14 de Outubro, 2016 Carlos Esperança
HUMOR
Cartaz na porta da Igreja Universal do Reino de Deus:
‘SE VOCÊ ESTÁ CANSADO DE PECAR, ENTRE!’
E alguém escreveu por baixo:
‘SE NÃO ESTIVER… LIGUE-ME!
ROSITA – 93xxxx574 – Serviço Completo
Cartaz na porta da Igreja Universal do Reino de Deus:
‘SE VOCÊ ESTÁ CANSADO DE PECAR, ENTRE!’
E alguém escreveu por baixo:
‘SE NÃO ESTIVER… LIGUE-ME!
ROSITA – 93xxxx574 – Serviço Completo
Quando em 13 de maio de 1917 a Lúcia, o Francisco e a Jacinta viram “…uma senhora mais branca do que o Sol” a saltitar numa azinheira de 1 metro e pouco de altura, já os três eram reincidentes em visões.
No ano anterior tinham visto 3 vezes um anjo, certamente o mesmo, repetido, algo que se aceita na população celeste, mas é de todo inverosímil na fauna do planeta Terra.
Quanto à senhora das ‘visões’, posteriormente convertidas em ‘aparições’, por vontade da hierarquia religiosa e necessidades do negócio, deslocou-se à Cova da Iria nos cinco meses seguintes, sempre no dia 13, o que faz supor que a agenda tinha apenas aquele dia destinado às crianças, a quem afirmou ser a “Nossa Senhora do Rosário”, o heterónimo adequado à tarefa de que as incumbiu.
Lúcia via, ouvia e falava com a ‘aparição’, Jacinta via e ouvia e Francisco apenas via, e não a ouvia. Este é o milagre então obrado, a mentira pia das sotainas que não tiveram pejo de instruir crianças alucinadas pelo catecismo e aterrorizadas com o Inferno.
Só 18 anos depois, em 1935, a Lúcia começou a redigir as memórias que os padres lhe ditaram depois de a diocese ter comprado os terrenos rústicos para os transformar num lucrativo santuário e respetivo complexo hoteleiro.
Onde as cabras pastavam, depois de ter sido anjódromo, e de uma azinheira se tornar o local de aterragem da “Nossa Senhora do Rosário”, foi o local privilegiado da bailação do Sol e é hoje o mais lucrativo destino do turismo pio.
Não me surpreende quem promove o negócio, mas compadeço-me de quem o alimenta, do sofrimento de quem castiga o corpo e acalenta a esperança de improváveis milagres.
O negócio da fé começou por ser ali uma trincheira contra a República, depois contra o comunismo, para se tornar uma lucrativa exploração da superstição e um embuste que o Papa, os bispos e os padres perpetuam, agora contra o ateísmo, depois da implosão da URSS.
Num país atrasado, o fenómeno de Fátima ameaça recrudescer com o medo, esse real, dos desvarios que o mundo vive.
Comentário _ E quer a Igreja católica ser considerada uma instituição séria? O Papa acredita em milagres?
In Movimento Ateísta Português
A garantida canonização de Pio 12
Mesmo com o atual Papa, de que a ICAR teve necessidade, como as nódoas de benzina, após dois pontificados a perder freguesia, os milagres perduram na indústria de produtos pios e no exercício ilegal da medicina por mortos de longa defunção.
Os santos continuam a nascer como cogumelos em noite de orvalho e Pio 12 parece ser dos que estão bem colocados no certame e nos milagres.
Pio 12 não foi um celerado que arrancasse olhos aos sérvios, um carrasco que estivesse nos campos de concentração a assassinar judeus, um biltre que usasse as próprias mãos para despachar hereges a caminho do Inferno.
Pio 12 foi apenas um Papa católico, amigo da ordem e da paz, antissemita como os seus pios antecessores e anticomunista como os sucessores. Foi com muita mágoa – dizem os panegiristas de serviço –, que assistiu em silêncio ao extermínio dos judeus e, depois da guerra, para compensar, converteu conventos e seminários em refúgios nazis, enquanto o Vaticano emitia os respetivos passaportes para a América do sul.
Não se pode condenar Pio 12 pelo antissemitismo. É um dever que o Novo Testamento impõe, é o culto de uma tradição que alimentou as fogueiras do Santo Ofício e o preito de gratidão a todos os santos que acossaram judeus, moiros e hereges, e dilataram a fé.
Pio 12 apenas queria celebrar concordatas com os Estados fascistas, proteger as famílias cristãs dos malefícios do divórcio e assegurar às crianças o ensino obrigatório da sua fé. Haverá odor que mais praza a Deus do que o da combustão de hereges ou delícia maior do que a tortura de quem professe uma religião errada?
Pio 12 deve ser canonizado. Muitos bem-aventurados de duvidosa reputação o foram já. O que o prejudica é não ser incluído em grupos numerosos e, na singularidade papal, ter ainda quem recorde que o Vaticano foi um antro de colaboração com o fascismo a que deve o Estado em que se transformou.
Mas não aconteceu o mesmo com JP2, um papa que já fazia milagres em vida, apesar de só os mortos terem alvará no ramo?
Faz hoje 58 anos que faleceu o papa cuja infalibilidade definiu o dogma da Assunção de Maria em 1950. Foi ele que, no uso do dogma da sua infalibilidade, criou o da subida de Maria ao Céu, em corpo e alma, ainda que estas subidas e descidas sejam exclusivas das vias de comunicação celeste e do nunca editado mapa de estradas do reino da fé.
Este Papa, venerável desde 2007 e com uma estátua em Braga, é inábil a obrar milagres, mas não lhe faltam virtudes heroicas, embora algumas se procurem apagar.
Canonize-se o defunto. Com tantos anos de defunção, há muito que não fede.
A monarquia pode ser um anacronismo e, na minha opinião é, mas não conheço uma só onde a religião esteja ausente.
Nem a Coreia do Norte é exceção. Aquela fé no deus vivo, que encarna em cada nova geração da dinastia Kim, é um misto da teologia estalinista mais jurássica e da religião, onde o sumo sacerdote troca a tiara por um exótico corte de cabelo.
Na Europa há uma monarquia teocrática eletiva, de carácter vitalício, que se mantém até à morte natural do príncipe ou ajudada pela Cúria. O monarca sai de uma assembleia de cardeais que acreditam ser visitados pelo Espírito Santo, uma pomba invisível, que lhes transmite a sabedoria para o voto.
E há uma outra, a de Andorra, um principado em que o casal de príncipes, até agora sempre do mesmo sexo, é formado, pasme-se…, pelo Presidente da República Francesa, frequentemente ateu, e o bispo de Uriel, presumível crente.
Há ainda uma teocracia monástica no Monte Athos, mas não conta como monarquia por não ter a categoria de Estado.
15h00
A lenta e inexorável morte das monarquias é um avanço civilizacional irreversível. Os povos já não toleram o poder hereditário e vitalício, resquício medieval que insistia na origem divina do poder para justificar a iníqua existência.
Há países civilizados e democráticos, habituados ao sufrágio periódico do poder, onde o regime monárquico perdura, mas esvaziaram-no de conteúdo e mantêm-no como mero ornamento e/ou atração turística, reduzindo-o à pompa e circunstância que consentem os seus governos, estes legitimados pelo voto popular.
Em 4 de outubro de 1910, com exceção da França, todos os países europeus eram ainda dominados por monarquias. A Revolução do 5 de Outubro, em Portugal, foi pioneira do advento das repúblicas. Hoje existem 12 monarquias na Europa, sendo a espanhola uma regressão imposta pelo genocida Francisco Franco que mandou educar nas madrassas da Falange, para lhe suceder, Juan Carlos, descendente dos Bourbons.
Hoje, em todo o mundo, há menos de 50 monarquias e 16 têm um ornamento comum, a rainha inglesa Isabel II. Monarquias absolutas, além da teocracia do Vaticano, existem 5: Arábia Saudita, Omã, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Brunei.
Portugal deve à I República a grande preocupação com a instrução pública, num país que a monarquia legou analfabeto e beato, e a promulgação as de leis imprescindíveis e emblemáticas: Registo Civil obrigatório, separação da Igreja e do Estado e divórcio.
O 5 de Outubro, é a matriz do regime e o marco histórico que a ignorância, indiferença e má fé, conjugadas, anularam como feriado.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.