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6 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Pensando em meu pensamento

A Igreja católica tem quase 50 mil edifícios isentos de IMI. Não é crível que as 4376 paróquias tenham mais de dez edifícios por paróquia, destinados ao culto e a guardar andores. São demasiados edifícios para a devoção que sobra.

O facto de estarem isentas as casas onde moram os padres permite perguntar por que motivo não exigem os bispos que os automóveis do clero fiquem isentos de imposto de circulação e as refeições de IVA?

A Igreja ganha todas as batalhas contra o Estado, e já ganhou mais esta. Mas compreende-se melhor o aparecimento de figuras históricas como o Marquês de Pombal, Joaquim António de Aguiar e Afonso Costa.

A natureza tende para o equilíbrio.

5 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Negócios da fé

O irmão Bolsonaro foi abençoado por Edir Macedo, um bispo enviado por Deus para extorquir os devotos.

5 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Estadista ou beato?

Viva a República!

Se alguém vir o Prof. Marcelo no Vaticano no dia 5 de Outubro, não é o PR de Portugal, é o crente que se ajoelha em humilhação pia, desejoso de salvar a alma à custa da honra.

É o Presidente da Junta da Fundação da Casa de Bragança que prefere salvar a alma do que respeitar a República.

4 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

As religiões e as guerras

Política e religião são uma mistura explosiva, e é comum a promiscuidade entre ambas. A política alicerçada em pretextos religiosos e a religião, a servir objetivos económicos, foram sempre um fator potenciador de conflitos. É frequente a religião ser pretexto para defender interesses económicos, nacionalistas ou tribais, e para alterar fronteiras.

A posse da terra, os recursos naturais, o dinheiro, o poder político e a economia são bem mais importantes do que milagres e dogmas, para dividir os crentes e fomentar guerras.

A Reforma protestante não surgiu na Europa apenas por divergências teológicas ou pela luta contra as iniquidades papais, foi necessária para pôr fim ao feudalismo que impedia o advento da burguesia. Foi uma luta entre a evolução e o imobilismo, entre a sociedade medieval e o advento do capitalismo.

A Contrarreforma foi uma tentativa desesperada para deter a História e preservar pelo terror os privilégios eclesiásticos, com a trágica e irónica chegada a Portugal e Espanha, onde os ventos da Reforma protestante nem sequer sopraram.

Os séculos XVI e XVII ficaram manchados de sangue na Europa, dilacerada por guerras da fé. A Guerra dos Trinta Anos, de longa duração e crueldade, começou como guerra nas fronteiras religiosas, e terminou exclusivamente como guerra religiosa. A Paz de Vestefália pôs fim à última guerra religiosa generalizada na Europa.

Após o colapso da URSS e do fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim, as sociedades laicas e secularizadas da Europa estão agora apavoradas com o regresso das disputas religiosas. A demência do Islão político tem dado excelente ajuda.

A Sérvia foi vítima do terrorismo islâmico e da inexplicável cumplicidade da Nato, com a comunicação social mundial a diabolizar Milosevic. Contra o direito internacional e os acordos assinados, foi-lhe alienada a província do Kosovo, agora protetorado da ONU, entreposto da droga e campo de treino da Jihad.

Na Irlanda do Norte os católicos e os protestantes mataram-se cristãmente, durante anos.

Nos Balcãs, após a independência da Eslovénia e da Croácia (crime instigado por Kohl e João Paulo II), prosseguiu a desintegração da Jugoslávia. Católicos, cristão ortodoxos e muçulmanos definiram as fronteiras com sangue e o fulgor da fé, como soe acontecer.

O Chipre acabou dividido entre os que rezam virados para Meca e os que se guiam pelo patriarca ortodoxo de Atenas.

Por todo o mundo os valores religiosos estão na base de guerras (Chechénia, Cachemira, Afeganistão, Próximo-Oriente, Sudão, Tibete, Timor, etc., etc… Até passa despercebido o interminável conflito do Sahel, com epicentro na Nigéria, onde o islamismo demente do Boko Haram e o protestantismo evangélico travam uma luta mortal pelo domínio de África. Cristãos (hoje, as maiores vítimas), hindus, budistas, judeus e islamitas (hoje, os mais implacáveis prosélitos) vão trucidando, com fé e bombas, os infiéis e a civilização.

No passado, a repressão política sobre o clero fez tolerantes as religiões cristãs. Agora é preciso exigir às que ameaçam a civilização, respeito pelo espaço público e discrição na forma de viverem a fé, o que só o Estado laico pode garantir a todas.

3 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

A Pátria entrou em euforia com o presbítero que chega a cardeal

Com boas notícias no campo económico, o desemprego a cair, o PIB a aguentar-se e a direita a desintegrar-se, a Pátria que foi a banhos regressa ao quotidiano ávida de boas notícias e anunciam-lhe que o Sr. José Tolentino Calaça de Mendonça vai ser cardeal.

Trump, Boris Johson, Bolsonaro, Duterte, Erdogan, Putin, Xi Jinping e Orbán deixaram de ser os perigos que nos amarguram os dias e causam insónias; as catástrofes naturais, cada vez mais frequentes e violentas, desaparecem das preocupações; o relançamento da corrida nuclear e a aceleração do aquecimento global, depois de Trump rasgar tratados que exigiam um módico de contenção, prosseguem perante a indiferença das futuras vítimas; alheamo-nos do futuro do Planeta enquanto não formos nós os evacuados dos incêndios, tufões e subida das águas do mar.

A meteórica carreira de um clérigo português, que em pouco mais de um ano passa de presbítero a príncipe da teocracia do Vaticano, põe o beatério em êxtase, o PR prenhe de felicidade, o PM deslumbrado, a direita a tremer de emoção, que não se sabe se é fé ou epilepsia, e a extrema-direita a ranger de raiva. Conseguiu a mitra, o báculo, o anelão, a púrpura e o barrete cardinalício quando outros, e poucos, levam décadas a ter direito a mudar a cor às meias.

O Papa vai criar cardeal um ilustre doutorado em teologia, única ‘ciência’ sem método nem objeto, e o PR, eufórico, reza o terço dentro de água, pois acha estimulante rezar o terço a nadar; o bispo de Funchal agradece a honra concedida a um madeirense, o mais ilustre depois de Ronaldo; e o PM considera uma “honra para todos os portugueses” a elevação a cardeal de Tolentino de Mendonça, um clérigo inteligente, culto e civilizado.

Depois de uma reunião fascista em Fátima, com missa do cardeal da diocese, ter sido quase ignorada pela comunicação social, sem que a fé ou as orações a motivassem, a criação de mais um cardeal português no viveiro do Vaticano levou António Costa a considerar uma “honra para todos os portugueses” a promoção que extasia os crentes.

Estes exageros num país que tem cada vez menos devotos é uma forma de exaltação pia e um apelo às novenas e proclamações pomposas, mas é um exagero imaginar ateus, agnósticos, céticos e livres-pensadores sensíveis a promoções eclesiásticas.

Apostila – A criação de cardeais, beatos e santos é prerrogativa do Vaticano que, não sendo um aviário, tem alvará de incubadora. O termo canónico é mesmo “criar”.

2 de Setembro, 2019 Carlos Esperança

Missa na Lua

Por

ONOFRE VARELA

No último dia 21 de Julho cumpriram-se 50 anos da chegada do Homem à Lua. A propósito da efeméride fiz uma Banda Desenhada (BD) contando a aventura do Homem desde que sonhou voar, até à primeira alunagem concretizada em 1969 pelos astronautas norte-americanos da missão Apollo 11: Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins. O terceiro astronauta manteve-se em órbita lunar para receber os seus dois colegas e devolvê-los, sãos e salvos, à Terra. A tarefa ocupou-me seis meses de trabalho, lendo, procurando imagens, escrevendo e desenhando. Desde Dezembro passado atémeados de Junho não fiz mais nada que não fosse “andar com a cabeça na Lua”. A obra (que foi editada pela Book Cover:[email protected] e se encontra à venda nas livrarias, incluindo Fnac, Bertrand e El Corte Inglés) é composta por uma introdução do cientista português Fernando Carvalho Rodrigues, pai do satélite português PoSat 1; a história da ida à Lua é contada em 39 pranchas de BD, e mais duas dedicadas ao PoSat 1. A obra consta, ainda, de um quadro com todas as missões espaciais tripuladas (russas e americanas) até ao fim dos projectos Apollo e Soyuz, e termina com resumos biográficos dos astronautas pioneiros e do cientista Werner von Braun; capas da imprensa da época e textos curiosos sobrea aventura espacial. Num desses textos faço referência a um acontecimento que comento aqui por estar relacionado com o teor da minha colaboração na Gazeta. 

Quando aconteceu a missão Apollo 11, a NASA estava a meio de um processo judicial que foi movido por uma ateia: Madalyn Murray O’Hair, que se opôs à leitura de uma passagem do Génesis bíblico pelos astronautas da missão Apollo 8. Defendia Madalyn que o espaço não deveria ser usado para divulgar crenças nem ideologias. Pelo contrário, o espaço deveria ser a última fronteira da neutralidade, quer seja política ou religiosa. Por isso exigia que os astronautas não transmitissem actividades religiosas do espaço. 

O astronauta Aldrin, que pilotou o módulo lunar, era religioso e seguia o culto da Igreja Presbiteriana. Conhecedor do conflito entre Madalyn e a NASA, não quis deixar de testemunhar a sua fé a partir do espaço, e acabou por dizer para Houston (o centro das operações espaciais): “Gostaria de aproveitar esta oportunidade para pedir a cada pessoa que estiver a ouvir-me, que pare por um momento, pense nos eventos das últimas horas, e agradeça à sua maneira”. Consta que Aldrin levou consigo um kit de comunhão preparado pelo seu pastor, para poder comungar na Lua, e ainda hoje a sua igreja guarda o cálice usado nessa prática de fé. Só não se explica como conseguiu ele deitar vinho no cálice com luvas que lhe engrossavam os dedos, e bebê-lo na Lua com o casco espacial a envolver-lhe a cabeça!… Provavelmente fê-lo dentro da nave. 

Aproveito para informar que os desenhos originais da BD estão expostos, até ao fim deste mês de Setembro, no Museu da Imprensa (junto à Marina do Freixo), no Porto, para quem quiser apreciá-los.

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico) 

31 de Agosto, 2019 Carlos Esperança

O Islão misericordioso e o terrorista

Corre por aí que há um Islão benevolente e outro terrorista. O primeiro é o que se baba de gozo nas madraças e aparece compungido em público em cada ato de violência pia, a reiterar a benevolência do Corão, a execrar o terrorismo e a reclamar a paz. O outro é o que ulula, crocita e uiva na rua islâmica por cada infiel decapitado ou adúltera lapidada.

O Islão, o benevolente, oprime as mulheres, evita a modernidade e recusa a democracia. Ignora direitos humanos que o coíbam de cumprir a vontade de Alá e do Profeta, exulta com lapidações, folga com chibatadas e excita-se com decapitações. Não precisamos de olhar para o Islão terrorista, basta-nos o benévolo, aquele que há vários séculos impede, onde conquista o poder, que alguém despreze a religião ou tenha qualquer outra.

Os povos não são dementes, é o Islão que, à semelhança de outras religiões, contém em si o germe do crime. O terrorismo é a aplicação dos preceitos do livro sagrado contra os infiéis e a crueldade o método prescrito.

Seria trágico que se abrisse a caça ao muçulmano numa explosão de xenofobia baseada em sentimentos religiosos rivais, o desejo perverso do Islão que põe o terror ao serviço do proselitismo. O racismo é o sentimento piedoso do crente, a tolerância é a atitude de quem se libertou da religião. É por isso que o combate não deve ser dirigido aos crentes, mas contra o proselitismo troglodita dos seus próceres e o carácter retrógrado do Corão.

As armas nas mãos dos homens são um perigo, nas de Deus uma catástrofe. O clero não deseja a felicidade humana, aspira apenas satisfazer a crueldade de Deus. Não podemos condescender com quem despreza os direitos humanos. Há um combate cultural a travar em defesa da liberdade que não pode deter-se nos véus, nas mesquitas e madraças.

O Corão não é apenas o baluarte inexpugnável dos preconceitos islâmicos, é a fonte que legitima toda a iniquidade. No mundo islâmico, os mullahs procuram ocupar os devotos, nos intervalos das cinco rezas diárias, com o sofrimento dos infiéis. É preciso travá-los.

30 de Agosto, 2019 Carlos Esperança

A Igreja católica e os nossos impostos

No caso dos colégios, os clérigos querem que a caixa das esmolas regresse com o óbolo dos impostos de todos os portugueses, independentemente do credo ou ausência dele de cada contribuinte.

No caso do IMI, não se contentam com a isenção dos templos, sacristias e terrenos pios (os santuários), querem que os edifícios onde moram, os colégios onde ensinam e todos os outros em que exercem atividades lucrativas fiquem isentos.

No fundo, não se consideram cidadãos portugueses, julgam-se súbditos do Vaticano e esperam pagar com indulgências e ave-marias o que a concorrência paga em euros.

Os privilégios concedidos por um Estado débil, a pensar nos votos dos devotos, não são perpétuos, embora o direito canónico os equipare a sacramentos, sobretudo quando não distinguem entre as isenções que, bem ou mal, foram concedidas e as que pretendem acrescentar.

A isenção de qualquer imposto ou contribuição geral, regional ou local, segundo o artº. 26 – 2 b) da Concordata, incide sobre “As instalações de apoio direto e exclusivo às atividades com fins religiosos”. A igreja reivindica a isenção para armazéns onde guarda os andores e os prédios que servem de apoio às paróquias, escolas, seminários e jardins paroquiais.

A gula só é pecado no mundo profano e tem aí quem lhe alimente a sofreguidão pia.

28 de Agosto, 2019 Carlos Esperança

Recordando JP2

As preocupações do Diário de uns Ateus com a ofensiva reacionária e antidemocrática dos meios religiosos, manifestadas desde o seu aparecimento na Internet, começam a ser partilhadas por diversos cidadãos que descobrem o perigo do proselitismo raivoso, da defesa de valores anacrónicos e da exaltação dos próceres eclesiásticos. Há, nos dois monoteísmos prosélitos – o cristianismo e islamismo – uma escalada clerical metódica e concertada.

Até hoje, não houve da parte do Vaticano uma condenação do fascismo islâmico (não há outro nome para definir as teocracias) pela pena de morte contra Salman Rushdie ou pela criminosa aplicação da sharia. No entanto, grasna e crocita contra o laicismo e as decisões democráticas dos países livres, na França, em Espanha ou na Irlanda.

O livro «Memória e Identidade», de JP2, de que a ICAR já deixou de falar, mas a que continua fiel, é um vómito contra a liberdade expelido pela Cúria romana, um labéu contra o laicismo e um convite à revolta dos crentes contra as democracias liberais. O fundamentalismo católico encontra-se aí, implacável, nas posições ideológicas do livro papal e no desejo manifesto de provocar um retrocesso civilizacional na sociedade.

O mundo confundiu o anticomunismo de João Paulo II com o espírito democrático e o sorriso com a bondade. Hoje, a popularidade do ditador é uma arma contra a liberdade. A beatificação de Pio IX e outros algozes que nos remetem para o passado negro da ICAR devia ter-nos alertado para as alfurjas do mal que medram no Vaticano.

B16 foi um digno sucessor depois de ter sido o seu mentor. O mundo seria bem melhor sem as religiões, em geral, e os monoteísmos, em particular.

27 de Agosto, 2019 Carlos Esperança

Jacobinismo, democracia e adereços pios

Apesar da sanha contra o jacobinismo, injustamente recordado pela violência, gratuita e intolerável, deve-se-lhe a genuína defesa da democracia, razão do ódio dos que têm uma herança menos recomendável na defesa das liberdades e mais pesado na crueldade.

O jacobino, exatamente por amor à liberdade, não aceita que a limitem os que a odeiam, a desafiem os que a pretendem destruir, e a minem os que impõem verdades únicas.

As religiões, sobretudo as que não sentiram a repressão do seu clero, obrigado a aceitar o laicismo, são hoje um fator de instabilidade e de terror, imposto pela fúria demente de um proselitismo incansável e inadmissível.
Como as leis dos países civilizados e democratas são obrigatoriamente abstratas, gerais e imperativas, não se deve, por exemplo, interditar o burkíni, quando a burka já cai sob a alçada da proibição, por razões de segurança, de ocultar o rosto.

Sendo a discriminação inaceitável e impune o desafio não violento à democracia, não há forma de evitar as provocações do Islão político, sem impedir a apropriação do espaço público pelas religiões.

Proibir, no espaço público e organismos oficiais, as indumentárias que manifestem uma pertença religiosa pode tornar-se necessário para garantir a tranquilidade, evitar insultos e defender todos os cidadãos da discriminação e animosidade das religiões concorrentes.

É intolerável que as ruas sejam ocupadas por crentes que aí procuram rezar (provocar) e promover a fé, impedindo o trânsito. A lei terá de proibir, fora dos locais de culto, as vestes clericais e adereços litúrgicos, mitras, tonsuras, batinas, burcas, kipás ou hijabs, bem como todas as vestes que os clérigos e crentes de qualquer religião exibem.

Urge impedir o retorno das rivalidades pias e da guerra de religiões que já está em curso no espaço europeu. Não podemos ignorar a atmosfera de medo que limita a liberdade, o terrorismo que ameaça a democracia e a demência religiosa que destrói a civilização.

A herança renascentista e iluminista da Revolução Francesa, civilização que nos coube, não pode ficar à mercê de quem troca os Direitos Humanos pela ilusão do Paraíso.

A proibição exclusiva do burkíni, condenada por quem não percebe o contexto, e ontem expressamente apoiada pelo PR francês, interessa aos cúmplices do terrorismo e tem o apoio dos inocentes úteis.