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10 de Novembro, 2014 Carlos Esperança

A fé é que os matou

Espanha

Acidente de autocarro em Múrcia causa 14 mortos e 28 feridos

Os passageiros faziam parte de uma excursão religiosa e regressavam de Madrid, quando o autocarro caiu num barranco com 15 metros de altura.

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O autocarro foi contratado por uma paróquia para uma excursão religiosa

O autocarro foi contratado por uma paróquia para uma excursão religiosa /  EPA

Um acidente de autocarro perto de Múrcia, em Espanha, provocou 14 mortos e 28 feridos, segundo um comunicado do governo de Múrcia.

10 de Novembro, 2014 José Moreira

Alguém me explica…?

Alguém me explica o que é que ISTO Protesto de populares na receção ao novo padre de Canelas, Albino Reis.tem a ver com cristianismo, ou com a doutrina que, dizem, um tal Jesus pregava? Trata-se de uma igreja, ou de um clube de futebol onde o treinador foi substituído sem se ter dado cavaco aos sócios?

7 de Novembro, 2014 José Moreira

Suicídio

Particularmente, não me agrada o suicídio. Não é por nada em especial, apenas porque gosto muito de viver. Por outro lado, não tenho medo da morte; só não me apetece morrer.

O suicídio, ora é encarado como um acto de coragem ora como um acto de cobardia; pela parte que me diz respeito, não tenho opinião formada, embora me pareça que um indivíduo que se mata, das duas uma: ou é um valente ou é um cobarde.

Normalmente, as pessoas suicidam-se por não conseguirem lidar com alguns problemas, mas o Povo vai dizendo que o suicídio não resolve problema nenhum. Mentira: resolve-os todos. Para o suicida, naturalmente. Porque quem cá fica é que vai ter de se amanhar.

A Igreja Católica é contra o suicídio. Ao que parece, prefere os churrascos. No seu Catecismo, designadamente  parágrafo 2280 e seguintes, vem dizer que “Cada um é responsável por sua vida diante de Deus, que “lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para honra dele e salvação de nossas almas. Somos os administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela.” (Sic). Ou seja: por um lado esquece-se dos que morrem contra a vontade, em acidentes, por exemplo, e que, naturalmente terão de prestar contas a Deus, porque não cuidou devidamente da vida que o tal Deus lhe confiou; por outro lado, ao afirmar (parágrafo 2283) que “Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar.” dá a entender que a mente de Deus não é assim tão incognoscível como tem vindo a ser propalado por estas bandas.

De qualquer das formas: a vida é de cada um. E independentemente do que a sociedade possa pensar, cada um tem o direito de terminar com ela. Principalmente em situações limite, como foi o caso da jovem Brittany. Porque considero cruel e extremamente desumano “obrigar” uma pessoa a morrer no meio de atroz e evitável sofrimento, em nome de uma qualquer convenção social ou de uma Igreja que não tem lições de moral a dar a ninguém. Basta ler as histórias de alguns papas.

 

31 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Jesus existiu

unnamed Jesus, na Nazaré

25 de Outubro, 2014 José Moreira

O marido da Idalina

Idalina trabalhava na casa de um médico em Lisboa.
Durante anos foi o anjo da guarda da família. Cuidava da limpeza, da cozinha e da roupa, ajudou a criar os filhos que a adoravam.

Um dia, muito nervosa e com os olhos cheios de lágrimas, Idalina anunciou que se ia embora. O médico, a mulher e os filhos ficaram em pânico:
•O que é que aconteceu, Idalina? Algum problema? Salário pequeno? Vamos conversar. Se for o caso a gente aumenta-lhe o ordenado.
•Não é nada disso, doutor. É a igreja. Nós somos da IURD, a nossa igreja transferiu meu marido para o Paraná e eu tenho de ir com ele.
•Seu marido é pastor?
•Não, doutor. O pastor é que nos vai levar com ele.
•Se seu marido não é pastor, pode muito bem ser substituído por outro.
•Não pode não, doutor. O pastor só confia no meu marido.
•O que é que ele faz?
•Ele é o paralítico que se levanta e anda…

25 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

A Arábia Saudita, os petrodólares e o terrorismo

Alwaleed bin Talal, um empresário multimilionário e membro da casa real da Arábia Saudita, confirmou que o país financiou o Estado Islâmico (EI) para ajudar a combater e derrotar o Governo da Síria.

A reiterada cumplicidade da obscura ditadura nos atos de terrorismo islâmico goza de surpreendente impunidade. Não vale a pena referir o suspeito do costume porque são muitos os países manchados de sangue e petróleo. Certo é o apoio do grande produtor de petróleo a todos os desmandos pios da falhada civilização árabe, que se agarra à fé como náufrago à única tábua. E, mais surpreendente ainda, é a cumplicidade de países que procriaram evangelizadores, cruzados e inquisidores de que se envergonham.

Surpreende-me que países, com massa crítica e instituições democráticas, se precipitem em aventuras patrocinadas por uma família medieval que dá o nome e é proprietária de um país. A mais sórdida teocracia, onde se situam Medina e Meca, locais que atraem os crentes islâmicos, como o mel às moscas, goza da proteção do mundo civilizado.

A Europa e os EUA continuam a ter como aliado o país medieval onde germina a mais demente interpretação do mais primário dos monoteísmos. Apesar de sofrerem, dentro das fronteiras, a demência mística, que alicia jovens, e ataques terroristas, que lançam o medo e a morte nos seus cidadãos, há uma pulsão suicida anestesiada pelo petróleo.

A ausência de quaisquer liberdades, direitos ou garantias, a mais infame misoginia e o despotismo patriarcal são apanágio da sociedade arcaica da santuário teológico do mais perverso islamismo.

Até quando a Arábia Saudita será um «país amigo»?

24 de Outubro, 2014 Ludwig Krippahl

O pulmão natural.

Os dirigentes da Igreja Católica têm estado a decidir se a Idade Média já acabou. O assunto pode parecer simples para quem está de fora mas, como o Espírito Santo diz umas coisas ao Papa e outras aos bispos, a decisão está complicada. Entretanto, alguns comentadores católicos por cá já chegaram à sua verdade revelada. Admito que aquilo que João César das Neves pensa acerca do casamento e do divórcio é entre ele a a sua esposa, e o que Gonçalo Portocarrero de Almada pensa é só com ele. Mas achei piada aos argumentos que apresentam para fazer de conta que não defendem um disparate.

Neves argumenta que o divórcio é inadmissível com uma analogia entre o cônjuge e o pulmão. «Tenho problemas respiratórios desde pequeno, com asma, bronquites, etc. Viver com os meus pulmões não é nada fácil, mas nunca me passou pela cabeça andar sem eles.» Foi «pelas mesmas razões» que não lhe ocorreu divorciar-se (1). É uma analogia estranha mas reveladora da noção que Neves tem do casamento. Eu não trocaria os meus pulmões porque, com a medicina que temos hoje, isso teria consequências desagradáveis. Mas se, quando eu tiver sessenta anos, a medicina permitir trocar de pulmões com a mesma facilidade com que se tira um apêndice, não verei problema ético nenhum em trocar os meus pulmões de sessenta anos por uns de vinte. Trocar assim de cônjuge já não seria um acto moralmente neutro. Mas, ao contrário do que Neves defende, isto não tem nada que ver com preservarmos «aquele corpo a que pertencemos desde que nascemos». Não se trata de um dever de permanecer juntos só porque calhou estar juntos. Tem que ver com o cônjuge ser uma pessoa e não um apêndice.

À primeira vista, isto pode parecer dar ainda mais razão à tese de Neves por ser pior trocar de cônjuge do que de pulmões. Mas o dever de ter consideração pelo cônjuge pode tornar o divórcio numa obrigação moral se a relação não for aquela que ambos merecem. A tese de Neves revela um problema comum a muitas religiões: descurar o facto de que, mesmo quando fazem parte de famílias, comunidades ou cultos, as pessoas continuam a ser indivíduos. Não passam a ser órgãos.

Gonçalo Portocarrero de Almada tenta chegar ao mesmo sítio por outra via. Invoca que «O matrimónio cristão [é] o casamento natural elevado à condição de sacramento» e que, por ser natural, «essa união só pode ser estabelecida entre uma mulher e um varão e deve durar enquanto os dois cônjuges forem vivos.»(2). Concordo que o casamento é algo natural na nossa espécie. A nossa espécie é, apesar do que por vezes parece, especialmente inteligente, e temos muito a ganhar por viver em grupos mistos de adultos e crianças. No entanto, as nossas crias precisam da atenção de ambos os progenitores, o que exige que os machos saibam quais são as suas crias. A dificuldade de combinar a vida em grupo com o investimento paternal e evitar que os machos matem as crias dos outros obrigou a nossa espécie a criar rituais e normas de comportamento que permitissem este tipo de colaboração. O casamento é um dos mecanismos resultantes desta pressão.

Mas se há algo natural na nossa espécie é a capacidade de nos adaptarmos às circunstâncias. É por isso falso que o casamento tenha de ser entre “uma mulher e um varão” e durar a vida toda. Todas as culturas têm formas de divórcio e quantos casam com quem e com quantos depende das condições em que vivem. Culturas nas quais os homens arriscam frequentemente a vida em confrontos para capturar recursos tendem a favorecer a poliginia. Habitar em regiões mais pobres pode favorecer a poliandria, com uma mulher tipicamente casando com dois irmãos, o que lhe permite reunir os recursos necessários para criar os filhos. Com a formalização legal das uniões e a separação entre o Estado e a vida privada, é perfeitamente natural que o casamento possa ser a união entre duas pessoas, qualquer que seja o sexo. Não será um matrimónio no sentido original do termo mas, como as evidências claramente demonstram, não sai do intervalo de adaptabilidade destas normas sociais.

É perfeitamente legítimo que os católicos concebam o seu casamento como bem entenderem. Mas a sua condenação do divórcio é uma idiossincrasia religiosa que não reflecte qualquer realidade profunda acerca da natureza humana ou dos transplantes de órgãos.

1- DN, Amputação
2- Voz da Verdade, Divórcio, casamento natural e matrimónio cristão

Em simultâneo no Que Treta!

16 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Religiões e democracia

Todas as religiões se consideram as únicas verdadeiras, tal como o seu deus. Cada uma considera falsas todas as outras e o deus de cada uma delas e, provavelmente, todas têm razão. Os ateus só consideram falsa mais uma religião e um deus mais. Em certa medida todos somos ateus.

E somo-lo, não apenas na aceção grega, em que um ateu era o que acreditava nos deuses de uma cidade diferente, mas também na aceção atual, na descrença num ente superior imaginário, e, ainda, em relação a Zeus, a Shiva, ao Boi Ápis e à multidão que aguarda, nas páginas da mitologia, os deuses atuais.

No soneto «Divina Comédia», de Antero de Quental, os homens perguntam, com voz triste, «deuses, porque é que nos criastes»? E os deuses respondem, com voz ainda mais triste, «homens, porque é que nos criastes»?

A crença, em si, não é apenas legítima, é um direito que cabe ao Estado laico assegurar. O que assusta é o proselitismo dos que não lhes basta a sua crença e a procuram impor a outros, a violência que usam para agradar ao deus que lhes ensinaram desde a infância ou àquele que os seduziu numa qualquer fase da vida.

Infiéis são os fiéis da concorrência e os descrentes de qualquer fé, e que devem gozar de igual proteção, quer pertençam a uma seita ou religião poderosa. A seita é a religião de minorias e a religião é a seita globalizante. Todas têm direitos e deveres e não se aceita que sejam exoneradas do respeito pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O pluralismo é uma exigência democrática a que nenhum deus devia poder esquivar-se. Há para com os crimes praticados em nome das religiões uma condescendência que não existe para outras associações ou ideologias profanas. Porquê?

O nazismo é reprimido mas o totalitarismo religioso é tolerado. A democracia não deve consentir quem a combata, não pode conformar-se com os vírus que a ameaçam. Não se compreende que uma religião que não aceita as outras nos países onde é dominante e escraviza os que aí vivem, possa gozar de igualdade de direitos nos países que ameaça.

Com que legitimidade se permitem mesquitas aos crentes de uma religião que não aceita igrejas, pagodes, sinagogas ou templos às outras religiões? A Europa, onde se recrutam soldados de um deus cruel e vingativo, continuará a aceitar a divulgação de manuais que apelam à guerra santa e a deixar circular os pregadores que destilam ódio nos sermões e aliciam terroristas para a guerra santa?

O pluralismo, conquistado com a sangrenta Guerra dos Trinta Anos, em Vestefália, não pode ser posto em causa por ideologias que pretendem a exclusividade do mercado da fé e a eliminação da concorrência. Basta de cobardia para com as crenças. Urge resguardar os crentes dos fenómenos racistas detonados pelo medo à sua fé. E o medo existe.

A democracia é incompatível com o totalitarismo pio e belicista que assola o mundo.