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Categoria: Imprensa

17 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Crise económica não poupa peregrinos

Em sete anos, caiu para menos de um terço o número de portugueses que visitaram os lugares santos de Israel e da Palestina, mas o fluxo tem alternado entre anos de queda acentuada com outros em que o interesse turístico português dá mostras de alguma recuperação.

Dados do gabinete de Turismo Israelita para a Península Ibérica, revelam que em 2000 viajaram para Israel 18.731 portugueses, o dobro dos visitantes de 1999, um número que no ano seguinte caiu para 2044 e atingiu o nível mais baixo de sempre em 2002, quando o país recebeu apenas 1284 turistas de Portugal.

A partir de 2003, registou-se uma tendência crescente no fluxo, que chegou quase a 8.000 visitantes em 2005, sofrendo nova quebra em 2006, com 3.410 visitantes de Portugal a chegarem a Israel. No ano passado, foram 5.178 os portugueses que visitaram o país, que em termos globais recebeu 2,2 milhões de turistas.

Dolores Pérez, do gabinete de Turismo Israelita, estima que 85 a 90 por cento dos portugueses que visitam Israel, quer sejam cristãos ou judeus, o fazem por motivos religiosos.

No entanto, em contraste, a religião atrai apenas 17 por cento dos turistas de todas as nacionalidades que procuram Israel. Para Dolores Pérez, as imagens e os relatos de violência que diariamente chegam do Médio Oriente afectam «obviamente» a imagem de Israel como destino turístico seguro.

«É verdade que temos medidas de segurança. Tivemo-las no passado e continuaremos a tê-las até que haja paz na região», disse. Contudo, no caso português, o padre António Pereira da Silva, responsável pelo Comissariado da Terra Santa em Portugal, junta às razões de segurança a crise financeira em que vivem os portugueses para explicar a diminuição dos peregrinos.

«Até à segunda Intifada, organizávamos 10 a 15 peregrinações por ano. Desde então fazem-se cinco a seis. Este ano temos programadas três», disse. Adiantou, no entanto, que em 2008, quando se comemoram os 60 anos do Estado de Israel, os hotéis estão lotados.

«As pessoas não têm meios económicos. São pessoas de meia-idade, com reformas pequenas que por vezes não têm dinheiro para comer, quanto mais para viajar à Terra Santa», sustentou o responsável pelo Comissariado, para quem estas viagens «são uma experiência de fé e evangelização».

Considerou que os relatos de complicações criam uma «mentalidade de medo» nas pessoas que, contudo, afirma não se sentem no território.

«Quando chegam as pessoas são surpreendidas pela ordem e pela segurança. Há 30 anos que viajo para a Terra Santa e nunca tive qualquer complicação com os grupos que liderei», disse.

Acrescentou que apesar de não haver perigo para peregrinos e turistas, acidentes acontecem e aconselha algumas cautelas, como por exemplo, evitar grandes aglomerações de pessoas.

Os mesmos conselhos são dados pela Geotur, um dos primeiros operadores de viagens portugueses com departamento de turismo religioso, que recomenda aos peregrinos que evitem locais públicos, como centros comerciais ou teatros, à noite. Francisco Moura, director do Departamento de Turismo Religioso da Geotur, sublinhou o facto de não terem ocorrido até ao momento incidentes em locais de peregrinação.

Destacou também o facto de nos últimos anos se terem registado “melhorias qualitativas” na oferta de Israel, que passam por mais segurança e melhores serviços hoteleiros.

O responsável da Geotur disse à Lusa que depois da quebra de visitantes verificada entre o Ano Santo (2000) e 2004, devido aos conflitos no Médio Oriente e à insegurança, os peregrinos «voltaram a ganhar confiança e começaram a regressar à Terra Santa».

Ainda assim, referiu, o sector do turismo em geral e o religioso em particular «não é alheio à crise económico-financeira que atravessa o país».

A Geotur estima levar este ano entre 2.000 e 2.500 peregrinos à Terra Santa, havendo já dificuldade em reservar quer aviões, quer serviços hoteleiros para a temporada que se aproxima. Quase 400 turistas portugueses visitaram Israel no primeiro mês deste ano, valor que representa um crescimento de 165 por cento em relação ao ano passado.

Os peregrinos são maioritariamente mulheres viúvas e casais, acima dos 50 anos, inseridos em comunidades paroquiais, que viajam principalmente nos meses de Julho e Agosto, pagando entre 1.200 e 1.900 euros por uma visita de 15 dias.

Para Dolores Pérez, do Turismo de Israel, a colaboração de párocos, pastores, visitantes e peregrinos «é inestimável» na promoção do país como destino seguro.

«Conhecem a realidade de Israel e também da Terra Santa porque estiveram lá. Certamente que durante a estada receberam telefonemas de familiares ou amigos preocupados porque viram alguma notícia na televisão, mas a sua experiência é de tranquilidade e segurança», disse.

Fonte: Sol, 13 de Abril de 2008.

13 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Durão Barroso quer laicismo na Turquia

O presidente da Comissão Europeia garantiu ser indispensável um compromisso da Turquia em defesa do laicismo do Estado e dos direitos das minorias, para a boa condução do processo de adesão iniciado em 2005.

Falando num almoço com empresários e jornalistas em Istambul, Durão Barroso exigiu consensos políticos e sociais para as reformas em curso, insistindo no diálogo com a poderosa instância militar, bem como no respeito pelas liberdades de credo e expressão.

«As reformas só poderão ir por diante se houver um consenso resultante do diálogo», afirmou Durão Barroso, segundo o qual «o debate social deve assentar no compromisso».

Barroso é acompanhado pelo comissário para o Alargamento, Olli Rehn, num momento em que o Tribunal Constitucional turco tem em curso um pedido da oposição para a interdição do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder) por alegadas actividades contrárias ao laicismo de Estado (consagrado na Magna Carta).

O AKP, do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, gosta de se definir como um partido «democrático conservador», enquanto a oposição secularista o considera dominado por islamitas (saídos da classe média).

Os secularistas tradicionais, fiéis à herança republicana do fundador Mustafa Kemal Ataturk, são formados pelas elites urbanas muito influentes nas forças armadas, magistratura e universidades (intelectuais).

Se o Tribunal Constitucional banir de cena o AKP, ficariam seriamente comprometidas as negociações para adesão da Turquia à União Europeia.

Barroso insistiu: «Não é sinal de fraqueza fazer concessões, pelo contrário, o espírito comunitário é precisamente o de tentar conciliar diferenças para chegar a compromissos».

Antes, o presidente da Comissão Europeia visitou o patriarca Bartolomeu I, líder religioso de 250 milhões de cristãos ortodoxos, bem como o grande mufti muçulmano de Istambul.

Em Ancara, na quinta-feira, Erdogan assegurou na reunião da comissão UE-Turquia que este ano haverá progressos substanciais nas reformas.

O chefe da diplomacia turca, Ali Babacan, classificou a estada de Barroso de «muito importante» neste período de profundas transformações na Turquia, frisando que a meta é a adesão à UE.

Fonte: Sol, 11 de Abril de 2008.

10 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Por falar no assunto…

Um sacerdote católico foi detido na cidade chilena de Punta Arenas sob acusação de delitos de abuso sexual e violação a cinco menores, informaram quarta-feira fontes policiais e eclesiásticas.

O salesiano Jaime Low Cabezas é acusado de un caso de violação e quatro de abuso sexual, cometidos contra adolescentes entre 15 e 17 anos que participavam num grupo pastoral juvenil dirigido pelo sacerdote na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, onde era pároco.

Jaime Low Cabezas foi capturado quarta-feira de madrugada pela Brigada de Delitos Sexuais e de Menores, da Polícia de Investigações de Punta Arenas, na sequência da denúncia apresentada pela mãe de uma das vítimas.

O bispado de Punta Arenas, 2.400 quilómetros a Sul de Santiago, informou que o sacerdote foi suspenso das suas funções e que a situação foi comunicada ao Vaticano através da nunciatura apostólica.

Vários casos com estas características têm ocorrido nos últimos anos no extremo austral de Chile.

Anteriormente, o sacerdote Antonio Larraín Pérez-Cotapos foi absolvido pelo Supremo Tribunal, após ser condenado a trezentos dias de prisão por alegadamente ter abusado de una menina de 9 anos.

Outro padre da região, Víctor Hugo Cabrera, foi condenado a 541 dias de prisão por abuso de menores, enquanto em Rancagua, também a Sul de Santiago, o sacerdote Jorge Galaz Espinoza foi sentenciado a 15 anos de cárcere por violar repetidamente dois menores com atraso mental que estavam internos num lar que dirigia.

Quanto ao cura José Andrés Aguirre, cumpre uma pena de 12 anos por violação de alunas de vários colégios de Santiago de que era “assessor espiritual”.

Fonte: Agência Lusa, 10 de Abril de 2008.

9 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Bento XVI tenta cura de abusos nos EUA

Na sua primeira viagem aos EUA como líder máximo do catolicismo, o papa Bento XVI vai tentar curar as feridas provocadas pelos escandâlos de abusos sexuais que têm abalado a imagem da Igreja, divulgou o Vaticano.

«O papa falará de uma forma específica a respeito deste assunto», disse o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano.

«O papa, em conjunto com os outros padres da Igreja, tentará trilhar o caminho rumo à cura e à reconciliação».

O escândalo dos abusos sexuais começou em Boston em 2002, quando se descobriu que dirigentes da Igreja mudaram padres acusados de abusar de crianças para novas paróquias em vez de destituí-los de sua batina ou denunciá-los à polícia.

O escândalo mais tarde ampliou-se para abarcar quase todas as dioceses católicas do país.

Em Julho passado, a Arquidiocese de Los Angeles aceitou pagar 660 milhões de dólares a 500 vítimas de abusos sexuais praticados desde os anos 40.

O papa, que deve visitar Washington e Nova York, levantará a questão dos abusos sexuais num pronunciamento a ser feito na catedral de St. Patrick, no dia 17 de abril, afirmou Bertone.

O líder católico permanecerá nos EUA entre os dias 15 e 20 deste mês e deve também discursar na Organização das Nações Unidas (ONU).

Antes de ser eleito como pontífice, em 2005, o então cardeal Joseph Ratzinger colocou-se numa posição vulnerável ao censurar publicamente a «escória» existente dentro da Igreja.

Como papa, o actual líder católico adoptou uma postura mais rígida a respeito dos abusos do que o seu antecessor, papa João Paulo II.

Em 2006, Bento XVI  puniu o reverendo Marcial Maciel, fundador dos conservadores Legionários de Cristo. Maciel era acusado de ter abusado sexualmente de meninos décadas antes.

Fonte: Sol, 09 de Abril de 2008.

9 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

ICAR quer integrar ciganos sem os converter

A Igreja Católica vai sensibilizar as paróquias para a integração social da comunidade cigana com acções concretas, sem que se percam as suas tradições, anunciou ontem o presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana. “Até agora, a Igreja tem trabalhado com os ciganos mais a nível diocesano e no apoio social” mas agora a prioridade é “ajudar os ciganos a nível pastoral”, afirmou D. António Vitalino, na véspera do início de uma conferência internacional que decorre, hoje e amanhã, no Instituto Superior de Ciências do trabalho e da Empresa, em Lisboa, sob o tema “Ciganos – territórios e habitat”.

Especialistas e responsáveis autárquicos e governamentais vão debater designadamente as estratégias de alojamento da comunidade cigana utilizadas em vários países da Europa. “A nível social temos conseguido dar muito apoio” mas “falta dar um enquadramento pastoral” às comunidades católicas e ciganas para que possam existir “parcerias e integração”, acrescentou o prelado.

“Os ciganos têm uma cultura e uma mentalidade muito diferente da nossa e muitos estão organizados numa igreja protestante pentecostal mas a nível de culto estão muito da igreja católica”, explicou D. António Vitalino. O bispo nega qualquer estratégia de conversão mas defende que as comunidades católicas têm a “responsabilidade particular” de apoiar a sua integração. Esta, “muitas vezes, é mais uma assimilação, perdendo-se as tradições e costumes do povo, mas isso não pode acontecer”, defendeu.

A Pastoral dos Ciganos tem investido na formação de leigos, de etnia cigana e não só, que funcionem como “intermediários para que haja uma integração e uma aceitação”, para que os ciganos “possam viver em paz a sua identidade” mas “respeitando as regras da sociedade” em geral.

Fonte: Jornal de Notícias, 08 de Abril de 2008.

8 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

O divórcio, o PS e a ICAR

O PS quer ouvir a hierarquia da Igreja Católica na discussão parlamentar sobre a nova lei do divórcio.

A disponibilidade geral para ouvir “todas as correntes de opinião” foi ontem anunciada na sede do partido, em conferência de imprensa, por Augusto Santos Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares, que falou na qualidade de membro do secretariado nacional do PS.

Posteriormente, o deputado Mota Andrade, vice-presidente da bancada, questionado especificamente sobre a disponibilidade do PS para ouvir a hierarquia católica no processo legislativo, adiantou: “Ouviremos toda a gente que quiser ouvida.” “Estamos sempre abertos a todos os contributos, mesmo de quem não pensa como nós. Há disponibilidade para ouvir toda a gente”, disse o deputado.

Augusto Santos Silva recordou que o seu partido vai levar o seu projecto-lei sobre divórcio – formalmente, ainda não apresentado – a discussão no Parlamento no próximo dia 16.

O dirigente socialista, que se escusou a comentar as críticas da hierarquia católica às ideias socialistas, disse ser “estruturante”, do ponto de vista do partido, a intenção de acabar, no divórcio litigioso, com o conceito de incumprimento dos deveres conjugais (vulgo: noção de culpa).

Sem o assumir, deixou no ar a certeza de que esta parte do diploma será inegociável. Reafirmou, por outro lado, que o PS está contra a ideia do Bloco de Esquerda do “divórcio a pedido” (a iniciativa unilateral de um dos cônjuges seria suficiente para decretar o divórcio).

“Iremos ponderar todas as observações críticas. Haverá tempo no processo legislativo. Mas ponderar não significa aceitar”, disse ainda Augusto Santos Silva.

A hierarquia da Igreja Católica já reagiu com muita dureza às anunciadas intenções do PS. Em 28 de Março passado, D. Carlos Azevedo, porta-voz da Conferência Episcopal (o “governo” da Igreja em Portugal) disse ao DN que o projecto socialista e os do BE visavam “armar o desejo em lei”. “Não se pode considerar que o facilitismo seja construtor de uma sociedade melhor”, disse o prelado.

Dois dias depois, o mesmo bispo considerou que “há forças dentro do Governo que têm uma postura de ataque à Igreja Católica”. D. Carlos Azevedo criticou directamente José Sócrates: “Penso que falta, da parte do primeiro-ministro, uma vigilância coordenadora de actos e medidas avulsas que ferem e atingem quem há muito que anda a servir a população.”

Fonte: Diário de Notícias, 08 de Abril de 2008.

8 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

ICAR de Braga contra a fome

A Arquidiocese de Braga da Igreja Católica vai criar um Banco Alimentar Contra a Fome, com um armazém para os produtos recolhidos e a instalação de uma câmara frigorífica para os bens perecíveis, anunciou hoje o arcebispo-primaz de Braga.

D. Jorge Ortiga adiantou que o projecto, que funcionará em cooperação com o Banco Alimentar Contra a Fome, vai complementar a actividade já desenvolvida pela Caritas diocesana que apoia algumas dezenas de famílias e cidadãos da região.

“A comunidade cristã não pode ficar indiferente às situações de pobreza, sobretudo as de pobreza escondida, que existem na diocese de Braga”, acentuou o prelado.

O arcebispo-primaz salientou ainda que o Banco Alimentar a nível nacional “tem uma estrutura laica e não confessional, pelo que, “o de Braga irá funcionar com uma estrutura autónoma, mas no quadro de uma parceria com aquela organização”.

O prelado acrescentou que o processo está a correr, “embora nem sempre com a celeridade necessária, dada a importância do problema” e adiantou que a Arquidiocese tem já, em vista, um local que possa ser utilizado para o armazenamento dos bens.

Fonte: Agência Lusa, 08 de Abril de 2008.

8 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Afinal, há consonância

O grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), António Reis, destacou hoje em Bruxelas a “grande consonância de posições” entre a maçonaria e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, sustentando estarem desfeitos “alguns mal-entendidos”.

António Reis integrou uma delegação de representantes da maçonaria europeia que foi hoje recebida pelo chefe do executivo europeu, o que acontece pela primeira vez.

No final da reunião, o grão-mestre do GOL sublinhou que “o encontro correu de maneira muito cordial e desfizeram-se alguns mal-entendidos” a propósito de um discurso proferido por José Manuel Durão Barroso, em Setembro último, durante um encontro ecuménico, na Roménia.

“Demos conta que existe, afinal de contas, uma grande consonância entre as nossas posições, nomeadamente na defesa da laicidade na Europa”, referiu ainda o antigo deputado socialista.

Reis sublinhou também que encontrou em Durão Barroso “o apoio àqueles que são também os nossos valores: a liberdade de consciência, a defesa da liberdade religiosa – que é a de ter religião mas também de não ter – e saímos daqui muito tranquilos”.

A atestar a boa relação com esta comunidade de convicção, o presidente da Comissão Europeia irá enviar uma mensagem ao próximo encontro maçónico europeu, dia 20 Junho, em Atenas.

António Reis disse ainda que Durão Barroso aceitou um convite pessoal para visitar a sede do GOL, no palácio Maçónico de Lisboa.

Por seu lado, fonte próxima do presidente da Comissão Europeia disse que este está aberto ao diálogo com todas as comunidades religiosas e de convicção, referindo ainda que, no início do encontro com os sete responsáveis maçónicos europeus Durão Barroso releu o discurso proferido no encontro ecuménico de Sibiu.

Fonte: Agência Lusa, 08 de Abril de 2008.

7 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Maçonaria pede explicações a Barroso

A Maçonaria Europeia está preocupada com posições assumidas recentemente pelo presidente da Comissão Europeia, que considera porem em causa o princípio da laicidade, e quer ouvir as explicações de Durão Barroso numa reunião agendada para terça-feira em Bruxelas.

O Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) especificou que esta será a primeira vez que um presidente da Comissão Europeia recebe uma delegação da maçonaria europeia, que pretende transmitir a sua preocupação quanto às questões da influência religiosa na vida contemporânea e ao princípio da laicidade na Europa.

«A reunião destina-se a discutir as posições que Durão Barroso tomou recentemente num colóquio ecuménico na Roménia sobre a questão da influência das religiões na vida contemporânea, num tom, que de alguma maneira, punha em causa o principio da laicidade» , explicou hoje, António Reis, Grão-Mestre do GOL, a mais antiga e representativa obediência maçónica portuguesa.

As organizações maçónicas vão, segundo o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, exprimir as suas «preocupações» como representantes de organizações «que sempre defenderam o valor da laicidade e ouvir as justificações que Durão Barroso tiver a comunicar».

«Pensamos que o representante da Comissão Europeia não pode, por ele próprio, infringir os princípios da laicidade, que são reconhecidos pela Constituição da maioria dos Estados europeus» , frisou António Reis.

No decorrer da III Assembleia Ecuménica Europeia, na Roménia, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, enalteceu o papel das religiões no processo de integração europeia e no futuro da Europa.

O responsável do Grande Oriente Lusitano, sublinhou, no entanto, que na reunião de terça-feira «também serão falados outros assuntos», lembrando que é «a primeira vez que um presidente da CE recebe uma delegação da maçonaria europeia».

Questionado sobre se a reunião representa uma maior abertura da maçonaria europeia, o responsável lembrou que cada uma das organizações que participam no encontro «já há muito tempo seguem uma política de abertura para com a sociedade», sendo que as suas intervenções sobre «questões políticas e sociais são conhecidas, especialmente na França».

Porém, o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano salientou o facto de isto ser feito pela primeira vez «a nível europeu».

«Isto é novo. As organizações maçónicas pretendem ter uma estratégia comum e tornar-se interlocutores das próprias instituições europeias, ou seja, agir em conjunto junto dessas mesmas instituições» , afirmou.

Segundo o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, na reunião participam também o Grande Oriente de França (GOF) e outros representantes da linha liberal e laica da maçonaria europeia.

Fonte: Sol, 07 de Abril de 2008.

7 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Islão e fascismo

Um tribunal holandês afirmou que é possível comparar o islão ao fascismo, invocando a liberdade de expressão. O veredicto foi proferido a propósito de uma queixa feita pela Federação Islâmica Holandesa que se queixou tanto da comparação com o fascismo como pelo facto do profeta Maomé ser classificado como “bárbaro” pelo deputado Geert Wilders, num vídeo sobre o islão intitulado «Fitna».

“As frases contestadas não são contrárias à lei”, afirmou o tribunal. Geert Wildersum, na sequência da polémica do filme, a sua popularidade aumentou bastante na Holanda.

As autoridades holandesas temeram uma reacção global de protestos violentos como aconteceu após a publicação de cartoons sobre Maomé num jornal dinamarquês no início do ano passado. Mas até agora o único ponto de ligação foi o anúncio de um dos cartoonistas de que iria processar Wilders: o vídeo do holandês usa o cartoon de Maomé com uma bomba no turbante no seu filme e o desenhador, Kurt Westergaard, queixa-se do cartoon ter sido tirado do contexto e sublinha que não deu autorização a Wilders para usar o seu trabalho para “propaganda política”.

Fonte: Público, 07 de Abril de 2008.