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27 de Janeiro, 2015 Carlos Esperança

Há 70 anos

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Na rede de campos de concentração do sul da Polónia, onde o Terceiro Reich fez da morte uma indústria, do antissemitismo religião, e da crueldade o apogeu da demência, a libertação dos que sobraram, judeus, ciganos, homossexuais e deficientes, aconteceu há 70 anos em Auschwitz-Birkenau, com a chegada do exército soviético.

Esquecer esse dia é ser cúmplice da mais atroz das ideologias, do mais bárbaro racismo e da maior alienação coletiva. Calar aos filhos e netos o horror dos que aí morreram nas câmaras de gás, é colaborar na repetição a que a loucura dos homens pode conduzir.

O clero católico e protestante facilitaram ao Terceiro Reich os arquivos de batismo o que tornou mais fácil a identificação dos judeus. Pio XII tem sido denominado o Papa de Hitler. Vai ser canonizado.

27 de Janeiro, 2015 Carlos Esperança

O antissemitismo cristão

Surpreende o vigor com que o cristianismo e, em particular, o catolicismo nega quase vinte séculos de antissemitismo militante, hoje menos virulento do que o islâmico.

Martinho Lutero que conhecia a Bíblia tão profundamente quanto a corrupção papal, dizia dos judeus: «são para nós um pesado fardo, a calamidade do nosso ser; são uma praga no meio das nossas terras». (1543)

Quanto à ICAR não é preciso recordar o tribunal do Santo Ofício, basta relembrar as declarações papais ou citar as abundantes e descabeladas manifestações de ódio que o Novo Testamento destila.

Eloquente, chocante e demente foi a atitude do cardeal da Alemanha, Bertram, ao saber da morte do seu idolatrado führer Adolfo Hitler. Já nos primeiros dias de maio de 1945, com a derrota consumada (a rendição foi no dia 8), ordenou que em todas as igrejas da sua arquidiocese fosse rezado um requiem especial, nomeadamente «uma missa solene de requiem, em lembrança do Führer». Entretanto o católico Salazar decretou três dias de luto pelo facínora.

Para alguns católicos e, sobretudo, para ateus, agnósticos e fregueses de outras religiões, é preciso dizer-lhes que, de acordo com a liturgia do requiem, uma missa solene de requiem se destina a que os devotos possam suplicar a Deus, Todo-Poderoso, a admissão no Paraíso do bem-aventurado em lembrança de quem a missa é celebrada.

Os quatro Evangelhos (Marcos, Lucas, Mateus e João) e os Atos dos Apóstolos são uma fonte de ódio antijudaico cristão, tal como o Corão para os muçulmanos. Felizmente, os cristãos, sobretudo os católicos, leem pouco a Bíblia e creem vagamente no conteúdo.

Em períodos de crise, há o risco de se agarrarem ao livro sagrado como os alcoólicos à bebida e, tal como estes, sem discernimento ou força anímica para renunciarem à droga, inibem-se pela habituação e dependência que os escraviza.

O livre-pensamento é uma tentativa séria para promover uma cura de desintoxicação, absolutamente necessária nesta Europa onde o antissemitismo desponta em numerosas manifestações de matriz nazi.

25 de Janeiro, 2015 Carlos Esperança

A laicidade traída e o parasitismo pio

Luxemburgo vai reduzir apoio às confissões religiosas

O Primeiro Ministro do Luxemburgo, Xavier Bettel, assinou um novo acordo financeiro com os representantes das confissões religiosas no país.

Segundo informações difundidas no passado dia 20 pelo jornal on line “Contacto”, o Governo do Luxemburgo anunciou que vai cortar de dois terços o financiamento às confissões religiosas reconhecidas pelo Grão-Ducado.

Em 2014, o Estado deu 24.660 milhões de euros às religiões. Com os cortes agora anunciados, a verba deverá ser reduzida em dois terços, ou seja, 8.375 milhões de euros anuais.

19 de Janeiro, 2015 Carlos Esperança

A FRASE

«Acho que numa sociedade livre existe o direito de ser ofensivo com a religião dos outros».

(David Cameron, PM do Reino Unido, a manifestar discordância com o Papa)
Fonte: DN, hoje, pág. 8)

16 de Janeiro, 2015 Carlos Esperança

Sim, mas… ou a cobardia e a dissimulação

Perdoo menos aos que me são próximos do que aos de que me distancio. Compreendo as reservas do patriarca de Lisboa, do Papa ou mesmo do intelectual Boaventura Sousa Santos. Aceito a convicção do primeiro a defender o direito à vida, mas… a considerar irrecusável «a liberdade e a responsabilidade de expressão e o direito a ser considerado naquilo que são as convicções e na expressão das ideias», numa forma dissimulada de limitar a liberdade de expressão, quando ninguém o obriga a ler um jornal satírico ou a assistir a um filme iconoclasta. Lembro-lhe que Pio IX excomungou comunistas, ateus, livres-pensadores, democratas e liberais. Pensará a ICAR levantar-lhes a excomunhão?

A liberdade não nasceu nas sacristias mas contra elas. O direito à blasfémia custou vidas e provocou tormentos inauditos. O medo do Inferno embruteceu gerações e as religiões, incluindo o cristianismo, crucificaram a liberdade. Em democracia não se provocam os crentes nos seus espaços, mas nenhuma religião tem o direito de banir a negação, crítica ou sátira do seu deus, através da imagem ou da palavra, fora do adro dos seus templos.

O papa, que hesita entre a modernidade que os dois antecessores recusaram e a tradição que mantém o negócio, acaba por dar razão aos terroristas, talvez lembrado da tradição da sua Igreja, ao afirmar que «Não se pode insultar a fé dos outros». E o ateísmo, pode?

Em Boaventura Sousa Santos, com a inteligência que se lhe reconhece, é bem patente aquela esquerda que saiu das madraças católicas onde se ensinava a catequese da nossa infância, minha e dele. Tem uma visão social progressista e uma leitura inquisitorial do livre-pensamento.

A quem não perdoo é à eurodeputada do PS, Ana Gomes, cuja estima, ganha em Timor, se esvaziou na náusea, pela pusilanimidade das suas posições em relação à liberdade de expressão. A cobardia atinge o asco quando pergunta: «Porquê insistir na representação do profeta, que se sabe ofender os muçulmanos? Não estou de acordo». Prefere que os sevandijas matem mais cartunistas?

É desta cobardia, denominada bom senso, que se fazem as vitórias dos que nos querem de joelhos, mãos postas e prostrados perante um ser imaginário. E sempre, e só, o deles.

Ontem todos eram Charlie, hoje são mais as deserções do que as adesões sem «mas».

ICAR = Igreja Católica Apostólica Romana.

15 de Janeiro, 2015 David Ferreira

O fanático multicultural

 in jornal Público

” Como sempre acontece com atentados terroristas, é só esperar que os corpos arrefeçam para os comentários idiotas e autoculpabilizantes começarem a aparecer. A estrutura repete-se: há uma primeira frase pesarosa, a dizer que aquilo não se faz, e logo de seguida vem um “mas”, um “contudo”, um “no entanto”. Foi assim no 11 de Setembro; não poderia deixar de ser assim com o massacre do Charlie Hebdo.

Com esta diferença: em 2001 o Twitter ainda não tinha sido inventado, e em 2015 ele é terreno fértil para espantosas concentrações de idiotice em 140 caracteres. Ana Gomes tem-se destacado nesse campo. Começou logo a 7 de Janeiro, com uma ligação entre o terrorismo e a austeridade, e continuou com a nova capa do Charlie Hebdo: “Porquê insistir na representação do profeta, que se sabe ofender os muçulmanos? Não estou de acordo. Não em meu nome.” É certo que poderíamos fazer um desenho a explicar o porquê de “insistir na representação do profeta”, mas não vale a pena. Até porque Ana Gomes é o mais próximo que temos de um Charlie Hebdo português: o que lhe sai da boca é exagerado e muitas vezes não faz qualquer sentido, mas é corajosa e dá cor e diversidade à nossa democracia. Há que valorizar isso.

De um campeonato muito diferente são os textos de Boaventura Sousa Santos, o Noam Chomsky do Mondego. Alegadamente, ele pensa, produz obra e tem uma vasta corte de seguidores. Ontem, decidiu dar à estampa um texto no PÚBLICO intitulado Charlie Hebdo: uma reflexão difícil – e ponham difícil nisso. Para Boaventura, o mundo ocidental é uma acumulação de miseráveis defeitos, a sua decadência passeia-se pelas ruas e a Terceira Guerra Mundial está à porta, por sua inteira culpa. Fixe, fixe, é viver na Venezuela e na Bolívia.

Mas o pior não é isso: é a sua argumentação vir acompanhada de uma dose de demagogia e de sonsice capaz de dar cabo dos melhores estômagos. Um professor doutor perguntar porque é que 37 jovens mortos no Iémen não causam “a mesma repulsa” que o ataque ao Charlie Hebdo só pode ser piada. Ao fim de décadas de pesquisa sociológica, Boaventura ainda não descobriu que ele pode chorar mais pela morte do seu cão do que pela morte de mil chineses, sem que isso signifique que o seu cão valha mais do que mil chineses. E também não percebeu que a repulsa se deve tanto à morte dos caricaturistas como ao atentado à liberdade de expressão – e por isso a tragédia no supermercado judeu não nos marcou da mesma forma.

Ou será que Boaventura sabe isto? Eu acho que sabe. Simplesmente, é mais prático enviesar argumentos para poderem encaixar no seu “no entanto”. Até porque é um “no entanto” e peras. Pergunta ele: “A defesa da laicidade sem limites numa Europa intercultural, onde muitas populações não se reconhecem em tal valor, será afinal uma forma de extremismo?” Que caraças, andou a esquerda tão cara a Boaventura a morrer durante séculos pelo direito a gozar com a religião, para agora ele achar que atribuir uma cara ao profeta em 2015 é uma actividade radical. Mas ele está certo quando escreve: “Estamos perante um choque de fanatismos.” Só é pena Boaventura não vislumbrar o seu – um fanatismo multicultural onde a expressão “valores ocidentais” é posta entre aspas e toda a culpa pelas dificuldades de integração e pelo crescimento do jihadismo é atribuída às políticas do Ocidente. O problema é que são estes fanáticos multiculturais que acabam por empurrar muita gente moderada para os braços da extrema-direita. Boaventura e Marine são duas faces da mesma moeda.”

 

Um texto que subscrevo na íntegra.

 

9 de Janeiro, 2015 Carlos Esperança

A miopia de alguma esquerda e um manual terrorista

A confusão entre os pacíficos seguidores de um credo anacrónico, nocivo e perigoso – o Islão –, com os produtos tóxicos desse mesmo credo – os terroristas –, tem conduzido a extrema-direita a aproveitar o pântano da confusão e a tirar dividendos políticos.

A má consciência dos cruzados que invadiram o Iraque e que a força das armas impediu que fossem sujeitos ao julgamento do TPI, conduziu à benevolência com que o terror da concorrência é tratado e ao pretexto que conduziu à desforra. Em 8 de janeiro de 2004, há 11 anos, quatrocentos técnicos da equipa norte-americana especializada em busca de armas de destruição maciça abandonaram o Iraque, sem que alguma arma proibida tenha sido descoberta. Não é o remorso que leva à condescendência para com a Arábia Saudita que fomenta e subsidia o terrorismo, mas os interesses do petróleo.

Teimosamente, há quem prefira conformar-se com a espiral de ódio xenófobo a tratar as religiões como associações privadas, sujeitas às mesmas normas. O incitamento ao ódio é crime, quer seja promovido pelo cardeal Rouco Varela na catedral de Madrid, por um rabino-chefe da grande sinagoga de Jerusalém ou por um xeque, mulá ou aiatola de uma qualquer mesquita onde destile veneno ou por uma associação ateísta.

A fé não pode ser ópio que promova o terror. Mais importante do que a fé individual é o livre-pensamento universal. A herança de Voltaire é mais generosa do que a de Abraão.

O Estado democrático deve defender o direito à crença e à descrença, sem tolerar que os incitamentos ao ódio fiquem impunes. A liberdade é um bem universal, a crença é um aconchego individual. Não cabe ao Estado pronunciar-se sobre a fé, mas a caça ao voto leva os partidos a postergarem a laicidade e a concederem privilégios que exoneram as sotainas das exigências legais.

A tragédia de ontem, em França, só admite o cumprimento da laicidade consagrada na lei e não a tergiversação face aos incitamento ao ódio destilado nas madraças, mesquitas e através da Internet ou pelo catolicismo da menina Le Pen.

8 de Janeiro, 2015 Carlos Esperança

Carta de Frei Bento, com pedido de publicação

Caríssimo irmão em Cristo, com a minha bênção e os desejos de Bom Ano, aqui lhe envio mais uma cartinha, com o pedido de publicação.

Amém.

O Jornal de Notícias, diário de inspiração católica e, portanto, insuspeito, refere, na sua edição de 5 de Janeiro deste ano, que o cancro pode seroriginado pela má sorte. Ou seja, os cientistas não passam de uma data de ateus! Eu explico.

Aqui mesmo, neste portal, um ilustrérrimo irmão, que eu considero o mais crente dos ateus, ou o mais ateu dos crentes, vá-se lá saber,  tem defendido que para haver algo criado, tem de haver um criador. E eu assino por baixo, como nem podia deixar de ser, de contrário o Abade de Priscos f… lixava-me. Mas não sou só eu, também há um relojoeiro que afina pelo mesmo diapasão. Aliás, até há uma figurinha muito querida, de um menino a fazer ondinhas, que deve ser o mesmo que… Bom mas isso já foi dito. Ora, o que interessa é essa cambada de cientistas ateus continua a defender a cena patética do mero acaso, e agora até o filh… o raio do cancro acontece “por sorte”!

Como se Deus Nosso Senhor não tivesse uma Palavra a dizer ou, até, como se não existisse. Isso não se diz, e muito menos se escreve! Queria deixar aqui a minha indignação, se o irmão Esperança não se importasse… Pode ser? É que é preciso que essa gente se convença de que nada acontece sem a Vontade de Deus.

Saúde e merda, que Deus não pode dar tudo.

a) Frei Bento