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31 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Pastafarians, uma religião de massas

Os delírios IDiotas nos Estados Unidos despoletaram uma série de reacções à altura. Não só o imperdível artigo na minha «Cebola» favorita mas aquele que já é um fenómeno de culto, diria mais uma religião de massas, a Igreja do Esparguete Voador (e respectivas almôndegas), cujos (muitos) seguidores se descrevem como pastafarians.

Os verdadeiros pastafarians vestem-se de acordo com as «sagradas» revelações, à pirata, e é interessante analisar o gráfico que apresenta uma correlação perfeita entre o aquecimento global e o declínio do cumprimento desta regra crucial de como cobrir o corpo decentemente aos olhos do Senhor!

Absolutamente delicioso! Especialmente acompanhado dum bom Aragonês !

Numa nota mais séria, já há mais de 3 anos que foi publicado um artigo respondendo às IDiotias que encontram «problemas graves» na teoria da evolução: 15 respostas ao nonsense criacionista, um artigo de 2002 na Scientific American do seu editor-chefe, John Rennie. Que recomendo! Vivamente!

30 de Agosto, 2005 Carlos Esperança

Voos da fé

O Papa Bento XV declarou a Santíssima Virgem do Loreto Padroeira Universal da Aviação, a pedido do clero, em 24 de Março de 1920, dia da festa do arcanjo Gabriel, conhecido por voos de longa distância e pela velocidade com que se deslocou à Terra a anunciar a gravidez de Maria antes de o carpinteiro José ficar de mau humor.

Em 12 de Setembro desse ano, aviadores beatos e supersticiosos reuniram-se na Basílica da Padroeira e fizeram, oficialmente, a consagração. No ano seguinte, a imagem, que não sabia voar, ardeu num incêndio, pela violência do fogo ou deficiente consagração.

Em 1922, o Papa Pio XI benzeu nova imagem, igualmente santa, com poderes iguais, merecedora de igual devoção, que veio acompanhada da Capela Sistina para Alcafozes, no concelho de Idanha-a-Nova, onde está domiciliada na ermida que tem o seu nome.

Todos os anos se deslocam à romaria pessoas ligadas à aviação civil e à militar. Não há aí nada de censurável. Participam numa procissão que é um espectáculo que extasia os devotos e diverte os veraneantes.

No último fim de semana, quatro caças da Força Aérea Portuguesa sobrevoaram a procissão em manifesta subserviência à Igreja católica e desrespeito ao carácter laico do Estado. Não é o desperdício de combustível que aflige, é o exemplo beato e idiota que envergonha e põe em causa a separação da Igreja e do Estado.

Nota – A oração oficial à Padroeira dos Aviadores, Nossa Senhora de Loreto, foi mandada compor por Sua Santidade o Papa Paulo VI, a pedido pessoal do Brigadeiro Eduardo Gomes, quando de sua visita ao Vaticano (Maio de 1967).

30 de Agosto, 2005 Ricardo Alves

B16 abriu a porta à extrema direita

Conforme o Diário Ateísta anunciara num artigo de 26 de Agosto, B16 recebeu efectivamente Bernard Fellay (o líder da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, lefebvrista) durante o dia de ontem. Segundo Navarro-Valls (o membro do Opus Dei que era porta-voz de Karol Wojtyla e que se mantém, com Joseph Ratzinger, no mesmo cargo), «o encontro decorreu num clima de amor pela Igreja [Igreja Católica Apostólica Romana, ICAR] e com o desejo de chegar à perfeita comunhão». O comunicado dos lefebvristas afirma que «foi encontrado um consenso para proceder por etapas na tentativa de resolução dos problemas» e reitera que esperam que Ratzinger resolva a «crise na Igreja [ICAR]». Pode portanto afirmar-se que o regresso à ICAR destes católicos entusiastas do fascismo e que rejeitam o Concílio Vaticano 2 e o ecumenismo terá dado um passo significativo.

Nota: chamo a atenção dos nossos leitores católicos (democratas ou fascistas) para o facto de a notícia deste encontro só ter aparecido na Agência Ecclesia após o mesmo. Se os católicos querem mesmo saber o que se vai passar, leiam o Diário Ateísta
30 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Fundamentalismo cristão desastroso para o Uganda

O Uganda é um exemplo de sucesso no combate à disseminação do HIV. Graças ao programa ABC (abstem-te, sê fiel e, se não seguires as duas primeiras, usa preservativo) as taxas de infecção baixaram de cerca de 30% nos anos 80 para cerca de 5% actualmente. O programa ABC assenta primariamente em informação e todas as estações de rádio ugandesas, com muitos protestos por parte dos moralistas religiosos, se envolveram na difícil tarefa de informar a população sobre a doença, como prevenir e como usar correctamente preservativos. Um trabalho importante foi desenvolvido localmente por grupos de pessoas infectadas com o vírus que andam de aldeia em aldeia em campanhas de informação e prevenção.

Os moralistas religiosos, nomeadamente na Casa Branca, usam falaciosamente os excelentes resultados ugandeses no combate à SIDA assumindo que apenas o A&B (abstinência e fidelidade) do programa é seguido. O que está longe da realidade! E o piedoso G.W. Bush conseguiu que fosse aprovado um plano de combate à SIDA no continente africano em que os programas exclusivamente A&B recebem a fatia grande do orçamento. Pondo em perigo o combate à disseminação deste flagelo.

Assim, em muitos locais do Uganda há falta de preservativos, como resultado das políticas forçando a abstinência e fidelidade. Nomeadamente devido ao facto de o governo ter cessado há 10 meses a distribuição grátis de preservativos que correspondia a um total de cerca de 80 milhões/ano.

Hoje decorre em Nova Iorque um protesto contra as políticas de abstinência e fidelidade como única arma de combate à SIDA financiadas pelos Estados Unidos e o embargo aos preservativos em curso actualmente. Segundo um relatório das Nações Unidas a falta de preservativos no Uganda é tão grave que muitos homens usam sacos de plástico na tentativa de se protegerem!

De acordo com Stephen Lewis, o enviado especial da ONU para a crise HIV/SIDA em África, a ideologia fundamentalista cristã subjacente ao programa americano de «auxílio» à SIDA, PEPFAR, é responsável por esta falta de preservativos e terá num futuro muito próximo consequências desastrosas!

29 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Momento Zen de segunda

A opinação de segunda do nosso fazedor de opinião favorito, J.C. das Neves, teve honras de editorial no local onde debita semanalmente a sua verborreia moralista, o Diário de Notícias. J.C. das Neves esmerou-se na escolha do título para a sua prosa semanal «Armadilha do moralismo antimoralista» para nos advertir do perigo dos tempos modernos: o contradictio in terminus que dá o tema à prosa mais hilariante com que o douto moralista alguma vez nos mimoseou.

Hilariante porque o moralista mor cá do burgo afirma que «O moralismo é um vício terrível, que perverte a verdadeira moral e deve ser sempre condenado». Mas, claro, para o J.C. das Neves, paladino intransigente da «verdadeira moral», moralistas são os que não aceitam as suas alarvidades verdades absolutas! E, sobretudo, moralistas são os ateus (será que já considerou estar em oposição ao seu adorado Papa, que diz ser o relativismo ateu o maior mal moderno?) afirmando mesmo que «hoje o maior moralismo sente-se sobretudo nos que se opõem às religiões». Depois do artigo de puro nonsense debitado hoje pelo ilustre opinador católico fico na dúvida sobre onde foi ele ler a definição de moralismo!

29 de Agosto, 2005 Palmira Silva

De pequenino…

No Texas a importância da educação «correcta» desde cedo é certamente reconhecida pelo Conselho de Educação. Por isso, os livros e manuais escolares que podem ser comprados por escolas públicas estão sujeitos a um apertado escrutínio. Escrutínio que uma decisão de um tribunal federal declarou poder ser baseado em pontos de vista discordantes, isto é, podem ser rejeitados livros que não reflictam estritamente «os valores tradicionais, conservadores da maioria dos texanos».

Esta decisão do tribunal federal texano referia-se à acção movida por Daniel Chiras contra o Conselho de Educação do Texas por rejeitar em 2001 o seu livro «Environmental Science: Creating a Sustainable Future» (Ciência do ambiente: criando um futuro sustentável) que foi assim retirado da lista de livros escolares permitidos nas escolas do Texas. Acusado de conter «erros factuais», a única razão prevista por lei para a rejeição de um manual escolar, o livro foi considerado anti-americano, anti-livre iniciativa e anti-cristão pelos grupos de pressão conservadores Citizens for a Sound Economy e Texas Public Policy Foundation. Os «pecados» graves do livros de Chiras, para além de assumir que a Terra tem milhões de anos e não meia dúzia de milhares de anos, passam por indicar que os americanos, apenas 5% da população mundial, geram 25% dos gases de efeito de estufa, por descrever o papel das indústrias americanas na poluição ambiental e, «blasfémia» por que o compararam a Bin Laden, referir a poluição causada pelas companhias aéreas americanas.

Outro grupo teo-conservador, Educational Research Analysts, presidido por Neal Frey, avalia os livros de texto a serem utilizados no Texas com base nos «valores morais» dos teocratas americanos: devem apontar erros nas teorias da evolução, apoiar os valores judaico-cristãos, advogar abstinência estrita em vez de educação sexual e apoiar o capitalismo. Para este pilar da moral e bons costumes texanos os manuais escolares que falhem um destes pontos incorrem em «erros de omissão» e «erros de discriminação de perspectivas»!

28 de Agosto, 2005 Carlos Esperança

Liberdade religiosa e totalitarismo

É interessante a notícia da Agência católica Ecclesia sobre a liberdade religiosa. No mínimo revela a concepção que a ICAR tem de liberdade.

Sob os auspícios da «Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS)», vai ser apresentada no próximo dia 12 de Outubro, em Lisboa, a sétima edição do Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo, documento apresentado por Marcelo Rebelo de Sousa.

Os conflitos militares, o terrorismo e as ditaduras são responsabilizados pelas situações mais alarmantes, que referem «Iraque, China, Cuba e Nigéria».

Nenhum desses países se distingue no respeito pela liberdade, não admirando que a religiosa seja aí precária ou inexistente. A única surpresa é Cuba, pois foi um destino do falecido JP2 onde predicou, distribuiu a eucaristia, abençoou quem quis e rezou o que lhe apeteceu. Mas porquê esses países e só esses?

No Vaticano há liberdade religiosa? Há pluralismo? Sendo uma ditadura está justificada a ausência de liberdade religiosa, compensada pela obrigatória religião autóctone.

Mas a surpresa continua. Será que a Arábia Saudita ou a Coreia do Norte serão mais indulgentes para a religião do que Cuba? A própria Polónia será um país que assegure a liberdade religiosa?

O Irão e o Iémen, por exemplo, ter-se-ão tornado países condescendentes com o clero de outras religiões e a prática de cultos alheios ao islão?

Fica a vaga ideia de que a liberdade religiosa é apenas vista em relação ao catolicismo romano, esquecendo o despotismo com que o islão impõe as suas práticas totalitárias num comportamento que a ICAR gostaria de imitar.

28 de Agosto, 2005 pfontela

Filhos e enteados

Quando se deram os trágicos atentados em Londres eu estava lá a viver e pude testemunhar e participar na recusa em deixar o terror dominar a civilização e sinto orgulho por ter feito parte desse momento. Independentemente da reacção do cidadão comum surgiram logo pessoas que perceberam que deixar os terroristas colocar propagandistas no coração do nosso mundo não é grande ideia e Tony Blair afirmou mesmo que «as regras do jogo mudaram».

As propostas em termos de mudanças de lei devem ser sempre encaradas com muito cuidado para não se cair no erro de injustiças baseadas em generalizações ou isolar e alienar ainda mais os grupos afectados. Mas o que parece ser senso comum é que não podemos continuar a permitir que os pregadores de ódio espalhem o seu veneno impunemente. Existe um limite à liberdade de expressão e esse limite é claramente ultrapassado quando se apela à violência contra terceiros (a derradeira violação da liberdade individual).

Mas existe entre os países ocidentais uma estranha dualidade de critérios quanto à definição de terrorismo e tudo o que lhe é associado. Se é verdade que os imãs muçulmanos anti-ocidentais foram banidos e se persistirem no seu crime correm o risco de ser presos e acusados de traição (ou extraditados imediatamente) a verdade é que nada se fez em relação aos seus equivalentes cristãos (Phelps, Robertson …).

Será que por mudar o nome do livro que seguem isso lhes confere impunidade para fazer o que quiserem? Que critérios são esses que são tão rigorosos para uns e tão escandalosamente permissivos para outros? O que torna o ódio de um fanático cristão diferente do seu equivalente muçulmano?

Seja qual for o tipo de fanatismo ou ideologia que promova o ódio ele deve ser parado sem dar qualquer valor à sua origem ou aos seus seguidores. Só assim se pode impedir que situações horrendas como o terrorismo, a teocracia ou qualquer tipo de totalitarismo se tornem realidade.

28 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Universidade da Califórnia não admite criacionistas

A rede de Universidades públicas americanas mais prestigiada, a Universidade da Califórnia, UC, compreendida por 10 universidades que incluem a Universidade pública mais bem classificada no ranking das Universidades americanas Berkeley, a UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles) e a UCSD (Universidade da Califórnia, San Diego), apresenta padrões elevados de admissão aos excelentes cursos que ministra, requerendo que os candidatos tenham completado no liceu diversas disciplinas em ciência, matemática, história, literatura e artes.

Critérios de admissão que não são satisfeitos pelos alunos das escolas cristãs da Califórnia, que não ministram algumas das disciplinas obrigatórias para a UC ou só as ministram nominalmente. Seguindo a boa tradição cristã da mania da perseguição, ou seja, fazendo publicidade com muitos gritos de perseguição e acusações de discriminação sempre que os seus anacrónicos ditames não são universalmente aceites, na sexta-feira uma associação de escolas secundárias cristãs representando 800 escolas e a Escola Cristã do Calvário acusaram a Universidade da Califórnia de discriminação contra as escolas que ensinam o criacionismo e outros pontos de vista cristãos e interpuseram uma acção contra a UC. Na acção são citadas cartas que o conselho de admissão da UC escreveu à Escola do Calvário dizendo, como seria de esperar, que algumas das disciplinas que esta ministra são demasiado pouco abrangentes para serem aceitáveis. Informando ainda a escola cristã que não aprovaria disciplinas de biologia e ciência assentes em livros de duas editoras cristãs, cujo conteúdo é mais cristão que científico.

O conselho de admissão da UC instruiu ainda as escolas para «submeter à aprovação da UC um curriculum secular de ciência com textos e orientação dos cursos que abordem conteúdos e conhecimento aceite pela comunidade científica». Instruções que as escolas não seguiram e de que só agora se queixam, provavelmente porque os seus alunos não conseguiram entrar na UC.

Patrick H. Tyler, o advogado da associação Advogados para a Fé e Liberdade (um oxímoro) que ajuda os queixosos, afirmou que «Parece que a UC está a tentar secularizar as escolas cristãs e impedir que estas ensinem a partir de um ponto de vista cristão».

Por sua vez a porta voz da UC, Ravi Poorsina, informou não poder comentar os detalhes da acção legal uma vez que a UC ainda não a tinha recebido. Mas disse que a Universidade tinha direito, legalmente reconhecido, a determinar quais os critérios de admissão para os candidatos à UC em termos das disciplinas efectuadas. E referiu que «O que fazemos de facto é para benefício dos estudantes. Estes critérios de admissão foram estabelecidos cuidadosamente pela faculdade e corpo docente para assegurar que os estudantes que cá chegam estão completamente preparados com o conhecimento de espectro largo e as capacidades de pensamento crítico necessárias para terem sucesso». E «Embora as escolas privadas tenham o direito de ensinar o que quiserem, os estudantes dessas instituições podem ser admitidos na UC completando as disciplinas obrigatórias em instituições comunitárias».

Ravi Poorsina declarou ainda que os estudantes das escolas cristãs podem ser admitidos com base apenas nos seus resultados nas provas nacionais SAT (o equivalente aos nossos exames do 12º ano). Mas, quiçá porque os curricula das escolas cristãs não propiciem bons resultados nas provas nacionais, na acção interposta é dito que por esta via de acesso os alunos cristãos têm muito poucas hipóteses de admissão.

Pessoalmente acho que é precisa muita desfaçatez para querer impor às Universidades critérios de admissão que satisfaçam as IDiotias cristãs. E considero que as Universidades americanas de mais prestígio brevemente seguirão o exemplo da UC. Porque alunos que acreditam que a Terra tem menos de 10 000 anos, que o Grand Canyon foi formado num dia pelo grande dilúvio, que Deus «criou» todas as espécies que existem na Terra em seis dias sem margens para evoluções ateias, isto para não falar na total ausência de espírito crítico, não têm lugar numa Universidade séria e digna do nome. Quiçá os delírios criacionistas que infestam os Estados Unidos sejam refreados quando os pais se aperceberem que os filhos tão cristãmente educados só têm lugar em Universidades de 2ª e 3ª categorias.

27 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Mais um pregador do ódio

O fanático pastor da Igreja Baptista de Westboro, Kansas, vai a caminho da odiada Suécia, terra dos sodomitas, «caçar» o respectivo rei, que Phelps considera ser mais um dos odiados homossexuais.

Esta igreja, que afirma ser a homossexualidade um pecado merecedor da morte, é apenas um exemplo dos extremos a que a agenda dos teocratas pode chegar.

Certamente que se o Deus a que Phelps agradece pelos atentados em Londres fosse o Deus cujas «leis» estão expressas no Corão e não na Bíblia alguma medida já teria sido tomada contra ele!