26 de Agosto, 2016 Carlos Esperança
Se Maomé o diz…
… deve ser verdade!
… deve ser verdade!
Há entre a pulsão repressiva das ditaduras e o respeito pelos direitos individuais, próprio das democracias, um abismo.
Será certamente perigoso atribuir à moral um desígnio que ultrapasse a simples ciência dos costumes, mas é de uma enorme ingenuidade ignorar as provocações que se fazem à liberdade em nome da tradição e dos ‘bons costumes’.
Há uma memória, sinistra e longeva, eivada de misoginia, que o algoz de Santa Comba Dão se esforçou por preservar. Só depois dele a carmelita Lúcia sentiu a necessidade de pedir a Marcelo Caetano que não autorizasse vestidos curtos e sem mangas. A santidade exige vigilância nos costumes, vigilância que não passa despercebida dentro das grades do Carmelo nem dos próceres das ditaduras.
O salazarismo zelava pela moral e pelos bons costumes.
Na sequência do post anterior, recebi de um amigo, que alia a enorme cultura a um refinado gosto estético, a mensagem e a sua excelente foto que publico:
Há mais por cá, (a wikipédia regista 16 casos em França). Aqui tens, na foto que tirei da imagem existente na abadia cisterciense de Chambon-sur-Voueize (Creuse), Santa Valéria de Limoges. A cefalófora (que palavras aprendemos com estas histórias da religião!!!) seria filha do governador de Limoges e prometida a um alto funcionário romano pagão, com quem terá recusado casar.
O noivo, despeitado, mandou-a decapitar, mas morre, ele próprio, vítima da cólera divina, no momento da execução. A santa, decapitada, recolheu a própria cabeça e durante três dias, carregando-a nas mãos, caminhou até ao monte de Saint-Étienne onde S.Marcial celebrava missa e a absolveu, permitindo-lhe morrer em paz (não sei se então terá deixado cair a cabeça, a lenda nada diz sobre tal, nem sei se no céu é permitido entrar com ela nas mãos).
O massacre de S. Bartolomeu
Dois anos depois do tratado de paz em que Catarina de Médicis tinha oferecido tréguas aos protestantes, estes foram vítimas do mais hediondo massacre católico na noite de 24 de agosto de 1572.
Foi o massacre mais cruel do século XVI contra protestantes. No dia de S. Bartolomeu, dezenas de líderes huguenotes foram assassinados em Paris, numa série coordenada de ataques planeados pela família real.
O crime valeu a Carlos IX, rei de França, a mais alta condecoração papal – a Rosa de Ouro – que o Papa Gregório XIII lhe enviou, apesar da diminuta responsabilidade do jovem rei, ainda dominado pela mãe.
A encomenda de um Te Deum, pelo Papa, para ser cantado em ação de graças, e de uma medalha cunhada com a frase Ugonottorum strages 1572 com um anjo a empunhar uma cruz e uma espada perto dos protestantes mortos, deixou nos protestantes a convicção de que o catolicismo era uma religião sanguinária e traiçoeira.
As guerras religiosas são uma trágica herança europeia onde os novos ódios religiosos despontam.
Fonte principal: Wikipédia.
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