violência.

JCN, na sua devota superstição termina a homilia desta segunda-feira com estas palavras: «Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no Filho Unigénito de Deus. E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3, 17-19).

Vejam como nos julga e ameaça este papa-hóstias e adorador de todos os biltres que chegam a Papas da ICAR.

24 de Julho, 2005 Palmira Silva

Ditadura segundo o evangelho

Segundo o Cardeal Rosalio Castillo Lara a Venezuela está a viver em ditadura, sob o jugo do «mais nefasto governo na história da Venezuela» e acha que a situação se pode resumir à oração «pede a Deus que nos liberte deste flagelo».

A igreja católica venezuelana, que perdeu boa parte da sua credibilidade junto ao governo a partir de 11 de abril de 2002, quando a sua hierarquia participou activamente no golpe de Estado que derrubou, por algumas horas, o presidente Chávez, fala num processo revolucionário em curso naquele país, nomeadamente no fim anunciado das liberdades democráticas, e da promoção da tão combatida«cubanização» da Venezuela.

As declarações do piedoso prelado inserem-se no espírito do último livro do finado João Paulo II, «Memória e Identidade», em que este afirmava que não aceitar os ditames dos Evangelhos é uma nova forma de totalitarismo. Assim, qualquer regime político não sujeito às leis de Roma seria ditatorial. Não importa que Hugo Chávez tenha sido recentemente ratificado nas urnas, para desespero da mui democrática e católica oposição que promoveu a tentativa de golpe de estado, procurando nas ruas aquilo que não conseguiu nas urnas. Para a Igreja católica a definição de democracia é tão só o acatamento dos seus ditames anacrónicos.

Aliás, a História da América latina está recheada de ditaduras democracias católicas apoiadas entusiasticamente pela Igreja Católica. Nomeadamente a ditadura democracia militar na Argentina apoiada ostensivamente pela delegação da ICAR local, «salvando» assim a Argentina do comunismo internacional.

Suponho que dentro em breve ouviremos protestos semelhantes da «elite» católica em relação ao governo da Argentina, também pela inusitada e «ditatorial» reacção do governo de pedir a substituição do bispo das Forças Armadas, António Baseotto, dizendo que deixaria de lhe pagar o salário respectivo se tal não acontecesse. Acção classificada pelo porta-voz do Episcopado, Jorge Oesterheld, como «um passo para a discriminação e um atropelo à liberdade religiosa».

Tudo porque o indignado prelado proferiu umas «justas» palavras sobre o ministro da Saúde, muito pouco catolicamente a favor do uso de métodos contraceptivos não «naturais», o famigerado e pecaminoso preservativo entre eles, e da despenalização do aborto. Assim foi certamente exagerada e ditatorial a supracitada reacção às declarações do bispo que o ministro merecia «ser atirado ao mar com uma pedra de moinho ao pescoço», uma prática corrente na ditadura militar, em que se atiravam os presos políticos ao mar, a partir dos aviões navais. Aliás, de acordo com as declarações ao canal Plus de França do general Benito Bignone, ditador da Argentina entre 1982 e 1983, uma prática aprovada pelos bispos da Igreja Católica argentina, que concordavam com a política da última ditadura militar de torturar e silenciar os «desaparecidos» opositores políticos. Certamente possuídos pelo demo para atentar contra tão católico regime. E contra o demo todas as acções são legítimas!

Como o comprovam os relatos de diversos sobreviventes dos campos de concentração da ditadura democracia católica, que indicam a presença de padres da Igreja Católica nas salas de tortura, que participavam activamente nas torturas e interrogatórios, certamente para despistar e exorcizar possessões demoníacas nos prisioneiros.

23 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Terrorismo cheio de fé

Em Londres os actos de terrorismo voltaram. A insegurança e o medo regressam à capital do Reino Unido. Não há desculpa nem perdão.

Os sucessivos crimes perpetrados por fanáticos não são um mero epifenómeno de extremistas exaltados, resultam da interpretação dos livros sagrados e da catequese terrorista dos dignitários religiosos que os acirram.

Tal como os crimes de que Hitler e Stalin foram autores se devem a ideologias que fanatizaram milhões de pessoas, também os atentados inspirados por Bin Laden têm origem numa ideologia que convence os autores da bondade dos seus desvarios.

A Al-qaeda não é diferente do IRA. Os atentados de Londres, Madrid ou Nova York não são mais perversos do que os que os sionistas cometeram na Palestina ou os cristãos perpetraram, no passado, contra os judeus.

A violência e a crueldade cristãs pareciam ter atingido o auge com as cruzadas mas o delírio assassino não foi, todavia, menor na Reforma e na Contra-Reforma. Valeu à Europa, continente martirizado pelo proselitismo e demência do fanatismo cristão, a Revolução Francesa, a progressiva secularização social e, finalmente, a nem sempre pacífica separação da Igreja e do Estado.

Mas não nos iludamos com o carácter aparentemente mais civilizado dos bispos e pastores cristãos. Aguardam apenas que a correlação de forças lhes permitam recuperar o poder e dominar as sociedades. Não desistem de as submeter aos seus preconceitos e de as controlar, moral, jurídica e politicamente.

A evangelização começa por falar de bondade, paz e amor; serve-se do ensino, da assistência e da caridade; visa o poder económico, social e político, ao serviço do clero.

Não haverá paz enquanto os Estados não remeterem a religião para a esfera privada, garantindo a cada cidadão o efectivo direito à sua prática ou ao seu desprezo e uma igualdade sem tergiversações aos crentes das diversas religiões, aos agnósticos e aos ateus. Além disso, o respeito pela laicidade do Estado, a observância das leis civis e a submissão ao poder democrático, devem ser condições necessárias à liberdade de culto.

A origem divina do poder foi a farsa com que o clero dominou os povos. A vontade soberana dos cidadãos, regularmente sufragada, decide as normas de conduta que a todos obrigam. As religiões que não se conformarem com a democracia terão de ser proscritas. Não podemos consentir crimes em nome de Deus. A civilização não o permite.

Post Scriptum – Hoje, no Egipto, os loucos de Alá provocaram mais algumas centenas de mortos e feridos. Um Deus assim não pode andar à solta.

23 de Julho, 2005 Palmira Silva

Operação Murambatsvina

O mui católico Robert Mugabe, presidente do Zimbabwe desde 1987, lançou a chamada operação Murambatsina, em acção desde 19 de Maio do corrente ano, poucas semanas depois da reeleição do ditador sanguinário, vista por muitos como uma operação punitiva dos citadinos que votaram massivamente nos seus opositores políticos. Em Shona, o dialecto natal de Mugabe, Murambatsvina significa ver-se livre do lixo e, de acordo com o comissário da polícia Augustine Chihuri, «Precisamos limpar o nosso país da massa informe de vermes apostada em destruir a nossa economia».

Num país onde se estima que apenas 20% da população tem emprego formal, Mugabe pretende acabar com a economia paralela destruindo mercados e habitações «clandestinas» em todas as zonas urbanas do país, e queimando culturas «clandestinas», a maior fonte de alimentação para muitos, num país onde a agricultura se encontra num estado desastroso e a população necessita ajuda externa para suprir as necessidades alimentares mais básicas e o governo usa essa ajuda exterior como forma de chantagem política.

Os milhares de demolições de casas de pessoas sem quaisquer alternativas de alojamento, para além de terem criado centenas de milhares de desalojados que o governo pretende «ruralizar», já provocaram duas vítimas mortais, dois bébés esmagados pelos bulldozers juntamente com as casas em que habitavam.

O desrespeito pelos mais elementares direitos humanos cometidos sob a égide do católico Mugabe, educado num colégio jesuíta, que compareceu ao funeral de João Paulo II não obstante as sanções impostas pela Comunidade Europeia, só recentemente começou a ser criticado por alguns dignitários eclesiásticos locais, com especial ênfase pelo arcebispo de Bulawayo, Pius Ncube. Até 2003 Mugabe era suportado entusiasticamente pelas Igrejas de confissão cristã, católica proeminente entre elas. Ano em que morreu o seu grande amigo e apoiante, o arcebispo Patrick Chakaipa, que oficiou em 1996 ao segundo casamento de Mugabe, com Grace Marufu, a sua secretária 40 anos mais nova com quem já tinha dois filhos à data, uma cerimónia possível devido a uma dispensa especial, já que Marufu era divorciada.

Aliás, antes da eleição tentou «reconquistar» o apoio cristão instituindo um «dia nacional de oração», no primeiro dos quais, cerca de um mês antes das eleições de Março último, foi abençoado por Stephen Mangwanya, um representante das Igrejas Pentecostais, e em que o bispo anglicano Kunonga o apelidou «verdadeiro cristão».

Infelizmente a História, mesmo a mais recente, está repleta de «verdadeiros cristãos» como Mugabe, que governaram despoticamente com o beneplácito do Vaticano ou das autoridades de outras denominações cristãs. Quiçá a alteração da posição da Igreja de Roma em relação a Mugabe se deva não só à idade avançada do ditador, que faz prever que o seu reinado de terror não se possa estender muito mais, como também à condenação unânime do seu regime por todo o mundo ocidental.

22 de Julho, 2005 Mariana de Oliveira

Santo DVD

Foi colocado à venda um DVD nos quais Josemaría Escrivá de Balaguer fala sobre vida cristã e santidade, agora que faz trinta anos sobre a sua morte.

O DVD, intitulado «Diálogos com um santo», contem três filmes: um encontro de Escrivá com centenas de pessoas em Barcelona, outro encontro no Peru e o documentário «Santidade e apostolado», no qual se descreve a espiritualidade do Opus Dei através da pregação no campus da Universidade de Navarra, a 7 de Outubro de 1967.

Josmaría Escrivá foi o fundador da Opus Dei, organização obscura da ICAR, e ferveroso adepto do Fascismo. Agora a Opus Dei dá-nos a oportunidade de, no conforto do nosso lar devidamente equipado tecnologicamente, sabermos mais sobre a vida e obra daquele santo. Claro que a perspectiva não será a mais imparcial, mas não se pode esperar outra coisa da Opus Dei. Espero é que o seu visionamento não tenha como efeitos secundários a vontade de auto-flagelação como forma de expiação de pecados.

22 de Julho, 2005 jvasco

Alerta! A seita do bule gigante foi atacada!


Autoridades da Malásia prenderam 58 seguidores de uma seita bizarra que cultuava um bule de chá gigante, dois dias depois de a sede do grupo ter sido incendiada.

Uma pessoa pode pensar que uma «seita do bule gigante» já é suficientemente anedótico, mas aquilo que não é para rir, e sim realmente triste, é a atitude de intolerância das autoridades islâmicas da Malásia.

Eles levaram o bule «a sério» e agiram de forma criminosa.