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10 de Julho, 2015 José Moreira

A Promessa

Nota prévia: este episódio foi-me relatado na primeira pessoa, e não vislumbro motivos para dele duvidar.

Gervásio, rapaz do norte, tinha regressado de Moçambique. Para trás, tinham ficado vinte e seis meses de guerra. Cumpridas as formalidades da passagem à “peluda”, ei-lo de regresso à cidade natal, onde o aguardavam a família mai-la noiva.

Colocados que foram em dia os assuntos pendentes durante tal período de tempo, e o termo “assuntos” pode ser tudo o que os limites da nossa imaginação permitirem, assente a poeira, acertados os fusos horários, repousado o guerreiro, eis que a doce noiva decide:

– Sabes, temos de ir à Santa Maria Adelaide.

Para quem não sabe, e resumidamente: o corpo de Maria Adelaide de Sam José e Sousa foi encontrado incorrupto, e ainda se mantém, cerca de trinta anos após a inumação. Daí até a o povo a venerar como santa, foi um passo de pardal, embora a ICAR nunca a tenha canonizado, o que, no entanto, não impediu que a venera se faça numa capela, onde está exposto o corpo da “santa” ornamentado com quilos de ouro proveniente de oferendas.

voltemos ao diálogo:

– Desculpa, disseste que…?

– Querido, disse que tínhamos de ir a pé à Santa Maria Adelaide.

– E por alma de quem, posso saber?

– É que eu prometi que lá iríamos, se regressasses são e salvo.

– Duas questões: primeiro, TU prometeste, TU cumprirás a promessa. Segundo, quem te garante que regressei são e salvo graças à “santa”?

– Não me contaste que passaste duas vezes por cima de uma mina e ela não rebentou?

– É verdade.

– E não achas que houve intervenção de alguém “lá em cima”?

– Não. Porque levantei a mina, e verifiquei que  não tinham tirado a cavilha de segurança. Se houve intervenção, foi de alguém “cá de baixo”, que não sabia o que estava a fazer. Se é que se pode chamar a isso “intervenção”.

Mas a jovem não se deixou convencer:

– Seja como for, há uma promessa, e tem de ser cumprida, que eu não gosto de brincar com estas coisas.

– Faz como quiseres, mas vamos ficar assentes neste ponto: eu não prometi nada, portanto, nada tenho a cumprir. Podemos gostar muito um do outro, mas nenhum de nós tem o direito de fazer promessas em nome do outro. Se tu prometeste, cumpre. O mais que posso fazer, como a promessa foi de “ir a pé”, é ir buscar-te de carro a Arcozelo. Mas eu nada tenho de cumprir, já que nada prometi.  E para cumprir o que não prometi, já me bastou o tempo de tropa.

 

 

4 de Julho, 2015 Carlos Esperança

A demência continua

O Islão transformou-se numa religião pior do que os dois primeiros monoteísmos.

Como de pode ver aqui.

4 de Julho, 2015 Carlos Esperança

O Estado Islâmico e a cultura

Estado Islâmico saqueia sítios arqueológicos em escala industrial
Segundo a Unesco, tesouros estão sendo vendidos a intermediários.
Um quinto dos 10 mil sítios históricos iraquianos oficiais foram pilhados.

Da Reuters

 

ESTADO ISLÂMICO
O que está por trás do grupo radical

Os militantes do Estado Islâmico estão saqueando sítios arqueológicos na Síria e noIraque em escala industrial e vendendo seus tesouros a intermediários para levantar fundos, disse Irina Bokova, chefe da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês), nesta quinta-feira (2).

24 de Junho, 2015 Carlos Esperança

Momento de poesia

Noivas da Morte

Partem rumo às distantes terras da Síria

As Noivas da Morte

Embaladas pelas preces mântricas

Que preenchem as cabeças vazias!

Aspiram a um mundo que não compreendem,

Vidas roubadas a todas as possibilidades

Excepto ao fatalismo ignóbil da doutrinação!

Das visões do profeta sem rosto

Fundamenta-se um deus sem alma

Que se alimenta da barbárie

E mata a sede com a vingança!

Entregam-se, em voluntariado,

As Noivas da Morte,

Inconscientes e inconsequentes

Quais porcos rumo à matança,

Corpos vivos em mentes mortas

Sem resquício ou vestígio de consciência!

No sorriso dos seus jovens rostos,

Promessas de um futuro que soçobra,

Marcar-se-ão as rugas da tirania e da subordinação!

Nos corpos, convertidos em malas de parir,

Marcar-se-ão as cicatrizes da violência e da intolerância,

Legando à geração vindoura

Apenas a indignidade da sua condição!

Por entre linchamentos e decapitações

Floresce o Reino do Terror,

A medieval realidade dos nossos tempos,

Enquanto o xadrez da geopolítica

É jogado pacientemente,

Com imaculadas luvas brancas

Que cobrem as mãos podres!

E nos templos de todas as religiões,

Por entre orações devotas

Exalta-se a bondade de deuses,

Inexplicavelmente ausentes!

Tivesse o deus de Espinosa triunfado

E não haveria Noivas da Morte,

Nem ninguém seria Charlie Hebdo,

E ter-se-iam acondicionado os livros sagrados

No sossego das estantes

E as suas verdades não passariam de estórias, metáforas e alegorias!

As distantes terras da Síria

Não teriam a dor nos seus vales,

Nem o sangue nas suas manhãs!

E toda a coluna vertebral da Humanidade estaria ereta!

Todas as noivas seriam Noivas da Vida!

E Deus?

Rir-se-ia dos Homens, que nele não creem,

E teria, finalmente, motivos

Para orgulhar-se dos seus Filhos!

a) Paulo Ricardo Moreira

21 de Junho, 2015 José Moreira

O Congresso

Vejo e ouço, nas TV, que terminou mais um congresso das Testemunhas de Jeová. Dizem que são mais de cinquenta mil, só em Portugal. Ora, com tanta testemunha, parece-me que a absolvição está garantida.

Ainda bem.

18 de Junho, 2015 José Moreira

Os conselhos do papa

O papa Francisco deu conselhos para salvar o Planeta. São bem-vindos. Estragou tudo quando chegou ao “rezar”. Das duas uma: ou rezar chega e os outros são inúteis, ou os outros são úteis e rezar é inútil.

Cá por mim, alinho – e pratico – na segunda hipótese.

Quanto às práticas que aconselha para antes e depois das refeições prefiro, respectivamente, um aperitivo e um digestivo.

Mas respeito os que rezam.

Também há quem tome medicamentos.

18 de Maio, 2015 Carlos Esperança

Síria

Síria – As milícias da jihad assassinam dezenas de civis às portas da histórica cidade de Palmira e destruíram as suas ruínas, um património da Humanidade que a demência da fé apaga com a mesma insensibilidade com que mata.

13 de Maio, 2015 Luís Grave Rodrigues

O Embuste

Faz hoje anos que a Virgem Maria, a mãe de Deus, apareceu pela primeira vez em Fátima a três crianças para transmitir uma mensagem aos Humanos.
Andava preocupada com a gente, coitada.

De início a mensagem foi considerada um segredo divino tal era o seu significado simbólico e a sua enorme relevância para a História da Humanidade.
Só foi conhecida aos bochechos e depois de cuidadosamente dividida em três partes.

Ora, a mensagem da mãe de Deus era de tal forma importante que a sua última parte só foi conhecida meio século depois de nos ter sido transmitida.
Era uma previsão de que um gajo vestido de branco ia sofrer um atentado.

Foi pena que a “previsão” não tivesse sido divulgada mais cedo.
É que quando os prognósticos são feitos no fim do jogo perdem toda a piada, não é?…

Mas na primeira parte a Senhora «mais brilhante que o Sol» disse de facto uma coisa de particular importância para a Humanidade: disse que devíamos rezar muito a Deus.
Ao que parece, Deus gosta muito que lhe rezem. Faz-lhe bem ao ego, dizem.

Mas a especialidade da Virgem Santíssima era de facto a futurologia.
Pelos vistos a capacidade de adivinhação deve ser um dom especial reservado por Deus às mulheres «puríssimas», que são aquelas cujo canal vaginal só funciona no sentido catolicamente correcto, que é o sentido descendente, e que nunca foi conspurcada por essa coisa suja, horrível e pecaminosa chamada sexo.

Foi assim que vinda dos Céus, onde se encontra de corpo e alma, esta anorgásmica mãe, provavelmente com muito pouco que fazer, resolveu vir ao nosso planeta dizer-nos que a Guerra acabava nesse ano de 1917 e que os soldados portugueses estariam de volta ao solo pátrio já pelo Natal.

O pior de tudo foi que a I Guerra Mundial, a tal guerra de 1914-18 acabou, tal como o próprio nome indica… no ano de 1918.
Então não querem lá ver que a mãe de Deus se enganou, coitadita?

Ou seja:
Quer isto dizer que nesta insigne e extraordinária mensagem transmitida aos Homens a mãe de Deus numa parte fez um prognóstico no fim do jogo, noutra disse uma banalidade e na terceira, ó Céus… enganou-se!

É pois para honrar esta extraordinária mensagem que milhares de pessoas se deslocam todos os anos a Fátima para adorar e rezar à Virgem Maria e para comemorar e celebrar a extrema razoabilidade e a lucidez de tudo isto.