Emoção com o gol “Di Maria” sobre os suíços.
O jogador argentino que salvou a partida confirma a esperança de muitos torcedores.
Por
João Pedro Moura
Fica aqui o meu ateísmo em suspensão, à espera dum milagre de S. Roque, a quem impetro pela passagem da seleção portuguesa de futebol aos oitavos de final, no mundial do Brasil…
Porquê S. Roque? Fundamentalmente, porque é o meu santinho favorito, e é favorito porque é padroeiro dos cachorros sem coleira…
… E dos desvalidos e dos tolinhos, também…
Segue uma oração do milagre…
… Vamos lá todos, crédulos e incréus, em uníssono:
Ó meu pobrezinho S. Roque,
padroeiro dos cachorros sem coleira,
põe a seleção a toque
e livra-os da pasmaceira!
A ti te impetro, S. Roque dos desvalidos,
santo dos canídeos e dos tolos,
põe aquela seleção de esvaídos
a chutar e a marcar golos!
Ó S. Roque, taumaturgo e benfeitor,
aclara Paulo Bento, dramaturgo e treinador,
e se este aos oitavos não passar,
põe-no dali a andar!…
Se Portugal passar aos oitavos, vou em peregrinação pedestre a uma capela de S. Roque, o mais perto possível da minha casa (para não sofrer muito…), a chutar uma bola, e, lá chegado, darei um número de voltas à capela igual à diferença de golos entre marcados e sofridos por Portugal…
Depois, colocarei a bola junto aos pés da estátua, amadeirada ou porcelânica, desse desprezado e esquecido santinho do jardim da celeste corte, com uma jaculatória em honra do mesmo…
Vamos lá, S. Roque, beneficiar essa cambada de alemães pós-nazis, contra os ianques dos States…
…E pôr Portugal a jogar e marcar golos contra aqueles GANAnciosos…
A não ser que o S. Roque prefira esses pós-nazis e os ianques, mais a negritude africana, como filhos mais diletos de Deus…
…Em vez desta nação fidelíssima e consagradíssima à Virgem santíssima…
Por
Leopoldo Pereira
Diz-se que eles existiram e o evangelho de Mateus refere-os. Porém as dúvidas são mais que muitas, admitindo vários reputados estudiosos do assunto tratar-se apenas de uma lenda, a juntar a tantas outras, identicamente bizarras. Verdade ou mentira, o certo é que as relíquias deles estiveram depositadas em Constantinopla até ao séc. VI, tendo então seguido para Milão. Por volta do ano 1164, já venerados como santos, as relíquias foram para Colónia, na Alemanha, onde penso que permanecem. Os Reis Magos, como passaram à História, souberam que ia nascer um Menino Deus, simultaneamente rei dos judeus, e quiseram ir até Ele, para O adorarem. Também consta que seriam oriundos do Leste.
O local exato onde o Menino nasceu, bem como a data, mantêm-se duvidosos, mas admitamos que os colegas (reis) chegaram ao destino, visitaram o Messias e deram-lhe presentes.
Agora a versão que considero mais provável:
Todo mundo já ouviu falar dos três indivíduos que se intitulavam reis (sem reino), e usavam os nomes Baltazar, Gaspar e Belchior. Reparem que os nomes nos são familiares; provavelmente oriundos de Portus Cale, uma pequena povoação situada na foz do Douro. A única peça que não encaixa no puzzle é a origem enganosa que os textos referem, ao dizerem “oriundos do Leste” em vez de “oriundos do Ocidente”, confusão admissível, dada a reduzida formação académica dos escribas da altura. No entanto o “erro” pode ter sido propositado, para segurança dos falsos reis. E porquê?
Na época, o Império Romano estendia-se por toda a bacia mediterrânica e não só; a Península Ibérica estava igualmente ocupada pela Legião Romana, ocupação que não foi difícil, dada a disciplina e consequente eficácia dos legionários. Convém no entanto sublinhar que, à semelhança da pertinaz oposição ao invasor na célebre “Aldeia Gaulesa”, também nos Montes Hermínios surgiu uma bolsa de resistência, facilmente debelada com a infiltração de falsos guerrilheiros pela Polícia Secreta Romana (PSR).
Cerca do ano V A.C., andava a PSR a perseguir um gang que assaltava ourivesarias, perfumarias e pousadas, na costa atlântica. Os proprietários dos estabelecimentos só se queixavam de danos materiais, mas havia que por cobro a tais desmandos e a polícia estava apertando o cerco. Provavelmente três elementos do gang terão decidido dar o fora, rumando a Algeciras, a cavalo e dali, de barco, para o Continente vizinho.
Chegados a terra firme, ter-se-ão disfarçado de Reis (bastava a coroa) e trocaram os cavalos por camelos, muito mais fiáveis nas zonas desérticas. Para além do disfarce, havia que tecer uma história credível, que fizesse sentido e não levantasse suspeitas indesejadas. Aproveitaram-se das profecias mais em voga no momento e logo se propuseram caminhar até ao local anunciado, com o pretexto que sabemos. Mas atinar com o percurso não se adivinhava tarefa fácil.
Os romanos construíam autoroutes, só que as portagens eram caras e os camelos nem sequer podiam circular nelas. A título de curiosidade, os romanos tinham carros de corrida de um cavalo, de dois (este havia de ficar célebre) de três e de quatro, viaturas que obviamente requeriam pistas condignas. Os Reis Magos não possuíam bólides desses, tinham apenas as suas montadas. Encontraram um pastor e perguntaram-lhe se sabia indicar o caminho para a zona de Nazaré. O rapaz sorriu e com ares de entendido disse: Já sei, vocês são sarfistas. Não somos salafistas, esses gajos são perigosos. Eu falei em sarfistas! Ah, dessa Nazaré da Onda sabemos nós, queremos é ir para os lados de Belém.
Pronto, fica um pouco mais abaixo. F-se (lembrem a aldeia de onde vinham), não é esse Belém. Olha, e Telavive? Pronto, assim têm de ir pelo mar fora até acabar; Telavive fica lá. Mas não vamos de barco, vamos de camelo! Então têm de esperar que anoiteça, para lhes indicar uma estrela que paira sobre essas bandas. E como nos orientamos de dia? Tentam manter o rumo, ou viajam de noite. Por este andar, quando chegarmos já o rapaz é homem!
Após uma longuíssima e atribulada viagem, eis que ficam na vertical com a estrela; não tiveram dúvidas e irromperam por um barraco dentro, assustando todos quantos se encontravam assistindo a recém-nascida criança Brian. Desfeito o equívoco, passaram ao barraco seguinte, onde realmente nascera a criança que procuravam. Ofereceram os presentes que levavam e ainda hoje se dão prendas pelo Natal, hábito que pegou.
Consta que o Rei Herodes, tal como a maioria dos políticos, não queria perder o tacho e mandou matar todos os recém-nascidos, para apanhar o “Rei dos Judeus”, não viesse mais tarde roubar-lhe o lugar! Teve azar, pois tanto Jesus como Brian escaparam e acredito que não foram os únicos…
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.