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4 de Setembro, 2016 Carlos Esperança

Informação de um advogado amigo

De: Jorge Antunes

«Carlos, vamos ter uma situação, aqui em Coimbra, em que a igreja mais uma vez vai tentar locupletar-se, com património do Estado, desta feita trata-se do histórico Café de Santa Cruz.

A União de Freguesias de Coimbra, como é sua obrigação legal está a registar todo o património, que era das reunidas Juntas, de Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e S. Bartolomeu, nesta conformidade, legalizou também o Café de Santa Cruz, porém a comissão da Fabrica da Igreja, entra com uma acção a reivindicar a propriedade, pois no seu entender foi esbulhada em 1910, com a implantação da República, pelo que pretender reaver essa propriedade.

E está…!?»

DduA – Vamos consentir este atropelo pio?

4 de Setembro, 2016 Carlos Esperança

Reflexão

A Igreja católica tem quase 50 mil edifícios isentos de IMI. Não é crível que as 4376 paróquias tenham mais de dez edifícios por paróquia, destinados ao culto e para guardar andores. São demasiados edifícios para a devoção que sobra.

O facto de estarem isentas as casas onde moram os padres permite perguntar por que motivo não exigem os bispos que os automóveis do clero fiquem isentos de imposto de circulação e as refeições de IVA?

A Igreja ganha todas as batalhas contra o Estado, e já ganhou mais esta. Mas compreende-se melhor o aparecimento de figuras históricas como o Marquês de Pombal, Joaquim António de Aguiar e Afonso Costa.

A natureza tende para o equilíbrio.

2 de Setembro, 2016 Carlos Esperança

A luta contra o terrorismo tem de partir de dentro

O rei de Marrocos, alegado descendente de Maomé, condenou o terrorismo e negou que houvesse no paraíso um stock de virgens para os tolos candidatos a mártires.

Quem defende a paz, independentemente da sua crença, descrença ou anti-crença, deve apoiar estas posições que podem produzir o efeito de uma vacina na demência terrorista.

1 de Setembro, 2016 Carlos Esperança

As religiões e as guerras

Política e religião são uma mistura explosiva, e é comum a promiscuidade entre ambas. A política alicerçada em pretextos religiosos e a religião, a servir objetivos económicos, foram sempre um fator potenciador de conflitos. É frequente a religião ser pretexto para defender interesses económicos, nacionalistas ou tribais, e para alterar fronteiras.

A posse da terra, os recursos naturais, o dinheiro, o poder político e a economia são bem mais importantes do que milagres e dogmas, para dividir os crentes e fomentar guerras.

A Reforma protestante não surgiu na Europa apenas por divergências teológicas ou pela luta contra as iniquidades papais, foi necessária para pôr fim ao feudalismo que impedia o advento da burguesia. Foi uma luta entre a evolução e o imobilismo, entre a sociedade medieval e o advento do capitalismo.

A Contrarreforma foi uma tentativa desesperada para deter a História e preservar pelo terror os privilégios eclesiásticos, com a trágica e irónica chegada a Portugal e Espanha, onde os ventos da Reforma protestante nem sequer sopraram.

Os séculos XVI e XVII ficaram manchados de sangue na Europa, dilacerada por guerras da fé. A Guerra dos Trinta Anos, de longa duração e crueldade, começou como guerra nas fronteiras religiosas, e terminou exclusivamente como guerra religiosa. Foi a Paz de Vestefália que, pela primeira vez, impôs a liberdade religiosa no espaço flagelado entre 1618 e 1648. Foi a última guerra religiosa generalizada na Europa.

Após o colapso da URSS e do fim da Guerra Fria, com a queda do Muro de Berlim, as sociedades laicas e secularizadas da Europa estão agora apavoradas com o regresso das disputas religiosas. A demência do Islão político tem dado excelente ajuda.

A Sérvia foi vítima do terrorismo islâmico e da inexplicável cumplicidade da Nato, com a comunicação social mundial a diabolizar Milosevic. Contra o direito internacional e os acordos assinados, foi-lhe alienada a província do Kosovo, agora protetorado da ONU, entreposto da droga e campo de treino da Jihad.

Na Irlanda do Norte os católicos e os protestantes mataram-se cristãmente, durante anos.

Nos Balcãs, após a independência da Eslovénia e da Croácia (crime instigado por Kohl e João Paulo II), prosseguiu a desintegração da Jugoslávia. Católicos, cristão ortodoxos e muçulmanos definiram as fronteiras com sangue e o fulgor da fé, como soe acontecer.

O Chipre acabou dividido entre os que rezam virados para Meca e os que se guiam pelo patriarca ortodoxo de Atenas.

Por todo o mundo os valores religiosos estão na base de guerras (Chechénia, Cachemira, Afeganistão, Próximo-Oriente, Sudão, Tibete, Timor, etc., etc… Até passa despercebido o interminável conflito do Sahel, com epicentro na Nigéria, onde o islamismo demente do Boko Haram e o protestantismo evangélico travam uma luta mortal pelo domínio de África. Cristãos (hoje, as maiores vítimas), hindus, budistas, judeus e islamitas (hoje, os mais implacáveis prosélitos) vão trucidando, com fé e bombas, os infiéis e a civilização.

No passado, a repressão política sobre o clero fez tolerantes as religiões cristãs. Agora é preciso exigir às que ameaçam a civilização, respeito pelo espaço público e discrição na forma de viverem a fé, o que só o Estado laico pode garantir a todas.

30 de Agosto, 2016 Carlos Esperança

A ICAR e os nossos impostos

No caso dos colégios, os clérigos querem que a caixa das esmolas regresse com o óbolo dos impostos de todos os portugueses, independentemente do credo ou ausência dele de cada contribuinte.

No caso do IMI, não se contentam com a isenção dos templos, sacristias e terrenos pios (os santuários), querem que os edifícios onde moram, os colégios onde ensinam e todos os outros em que exercem atividades lucrativas fiquem isentos.

No fundo, não se consideram cidadãos portugueses, julgam-se súbditos do Vaticano e esperam pagar com indulgências e ave-marias o que a concorrência paga em euros.

Os privilégios concedidos por um Estado débil, a pensar nos votos dos devotos, não são perpétuos, embora o direito canónico os equipare a sacramentos, sobretudo quando não distinguem entre as isenções que, bem ou mal, foram concedidas e as que pretendem acrescentar.

A gula só é um pecado para o mundo profano.

29 de Agosto, 2016 Carlos Esperança

Burkíni – uma lamentável coincidência

Um mês depois do massacre de Nice, perpetrado por um demente fascista islâmico, foi uma infeliz coincidência que as mulheres islâmicas, sedentas de sol e água, procurassem as praias locais para estrear fatos de banho adequados às normas do Corão.

E houve quem, malevolamente, visse na pudica manifestação lúdica de fé uma provocação e não uma coincidência.

Há quem veja política em tudo e confunda a piedade com a provocação, quando as vítimas já levavam 1 mês de defunção.

E há quem acredite na coincidência!

28 de Agosto, 2016 Carlos Esperança

Jacobinismo, democracia e adereços pios

Apesar da sanha contra o jacobinismo, injustamente recordado pela violência, gratuita e intolerável, deve-se-lhe a genuína defesa da democracia, razão do ódio dos que têm uma herança menos recomendável na defesa das liberdades e mais pesado na crueldade.

O jacobino, exatamente por amor à liberdade, não aceita que a limitem os que a odeiam, a desafiem os que a pretendem destruir, e a minem os que impõem verdades únicas.

As religiões, sobretudo as que não sentiram a repressão do seu clero, obrigado a aceitar o laicismo, são hoje um fator de instabilidade e de terror, imposto pela fúria demente de um proselitismo incansável e inadmissível.
Como as leis dos países civilizados e democratas são obrigatoriamente abstratas, gerais e imperativas, não se deve, por exemplo, interditar o burkíni, quando a burka já cai sob a alçada da proibição, por razões de segurança, de ocultar o rosto.

Sendo a discriminação inaceitável e impune o desafio não violento à democracia, não há forma de evitar as provocações do Islão político, sem impedir a apropriação do espaço público pelas religiões.

Proibir, no espaço público e organismos oficiais, as indumentárias que manifestem uma pertença religiosa pode tornar-se necessário para garantir a tranquilidade, evitar insultos e defender todos os cidadãos da discriminação e animosidade das religiões concorrentes.

É intolerável que as ruas sejam ocupadas por crentes que aí procuram rezar (provocar) e promover a fé, impedindo o trânsito. A lei terá de proibir, fora dos locais de culto, as vestes clericais e adereços litúrgicos, mitras, tonsuras, batinas, burcas, kipás ou hijabs, bem como todas as vestes que os clérigos e crentes de qualquer religião exibem.

Urge impedir o retorno das rivalidades pias e da guerra de religiões que já está em curso no espaço europeu. Não podemos ignorar a atmosfera de medo que limita a liberdade, o terrorismo que ameaça a democracia e a demência religiosa que destrói a civilização.

A herança renascentista e iluminista da Revolução Francesa, civilização que nos coube, não pode ficar à mercê de quem troca os Direitos Humanos pela ilusão do Paraíso.

A proibição exclusiva do burkíni, condenada por quem não quer perceber o contexto,  apoiada pelo PR francês, e na última sexta-feira aprovado o seu uso, beneficia os cúmplices do terrorismo e tem o apoio dos inocentes úteis.

27 de Agosto, 2016 Carlos Esperança

Portugal, a Concordata e o fisco

As igrejas não pagam IMI nem vão passar a pagar, por serem locais de culto, mas, por exemplo, as instalações destinadas a fins educativos passarão a pagar. E basta o facto de a lei passar a ser cumprida para agitar as mitras, brandir os báculos e azedar as homilias.

Os tratados entre Estados não são referendáveis (CRP), mas são passíveis de ‘denúncia’, ou seja, assiste a cada uma das partes o direito unilateral de lhes pôr termo.

A Concordata é um tratado assinado entre o Estado do Vaticano e países católicos, uma obsessão que conduziu a funestas alianças com países fascistas. O Vaticano resultou dos Acordos de Latrão, a Concordata com Mussolini (‘o envido da Providência’, segundo o Papa de turno), que lhe concedeu largas somas de dinheiro e comprometeu a Itália com o ensino obrigatório da religião católica em escolas públicas, direito que perdurou várias décadas depois da derrota do fascismo.

A Concordata é um instrumento de inaceitáveis privilégios da Igreja católica em países que o Vaticano considera católicos (como se os países laicos pudessem ser definidos de forma confessional) e que serve de chantagem sobre os governos que recusam que o seu País se torne um protetorado pio.

A guerra dos colégios e a luta contra o IMI são a face visível da guerrilha que nasce nas sacristias e ameaça as ruas portuguesas.

Espera-se que as mitras não façam perder a cabeça aos clérigos e se conformem com um Estado laico onde os privilégios a uma religião escancaram as portas a outras.

Depois do 25 de Abril a liberdade religiosa é um direito adquirido e inquestionável em Portugal, não se justificando a manutenção da Concordata ou de qualquer tratado com as diversas religiões que devem ser consideradas e respeitas como meras associações de crentes.

Perante exigências inadmissíveis, uma gula feroz e tiques medievais, urge resistir-lhes.

concordata