Daniel Keller (SGM du GOdF)
Le Pape François accuse la France «d’exagérer la laïcité» (ce 17 mai dans La Croix). Le Grand Maître du GODF Daniel Keller réagit avec virulence: «La France n’exagère pas la laïcité, car il n’y a ni laïcité molle, ni laïcité dure, il n’y qu’une laïcité.»
Dans l’interview qu’il m’a accordée, Daniel Keller poursuit: «Le Pape François affirme qu’un État ne doit pas être confessionnel. Il soutient donc la laïcité, mais cet hommage n’est que de façade, car il y a un conflit radical entre les sociétés gouvernées par la loi de Dieu et celles organisées par les lois des hommes.»
EXAGERES
«Une contradiction dans les propos du Pape»
«Contrairement à ce que dit le Pape, la laïcité française n’interdit nullement d’exprimer ses convictions religieuses à travers les tenues vestimentaires (avec une kipa, une croix ou un voile). La loi demande seulement un esprit de modération en évitant les signes ostensibles à l’école et la neutralité pour les agents de l’État. On peut s’interroger sur certaines extensions de ces règles (dans les espaces de cours à l’Université), cela fait partie du débat républicain.»
«Tous les citoyens doivent respecter les lois de la République qui se font au Parlement, comme le dit le Pape. Donc les catholiques n’auraient pas dû manifester contre la loi sur le mariage pour tous après son adoption.»
«Je perçois enfin une contradiction dans les propos du Pape. Il admet que face au pluralisme confessionnel, la laïcité est la seule solution comme garantie de la liberté religieuse. Mais en tant que chef de l’Eglise catholique, la laïcité lui pose problème.»
i·ro·ni·a
s.f.
(latim ironia, -ae, do grego eironeía, -as, dissimulação, ignorância)
– O facto de a Igreja Católica ser contra as… barrigas de aluguer…
S. João, reparem nisto,
teve este grande condão
ao baptizar Jesus Cristo
foi quem fez Cristo cristão.
(António Aleixo)
O dia 19 de Abril de 1506 amanheceu pacífico e soalheiro. Na igreja de São Domingos, em Lisboa, a missa dessa manhã decorria provavelmente com a calma modorra do costume.
Todos se ajoelharam em fervorosas preces, em êxtase perante aquele milagre que se lhes oferecia, ali mesmo, à frente dos seus olhos.
A primeira coisa que alguém descobriu foi que o chico-esperto era um cristão novo, um judeu convertido à pressa mas, pelos vistos, demasiado depressa. Foi o suficiente para logo dali o arrastarem pelos cabelos para o adro da igreja, onde foi imediatamente chacinado pela multidão dos fervorosos tementes a Deus, e o seu corpo queimado no local.
Respeitáveis representantes do clero católico saíram dos seus pacatos refúgios de oração e percorriam as ruas de um lado para o outro empunhando crucifixos e gritando: «Heresia! Heresia!».
Para evitar o caos e a anarquia, sempre más conselheiras, os padres e frades dominicanos tomaram a piedosa responsabilidade de organizar convenientemente o tumulto: judeu ou cristão-novo que era identificado ou apanhado, era imediatamente preso e levado para o Rossio e ali era queimado em gigantescas fogueiras que os escravos municiavam ininterruptamente de lenha.
Como mesmo nestas coisas da fé é sempre bom juntar o útil ao agradável, o misticismo assassino daqueles fervorosos e bons católicos não os impediu de pilhar as casas por onde passavam e de ajustar velhas contas com inimigos que muitas vezes nada tinham a ver com o judaísmo.
Mesmo os que se refugiavam nas igrejas e se agarravam desesperadamente às imagens dos santos eram levados e arrastados à força para o Rossio e queimados vivos.
Tudo feito por bons católicos.
Tudo em nome de Deus!
Miguel Sousa Tavares sobre o Corão e as mesquitas.
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