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2 de Março, 2019 Carlos Esperança

Demência islâmica

Aconteceu em 2 de março de 2001

Há 18 anos, um país assolado pela miséria, minado pela fanatismo, lacerado pela fome, onde as mulheres foram proibidas de acesso à educação e à saúde, teve de observar os rigorosos preceitos islâmicos e renunciar aos mais elementares direitos, com frequência à própria vida.

Poderia ter acontecido em diversos locais do planeta, mas aconteceu num país com uma cultura antiquíssima cujo poder foi assaltado pelos tristemente célebres estudantes de teologia, vulgo talibãs, quando dois budas gigantes esculpidos em pedra nos séc. II e V foram destruídos com mísseis e espingardas automáticas para não serem adorados falsos ídolos que “insultam o islamismo”. Aconteceu no Afeganistão.

Em todos os tempos e em várias religiões houve bárbaros que entenderam que os livros ou diziam o mesmo que o livro sagrado, e eram inúteis, ou diziam coisas diferentes, e eram prejudiciais.

A inteligência, a sensatez e a sensibilidade não são apanágio de uma só cultura, mas são contrárias à mais funesta de todas as misturas: a fé, a ignorância e o proselitismo. É esta mistura perversa que faz a infelicidade dos povos, a miséria das nações e a tragédia das sociedades que se desfazem em asfixiante submissão.

Destroem progressivamente o património cultural, da mesma forma selvagem com que suprimem as liberdades cívicas. E, enquanto a fome, a doença e a miséria devastaram a população, bloqueada pelo terror, o mundo urbanizado assistiu, impotente na sua raiva, a ver postergados os mais elementares valores que são o traço comum da civilização.

Os povos não são donos absolutos do património que detêm e são obrigados a responder pela sua guarda. Os déspotas, que exercem o poder de forma antidemocrática, terão de responder pelos dislates e crimes que cometem. E serão homens a julgá-los, sobretudo àqueles que se julgam com mandato divino.

Provavelmente o direito de ingerência encontraria então plena justificação. Perante as hordas de selvagens que um pouco por todo o lado conquistam o poder com armas que as grandes potências nunca deixaram de fornecer, exige-se uma nova ordem que liberte do caos e do crime organizado multidões que tiveram a desdita de nascer no sítio errado sob o jugo de tenebrosos trogloditas.

Este crime foi perpetrado em 2 de março de 2001. Há 18 anos. Hoje, o Afeganistão continua vítima da demência islâmica.

1 de Março, 2019 Carlos Esperança

O Islão e a teologia do cabotinismo

Pegue-se numa cópia grosseira do cristianismo, com laivos de judaísmo, e faça-se um manual terrorista ao gosto de um beduíno boçal de há 14 séculos. Intoxiquem-se nele os povos e constranjam-se, torturem-se os réprobos e aliciem-se os devotos com rios de mel e virgens ansiosas. Produzem-se dementes fanáticos, embrutecidos pela fé.

Algures, no que resta do Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates, onde nasceu a escrita e a civilização teve berço, despertaram selvagens em estado místico, primatas adestrados no uso de utensílios e armas sofisticadas, aptos a recriarem o habitat da Idade do Bronze.

Um dia servem-nos decapitações; no outro, assassínios; depois, homens enjaulados a arder lentamente ao som de gritos selvagens: “Deus é grande e Maomé o seu Profeta”.

É fácil identificá-los pelo aspeto simiesco, desprezo das fêmeas, comprimento dos pelos nas trombas e, sobretudo, pelo desprezo da vida e ódio à modernidade.

Bandos ensandecidos, suspeitando da inspiração do demo na arte assíria, destroem, com marretas e martelos pneumáticos, obras únicas, três milénios de arte preservados no Museu de Mossul, com a sanha com que queimaram milhares de manuscritos e de livros raros na Biblioteca Municipal. Viram infiéis nos sumérios e assírios e quebraram tábuas de gesso com escrita cuneiforme, com mais de cinco mil anos; na cabeça esculpida, da época suméria, imaginaram o busto de Maomé com um turbante carregado de bombas e partiram-na; e, no boi alado com três mil anos, divindade assíria, adivinharam escárnio ao arcanjo Gabriel fabricado na rotativa do Charlie Hebdo, e reduziram-no a cacos.

Há, nesta tragédia cultural, na metáfora do mais perverso monoteísmo, um apelo à raiva, à revolta e ao repúdio civilizacional contra a barbárie.

27 de Fevereiro, 2019 Carlos Esperança

Efeméride – Há seis anos

O dia de hoje foi o último em que Joseph Ratzinger manteve o direito a usar sapatinhos vermelhos e o alvará da infalibilidade, mantendo a Santidade, o pseudónimo de Bento XVI e o direito a qualquer outro tipo de calçado.

No helicóptero que o levou, no dia 28 do mês de fevereiro de 2013, para um estágio de ex-Papa, em Castel Gandolfo, seguiu um clérigo que trocou o poder pela longevidade.

Os caminhos de Deus são insondáveis, como se diz no jargão religioso, mas os do papa jazem no hermetismo da Cúria.

26 de Fevereiro, 2019 Carlos Esperança

A influência do Antigo Testamento

O juiz Neto de Moura tirou pulseira a homem condenado por agredir ex-mulher – lê-se hoje no JN –, de onde trago a foto do julgador e os factos.

Desta vez, apesar do cadastro, a jurisprudência pode dever-se a legislação ambígua, mas a suspeita não pode ignorar os antecedentes do venerando desembargador. A pulseira eletrónica, imposta ao delinquente pelo tribunal de primeira instância, face ao facto de, entre outras boçalidades, ter rebentado, a soco, o tímpano à mulher, era a única forma, em alternativa à prisão, de vigiar o energúmeno e permitir à vítima outra pulseira para pedir socorro, em caso de necessidade.

A lei exige autorização do condenado para imposição da pulseira, salvo se o juiz justificar a imprescindibilidade da sua utilização. Decerto o tribunal, que o puniu com o adereço, avaliou a relação conjugal “marcada pela violência e conflitos, especialmente nos últimos cinco anos, período em que o homem ameaçava constantemente de morte a mulher e repetidamente a agredia verbal e fisicamente”.

Julgado no ano passado, foi condenado a três anos de prisão, com pena suspensa, por violência doméstica agravada, ao pagamento de 2500 euros à vítima e a frequentar um programa de controlo de agressores, além da proibição de se aproximar ou contactar a ex-mulher, ficando monitorizado à distância através de pulseira eletrónica.

O juiz Neto Moura, que estuda os processos recorridos, lembrou que o homem nunca mais incomodou a sua ex-mulher, cumprindo a ordem de afastamento decretada, e ao jornal Público acrescentou que a pulseira é um instrumento de cariz intrusivo.

Não há dúvida de que a pulseira é instrumento intrusivo, só não sei se os socos e outras agressões, inclusive as que provocam a rutura do tímpano de uma mulher também o são, no caso de serem mulheres as vítimas.

Acórdãos deste jaez, não sendo raros, são menos frequentes do que mulheres agredidas, humilhadas e mortas. As portuguesas gozam do privilégio, como muito bem já notou o desembargador Neto Moura, em outro acórdão, de terem direitos que a Bíblia considera crimes e, digo eu, da sorte de o Código Penal não ser da sua autoria.

Na Arábia Saudita, o venerando desembargador seria considerado demasiado brando para as mulheres, apesar de ter um código penal mais exigente, segundo a vontade divina, como a interpretou um beduíno analfabeto com mais de mil milhões de devotos.

É uma pena, à semelhança dos treinadores de futebol, não poder exercer o múnus nessas paragens.

25 de Fevereiro, 2019 Carlos Esperança

Andar sobre as águas

Segunda a lenda houve dois homens que andaram sobre as águas em toda a história da Humanidade:

– O primeiro foi Cristo.

– O segundo foi Pedro.

Mas há um que andou mesmo – o Zé Sousa!

– Mas quem é o Zé Sousa…?!?!?!?!?!?

-É o ‘gajo’ da foto acima!… É da Terceira… dos Açores…

24 de Fevereiro, 2019 Carlos Esperança

Igreja católica

A censura está-lhe no sangue.

Inventou a senhora de Fátima e conseguiu impedir que a Senhora da Bola, do artista plástico Bruno Melo, fosse exposta no Carnaval de Torres Vedras.

23 de Fevereiro, 2019 Carlos Esperança

A exótica Universidade de Coimbra e a laicidade

A Universidade de Coimbra não é apenas uma fonte de ciência, é a fossa onde desagua a fé, onde a liturgia a coloca como exclave de uma universidade pública e a transforma em confessional, onde o cargo máximo exige missa prévia, com genuflexões, aspersões de hissope e homilia sacra.

O Professor Decano, Professor Doutor Aníbal Traça de Carvalho Almeida, encarregado da cerimónia de posse do novo Reitor, mais preocupado com a salvação da alma do que com a separação da Igreja e do Estado, quiçá ignorante da laicidade a que está obrigada a Universidade pública, quem sabe se ungido pelo Divino, introduziu na cerimónia de posse do novo Reitor uma santa missa. Vai merecer o prémio da inovação.

No próximo 1 de março, a missa é a novidade da posse do Magnífico Reitor, Professor Doutor Amílcar Celta Falcão Ramos Ferreira, mas na posse do posterior Reitor será já uma tradição, um uso que se perpetuará para maior glória do cargo e deleite pio. Espera-se que o capelão seja experiente e não dê a comunhão ao novo Reitor e a extrema-unção ao piedoso Professor Decano ou vice-versa.

Não há coisa tão bonita como ver o corpo docente de joelhos e a Universidade pública a desfilar ao som do cantochão, com professores em vestes talares, de borla e de capelo.
Se a moda for contagiante a tomada de posse do presidente do Conselho de Reitores vai abrir com solene Lausperene e Te Deum, seguidos de procissão com o Senhor Exposto, passando sucessivamente de igreja para igreja, por entre aplausos dos profanos.

Nos Politécnicos há de ser também a missa a preceder a posse de diretores. Em escolas integradas a posse exigirá, pelo menos, uma novena e na creche o terço há de preceder a entrada em funções de cada novo diretor.

Os juramentos de fidelidade à Constituição e ao cumprimento das leis da República são obsoletos. O futuro está na Bíblia, na Tora e no Corão, e a Universidade de Coimbra na vanguarda das cerimónias pias.

Do Vale dos Caídos, onde ainda jaz Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama, doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra, só não mandou felicitações pela cerimónia pia porque, felizmente, continua morto.