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Categoria: Mundo

19 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Purificação na catedral

O Papa pediu hoje na catedral de S. Patrício, em Nova Iorque, para a Igreja Católica norte-americana iniciar uma “era de purificação”, depois do escândalo de abusos sexuais cometidos por clérigos pedófilos locais.

Na homilia, insistiu no escândalo dos sacerdotes pedófilos que, frisou, “tanto sofrimento” causaram.

O bispo de Roma recordou que durante esta viagem já fez pelo menos em cinco ocasiões menção aos “danos” – derivados daquele escândalo – infligidos à Igreja Católica.

Joseph Ratzinger centrou a intervenção nos desafios que a igreja romana em geral e a norte-americana em particular têm de enfrentar.

Entre eles, salientou o imperativo de entregar uma mensagem de esperança para combater o “egocentrismo, avidez, violência e cinismo que parecem sufocar, amiúde, o coração das pessoas”.

Na terça-feira, Bento XVI admitiu a “vergonha” que sentia pelo escândalo e garantiu que a Igreja Católica “fará todo o possível” para sarar as feridas causadas nas vítimas desses crimes.

Um dia depois, num discurso proferido perante prelados norte-americanos, reconheceu que a polémica foi “por vezes muito mal gerida” e pediu “compaixão e atenção para com as vítimas”, chamando igualmente a atenção para a “pornografia” e “violência” omnipresentes na sociedade.

Bento XVI voltou a falar no assunto durante uma missa oficiada no National Park Stadium de Washington, onde assegurou que já foram desenvolvidos “grandes esforços para resolver honestamente e com lealdade a trágica situação”.

O escândalo de padres pedófilos nos Estados Unidos estalou em 2002, em Boston, trazendo a público o comportamento de centenas de sacerdotes que, ao longo de várias décadas, abusaram sexualmente de milhares de crianças e adolescentes.

A Igreja Católica tem a intenção de avançar com uma reforma das leis canónicas, para penalizar os prelados que abusem sexualmente de menores.

Fonte: RTP, 19 de Abril de 2008.

18 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

ICAR da Costa Rica realiza operações financeiras ilegais

Nas contas bancárias da Conferência Episcopal da Costa Rica, foram recolhidas contribuições de instituições da Igreja e de laicos nacionais e estrangeiros. Também foi canalizado dinheiro para empréstimos particulares, pelo menos desde 2002.

O bispo Ángel San Casimiro explicou  que a Igreja conta, de facto, com um fundo, administrado por um grupo financeiro, que se destina a cumprir obrigações pastorais e obras sociais.

O prelado referiu que se trata de «dinheiros privados de paróquias e religiosos, de pessoas muito concretas que confiaram na administração da Igreja», acrescentando que foram recolhidos fundos de particulares.

San Casimiro alegou que, desde que a Superintendência Geral de Entidades Financeiras indicou que a Igreja não podia realizar esta prática, a Conferência Episcopal começou a aplicar as medidas correspondentes, como devolver o dinheiro aos investidores.

No entanto, a Conferência Episcopal mantém operações de intermediação financeira, apesar de a lei o proibir.

Como exemplos cita as contribuições para a Associação de Frades Franciscanos da Guatemala e para a Congregação das Irmãs Betlemitas da Costa Rica.

Fonte: Sol, 18 de Abril de 2008.

18 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Papa na ONU

O Papa discursou hoje na Assembleia-Geral das Nações Unidas. Aos Estados-membros da ONU, Bento XVI apelou a uma acção colectiva contra os problemas mundiais, lamentando que sejam ainda tomadas decisões com base na posição de “um pequeno número de países”.

O Sumo Pontífice considera que a noção de consenso multilateral está “em crise, por continuar a estar subordinado às decisões de um pequeno grupo, quando os problemas do mundo pedem intervenções na forma de uma acção colectiva pela comunidade internacional”. Esta é uma questão já levantada por vários Estados-membros da ONU, nomeadamente os países em desenvolvimento, que criticam os poderes detidos pelas grandes potências na gestão de assuntos mundiais, nomeadamente no seio do Conselho de Segurança.

“As questões de segurança, os objectivos de desenvolvimento, a redução de desigualdades, a protecção do ambiente, de recursos e do clima, requerem que todos os responsáveis ajam de forma concertada e estejam prontos a trabalhar com base na boa fé, no respeito do direito, para promover a solidariedade com as zonas mais frágeis do planeta”, sustentou Bento XVI.

No seu discurso, o Papa lembrou ainda que todos os Estados têm “o dever primordial de proteger a sua população contra as violações graves e repetidas dos direitos humanos”, numa aparente referência a casos como o conflito na região sudanesa do Darfur. “Se os Estados são incapazes de garantir essa protecção, a comunidade internacional deve intervir através de meios jurídicos fornecidos pela Carta das Nações Unidas e outros instrumentos internacionais”, continuou Bento XVI.

O Sumo Pontífice chamou aos direitos humanos, nomeadamente a liberdade religiosa, “a linguagem comum e substrato ético das relações internacionais”, acrescentando que “a promoção dos direitos humanos é a melhor estratégia para eliminar desigualdades entre países e grupos sociais”.

Fonte: Público, 18 de Abril de 2008.

17 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Missa para 50 mil

O Papa Bento XVI celebrou hoje missa para mais de 48 mil pessoas reunidas no recém inaugurado Nationals Park Stadium, em Washington, referindo-se pela terceira vez desde o início da viagem aos EUA ao escândalo de pedofilia que abalou a Igreja católica no país, mas pedindo aos fiéis para continuarem a confiar no clero.

“Nenhuma palavra minha pode descrever o sofrimento e os danos causados por tais abusos”, declarou o Papa, referindo-se aos abusos sexuais contra menores cometidos ao longo de décadas por padres católicos. Os abusos permaneceram cobertos durante décadas, muitas vezes com a conivência da hierarquia eclesiástica, e só em 2002 a verdadeira dimensão do escândalo se tornou conhecida, levando as dioceses americanas a pagar mais de dois mil milhões de dólares em indemnizações às vítimas.

Bento XVI considera que, nos últimos anos, a Igreja católica fez grandes esforços para lidar “de forma honesta e justa” com as consequências deste escândalo, mas admite que os “danos causados na comunidade da Igreja” ainda não foram ultrapassados.

O Sumo Pontífice pede por, isso, aos católicos para apoiarem as vítimas e se reconciliarem com o clero, lembrando que a percentagem dos envolvidos no escândalo era muito pequena. “Peço-vos que ameis os vossos padres e que reconheçais o excelente trabalho que eles fazem”, apelou.

A eucaristia de hoje foi a primeira grande celebração realizada por Bento XVI desde a sua chegada a território norte-americano, na terça-feira. Amanhã, o líder da Igreja católica segue para Nova Iorque, onde no dia seguinte celebrará missa na catedral de Saint Patrick, mas o acontecimento mais mediático está agendado para domingo, altura em que visitará o Ground Zero.

Fonte: Público, 17 de Abril de 2008.

17 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Crise económica não poupa peregrinos

Em sete anos, caiu para menos de um terço o número de portugueses que visitaram os lugares santos de Israel e da Palestina, mas o fluxo tem alternado entre anos de queda acentuada com outros em que o interesse turístico português dá mostras de alguma recuperação.

Dados do gabinete de Turismo Israelita para a Península Ibérica, revelam que em 2000 viajaram para Israel 18.731 portugueses, o dobro dos visitantes de 1999, um número que no ano seguinte caiu para 2044 e atingiu o nível mais baixo de sempre em 2002, quando o país recebeu apenas 1284 turistas de Portugal.

A partir de 2003, registou-se uma tendência crescente no fluxo, que chegou quase a 8.000 visitantes em 2005, sofrendo nova quebra em 2006, com 3.410 visitantes de Portugal a chegarem a Israel. No ano passado, foram 5.178 os portugueses que visitaram o país, que em termos globais recebeu 2,2 milhões de turistas.

Dolores Pérez, do gabinete de Turismo Israelita, estima que 85 a 90 por cento dos portugueses que visitam Israel, quer sejam cristãos ou judeus, o fazem por motivos religiosos.

No entanto, em contraste, a religião atrai apenas 17 por cento dos turistas de todas as nacionalidades que procuram Israel. Para Dolores Pérez, as imagens e os relatos de violência que diariamente chegam do Médio Oriente afectam «obviamente» a imagem de Israel como destino turístico seguro.

«É verdade que temos medidas de segurança. Tivemo-las no passado e continuaremos a tê-las até que haja paz na região», disse. Contudo, no caso português, o padre António Pereira da Silva, responsável pelo Comissariado da Terra Santa em Portugal, junta às razões de segurança a crise financeira em que vivem os portugueses para explicar a diminuição dos peregrinos.

«Até à segunda Intifada, organizávamos 10 a 15 peregrinações por ano. Desde então fazem-se cinco a seis. Este ano temos programadas três», disse. Adiantou, no entanto, que em 2008, quando se comemoram os 60 anos do Estado de Israel, os hotéis estão lotados.

«As pessoas não têm meios económicos. São pessoas de meia-idade, com reformas pequenas que por vezes não têm dinheiro para comer, quanto mais para viajar à Terra Santa», sustentou o responsável pelo Comissariado, para quem estas viagens «são uma experiência de fé e evangelização».

Considerou que os relatos de complicações criam uma «mentalidade de medo» nas pessoas que, contudo, afirma não se sentem no território.

«Quando chegam as pessoas são surpreendidas pela ordem e pela segurança. Há 30 anos que viajo para a Terra Santa e nunca tive qualquer complicação com os grupos que liderei», disse.

Acrescentou que apesar de não haver perigo para peregrinos e turistas, acidentes acontecem e aconselha algumas cautelas, como por exemplo, evitar grandes aglomerações de pessoas.

Os mesmos conselhos são dados pela Geotur, um dos primeiros operadores de viagens portugueses com departamento de turismo religioso, que recomenda aos peregrinos que evitem locais públicos, como centros comerciais ou teatros, à noite. Francisco Moura, director do Departamento de Turismo Religioso da Geotur, sublinhou o facto de não terem ocorrido até ao momento incidentes em locais de peregrinação.

Destacou também o facto de nos últimos anos se terem registado “melhorias qualitativas” na oferta de Israel, que passam por mais segurança e melhores serviços hoteleiros.

O responsável da Geotur disse à Lusa que depois da quebra de visitantes verificada entre o Ano Santo (2000) e 2004, devido aos conflitos no Médio Oriente e à insegurança, os peregrinos «voltaram a ganhar confiança e começaram a regressar à Terra Santa».

Ainda assim, referiu, o sector do turismo em geral e o religioso em particular «não é alheio à crise económico-financeira que atravessa o país».

A Geotur estima levar este ano entre 2.000 e 2.500 peregrinos à Terra Santa, havendo já dificuldade em reservar quer aviões, quer serviços hoteleiros para a temporada que se aproxima. Quase 400 turistas portugueses visitaram Israel no primeiro mês deste ano, valor que representa um crescimento de 165 por cento em relação ao ano passado.

Os peregrinos são maioritariamente mulheres viúvas e casais, acima dos 50 anos, inseridos em comunidades paroquiais, que viajam principalmente nos meses de Julho e Agosto, pagando entre 1.200 e 1.900 euros por uma visita de 15 dias.

Para Dolores Pérez, do Turismo de Israel, a colaboração de párocos, pastores, visitantes e peregrinos «é inestimável» na promoção do país como destino seguro.

«Conhecem a realidade de Israel e também da Terra Santa porque estiveram lá. Certamente que durante a estada receberam telefonemas de familiares ou amigos preocupados porque viram alguma notícia na televisão, mas a sua experiência é de tranquilidade e segurança», disse.

Fonte: Sol, 13 de Abril de 2008.

13 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Durão Barroso quer laicismo na Turquia

O presidente da Comissão Europeia garantiu ser indispensável um compromisso da Turquia em defesa do laicismo do Estado e dos direitos das minorias, para a boa condução do processo de adesão iniciado em 2005.

Falando num almoço com empresários e jornalistas em Istambul, Durão Barroso exigiu consensos políticos e sociais para as reformas em curso, insistindo no diálogo com a poderosa instância militar, bem como no respeito pelas liberdades de credo e expressão.

«As reformas só poderão ir por diante se houver um consenso resultante do diálogo», afirmou Durão Barroso, segundo o qual «o debate social deve assentar no compromisso».

Barroso é acompanhado pelo comissário para o Alargamento, Olli Rehn, num momento em que o Tribunal Constitucional turco tem em curso um pedido da oposição para a interdição do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder) por alegadas actividades contrárias ao laicismo de Estado (consagrado na Magna Carta).

O AKP, do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, gosta de se definir como um partido «democrático conservador», enquanto a oposição secularista o considera dominado por islamitas (saídos da classe média).

Os secularistas tradicionais, fiéis à herança republicana do fundador Mustafa Kemal Ataturk, são formados pelas elites urbanas muito influentes nas forças armadas, magistratura e universidades (intelectuais).

Se o Tribunal Constitucional banir de cena o AKP, ficariam seriamente comprometidas as negociações para adesão da Turquia à União Europeia.

Barroso insistiu: «Não é sinal de fraqueza fazer concessões, pelo contrário, o espírito comunitário é precisamente o de tentar conciliar diferenças para chegar a compromissos».

Antes, o presidente da Comissão Europeia visitou o patriarca Bartolomeu I, líder religioso de 250 milhões de cristãos ortodoxos, bem como o grande mufti muçulmano de Istambul.

Em Ancara, na quinta-feira, Erdogan assegurou na reunião da comissão UE-Turquia que este ano haverá progressos substanciais nas reformas.

O chefe da diplomacia turca, Ali Babacan, classificou a estada de Barroso de «muito importante» neste período de profundas transformações na Turquia, frisando que a meta é a adesão à UE.

Fonte: Sol, 11 de Abril de 2008.

10 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Por falar no assunto…

Um sacerdote católico foi detido na cidade chilena de Punta Arenas sob acusação de delitos de abuso sexual e violação a cinco menores, informaram quarta-feira fontes policiais e eclesiásticas.

O salesiano Jaime Low Cabezas é acusado de un caso de violação e quatro de abuso sexual, cometidos contra adolescentes entre 15 e 17 anos que participavam num grupo pastoral juvenil dirigido pelo sacerdote na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, onde era pároco.

Jaime Low Cabezas foi capturado quarta-feira de madrugada pela Brigada de Delitos Sexuais e de Menores, da Polícia de Investigações de Punta Arenas, na sequência da denúncia apresentada pela mãe de uma das vítimas.

O bispado de Punta Arenas, 2.400 quilómetros a Sul de Santiago, informou que o sacerdote foi suspenso das suas funções e que a situação foi comunicada ao Vaticano através da nunciatura apostólica.

Vários casos com estas características têm ocorrido nos últimos anos no extremo austral de Chile.

Anteriormente, o sacerdote Antonio Larraín Pérez-Cotapos foi absolvido pelo Supremo Tribunal, após ser condenado a trezentos dias de prisão por alegadamente ter abusado de una menina de 9 anos.

Outro padre da região, Víctor Hugo Cabrera, foi condenado a 541 dias de prisão por abuso de menores, enquanto em Rancagua, também a Sul de Santiago, o sacerdote Jorge Galaz Espinoza foi sentenciado a 15 anos de cárcere por violar repetidamente dois menores com atraso mental que estavam internos num lar que dirigia.

Quanto ao cura José Andrés Aguirre, cumpre uma pena de 12 anos por violação de alunas de vários colégios de Santiago de que era “assessor espiritual”.

Fonte: Agência Lusa, 10 de Abril de 2008.

9 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Bento XVI tenta cura de abusos nos EUA

Na sua primeira viagem aos EUA como líder máximo do catolicismo, o papa Bento XVI vai tentar curar as feridas provocadas pelos escandâlos de abusos sexuais que têm abalado a imagem da Igreja, divulgou o Vaticano.

«O papa falará de uma forma específica a respeito deste assunto», disse o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano.

«O papa, em conjunto com os outros padres da Igreja, tentará trilhar o caminho rumo à cura e à reconciliação».

O escândalo dos abusos sexuais começou em Boston em 2002, quando se descobriu que dirigentes da Igreja mudaram padres acusados de abusar de crianças para novas paróquias em vez de destituí-los de sua batina ou denunciá-los à polícia.

O escândalo mais tarde ampliou-se para abarcar quase todas as dioceses católicas do país.

Em Julho passado, a Arquidiocese de Los Angeles aceitou pagar 660 milhões de dólares a 500 vítimas de abusos sexuais praticados desde os anos 40.

O papa, que deve visitar Washington e Nova York, levantará a questão dos abusos sexuais num pronunciamento a ser feito na catedral de St. Patrick, no dia 17 de abril, afirmou Bertone.

O líder católico permanecerá nos EUA entre os dias 15 e 20 deste mês e deve também discursar na Organização das Nações Unidas (ONU).

Antes de ser eleito como pontífice, em 2005, o então cardeal Joseph Ratzinger colocou-se numa posição vulnerável ao censurar publicamente a «escória» existente dentro da Igreja.

Como papa, o actual líder católico adoptou uma postura mais rígida a respeito dos abusos do que o seu antecessor, papa João Paulo II.

Em 2006, Bento XVI  puniu o reverendo Marcial Maciel, fundador dos conservadores Legionários de Cristo. Maciel era acusado de ter abusado sexualmente de meninos décadas antes.

Fonte: Sol, 09 de Abril de 2008.