8 de Novembro, 2016 Carlos Esperança
A Inauguração da Estátua de D. Nuno Álvares Pereira
«O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa inaugurou, no Restelo em Lisboa, a estátua de D. Nuno Álvares Pereira, numa cerimónia onde foi acompanhado pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina. (06.11.2016)» [sic]
Na impossibilidade de acompanhar a frenética atividade do PR, socorri-me da página da PR para examinar o vídeo da inauguração da referida estátua onde se lê, sob as datas do nascimento e morte, os títulos: «Condestável do Reino e Santo».
A cura do olho esquerdo da cozinheira de Ourém, atingida por salpicos do óleo fervente de fritar peixe, não adicionou mérito ao herói que carecia do milagre para a santidade que a Espanha franquista nunca lhe consentiu, por respeito aos milhares de cristãos que matou. O declínio da fé no país vizinho permitiu à Igreja portuguesa transformar o herói em colírio para o elevar a santo, depois de curar o olho esquerdo de D. Guilhermina.
Foi pífio o milagre obrado, após séculos de defunção, mas não o foi a cerimónia pia. Ao Patriarca Clemente evitou-lhe a experiência a luxação do ombro direito, tal a força com que aspergiu a estátua com água benta do hissope que o experiente sacristão recolheu na caldeirinha. Sendo santo para que precisaria D. Nuno de água benta? Coisas da fé!
Os militares, com plumas, ficam sempre bem, seja numa inauguração, num Te Deum ou numa procissão, e a banda militar raramente desafina.
O presidente Marcelo e o edil Fernando Medina estavam ótimos. Só o Sr. Duarte Pio me pareceu deslocado, a menos que estivesse a fingir de duque, descendente do proscrito D. Miguel, filho improvável de D. João VI e garantido de D. Carlota Joaquina.
O Sr. Duarte Pio aparece nestas cerimónias e nas revistas do coração com o pseudónimo de Dom Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança, o que é pouco, comparado com o último rei, despedido no glorioso dia 5 de Outubro de 1910: Dom Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio.
Aa República transformou os vassalos em cidadãos e obrigou todos a substituirem um catálogo por nome de gente.
Viva a República!